O Uruguai - país-sede do Mercosul e um dos quatro fundadores do bloco em 1991 - amarga uma balança comercial extremamente desfavorável com o Brasil e com a Argentina e muitos uruguaios questionam os benefícios de o país permanecer no grupo.
Apesar de o governo uruguaio oficialmente já ter dito repetidas vezes que o país vai continuar no Mercosul, alguns integrantes da coalizão governista dizem que acordos bilaterais de comércio com países fora do bloco, como os Estados Unidos, seriam muito mais vantajosos para o Uruguai.
Os defensores do Mercosul, no entanto, argumentam que Brasil e Argentina já reconheceram as assimetrias do bloco com a criação do Fundo de Convergência Estrutural do Mercosul (Focem), para o qual as duas economias grandes doam a maior parte do dinheiro, que é aplicada nas duas menores, Uruguai e Paraguai.
"Sigo acreditando que a melhor forma de negociar bons acordos com o resto do mundo é junto com os nossos vizinhos. E creio que é como teremos mais benefícios a longo prazo", afirma José Manoel Quijano, diretor da Comissão Setorial para o Mercosul.
Esta discussão está bem longe da realidade vivida pela população na fronteira do Uruguai com o Brasil, onde a integração entre os dois países é bem mais abrangente do que as relações comerciais.
A cidade uruguaia de Rivera e a brasileira Santana do Livramento parecem dois bairros do mesmo município e a população atravessa livremente de um lado para o outro da fronteira.
Olhar do Povo
Espremido entre a Argentina e o Brasil, o Uruguai tem um terço da população do Rio Grande do Sul e uma área menor do que a do estado brasileiro vizinho.
Quando tem uma festa no lado brasileiro (da fronteira) as pessoas que vão se acham um pouco mais do que nós, uruguaios e nos deixam um pouco de lado.
Graciela Peres - Vendedora de cachorro-quente
É assim que os uruguaios entrevistados pela BBC Brasil se sentem: pequenos ao lado do vizinho gigante, do qual eles se separaram há 180 anos com a ajuda da Argentina.
Hoje em dia, no entanto, poucos expressam ressentimentos em relação ao Brasil e há quem diga que o relacionamento com os brasileiros é muito melhor do que com os argentinos.
O Brasil é o irmão maior. Eu pessoalmente sinto muita admiração pelo Brasil, em todos os sentidos, mas principalmente na música brasileira. Me encanta.
Oscar Santa Cruz - proprietário de agência de ônibus
"Pessoalmente, creio que a relação entre Uruguai e Brasil sempre foi boa, melhor do que a que os uruguaios têm com os argentinos, apesar de haver mais pontos em comum entre eles, começando pelo idioma", diz o jornalista Bebe Marcini.
A língua, aliás, não parece ser uma barreira, já que muitos uruguaios entendem um pouco de português por terem viajado diversas vezes ao Brasil, ou mesmo terem parentes morando no país vizinho
As relações econômicas
Números
• População: 3 milhões
• PIB: US$ 37 bilhões
• Quanto o Brasil exporta para o país: US$ 1,2 bilhões
• Quanto o Brasil importa do país: US$ 786 milhões
• Saldo comercial com o Brasil: US$ -502 milhões
Desiludido com o Mercosul, que não trouxe os benefícios econômicos esperados pelo Uruguai, o país vinha dando alguns sinais de que pensava em sair do bloco.
O mais polémico deles foi o Acordo Marco de Comércio e Investimentos (Tifa, na sigla em inglês) assinado com os Estados Unidos, que em muitos casos costuma ser um primeiro passo para a firmação de um tratado de livre comércio entre dois países.
O Brasil é o principal parceiro econômico do Uruguai, mas a balança comercial entre os dois países é extremamente desfavorável para o Uruguai: no ano passado ele registrou um déficit de cerca de US$ 500 milhões.
Nos últimos dois anos o Brasil também chegou ao Uruguai por meio de compra de empresas de importantes setores exportadores, como a indústria de carnes e de arroz.
BBC BRASIL
Apesar de o governo uruguaio oficialmente já ter dito repetidas vezes que o país vai continuar no Mercosul, alguns integrantes da coalizão governista dizem que acordos bilaterais de comércio com países fora do bloco, como os Estados Unidos, seriam muito mais vantajosos para o Uruguai.
Os defensores do Mercosul, no entanto, argumentam que Brasil e Argentina já reconheceram as assimetrias do bloco com a criação do Fundo de Convergência Estrutural do Mercosul (Focem), para o qual as duas economias grandes doam a maior parte do dinheiro, que é aplicada nas duas menores, Uruguai e Paraguai.
"Sigo acreditando que a melhor forma de negociar bons acordos com o resto do mundo é junto com os nossos vizinhos. E creio que é como teremos mais benefícios a longo prazo", afirma José Manoel Quijano, diretor da Comissão Setorial para o Mercosul.
Esta discussão está bem longe da realidade vivida pela população na fronteira do Uruguai com o Brasil, onde a integração entre os dois países é bem mais abrangente do que as relações comerciais.
A cidade uruguaia de Rivera e a brasileira Santana do Livramento parecem dois bairros do mesmo município e a população atravessa livremente de um lado para o outro da fronteira.
Olhar do Povo
Espremido entre a Argentina e o Brasil, o Uruguai tem um terço da população do Rio Grande do Sul e uma área menor do que a do estado brasileiro vizinho.
Quando tem uma festa no lado brasileiro (da fronteira) as pessoas que vão se acham um pouco mais do que nós, uruguaios e nos deixam um pouco de lado.
Graciela Peres - Vendedora de cachorro-quente
É assim que os uruguaios entrevistados pela BBC Brasil se sentem: pequenos ao lado do vizinho gigante, do qual eles se separaram há 180 anos com a ajuda da Argentina.
Hoje em dia, no entanto, poucos expressam ressentimentos em relação ao Brasil e há quem diga que o relacionamento com os brasileiros é muito melhor do que com os argentinos.
O Brasil é o irmão maior. Eu pessoalmente sinto muita admiração pelo Brasil, em todos os sentidos, mas principalmente na música brasileira. Me encanta.
Oscar Santa Cruz - proprietário de agência de ônibus
"Pessoalmente, creio que a relação entre Uruguai e Brasil sempre foi boa, melhor do que a que os uruguaios têm com os argentinos, apesar de haver mais pontos em comum entre eles, começando pelo idioma", diz o jornalista Bebe Marcini.
A língua, aliás, não parece ser uma barreira, já que muitos uruguaios entendem um pouco de português por terem viajado diversas vezes ao Brasil, ou mesmo terem parentes morando no país vizinho
As relações econômicas
Números
• População: 3 milhões
• PIB: US$ 37 bilhões
• Quanto o Brasil exporta para o país: US$ 1,2 bilhões
• Quanto o Brasil importa do país: US$ 786 milhões
• Saldo comercial com o Brasil: US$ -502 milhões
Desiludido com o Mercosul, que não trouxe os benefícios econômicos esperados pelo Uruguai, o país vinha dando alguns sinais de que pensava em sair do bloco.
O mais polémico deles foi o Acordo Marco de Comércio e Investimentos (Tifa, na sigla em inglês) assinado com os Estados Unidos, que em muitos casos costuma ser um primeiro passo para a firmação de um tratado de livre comércio entre dois países.
O Brasil é o principal parceiro econômico do Uruguai, mas a balança comercial entre os dois países é extremamente desfavorável para o Uruguai: no ano passado ele registrou um déficit de cerca de US$ 500 milhões.
Nos últimos dois anos o Brasil também chegou ao Uruguai por meio de compra de empresas de importantes setores exportadores, como a indústria de carnes e de arroz.
BBC BRASIL
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