O termo La Niña (“a menina”, em espanhol) surgiu porque o fenômeno se caracteriza por ser oposto ao El Niño. Pode ser chamado também de episódio frio, ou ainda El Viejo (em espanhol, “o velho”).
Para entender La Niña, vamos retornar ao nosso “modelo” feito para explicar o que ocorre normalmente no Pacífico Equatorial, que seria o exemplo da piscina com o ventilador ligado, que faria com que as águas da piscina fossem empurradas para o lado oposto ao ventilador. Pois bem, agora, em vez de desligar o ventilador, vamos ligá-lo com potência maior. Ou seja, fazer com que ele produza ventos mais intensos. O que acontecerá?
Com os ventos mais intensos, maior quantidade de água vai se acumular no lado oposto ao ventilador na piscina. Com isso, o desnível entre um lado e outro da piscina também vai aumentar. Vamos retornar ao oceano Pacífico. Com os ventos alísios (que seriam os ventos do ventilador) mais intensos, mais águas irão ficar “represadas” no Pacífico Equatorial Oeste e o desnível entre o Pacífico Ocidental e Oriental irá aumentar. Com os ventos mais intensos, a ressurgência também irá aumentar na costa oeste sul-americana (no Pacífico Equatorial Oriental) e, portanto, virão mais nutrientes das profundezas para a superfície do oceano, ou seja, aumenta a chamada ressurgência no lado oriental do Pacífico Equatorial.
Por outro lado, devido à maior intensidade dos ventos alísios, as águas mais quentes irão ficar represadas mais a oeste do que o normal e, portanto, novamente teríamos aquela velha história: águas mais quentes geram evaporação e conseqüentemente movimentos ascendentes, que por sua vez geram nuvens pluviométricas e, em anos de La Niña, os períodos de chuva ficam maiores que o normal. A região com grande quantidade de chuvas é a do nordeste do oceano Índico, a oeste do oceano Pacífico, passando pela Indonésia. Já no Pacífico Equatorial Central e Oriental ocorre mais seca. Em geral, episódios Las Niñas também têm freqüência de dois a sete anos, todavia têm ocorrido em menor quantidade que o El Niño durante as últimas décadas. Além do mais, enquanto o El Niño provoca um aumento de cerca de 5 °C na temperatura, no La Niña as maiores anomalias observadas ficam de 3 a 4 °C abaixo do normal.
No Brasil, os principais efeitos do La Niña são passagens rápidas de frentes frias na região Sul do país, com uma diminuição na precipitação entre junho a fevereiro – fenômeno que também atinge o centro-nordeste da Argentina e o Uruguai. O Nordeste também enfrenta mais frentes frias, no litoral da Bahia, Sergipe e Alagoas, e chuvas acima da média na região semi-árida. Há tendência de chuvas abundantes no norte e leste da Amazônia. As vazões do rio Amazonas e as cotas do rio Negro (em Manaus), em eventos passados mostraram valores maiores que a média.
Revista Discutindo Geografia
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