domingo, 22 de novembro de 2020

Professora propõe estudar as frutas do Brasil para trabalhar os biomas


Descubra com seus alunos as delícias nativas de nosso país com a ajuda da biogeografiaPOR:Tory Helena




Você já teve a oportunidade de experimentar um sorvete de cambuci? E de tomar um suco de cupuaçu, ou, quem sabe, comer um doce de guariroba? Se a sua resposta para essas perguntas foi “não”, saiba que você não está sozinho. Apesar de o Brasil possuir mais de 300 frutas nativas de seu vasto território, grande parte do que compramos em feiras e supermercados é de exóticas (isto é, originárias de outros países ou continentes). Até mesmo a banana, a laranja e a manga, frutas com “a cara” do Brasil, na verdade são asiáticas e só chegaram aqui por obra da colonização europeia. Nada contra, é claro – afinal, elas são deliciosas e nutritivas –, mas a verdade é que as variedades exóticas acabaram ofuscando a grande diversidade das frutas brasileiras, menos comercializadas e, por isso, desconhecidas da maioria da população. A feijoa (ou goiaba-serrana), originária da Região Sul do Brasil, ficou por muito tempo ausente do paladar nacional, mas, levada à Europa no fim do século 19, fez o maior sucesso. Já o umbu, típico da Caatinga, foi imortalizado por escritores como Graciliano Ramos e Euclides da Cunha, que descreveu o umbuzeiro como “a árvore sagrada do Sertão” no clássico livro Os Sertões. Generosa, a planta produz até 300 quilos da fruta por safra, consumidos in natura e em forma de doces, sorvetes e sucos. Nossas frutas nativas têm muita história - e tudo isso pode servir de ponto de partida para dar mais sabor às aulas de Geografia. 

Essa foi a ideia que a professora fluminense Aline Mello Campos teve quando fazia uma viagem pelo estado de Goiás. Lá, enquanto experimentava picolés de frutas do Cerrado pouco conhecidas, ela teve um estalo: por que não trabalhar o conteúdo de Geografia do 7º ano, que tradicionalmente enfoca o território brasileiro, a partir de uma viagem pelas frutas nacionais? “Com base nesse assunto, me apoiei nos conhecimentos da biogeografia para criar um projeto que ajudasse os alunos a pensar na distribuição da nossa flora pelo território. Além disso, pude discutir por que algumas frutas não são comercializadas e não chegam até o nosso sacolão”, reflete a professora, que dá aulas no Ciep 408 - Sérgio Cardoso, em São Gonçalo, no Rio de Janeiro. 

A biogeografia é um campo da ciência dedicado ao estudo da distribuição geográfica da biodiversidade. Embora não faça parte do currículo da Educação Básica, ela pode entrar na sala de aula não apenas para fundamentar um trabalho conjunto de Geografia e Biologia, mas também para articular essas disciplinas a temas que costumeiramente ficam de fora dos livros didáticos, como os saberes da cultura alimentar de comunidades indígenas e quilombolas. “Como a biogeografia é um campo interdisciplinar, os conceitos e abordagens podem assumir diferentes formatos. Na Geografia escolar, em particular, costuma-se mobilizar esses conhecimentos quando se ensinam os conceitos de natureza, sociedade, paisagem, lugar, território e região”, explica Ivan Matos, professor de Biogeografia da Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA).

Ivan ressalta, ainda, que dá para levar as descobertas da biogeografia juntamente com conteúdos mais tradicionais do currículo escolar, como biodiversidade, domínios morfoclimáticos, áreas endêmicas, além da questão socioambiental. No caso desta última, a biogeografia estimula o debate sobre os riscos e impactos de desmatamentos, queimadas, da pesca e caça predatórias. “Essa é uma maneira de discutir a necessidade de proteger as espécies de plantas e animais de cada região, sob pena de perdermos essa diversidade por causa de uma exploração predatória do território”, afirma Ivan.

O sabor das frutas
Depois de pesquisar sobre o tema, Aline abriu a conversa perguntando aos estudantes quais frutas eles conheciam, de quais gostavam mais e onde costumavam encontrá-las. Como a escola se localiza em uma região periférica, com muitos alunos em situação de extrema pobreza, o assunto era delicado, já que as frutas e legumes são caros e nem sempre as famílias têm condições de comprá-los. Um dos alunos, porém, se lembrou das frutas no quintal da avó e contou isso para os colegas. A partir daí, a turma se animou a conversar sobre o assunto. Um ponto alto da atividade envolveu uma visita ao sacolão do bairro, localizado na esquina da escola. Com a autorização da gestão escolar e dos pais, e tendo em mãos um questionário preparado previamente, Aline e sua turma foram a campo para perguntar ao seu João, dono do estabelecimento, quais eram as frutas disponíveis no sacolão, quais eram mais consumidas e até se elas continham agrotóxicos. Ao final, com 50 reais disponibilizados pela professora, compraram e degustaram algumas delícias em sala de aula.

Além de apresentar frutas nativas dos biomas (veja alguns exemplos no mapa), a professora propôs que os alunos refletissem sobre a experiência a partir da leitura do livro Abecedário Poético de Frutas, de Roseana Murray. Depois, os alunos produziram poesias a partir da degustação. “Queria que eles tivessem uma experiência ao mesmo tempo sensorial e poética”, lembra Aline. Quem não conseguiu articular os pensamentos em poesia pôde optar por relatar as sensações em prosa. O aluno Alanderson, porém, impressionou a professora pela sensibilidade, relacionando o assunto com um fato triste de sua vida. Para ele, o abacate teve um gosto podre igual ao que sentiu quando sua avó cometeu suicídio. Em outra poesia, ele contou sobre o dia em que seu pai quebrou a perna ao provar uma goiaba.

O projeto foi um dos 50 finalistas do Prêmio Educador Nota 10 em 2018. Sueli Furlan, professora do departamento de Geografia da USP e uma das selecionadoras do prêmio, aponta que um dos méritos de Aline foi associar a investigação científica a um conteúdo pouco abordado nas escolas públicas. Além disso, o trabalho valorizou a flora brasileira e tornou mais significativo o estudo dos biomas. “Mapear as frutas nativas valoriza a biodiversidade, e a ida ao sacolão é algo simples, que pode ser replicado em outras escolas”, diz Sueli. O projeto também rendeu outros frutos para a professora: relatado em artigo, foi apresentado para outros educadores em um congresso na Unicamp. Além disso, ela já prepara sua próxima empreitada: um projeto sobre as árvores brasileiras. “Os alunos saem da escola sem conhecer as árvores e as frutas do nosso território”, lamenta Aline. “Mas fiz um trabalho que juntou a dimensão natural e a humana, além de questões políticas e econômicas”, conclui a professora.
FRUTAS DE CADA BIOMA

AMAZÔNIA
Fruta: Açaí
Nome científico: Euterpe oleracea
Característica: A fruta tem elevado valor energético e é bastante consumida em sucos e doces.

Fruta: Cupuaçu
Nome científico: Theobroma grandiflorum
Característica: Volumoso e muito perfumado, o fruto é bem aproveitado em sorvetes e bombons.

CAATINGA
Fruta: Juá
Nome científico: Ziziphus joazeiro
Característica: De casca amarronzada, o fruto do juazeiro é ácido e adocicado e rico em vitamina C.

Fruta: Umbu
Nome científico: Spondias tuberosa
Característica: De sabor agridoce, tem alto valor nutritivo e é bastante disseminado na Região Nordeste.

PANTANAL
Fruta: Bocaiuva
Nome científico: Acrocomia aculeata
Característica: As frutas dão em cachos e são muito conhecidas em Mato Grosso do Sul.

Fruta: Guavira
Nome científico: Campomanesia xanthocarpa
Característica: Com muita vitamina C, a fruta amadurece rápido e tem sabor adstringente.

CERRADO
Fruta: Baru
Nome científico: Dipteryx alata
Característica: Também conhecido como cumaru, tem gosto amendoado e alto valor nutritivo.

Fruta: Coco-Guariroba
Nome científico: Syagrus oleraceae
Característica: Seus frutos apresentam uma amêndoa branca e são muito utilizados em doces caseiros.

PAMPAS
Fruta: Feijoa
Nome científico: Feijoa sellowiana
Característica: Nativa do Sul do Brasil, seu sabor lembra uma mistura de goiaba, banana e abacaxi.

Fruta: Pinhão
Nome científico: Araucaria angustifolia
Característica: A árvore dá um pseudofruto, cuja semente é o pinhão, muito importante na culinária regional.

MATA ATLÂNTICA
Fruta: Cambuci
Nome científico: Campomanesia phaea
Característica: Com sabor que mistura o limão e o melão, o fruto é muito comum em São Paulo.

Fruta: Jabuticaba
Nome científico: Plinia cauliflora
Característica: Muito encontradas em Minas Gerais, as frutinhas crescem nos galhos e até no tronco da árvore.




Fontes: Frutas Brasil, de Silvestre Silva e Helena Tassara.

PALAVRA DE ESPECIALISTA
Os pontos mais interessantes do projeto da professora Aline, segundo Sueli Furlan

1) A professora trabalha, via projeto, um assunto pouco abordado na escola: a biogeografia.
2) Ao partir das frutas nativas, o projeto amplia o repertório alimentar. Também faz discussão sobre o acesso que temos a elas, em comparação com as exóticas.
3) Os alunos visitaram o sacolão do bairro para pesquisar quais eram as frutas vendidas e tiveram a oportunidade de aplicar questionários. 
4) O trabalho é simples e possível de ser replicado por outros professores, que devem adaptá-lo à realidade de sua escola


PARA SABER MAIS
Biogeografia de Mark V. Lomolino e James H. Brown
Biogeografia: dinâmicas e transformações da natureza de Adriana Figueiró, Oficina de Textos
Revista Nova Escola

segunda-feira, 24 de agosto de 2020

Esta nova invenção torna a água do mar segura para beber





A tecnologia que é capaz de transformar água salgada do mar ou água salobra em água potável limpa e segura tem o potencial de mudar a vida de milhões de pessoas em todo o mundo, levando muitos cientistas a se envolverem em projetos para desenvolver exatamente isso. .

Agora, uma nova invenção de pesquisadores na Austrália pode ser a mais promissora até agora, já que os especialistas usam filtros feitos de compostos de estrutura orgânica de metal (MOFs) em combinação com a luz solar para purificar a água em apenas 30 minutos, usando um processo que é mais eficaz do que as técnicas atuais.

O novo sistema é barato, estável, reutilizável e produz água dentro dos padrões de dessalinização da Organização Mundial da Saúde (OMS). Cerca de 139,5 litros (quase 37 galões) de água potável podem ser produzidos diariamente para cada quilograma de material MOF, conforme indicado por testes preliminares.

Após ser exposto ao sol por apenas 4 minutos, o filtro libera completamente os íons de sal que a água absorve e fica pronto para uso novamente. A equipe por trás da nova invenção afirma que ela oferece vários avanços em relação às técnicas de dessalinização existentes.



Os processos de dessalinização térmica evaporativa consomem muita energia, e outras tecnologias, como osmose reversa, têm várias desvantagens, incluindo alto consumo de energia e uso de produtos químicos na limpeza e descloração da membrana.

A luz solar é a fonte de energia mais abundante e renovável do planeta. Nosso desenvolvimento de um novo processo de dessalinização baseado em adsorvente usando luz solar para regeneração fornece uma solução de dessalinização ambientalmente sustentável e energética.

O novo filtro foi denominado PSP-MIL-53, composto em parte por um material denominado MIL-53, anteriormente conhecido pela forma como reage à água e ao dióxido de carbono.

O filtro libera completamente os íons de sal que a água absorve e fica pronto para uso novamente.

Embora esta não seja a primeira pesquisa a propor o uso de uma membrana MOF para purificar a água do mar , o desenvolvimento deste novo filtro PSP-MIL-53 fornecerá aos pesquisadores muito mais alternativas para explorar.

MOFs geralmente são materiais muito porosos: uma única colher de chá do material comprimido pode ser usada para cobrir uma área do tamanho de um campo de futebol, e este novo método pode ser aplicado a canos e outros sistemas de água para produzir água limpa. Conforme observado por Wang:


A dessalinização tem sido usada para lidar com a escassez de água em todo o mundo. Devido à disponibilidade de água salobra e do mar, e porque os processos de dessalinização são confiáveis, a água tratada pode ser integrada aos sistemas aquáticos existentes com riscos mínimos à saúde.

As novas soluções não esperam: de acordo com a OMS , cerca de 785 milhões de pessoas em todo o planeta não têm fonte limpa de água potável a menos de meia hora de caminhada de suas casas. Conforme a crise climática se agrava, o problema fica maior.

Como a água salgada representa 97% da água do planeta , esta se torna uma ótima solução a ser explorada para que, com soluções como o PSP-MIL-53, essa água se transforme em um líquido adequado e seguro para consumo humano.

A dessalinização da água do mar é uma opção viável para a escassez de água no mundo.

Ainda não está claro quando os cientistas colocarão o sistema em funcionamento, mas é muito encorajador ver outra abordagem sendo testada, junto com aquelas que usam luz ultravioleta, filtros de grafeno, luz solar e hidrogéis. Há até quem procure técnicas para produzir água "do zero". Sobre seu trabalho, disse Wang para encerrar sua explicação:


Nosso trabalho fornece uma nova rota interessante para projetar materiais funcionais para usar a energia solar para reduzir a demanda de energia e melhorar a sustentabilidade da dessalinização da água.

Esses MOFs sensíveis à luz solar podem ser potencialmente funcionalizados em meios de extração de minerais de baixo consumo de energia e ecologicamente corretos para mineração sustentável e outras aplicações relacionadas.

quinta-feira, 13 de agosto de 2020

TODO UM ECOSSISTEMA AMEAÇADO



Desde a industrialização, os corais vêm sofrendo as consequências das ações humanas em nível global e local. A resposta desses seres vivos ao estresse que lhes é imposto é seu branqueamento, o que pode causar mortalidade em massa e a sua extinção. A boa notícia é que a recuperação pode ser viável, se os impactos a que os corais são submetidos forem controlados e fortemente reduzidos. Mas, para isso, é preciso começar agora.

Simples e sofisticados

Os corais são seres vivos exclusivamente marinhos, parentes das águas-vivas e anêmonas. Vivem principalmente em regiões tropicais do mundo onde a água é quente, clara e pobre em nutrientes, permitindo uma boa penetração da luz. Ao mesmo tempo em que estão entre os animais mais simples do planeta, por apresentarem apenas uma fina camada de tecidos recobrindo um esqueleto de carbonato de cálcio, são também bastante sofisticados e, muitas vezes, sensíveis a mudanças ambientais.


Os corais são animais simples, que apresentam uma fina camada de tecidos recobrindo um esqueleto de carbonato de cálcio. Eles vivem em regiões tropicais, de água quente, clara e pobre em nutrientes, permitindo uma boa penetração da luz. A imagem mostra um coral da espécie Siderastreastellata
Créditos: Jéssica Bleuel/ #DeOlhoNosCorais



Uma das sofisticações mais interessantes dos corais é seu modo de alimentação. Alguns corais podem obter energia a partir do consumo de pequenos animais que vivem na coluna d´água, conhecidos como plâncton, mas também por meio de uma associação de benefício mútuo com microalgas que vivem em seus tecidos. Essa associação é conhecida como simbiose: enquanto a microalga ganha abrigo nos tecidos do coral e recebe as condições necessárias para fazer a fotossíntese, ela provê ao coral hospedeiro açúcares produzidos durante a fotossíntese.


Estresse e branqueamento

Mudanças ambientais podem desencadear respostas de estresse, em que os corais expulsam essas microalgas dos seus tecidos. Como a cor dos corais muitas vezes depende dos pigmentos dessas algas, ao expulsá-las, o coral perde a cor, e seu esqueleto branco abaixo do seu tecido transparente torna-se visível. Por isso, essa resposta ao estresse é conhecida como branqueamento de corais, processo que deixa os animais mais susceptíveis a doenças, podendo, inclusive, causar a sua morte


Microalgas que vivem associadas aos corais
Créditos: Paula Laurentino/ #DeOlhoNosCorais



Coral em processo de branqueamento
Créditos: Edson Vieira Filho/ #DeOlhoNosCorais


A hipótese fisiológica para explicar esse fenômeno é baseada no estresse oxidativo. O aumento de temperatura estimula a reprodução das algas, que se tornam mais numerosas nos tecidos dos corais, e a alta incidência de luz aumenta a taxa de fotossíntese. Como um dos produtos da fotossíntese é o oxigênio, ocorre uma maior liberação dessa molécula nos tecidos dos corais, o que lhes causa irritação, e o excesso de oxigênio funciona como um gatilho para a expulsão das microalgas. Além disso, a competição com outros organismos, como macroalgas, eventos de soterramento, salinidade reduzida e infecções por organismos que causam doenças (patógenos), também podem resultar em branqueamento.


Ameaças e consequências

Com mais de 7 bilhões de pessoas vivendo no planeta, a atividade humana tem causado fenômenos de branqueamento de corais com uma frequência e intensidade jamais vistas. Em 2016, por exemplo, o branqueamento chegou a atingir 80% dos corais na Austrália, trazendo consequências que vão muito além da morte desses organismos. Recifes de coral inteiros branquearam em poucos meses e morreram em menos de um ano.



Com a morte dos corais, os recifes perdem complexidade estrutural e deixam de ser abrigos importantes para peixes e outros organismos, resultando em uma enorme perda de diversidade(figura 4). Além das espécies, perdem-se também os benefícios que elas proveem à humanidade, como segurança alimentar, turismo e proteção costeira.




Peixes juvenis nadando ao redor de coral da espécie Milleporaalcicornis. Os recifes de coral são um importante abrigo para peixes e outros organismos
Créditos Jéssica Bleuel/ #DeOlhoNosCorais



Desde a industrialização, passamos a emitir enormes quantidades de gases que aumentam a intensidade do efeito estufa na atmosfera, provocando o aquecimento da terra e dos oceanos. É como se esses gases formassem um enorme cobertor sobre o planeta que retém o calor, processo popularmente conhecido como aquecimento global.

Um dos principais gases causadores desse fenômeno é o dióxido de carbono, que, além de aumentar o efeito estufa, se dissolve na água do mar, tornando-a mais ácida. Esse processo, conhecido como acidificação dos oceanos, prejudica o crescimento dos corais, devido ao seu esqueleto de carbonato de cálcio, e pode ter efeitos negativos também sobre outros animais, como os moluscos que fazem conchas.

Além de sofrerem os impactos globais derivados da emissão de gases estufa na atmosfera, os corais ainda estão sob forte pressão de atividades humanas em escala local. Entre elas, estão a coleta ilegal, o turismo desordenado e a poluição por resíduos sólidos e químicos, como no caso do simples uso de um protetor solar.

No início do século 19, era comum utilizar esqueletos de coral na construção civil, fosse para obter cal dos seus esqueletos ou para uso direto na construção de paredes e muros. Mesmo que esse costume tenha sido praticamente extinto no Brasil, a coleta ilegal de corais para aquarismo ou fins decorativos ainda é um problema. Já imaginou o que aconteceria se todo mundo resolvesse levar um coral para decorar sua casa? Além de causar a morte da colônia coletada, essa atividade resultaria na diminuição da complexidade estrutural dos recifes, prejudicando diversos organismos que dela dependem.

Embora o turismo possa ser um grande aliado da conservação marinha, quando é feito de maneira desordenada pode gerar danos severos aos corais e espécies que vivem nos recifes. Os corais têm um tecido muito fino sobre um esqueleto duro, e um turista desavisado pode facilmente confundi-lo com uma pedra. Às vezes, um simples toque já é suficiente para causar lesão no tecido do coral, deixando-o mais susceptível a doenças e à morte.


Bons e maus exemplos

Existem alguns bons exemplos de ordenamento de turismo em ambientes recifais no Brasil, onde condutores são capacitados para orientar os turistas a não tocarem ou pisarem nos corais. Há outros locais onde o turismo ocorre em áreas menos sensíveis, ou onde o uso de nadadeiras é restrito. O turismo de mergulho autônomo, quando mal ou pouco orientado, também pode causar toque e revolvimento do fundo, podendo trazer consequências negativas não apenas aos corais, mas ao recife como um todo. Portanto, a melhor saída para evitar esses impactos é a conscientização. Existem evidências científicas de que uma explicação clara antes da atividade de turismo aquático e mergulho reduz a quantidade de toques nos organismos e melhora significativamente a conduta dos mergulhadores embaixo d’água.

Outra questão relacionada com o turismo e que frequentemente vem à tona em discussões é a relacionada ao uso de protetor solar. Algumas substâncias presentes nesses produtos podem causar branqueamento, afetar a formação e o desenvolvimento das larvas dos corais, e até provocar alterações no DNA do animal, reduzindo seu tempo de vida e comprometendo seu desenvolvimento e reprodução. Os protetores que contêm oxibenzeno foram indicados como os mais nocivos aos corais. O curioso é que a maior parte das evidências para o efeito negativo do protetor solar e de seus componentes químicos sobre a saúde dos corais vem de experimentos em laboratório. A grande questão agora é determinar qual é a concentração necessária desses compostos na água para que eles tenham tantos efeitos negativos sobre os corais. Onde e como atingimos essa concentração em situação natural? Ou seja, quantos banhistas cobertos de protetor solar seriam necessários para atingir a concentração que prejudica esses animais?

Enquanto os cientistas buscam respostas para essas perguntas, o melhor a fazer é escolher as marcas menos tóxicas disponíveis no mercado e evitar usar protetor solar quando entrar em pequenas poças ou piscinas de maré, comuns em diversas praias do Nordeste, por exemplo. Se a quantidade de água for muito pequena, o efeito negativo sobre os corais pode ser mais intenso e rápido. Existem camisetas, calças e bonés com ótima proteção solar para usar nessas ocasiões, em vez de abusar desses produtos.

Os corais também podem ser afetados por resíduos sólidos, como o agora famoso microplástico. Apesar de ainda ser uma área de pesquisa em desenvolvimento, há evidências de que a maioria dos corais pode ingerir microplásticos, sendo que alguns ficam tentando digeri-los por algum tempo, enquanto outros rapidamente rejeitam essas partículas por reconhecerem sua indigestibilidade.

Outras espécies, quando entram em contato com microplástico, mas sem ingeri-lo, aumentam sua produção de muco, como forma de limpeza dos seus tecidos. O fato é que, na maior parte dos casos, os corais que tiveram contato com microplásticos exibiram branqueamento pontual ou necrose de tecido.


Ameaças de larga escala

Outras ameaças de maior escala, como a exploração de petróleo ou a construção de portos nas proximidades de bancos coralíneos, também trazem bastante preocupação. Recentemente, a liberação do leilão de áreas de exploração de petróleo no entorno do banco dos Abrolhos, arquipélago do oceano Atlântico, no sul da Bahia, causou apreensão, uma vez que potenciais acidentes de derramamento afetariam diretamente o maior banco de corais do Atlântico Sul.

De maneira similar, a construção de portos exige uma grande modificação do hábitat, podendo gerar sérios danos aos corais e ambientes recifais no entorno desses empreendimentos. A melhor solução é um bom planejamento, que leve em conta impactos e benefícios ambientais, sociais e econômicos desses empreendimentos em zonas marinhas e costeiras.


O futuro dos corais

Será que um coral consegue se recuperar depois de um evento de branqueamento? A resistência a esses eventos e a recuperação dos corais dependem muito da intensidade e da frequência dos impactos, mas também de quantos impactos simultâneos os corais estão sofrendo.

Se há, por exemplo, um aumento brusco de temperatura por um período curto em um local protegido de poluição, os corais provavelmente terão uma boa chance de resistir, ou mesmo de se recuperar após um branqueamento. Mas, se além do estresse de temperatura, os corais ainda estiverem sob influência de poluição intensa, isso pode reduzir bastante tais possibilidades. Ou seja, a recuperação após o branqueamento é ainda viável se conseguirmos controlar os demais impactos em escala local.

Trabalhos científicos apontam que, embora tenha havido um grande evento de branqueamento em Abrolhos em 2016, a mortalidade foi relativamente baixa, indicando que os corais podem se recuperar dentro de uma área protegida, como é o caso desse parque nacional. Mesmo na Austrália, diversos recifes conseguiram se recuperar após um evento de branqueamento massivo.

Apesar da boa resposta desses casos, é importante ressaltar que, se a frequência e intensidade dos impactos aumentarem, os corais podem passar a não reagir tão bem. Então, o que podemos fazer efetivamente é reduzir impactos locais, como esgoto, poluição, pisoteio, coleta, sobrepesca etc., além de diminuir nossas emissões de gases estufa. Essas ações darão pelo menos uma chance melhor aos corais.

Por outro lado, a ciência já está correndo em paralelo, criando técnicas, por exemplo, para remediar o branqueamento de corais por meio de probióticos que auxiliam na recuperação, ou por meio da reprodução de corais mais resistentes. Embora promissoras, essas ações ainda estão um pouco distantes de se concretizar. Precisamos agir agora.

Existem esforços e tratados internacionais, como o Acordo de Paris, em que diversos países se comprometeram a reduzir suas emissões de gases estufa. O Brasil, por exemplo, se comprometeu a reduzir, até 2025, as emissões a níveis 37% menores do que aqueles que tínhamos em 2005. Para isso, os países devem adotar práticas de produção mais sustentáveis, como reduzir o uso de combustível fóssil, mudando a matriz energética. É um longo caminho, mas possível e necessário.


Qualquer um pode ajudar



Todos os dias, milhares de pessoas estão em contato com o mar e observam corais ao longo de toda a costa brasileira. Já imaginou quanta informação seria gerada se essas pessoas pudessem compartilhar o que viram com cientistas? Pois hoje elas podem! Basta compartilhar as fotos ou vídeos dos corais nas redes sociais, indicando a data e localização da foto e marcando #DeOlhoNosCorais.

Essas fotos são compiladas pela nossa equipe, que faz a identificação da espécie e um diagnóstico de saúde do coral. Com a data e o local da foto, conseguimos também acessar dados oceanográficos de temperatura da água, por exemplo. Esses registros passam a fazer parte de um banco de dados que nos permite avaliar a saúde dos corais em toda a costa brasileira e, praticamente, em tempo real!

Temos recebido informações de branqueamento em diversos estados (RN, PB, PE, AL, SE, BA, RJ, SP, PR e SC). Agora, além do branqueamento, o projeto #DeOlhoNosCorais está focado também em encontrar e registrar histórias de recuperação da saúde dos corais. E você? Já compartilhou sua foto com a gente?


Qualquer pessoa pode compartilhar fotos ou vídeos dos corais com os cientistas e participar do monitoramento desses organismos na costa brasileira
Créditos: Edson Vieira Filho/ #DeOlhoNosCorais




Com a ajuda das informações enviadas pelos cidadãos, o projeto#DeOlhoNosCorais já conseguiu monitorar a saúde desses organismos em 10 estados do litoral do Brasil
Créditos: Edson Vieira Filho/ #DeOlhoNosCorais


Guilherme Ortigara Longo

Departamento de Oceanografia e Limnologia,
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Revista  Ciência Hoje

domingo, 9 de agosto de 2020

Canadá, um dos melhores destinos do mundo para passeios turísticos

Great Media




O Canadá é um daqueles países com um encanto especial que agrada aos amantes do turismo. Conhecido como um país verdadeiramente amigo do viajante comum, o Canadá é um daqueles destinos que não decepciona e tem algo a oferecer a todos.
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Culturalmente aberta, a nação conhecida pela doçura de seus bordos e a gentileza de seu povo, é um lugar que você não pode perder. O Canadá está na sua lista de países que você deve conhecer? Se ainda não está convencido, daremos alguns motivos para considerá-lo em suas próximas viagens. Mas primeiro, conheça todos os requisitos que você deve ter em mãos para processar sua autorização eletrônica de viagem, na página https://www.visaeta-canada.mx/
Um país muito inclusivo

A cultura de inclusão que o Canadá oferece é bem conhecida. Cidadãos de todo o mundo que vêm fazer turismo ou morar no campo, têm atestado o bom tratamento que o canadense nativo está acostumado a dar. Isso representa um tipo de ambiente muito viável para exploração. O Canadá é o país que trata os estrangeiros como locais, então você nunca se sentirá um estrangeiro, mesmo que sua viagem seja de apenas alguns dias.

Também vale destacar a personalidade simpática e calorosa do canadense. São, portanto, as pessoas mais civilizadas, humildes e afáveis ​​do mundo. Ótimos amigos e excelentes anfitriões, os canadenses vão tratá-lo como se você fosse da família ou de seu grupo de amigos, deixando-lhe também seu próprio espaço para que você possa explorar à vontade, para que não sejam nada invasivos.

O Canadá oferece experiências de todos os tipos para todos os gostos

Embora seja verdade que o país atrai jovens por suas cidades cosmopolitas e rica cultura, o Canadá também tem entretenimento certo para desfrutar em família. São muitos os atrativos, parques, museus e outros locais adequados para toda a família que pode desfrutar com o seu cônjuge e filhos, se for o seu caso. Existem também parques naturais que merecem todas as maravilhas do mundo para uma experiência inesquecível. Simplificando, o Canadá tem tudo.
O clima, um dos melhores do mundo

Este país tem suas quatro estações bem definidas ao longo do ano, o que representa mais um grande atrativo para os turistas. Você gostaria de experimentar as melhores férias de inverno? Canadá tem isso para você. Quer ter o melhor verão da sua vida? Você também pode visitar belas praias e spas nesta época do ano. Qualquer que seja a hora em que a visite, você verá as cores mais vivas em todas as suas paisagens.
Como chegar ao Canadá?

Você se dedica a economizar durante todo o ano para as férias anuais? Então você merece o melhor destino como recompensa. O Canadá é o país perfeito para visitar, então não espere mais e planeje sua viagem agora!


Solicitar o visto eletrônico canadense online é um dos procedimentos mais fáceis que existem, pois você só precisa preencher o formulário na página da Visaeta Canadá com seus dados pessoais, inserir um endereço de e-mail válido e seu cartão de crédito.

sábado, 8 de agosto de 2020

7 cidades tão estranhas (e fascinantes) que é difícil acreditar que existem





Cada assentamento populacional em nosso planeta é único, mas alguns desses espaços urbanos são tão raros que é difícil acreditar que eles realmente existem.

O contacto com extraterrestres, o local onde foram construídos ou o facto de pertencerem simultaneamente a dois países são algumas das particularidades destes povos estranhos, vários deles dignos de uma visita durante pelo menos um fim-de-semana.
Uma cidade onde você não pode morrer oficialmente

 

 

Rua principal de Longyearbyen, uma das cidades mais estranhas do mundo.

É Longyearbyen (Noruega), um dos assentamentos mais setentrionais do planeta e, curiosamente, é uma cidade onde não se pode morrer oficialmente. A cidade tem um cemitério, mas não é usado há mais de 7 décadas. Por quê?

Acontece que o clima de Longyearbyen é extremamente frio e isso impede que os corpos se decomponham. Os cadáveres são preservados por gelo permanente (permafrost), tornando-os alvo de animais selvagens e até de morbidez humana.

Assim, as pessoas que morrem são levadas imediatamente para o continente para enterrar seus corpos.
A cidade que pertence à Alemanha e Suíça

 

Vista de Büsingen am Hochrhein.

Embora não seja a única cidade "compartilhada" entre dois países, esta se destaca por uma característica muito particular. Referimo-nos a Büsingen am Hochrhein, um enclave alemão na Suíça. Economicamente, é parte da Suíça; administrativamente, faz parte da Alemanha.
Esta é a única cidade alemã com o franco suíço como moeda principal.
Possui dois códigos postais: um suíço e um alemão.
Os cidadãos usam números de telefone suíços e alemães.
O FC Büsingen é o único time alemão a disputar o campeonato suíço.
Uma cidade caverna

 

 

O Hotel Sidi Driss, um edifício subterrâneo tradicional berbere troglodita na aldeia de Matmata, Tunísia.

Matmata é uma cidade localizada no sul da Tunísia, onde ainda estão habitadas várias moradias subterrâneas, conhecidas como “Casas Trogloditas”.

As casas têm vários quartos, cozinha e banheiro, mas não são mais habitadas por necessidade; apenas cerca de 50 famílias moram lá para cobrar visitas. A principal desvantagem é que, quando chove forte, a água da chuva não consegue escoar bem e as cavernas podem desabar facilmente, já que não são formadas por rochas, mas por areia.
A cidade mais azul do mundo

 

 

Parte velha de Chefchauen. O tom azul de seus prédios a tornam uma das cidades mais estranhas do mundo.

Paredes, portas e até escadas da bela cidade de Chefchauen no Marrocos chamam a atenção por seus tons de azul. Diz-se que a cidade foi pintada assim pelos judeus que habitavam a cidade, porque para eles a cor azul é sagrada. Embora já tenham partido, a tradição se preserva, atraindo - antes do coronavírus - milhares de turistas a cada ano.
Uma cidade estranha

 

 

Fotos da cidade de Roswell.

A cidade americana de Roswell , no estado do Novo México, é conhecida em todo o mundo pela suposta colisão de uma espaçonave alienígena em 1947.

O que aconteceu foi que um objeto desconhecido colidiu com um rancho. Embora o Exército dos Estados Unidos o tenha categorizado como um balão meteorológico convencional, foi somente após a década de 1970 que o evento se tornou popular devido ao surgimento de várias e elaboradas teorias de conspiração. A maioria concorda com a alegação de que uma nave alienígena pousou em Roswell .

Desde então, festividades com temática alienígena têm sido realizadas na cidade, e até mesmo a decoração do McDonald's local é alusiva a seres de outros mundos.
A vila construída sobre uma rocha

 

 

Vista da cidade adaptada à orografia do ambiente.

Setenil de las Bodegas é uma cidade espanhola da província de Cádiz muito visitada por turistas de todo o mundo, provavelmente porque está construída sobre uma gigantesca rocha basáltica.

A principal atracção deste concelho é a própria vila, declarada Sítio Histórico-Artístico em 1985, pela beleza e originalidade do seu tecido urbano.
Aqui estão mais mortos do que vivos

 

 

“É muito bom estar vivo em Colma” é o lema que se espalha por toda a pitoresca cidade californiana.

Colma é uma cidade americana na Califórnia que possui 17 cemitérios, o que faz com que a população falecida exceda em mil para um os vivos. Isso se deve a um antigo decreto que transfere todos os cemitérios de São Francisco para Colma.

Os habitantes locais costumavam ser coveiros, floristas e fabricantes de lápides. Mas na década de 1980, pessoas de outras profissões começaram a se estabelecer por lá, o que levou à diversificação da cidade, com a variedade de serviços e lojas de varejo típicas de uma pequena cidade dos Estados Unidos.

sexta-feira, 7 de agosto de 2020

O segredo da longevidade do Ginkgo biloba, a árvore que "não envelhece"





A passagem do tempo não parece ser um problema para a árvore do Ginkgo biloba , também conhecida como a árvore dos quarenta escudos ou simplesmente ginkgo. Ao longo de dezenas de milhões de anos e várias extinções em massa, essa "raridade botânica" mantém-se firme à medida que o mundo à sua volta envelhece.

A espécie constitui um dos melhores exemplos de “fóssil vivo”, uma árvore que, sem exagero, pode viver por mais de 1.000 anos (até alguns relatos indicam 3.000 ). Agora, novas pesquisas , as mais detalhadas até o momento, sugerem que a vida do ginkgo é teoricamente ilimitada.
"1.000 anos de um Ginkgo biloba são iguais a 20 anos humanos"

Embora o envelhecimento e a morte sejam uma parte natural da vida, algumas plantas como o ginkgo mostram poucos sinais de envelhecimento.

Apesar do fato de os anéis anuais dessas árvores serem mais finos ao longo dos anos, os cientistas descobriram pouca diferença em sua capacidade de fotossintetizar, germinar sementes, cultivar folhas ou resistir a doenças em comparação com as árvores mais jovens.

Mesmo depois de examinar amostras de tecido de nove árvores de Ginkgo biloba com mais de 600 anos, os cientistas não conseguiram encontrar nenhuma evidência de senescência ou deterioração.


A espécie constitui um dos melhores exemplos de "fósseis vivos"

Como o professor Richard Dixon , biólogo da Universidade do Norte do Texas, disse ao The New York Times :


Nos seres humanos, à medida que envelhecemos, nosso sistema imunológico começa a não ser tão bom. O sistema imunológico dessas árvores, apesar de ter 1.000 anos, é equivalente ao de uma criança de 20 anos.
Analisando o câmbio vascular

Diferentemente da pesquisa anterior, focada principalmente nas folhas de ginkgo, este novo trabalho se concentra no câmbio vascular da árvore, uma fina camada de tecido no tronco que produz novas cascas e madeira.

Essa região é composta de células meristemáticas , semelhantes às células-tronco em animais, mas muito menos investigadas em nível molecular.

Para descobrir como o câmbio vascular varia com a idade, os especialistas analisaram sua atividade em cada indivíduo, os níveis hormonais e os genes associados à resistência, bem como os fatores de transcrição relacionados à morte celular.

Em todas as idades das árvores, não foram encontradas diferenças significativas na atividade genética ou na resistência a doenças. De fato, a única coisa que realmente mudou foi a largura dos anéis das árvores, que pareciam diminuir drasticamente durante os primeiros 100 e 200 anos, antes de continuar a diminuir a um ritmo mais lento nas próximas centenas de anos.

Mas isso não significa que todo o crescimento tenha sido prejudicado. Curiosamente, o crescimento secundário das árvores (medido pelo aumento na área basal da árvore, ou BAI), não mostrou nenhuma diminuição nas árvores de ginkgo de 10 para 600 anos. Isso foi explicado pelos autores do estudo:


Como o BAI é um indicador confiável do crescimento de árvores, parece que o câmbio vascular no ginkgo pode reter a capacidade de crescimento contínuo por centenas de anos ou mesmo milênios.

Eles consideram que essa característica é o que permite a essa espécie "escapar da senescência em todo o nível da planta".

Na verdade, isso não significa que as árvores de ginkgo sejam imortais, apenas que provavelmente não vão morrer de envelhecimento. Assim, os ginkgos geralmente caem devido a outros fatores externos, como fogo, vento, raio, doença ou extração excessiva de madeira, que consequentemente levou a espécie à beira da extinção nos últimos anos.

Na primavera, suas folhas, rígidas e apertadas, são amarelas com um brilho dourado.

 

Então, quando uma árvore de ginkgo envelhece?

Como explicou o fisiologista da planta Sergi Munné-Bosch da Universidade de Barcelona (que não participou do estudo) à revista Science , os seres humanos acham difícil entender o fato de que não precisam se preocupar com o envelhecimento. E eu adiciono:


O envelhecimento não é um problema para esta espécie. O problema mais importante que eles precisam enfrentar é o estresse.

No entanto, o que acontece com a árvore do Ginkgo biloba depois de viver 600 anos ainda é uma questão de discussão. Ainda há uma chance de que essas espécies de árvores antigas comecem a mostrar sinais de envelhecimento molecular nos estágios posteriores de seu ciclo de vida, mas o escopo desta pesquisa não foi suficiente para afirmar com certeza.

Mais estudos serão necessários antes de descobrir o que acontece com essa árvore especial ao longo de sua longa e longa vida.

quinta-feira, 6 de agosto de 2020

Este é o lugar onde você pode respirar o ar mais limpo do planeta





Uma equipe de pesquisadores encontrou o ar mais limpo do planeta, revelando que ainda há pelo menos uma região atmosférica que não foi alterada devido à atividade humana.
Existe realmente algum recesso em nossa Terra poluída, onde o ar é mantido tão limpo quanto antes do Antropoceno?

Surpreendentemente, sim, e os cientistas da Universidade Estadual do Colorado (CSU), liderados pela professora Sonia Kreidenweis, encontraram sua localização. Esse é o ar que circula nos arredores da Antártica, que antes era suspeito de ser o menos afetado pelos seres humanos.

Os autores da pesquisa, cujos resultados foram publicados nas Anais da Academia Nacional de Ciências (PNAS) , encarregaram-se de medir a composição do bioaerosol do Oceano Antártico (águas que circundam a Antártica) e descobriram que ele possui as mais limpo do nosso planeta.

Eles descobriram que o ar na camada mais próxima da superfície (camada limite), que fornece as nuvens mais baixas sobre o Oceano Antártico, não continha aerossóis produzidos pela atividade humana.

Esses aerossóis são compostos de pequenas partículas líquidas e sólidas suspensas em um meio gasoso derivado da queima de combustíveis fósseis, plantio de culturas, produção de fertilizantes e tratamento de águas residuais. E são as atividades humanas que mais poluem o ar.

A equipe de Kreidenweis analisou os elementos do ar e sua proveniência, usando os microorganismos na atmosfera como uma ferramenta de diagnóstico. Esta foi sua conclusão:


Aerossóis que controlam as propriedades das nuvens do Oceano Antártico estão fortemente ligados a processos biológicos oceânicos. A Antártica parece estar isolada da dispersão de microorganismos para o sul e da deposição de nutrientes dos continentes do sul.

O trabalho interessante determina que o Oceano Antártico é uma das poucas partes do planeta que tiveram menos influência antropogênica.

Os pesquisadores também coletaram amostras do ar que atingia a superfície do mar enquanto viajavam pela borda da geleira antártica, ao sul da Tasmânia, na Austrália, no navio de pesquisa. Após este segundo estudo, eles descreveram o ar analisado como "verdadeiramente intocado".

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de sete milhões de pessoas morrem a cada ano devido à poluição do ar . É claro que seus efeitos aumentam o risco de doenças cardíacas, câncer de pulmão e derrame, entre outras condições. É urgente tomar medidas sérias para reduzi-lo, impedir as mudanças climáticas e proteger as regiões limpas do planeta, como o Oceano Antártico.

quarta-feira, 5 de agosto de 2020

Mudança climática ameaça 60% das espécies de peixes do planeta

Um novo estudo indica que as mudanças climáticas estão em risco pela existência de um número muito maior de espécies de peixes do que se pensava anteriormente.




O compromisso dos seres humanos deve ser muito mais forte para mitigar o mais rápido possível os efeitos das mudanças climáticas que ameaçam a sexta extinção em massa de espécies no final do século . No ano de 2100, além de nunca ter ocorrido uma perda de biodiversidade, a despedida dos recifes de coral e o desaparecimento de praias ou cidades costeiras submergiram devido ao aumento do nível do mar.

Agora um novas pesquisas alertam para os sérios riscos para grande parte da fauna marinha: seis em cada dez espécies podem deixar de existir naquele ano.

Acordo relatórios da New Scientist , se as temperaturas globais médias subirem 5 graus Celsius, é altamente provável que 60% das espécies de peixes sejam extintas até o ano 2100. Essa informação é inconsistente com outras pesquisas anteriores que previam que os peixes seriam altamente resistentes. mais contra o aquecimento global.

Mesmo que a humanidade cumpra o difícil objetivo do acordo de Paris de manter o aquecimento a 1,5 ° C, isso ainda seria muito quente para 10% das espécies de peixes.

Mas o novo estudo levou em consideração as larvas, embriões e outros estágios do ciclo de vida dos peixes. E nessas fases, os peixes são muito mais vulneráveis ​​a temperaturas mais altas.

A principal razão pela qual embriões e reprodutores suportam menos o aquecimento dos oceanos é porque eles precisam de mais oxigênio. Este elemento vital é mais solúvel em águas mais frias e menos em águas mais quentes. Infelizmente, os mares poderiam esquentar tão rápido que não haveria tempo para que a adaptação evolutiva necessária ocorresse.

Felizmente, o ano 2100 ainda parece muito distante, e os esforços ambiciosos de muitas organizações e governos para combater os efeitos das mudanças climáticas podem significar a salvação de muitas dessas espécies.

Certamente, mantendo os 1,5 ° C, não teremos um paraíso, haverá mudanças. Mas podemos limitar essas mudanças se pudermos parar as mudanças climáticas. Este estudo é um forte argumento para proteger nossos ecossistemas e ambientes naturais.

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terça-feira, 7 de julho de 2020

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sexta-feira, 3 de julho de 2020

Teoria da Tectônica de Placas

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domingo, 24 de maio de 2020

CARNE DE LABORATÓRIO À MESA


O primeiro hambúrguer cultivado a partir de células animais custou US$ 250 mil. Mas pesquisas avançam para baratear o produto, que pode transformar a forma como a humanidade se alimenta, além de amenizar danos da pecuária, como desmatamento e poluição.


Produção anual de carne (em toneladas) por região
Fonte: Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura


O consumo mundial de carne hoje é quatro vezes maior do que há 50 anos. O aumento não se deve apenas ao crescimento da população do planeta, mas também ao avanço econômico nos países de renda média, como China e Brasil. A produção de carne já ultrapassa as 330 toneladas por ano, segundo dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO).


Há quase 90 anos, Winston Churchill previu que, no futuro, existiria uma tecnologia capaz de produzir partes de animais em laboratório para nos alimentar, sem a necessidade de sacrificar seres vivos.


Mais gente comendo mais carne. Isso é uma boa notícia? Não para o meio ambiente, a saúde humana e o bem-estar animal. Dentre os danos atribuídos à indústria da carne, destacam-se o desmatamento, a formação de zonas mortas no oceano, a poluição do ar e da água e a emissão de gases de efeito estufa. Resistência aos antibióticos, epidemias de doenças zoonóticas, bem como o risco de transmissão de doenças devido à contaminação fecal do alimento durante o abate e processamento da carne também são sérias ameaças à saúde pública atribuídas, em parte, a essa atividade econômica.


Esses danos podem ser ainda maiores nas próximas décadas, pois a população global estará entre 9 e 10 bilhões em 2050. Para alimentar toda essa gente mantendo os níveis de consumo atuais, as estimativas são de que a produção mundial de carne deverá dobrar, um crescimento que os especialistas consideram insustentável para o planeta.

A preocupação com todos esses impactos tem impulsionado a busca por outras formas de se produzir esse alimento tão presente nas mesas do mundo todo. É nesse contexto que surge a proposta de cultivar carne em laboratório, uma alternativa mais limpa, sustentável e que reduz o abate indiscriminado de animais. Carne in vitro, carne à base de células (cell based meat) e carne limpa (clean meat) são algumas das denominações usadas para o produto. Pesquisas de opinião ainda estão em curso para avaliar o nome que será mais aceito pelo consumidor.


O sonho de Churchill

A ideia de produzir carne em laboratório não é nova. Há quase 90 anos, o político e estadista britânico Winston Churchill (1874-1965) previu que, no futuro, existiria uma tecnologia capaz de produzir partes de animais em laboratório para nos alimentar, sem a necessidade de sacrificar seres vivos. Na época, não havia tecnologia para tal. Foi somente no início dos anos 2000 que a primeira patente na área foi depositada pelo pesquisador holandês Willem Van Eelen (1923-2015), um entusiasta da causa. Na mesma época, um projeto financiado pela Nasa, a agência espacial norte-americana, produziu carne de peixe a partir do cultivo in vitro de partes do músculo esquelético de peixes dourados.

Em 2013, o farmacologista holandês Mark Post (1957-) provou que era possível aplicar as técnicas de cultura celular e produzir um hambúrguer de carne cultivada em laboratório. Esse hambúrguer custou US$ 250 mil e foi apresentado ao mundo em um programa na rede de TV britânica BBC.


Como nasce um hambúrguer?

Seja qual for o nome mais saboroso, a carne é produzida em laboratório por meio do cultivo de células animais a partir da combinação de técnicas de biologia celular e bioengenharia. É um produto idêntico, em nível celular, à carne convencional. Empresas e grupos de pesquisa ainda estão em estágio de desenvolvimento do produto e de melhoria dos processos; por isso, avaliam diferentes formas de produção. Apesar de os métodos não terem sido revelados em detalhes, provavelmente seguem algumas variantes de dois processos: a cultura em suspensão e a cultura tridimensional.

A partir de uma pequena amostra do tecido muscular da vaca, é possível produzir 800 milhões de fios de tecido muscular, o equivalente a aproximadamente 9 quilos de carne.



Mais simples e eficiente, o método de cultivo em suspensão tem sido o mais explorado. Começa com uma biópsia para a retirada de um pedaço muito pequeno, em geral do tamanho de uma semente de gergelim, do tecido muscular esquelético do animal. Esse tecido contém uma série de células, mas as mais utilizadas no processo são satélites, células-tronco adultas que proliferam a uma taxa aceitável e podem se diferenciar apenas em células musculares esqueléticas.

Essas células satélites são isoladas e levadas a um tanque de agitação, o biorreator, contendo o meio de cultura, rico em nutrientes, sais e fatores de crescimento. Dentro do biorreator, são simuladas as condições fisiológicas presentes no corpo do animal. É um ambiente dinâmico, que permite trocas gasosas e de nutrientes, além de manter a temperatura controlada.

As células satélites só crescem quando aderidas a uma superfície. Nesse processo, são usados os beads, micropartículas esféricas que podem ser feitas de substâncias como alginato, quitosana e colágeno. O uso de alginato tem sido preferido, por se tratar de um polímero natural e comestível, livre de derivados animais e de baixo custo.

Nessa etapa de proliferação celular, ocorre um aumento da massa. De acordo com o processo desenvolvido pelo pesquisador holandês Mark Post, a partir de uma pequena amostra do tecido muscular da vaca, é possível produzir 800 milhões de fios de tecido muscular, o equivalente a aproximadamente 9 quilos de carne.

Quando as células satélites aderidas às micropartículas atingem uma quantidade considerada suficiente, o meio de cultura é alterado para induzir a diferenciação celular. As células se diferenciam formando miotubos, que são fibras musculares primitivas. A última etapa consiste na maturação desses miotubos, por meio da aplicação de um estímulo mecânico que desencadeia o crescimento e a organização das fibras musculares em unidades contráteis.

Essas fibras musculares maduras são colhidas e misturadas com outros ingredientes para a obtenção do produto final, uma carne não estruturada, como hambúrgueres, almôndegas, nuggets, entre outros (Figura 2). Todo esse processo pode durar de 2 a 6 semanas. A primeira carne desenvolvida em laboratório a chegar aos supermercados será desse tipo.

Produção de hambúrguer em laboratório. Primeiro, células satélites são isoladas do tecido muscular esquelético do animal (1). Para crescerem, essas células são aderidas à superfície de micropartículas esféricas chamadas beads (2). O produto dessa união (3) é adicionado ao biorreator (4) para a proliferação e diferenciação celular. O processo gera fibras musculares maduras (5), que são colhidas e misturadas com outros ingredientes para a obtenção de uma carne não estruturada, como um hambúrguer (6)
Fonte: culiblog.org

Bife ainda fora do cardápio

A produção de um bife de boi ou de frango segue um processo mais complexo e apresenta um desafio técnico superior, já que a carne é formada por fibras musculares, células de gordura, vasos sanguíneos e tecido conjuntivo. Uma das propostas existentes é que o processo se inicie da mesma forma que a cultura em suspensão, com o uso de beads para a etapa de proliferação celular. Em seguida, para produzir esse tipo de carne estruturada, uma grande quantidade de células passa pelo processo de diferenciação e maturação em uma estrutura tridimensional, o scaffold, que sustenta e direciona o desenvolvimento do tecido para formar diversos tipos celulares (células satélites, adipócitos, fibroblastos).

O scaffold pode ser definido como um biomaterial que mimetiza a estrutura da matriz extracelular presente nos tecidos animais. Ele deve ser comestível ou biodegradável, espesso, poroso e capaz de suportar e dar formato ao novo tecido formado. Durante o desenvolvimento desse tecido estruturado, os scaffolds devem conduzir à formação de um sistema semelhante a um vaso sanguíneo, para permitir a circulação de nutrientes e oxigênio por todo o tecido e evitar a morte das células no interior da estrutura.

Esquema do processo de produção de carne estruturada. Primeiro, as células isoladas são cultivadas em um biorreator (1), onde ocorre a proliferação. Depois, as células são colocadas em uma estrutura tridimensional que simula a matriz extracelular dos tecidos animais chamada scaffold (2). O scaffold direciona o desenvolvimento do tecido e a formação de diversos tipos de células, que darão origem a finos pedaços de carne (3)
Fonte: The Good Food Institute


E por que não produzir carne estruturada a partir da metodologia já adotada na produção de tecidos humanos 3D, como pele, cartilagem e ossos? É que a indústria de carne cultivada tem algumas particularidades. O processo precisa ser realizado em uma escala maior de produção, além de ser sustentável e livre de derivados animais. As opções de scaffolds, biorreatores e até as metodologias de cultura 3D disponíveis foram projetadas para fins biomédicos e não para produção de carne limpa em elevada quantidade, representando, assim, alguns dos desafios para o sucesso do produto.


Desafios no caminho do supermercado

Esses não são os únicos desafios técnicos que precisam ser superados para levar a carne de laboratório ao mercado. A escalabilidade e viabilidade econômica do processo dependem da superação de uma série de obstáculos. A definição do tipo de célula mais adequada para um processo produtivo eficiente é um deles. As células consideradas ideais são aquelas cuja capacidade de proliferação e diferenciação seja alta e não dependa de produtos de origem animal.


A produção de um bife de boi ou de frango segue um processo mais complexo e apresenta um desafio técnico superior


O meio de cultura é outro desafio – e talvez um dos mais difíceis de superar –, pois deve ser livre de produtos de origem animal, ter uma composição definida, conter as moléculas sinalizadoras e ser economicamente viável em larga escala. Atualmente, o soro bovino fetal (SBF), coletado dos fetos de vacas grávidas abatidas, é o mais utilizado para cultivar células de mamíferos. Esse produto, além de não seguir a proposta da carne limpa, é muito caro. Algumas empresas, como Memphis Meat e Just, afirmam ter desenvolvido alternativas ao SBF, porém a composição dessas formulações ainda é segredo.

O desenvolvimento de biorreatores otimizados, capazes de melhorar a eficiência do uso do meio de cultura, reciclar os principais componentes desse meio e fornecer as condições necessárias para estimular a diferenciação celular é outro grande desafio. O cultivo de carne, principalmente a estruturada, poderá exigir mais de um biorreator, sendo um para a proliferação e outro para a diferenciação celular. Diversos biorreatores, desenvolvidos para a indústria de biotecnologia, farmacêutica e biomédica, estão disponíveis no mercado, mas precisam ser adaptados para a escala demandada pela indústria de alimentos.


O preço salgado da carne in vitro

Os esforços para baixar o custo da tecnologia e usá-la em maior escala estão sendo feitos por alguns grupos de pesquisa, mas principalmente por empresas, inclusive no Vale do Silício, nos Estados Unidos. Em 2015, foi fundada a Memphis Meat, primeira empresa de base tecnológica com foco na produção de carne cultivada em laboratório. Um ano depois, produziu sua primeira almôndega a um custo de US$ 2.400 o quilo. Foi uma redução de 100 vezes em relação ao primeiro hambúrguer produzido. O custo mais recente, publicado pela empresa israelita Aleph Farms, é US$ 221 por quilo de carne. A empresa Just prevê levar sua carne ao mercado a partir de 2021.


Scaffold desenvolvido pela empresa brasileira Biomimetic Solutions para cultivo de carne estruturada
Crédito: Biomimetic Solutions



No Brasil, estão atuando no setor alguns grupos de pesquisa e uma empresa derivada de um deles, a Biomimetic Solutions, que trabalha com o Grupo de Pesquisas em Biomateriais do Departamento de Engenharia de Materiais do Cefet-MG no desenvolvimento de scaffolds para produzir carne estruturada (Figura 4). Em parceria com o Laboratório de Biologia Oral e do Desenvolvimento do Departamento de Morfologia do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais, também desenvolvem peito de frango, com técnicas de cultura celular 3D.

Se for bem-sucedida em superar os desafios técnicos e obter aceitação em massa, a carne cultivada será uma poderosa ferramenta para criar um sistema alimentar mais saudável, mais eficiente e mais humano.
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