sábado, 28 de julho de 2012

Chernobyl: o desastre soviético e a contaminação radioativa



Depois de um terremoto de intensidade jamais vista e de um tsunami de poder destrutivo avassalador, o Japão encara mais um pesadelo: o risco de uma catástrofe nuclear. A região atingida pelos tremores, no nordeste do território japonês, tem diversas usinas de energia atômica, e o abalo provocou rachaduras, vazamentos e explosões. De acordo com o governo, a situação ainda está sob controle, mas ninguém descarta a chance de novo acidente nas usinas. A situação trouxe de volta à lembrança das pessoas a tragédia mais famosa da história da energia nuclear: a explosão ocorrida há 25 anos em Chernobyl, na antiga União Soviética, atual Ucrânia. O desastre foi tema de uma reportagem de capa de VEJA em 1986.
O governo soviético admitiu: ocorreu um acidente num dos cinquenta reatores em operação no país – o da usina de Chernobyl, nas vizinhanças de Kiev, a terceira maior cidade da URSS. A partir daí a Europa começava a viver dias de medo ao mesmo tempo em que o mundo se dava conta, aos poucos, dos detalhes do maior acidente nuclear de todos os tempos. Em poucos dias, a nuvem radioativa estendeu-se por toda a Europa Central, atingindo a Suíça, o norte da Itália e batendo, na sexta-feira, sobre uma parte da Inglaterra. Carregada de iodo, césio e estrôncio radioativos, ela cobriu uma distância de 3.100 quilômetros, atingindo doze países, numa área equivalente à que vai de São Paulo ao Ceará. Enquanto isso, o governo soviético reconhecia o desastre em pílulas. Lacônico até mesmo diante das perguntas da Agência Internacional de Energia Atômica, à qual está filiado, ele só admitiu na noite de segunda-feira um desastre que ocorrera três dias antes. Desde o momento em que admitiram o desastre, fixou-se na versão de que o problema fora controlado, com a perda de duas vidas e a existência de 197 feridos. A estimativa dos serviços de espionagem americanos gira em tomo de 2.000 mortos, mas o governo soviético classifica todos esses cálculos como simples “boatos”. Era difícil saber o que sucedera em Chernobyl na noite de 25 de abril.
O que aconteceu depois
Quando as circunstâncias da tragédia ficaram claras, soube-se que trinta pessoas morreram imediatamente em razão do acidente e que a causa foi um experimento não autorizado que fugiu ao controle dos cientistas. Nos anos seguintes, mais de 5.000 mortes foram atribuídas à contaminação e pelo menos 5 milhões de pessoas sofreram problemas físicos ou psicológicos em razão da exposição à nuvem de poeira radioativa. Ainda hoje, pesquisadores avaliam o aumento dos casos de câncer e outras doenças em razão da tragédia em Chernobyl. O colapso da União Soviética e a miséria que imperou nas ex-repúblicas na década de 1990 ajudaram a piorar o cenário. A Ucrânia, onde está a usina, interrompeu ou passou a atrasar o pagamento de compensações e ajudas às vítimas e famílias das vítimas. Em meados dos anos 90, o presidente da vizinha Bielo-Rússia, Alexander Lukashenko, permitiu que moradores pobres voltassem a morar na região contaminada, numa medida que gerou muitos protestos. Os demais reatores de Chernobyl funcionaram até 2000, quando as autoridades cederam à pressão internacional e desativaram toda a usina.
Em abril de 2003, 17º aniversário da tragédia de Chernobyl, autoridades russas fizeram alertas sobre a possibilidade de colapso do escudo de concreto erguido, pouco após o acidente, ao redor do reator problemático, para minimizar o vazamento de material radioativo. “O sarcófago foi construído para durar cinco anos, mas já está instalado lá há dezessete. E ninguém investiga a sério as reações que acontecem dentro dele”, disse o ministro da Energia Atômica da Rússia, Alexander Rumyantsev. “Há buracos nele e o teto pode cair. Precisamos de um novo escudo ao redor do antigo”, acrescentou. O governo da Ucrânia negou a possibilidade de um novo acidente e garantiu que as medidas necessárias estão em execução e serão finalizadas a tempo se houver ajuda financeira do Ocidente. Técnicos da usina reconheceram os problemas e divulgaram um plano para estabilizar as condições do escudo antigo rapidamente e erguer um novo caixão de concreto em volta do atual. Em setembro de 2005, um relatório preparado pelo Fórum Chernobyl, que inclui oito agências da ONU, apresentou mais detalhes da tragédia. A investigação foi realizada por centenas de cientistas, economistas e médicos. Em abril de 2006, no vigésimo aniversário do acidente, a data foi marcada por protestos contra a criação de novas usinas nucleares pelo mundo.
Revista Veja

Notícias Geografia Hoje


Crise reduz preço e eleva oferta de ilhas gregas à venda
Em uma das empresas, a oferta dobrou para 20 ilhas no semestre.
Outra diz que preços caíram até 20% nos últimos meses.

Simone Cunha 

A crise grega está aquecendo o mercado de venda e aluguel de ilhas gregas, segundo empresas que trabalham com esse tipo de propriedade. É possível encontrar preços mais baixos, proprietários mais abertos a negociar, mais propriedades à venda e, se for o caso, ilhas para alugar como forma de reduzir as despesas dos donos.


Nos últimos seis meses, o número de ilhas gregas publicamente à venda na Private Islands dobrou de 10 para 20. A empresa canadense, que trabalha com propriedade de todos os continentes, diz que também houve aumento de propriedades ofertadas só para um público específico, as do “marketing discreto”, como diz o diretor de operações da empresa, Andrew Welsh.

Uma das mais baratas ilhas è venda, a St. Athanasios está sendo ofertada por 1,5 milhão de euros (cerca de R$ 3,7 milhões). (Foto: Divulgação/Greek Property Exchange)

“Por conta da recente atenção da imprensa à crise econômica grega, tivemos um incremento no número de ilhas à venda na Grécia nos últimos seis meses”, diz Welsh. As vendas não têm aumentado na mesma proporção, no entanto, devido à burocracia para a compra.
Os preços das ilhas da Greek Property Exchange, inaugurada em 2010 por gregos que moram fora da Grécia, caíram entre 10% e 20% desde os tumultos de maio em Atenas. Segundo o presidente da empresa Georgios Stroumboulis, os episódios geraram publicidade negativa e afastaram visitantes. Com a queda, é possível comprar uma ilha no golfo de Corinto por € 1,5 milhão (cerca de R$ 3,7 milhões).




Anunciado em 14 milhões de euros (cerca de R$ 35 milhões), o preço
ilha de Kato Antikeri é negociável (Foto: Divulgação/Private Islands)


A empresa francesa Demeures de Grece (Casas de Grécia) também diz que os donos estão mais flexíveis, o que tem diminuído o preço das terras. “A crise afeta principalmente os preços; a oferta, já não tanto”, diz Nicolas Mugni, o sócio da empresa francesa.
Ainda assim, a empresa divulga os preços mais caros entre as três consultadas. Uma ilha sem permissão para construir está cerca de € 5 milhões (cerca de R$ 12 milhões); já uma com toda a documentação necessária varia entre € 8 milhões e € 15 milhões (aproximadamente R$ 19 milhões a R$ 37 milhões).
Na Private Island, mesmo sem os preços terem caído sensivelmente é possível encontrar ilhas gregas mais baratas, por cerca de US$ 1 milhão (aproximadamente R$ 2 milhões). Mas a mais cara custa € 150 milhões (cerca de R$ 370 milhões).
Descontos, no entanto, também podem ser conseguidos diz Mungi, na Demeures de Grece. Segundo ele, brasileiros que conhecem o mercado de ilhas gregas fazem ofertas com desconto de 30%, 40% e geralmente fecham o negócio. Os que não conhecem tentam barganhar até 80% de desconto e acabam não comprando, diz.
Aluguel
Uma alternativa à venda é o aluguel de ilhas nas férias para ajudar a custear as despesas dos proprietários. A Greek Property Exchange tem um portfólio de ilhas à venda, mas também tem trabalhado com aluguel de férias, segundo Stroumboulis.

Mesmo fazendo parte do negócio, ele diz que a venda de ilhas deve ser utilizada como um "último recurso", mas recomenda aluguéis de longo prazo. "A primeira coisa é desenvolver a economia e atrair investimento interno estrangeiro para criar a infraestrutura necessária, o ponto é para ganhar dinheiro", diz.
Os empresários das três empresas que vendem ilhas gregas dizem, no entanto, que é difícil vende-las. Segundo a Greek Property Exchange, um dos entraves é que a infraestrutura de muitas delas não está configurada para a venda. A francesa Demeures de Grece diz que o mercado de ilhas privadas no país é muito complicado porque é preciso mais de 15 aprovações e licenças de vários ministérios para se construir em uma ilha privada.
A Greek Property Exchange diz que recebe visitantes de mais de 120 países e nos últimos seis a 12 meses tem tido um aumento de tráfego de brasileiros. A Private Islands fechou perceria com uma imobiliária brasileira para se aproximar dos brasileiros, mas o negócio está focado no sentido contrário: atrair estrangeiros a comprar propriedades no Brasil.
Portal G1

Energia nuclear: riscos – e vantagens – das usinas atômicas




A energia nuclear é responsável por 16% da eletricidade consumida no mundo — e também por alguns dos piores pesadelos da humanidade. A concretização de um deles, o acidente na usina de Chernobyl, na Ucrânia, colocou o mundo em choque em 1986. Agora, o planeta novamente assiste com apreensão aos vazamentos nucleares no Japão, que tiveram início após o devastador terremoto que atingiu o país na última sexta-feira. As usinas nucleares são consideradas uma fonte de energia limpa porque emitem pouco carbono e, por isso, não contribuem para o aquecimento global – mas é impossível ignorar os riscos que elas representam aos países que as abrigam.
O acidente de Chernobyl, que se tornaria o maior desastre nuclear da história, ocorreu na madrugada do dia 26 de abril de 1986, durante um teste de rotina do reator número 4 da usina. Por um erro dos técnicos, o processo de reação nuclear em cadeia se descontrolou, aquecendo a água que deveria resfriar o reator. Seguiram-se uma explosão e um incêndio que durou dez dias, espalhando toneladas de material radioativo por uma área de 150.000 quilômetros quadrados.
O debate sobre a energia atômica é tão antigo quanto sua utilização. Em 1971, reportagem de VEJA relatava o debate sobre o tema nos Estados Unidos, país que recebeu sua primeira usina nuclear em 1957. O uso da tecnologia atômica em território americano ficava a cargo da Comissão de Energia Atômica (AEC), abolida em 1974. “Para os mais acesos de seus críticos, a AEC, que hoje planta instalações para gerar a energia, amanhã colherá crianças geneticamente doentes, cânceres e terra envenenada”, dizia o texto de VEJA. “Mas os defensores da energia nuclear veem os átomos por um lado diferente. ‘A chave para uma civilização avançada é um avançado padrão de vida’, diz Glenn F. Seaborg, presidente da AEC. ‘E a chave para isso é a energia’.”
As usinas nucleares chegaram ao Brasil na década de 70. A usina de Angra 1 fora comprada praticamente pronta, em 1969, da americana Westinghouse. O objetivo era que iniciasse o fornecimento comercial de energia elétrica em 1977, com um custo total de construção de 300 milhões de dólares. Porém, Angra 1 só entrou em funcionamento seis anos mais tarde, após ter consumido 1,8 bilhão de dólares. Em 2000, foi inaugurada a Angra 2, que levou mais de 20 anos para ser construída. Já a construção da usina nuclear Angra 3 sofre, há mais de trinta anos, de paralisia crônica. O Brasil perdeu muito dinheiro em Angra dos Reis. Com o capital gasto no projeto nuclear até aqui, seria possível construir cinco usinas nucleares, não apenas três.
A história recente do país evidencia o grau de amadorismo e fragilidade com que o Brasil trata um assunto tão delicado. Em 2004, uma fábrica de urânio em Resende, interior do Rio, vazou, atingiu quatro operadores – e tudo ficou na surdina. Mas o pior acidente nuclear em território brasileiro ocorreu em 1987, em Goiânia. Uma unidade de radioterapia abandonada nas ruínas do Instituto de Radioterapia, contendo uma cápsula de Césio, um poderoso elemento radioativo, foi destruída por catadores de papel. Quatro pessoas morreram vítimas da contaminação. E as autoridades brasileiras tentaram encobrir por todos os meios suas responsabilidades pela tragédia.
Como se nota na reação da comunidade internacional em relação à crise nuclear japonesa, acidentes em usinas fazem os países repensar o uso de energia atômica. Nos anos que se seguiram à tragédia de Chernobyl, a maior parte dos países desistiu ou abandonou seus projetos nucleares, principalmente em razão dos custos cada vez mais altos de construção ou da pressão dos ecologistas. Os Estados Unidos já haviam interrompido a construção de novos reatores desde 1979, quando ocorreu um superaquecimento do reator de Three Mile Island.
A tragédia no Japão ocorre justamente num momento de retomada dos investimentos em energia nuclear. Reportagem de VEJA de 2008 já mostrava como uma tecnologia vista até bem pouco tempo como sinistra passou a ser encarado, em muitos países, como uma esperança de energia limpa e barata. O renascimento da energia nuclear é explicado por uma conjunção de fatores. O primeiro é econômico. A disparada do preço do petróleo e do gás natural, que juntos respondem por 25% da eletricidade produzida no planeta, torna cada vez mais cara a energia obtida desses combustíveis fósseis. O segundo fator que impulsiona o renascimento da energia nuclear é o combate ao aquecimento global, uma causa que mobiliza governos e opinião pública.
A rigor, o único problema das usinas nucleares é o que fazer com o lixo atômico que produzem. Até agora não se tem uma solução prática para os rejeitos radioativos que não seja o armazenamento, o que ainda deixa boa parte da opinião pública desconfiada com a nova escalada na construção de reatores. Há esperança de que, no futuro, se descubra uma forma mais eficiente de descartar esse material ou reutilizá-lo. Novamente, porém, o futuro dos investimentos em energia nuclear volta a ficar incerto em boa parte do planeta.

Maior lixão radioativo dos EUA


Crise nuclear reaviva preocupação com maior lixão radioativo dos EUA
Fábrica desativada de Hanford, de onde saiu a bomba de Nagasaki, guarda 200 milhões de litros de lama radioativa



Hanford: 177 contêineres de concreto cheios desta lama radioativa (Mark Ralston/AFP)
Parecia uma boa ideia. Na corrida para construir uma bomba atômica durante a II Guerra Mundial, autoridades americanas isolaram um deserto intocado e construíram o primeiro reator de plutônio da história. 
Hoje, 68 anos depois, a crise nuclear do Japão reaviva o temor da população nos arredores de Hanford, no estado de Washington, noroeste dos Estados Unidos. É lá que fica o maior depósito de lixo nuclear dos Estados Unidos. O local é a segunda instalação mais contaminada do mundo - atrás apenas de Chernobyl, na Ucrânia. São 200 milhões de litros de lama radioativa, subproduto da fabricação de bombas de plutônio.
Foi dos antigos reatores nucleares de Hanford, fechados há mais de 20 anos, que saiu a bomba lançada sobre Nagasaki em 1945. Hoje cerca de 12 mil pessoas trabalham no local simplesmente para garantir sua limpeza. O lixão tem 15 vezes o tamanho de Paris e abriga abaixo da terra 177 contêineres de concreto cheios desta lama radioativa. As autoridades dizem que é seguro.
Walt Tamosaitis, engenheiro com 40 anos de experiência, trabalhou na usina até o ano passado. Alega ter sido foi demitido por levantar questões técnicas sobre a segurança da usina. "É como dirigir um carro com os pneus carecas. Nos primeiros quilômetros o pneu aguenta, mas nada indica que vá continuar assim no futuro."
Tamosaitis diz que a usina nuclear de Fukushima estava melhor preparada para uma eventualidade que Hanford. J.D. Dowell, do departamento de energia dos Estados Unidos, rebate a afirmação. "É como comparar maçãs e laranjas." A usina japonesa tinha reatores ativos, enquanto Hanford está fechada há muito tempo para limpeza.
Tom Carpenter, do movimento ambientalista Hanford Challenge, teme o impacto de um terremoto ou atentado terrorista - além do lixão, a região também abriga uma usina nuclear em funcionamento. "Os governos não duram para sempre. Será que vai ter ainda alguém aqui em cem ou mil anos para garantir que ninguém vai entrar no local ou que os lençóis freáticos não serão contaminados?"
Indenização - Nos anos 60, a usina jogou seus dejetos diretamente na natureza. O poder público reconheceu que mais de 3,8 milhões de litros de lama tóxica haviam vazado e que parte havia penetrado o solo. As autoridades gastaram 100 bilhões de dólares para limpar o lixão. Pretendem também construir até 2019 uma nova fábrica para vitrificar a lama e estocá-la de maneira mais segura.
O Departamento americano de Energia garante que a segurança da instalação avança, com obras para proteger o Rio Columbia, que corta a região. Mas os ambientalistas temem que as verbas sofram com os cortes orçamentários debatidos no Congresso.
Tarde demais, de qualquer forma, para Gloria Wise, de 67 anos, moradora da região. Em 2005, ela recebeu uma indenização de mais de 300 mil dólares por causa de um câncer de tireoide, depois de processar a Dupont e a General Electric, que operavam na fábrica de bombas atômicas. A família de Gloria cultivava legumes no jardim. "Tenho certeza de que a radioatividade entrou em nossos alimentos", diz. "Eu sei como essas coisas funcionam, as empresas não nos contam o que está acontecendo."
(com AFP)

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Notícias Geografia Hoje


Água da Terra veio de asteroides, indica estudo
Segundo nova teoria publicada na renomada revista Science, a água terrestre teria vindo do Cinturão de Asteroides que fica entre Marte e Júpiter


Muitos cientistas acreditam que a água que veio parar na Terra foi formada nos confins do Sistema Solar, além de Netuno. Contudo, um estudo divulgado nesta quinta-feira e que será publicado amanhã na Science indica que a substância veio de um região muito mais próxima - o Cinturão de Asteroides (entre Marte e Júpiter) - através de meteoritos e asteroides o que contradiz algumas das principais teorias sobre a evolução do Sistema Solar.
Uma das hipóteses afirma que ela se formou na região transneptuniana (que fica além de Netuno, o último planeta conhecido do sistema) e depois se moveu para mais perto do Sol junto com cometas, meteoritos e asteroides. Contudo, é possível saber a distância em que as moléculas de água se formaram em relação ao Sol ao analisar os isótopos de hidrogênio presentes. Quanto mais longe da estrela, haverá menos radiação e, portanto, mais deutério (o átomo de hidrogênio "pesado", que tem um próton, um nêutron e um elétron, ao contrário do mais comum, que tem apenas um próton e um elétron).
O novo estudo comparou a presença de deutério no gelo trazido por condritos (um tipo de meteorito) e indicou que ela foi formada muito mais próxima de nós, no Cinturão de Asteroides (esses meteoritos não contêm mais água, mas a substância fica registrada através de um tipo de mineral chamado de silicato hidratado, e é o hidrogênio presente nele que é investigado). Além disso, comparando com os isótopos de cometas, a pesquisa indica que esses corpos se formaram em regiões diferentes dos asteroides e meteoritos e, portanto, não atuaram na origem da água no nosso planeta.

"Dois modelos dinâmicos têm os cometas e os meteoritos condritos se formando na mesma região, e alguns destes objetos devem ter sido injetados na região em que a Terra se formava. Contudo, a composição da água de cometa é inconsistente com nossos dados de meteoritos condritos. O que realmente deixa apenas os asteroides como fonte da água na Terra", diz ao Terra Conel Alexander, do Instituto Carnegie, líder do estudo.

Debate reacendido

Em 2011, a hipótese de que os cometas tiveram pouca importância na origem da água na Terra já estava com pouca força. Mas um estudo divulgado na revista Nature usou o telescópio Herschel, da Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês), para descobrir que a composição do cometa Hartley 2 tem uma quantidade de deutérios similar à encontrada no oceano. Foi o primeiro cometa com essa composição, já que outros seis analisados anteriormente tinham uma quantidade de deutério muito diferente dos mares da Terra.

Contudo, o novo estudo também refuta essa possibilidade. Segundo os pesquisadores, o cometa não traz apenas água, mas também outras substâncias (inclusive orgânicas) que contêm hidrogênio. E a quantidade de deutério presente nos cometas ainda fica acima daquela observada no nosso planeta, o que impede que esses corpos sejam considerados como uma importante fonte de água.
"A recente medição do cometa Hartley 2 tem uma composição isotópica de hidrogênio parecida com à da Terra, mas nós argumentamos que todo o cometa, incluindo a matéria orgânica, é provavelmente rica demais em deutério para ser uma fonte da água da Terra", diz Alexander.

Sobram duas possíveis fontes, que devem ter atuado juntas: rochas do Cinturão de Asteroides e gases (hidrogênio e o oxigênio) que existiam na nebulosa na qual o Sistema Solar se formou. O estudo foi conduzido por pesquisadores do Instituto Carnegie (EUA), Universidade da Cidade de Nova York, Museu de História Natural de Londres e da Universidade de Alberta, no Canadá.
Revista Isto é

Notícias Geografia Hoje


Amazônia deve sofrer grande extinção de espécies
Pesquisadores britânicos e americanos defendem que aumento das unidades de conservação e restauração de áreas degradadas têm potencial de evitar os danos
AE

As piores consequências do desmatamento sofrido pela Amazônia ao longo de 30 anos ainda estão por vir. Até 2050, podem ocorrer de 80% a 90% das extinções de espécies de mamíferos, aves e anfíbios esperadas nos locais onde já foi perdida a vegetação. A boa notícia é que temos tempo para agir e evitar que elas de fato desapareçam. Essa é a conclusão de uma pesquisa publicada na edição desta semana da revista Science.
Um trio de pesquisadores da Grã-Bretanha e dos Estados Unidos considerou as taxas de desmate na região de 1978 a 2008 e levou em conta a relação entre espécies e área - se o hábitat diminui, é de se esperar que o total de espécies que ali vivem diminua, ao menos localmente.
Acontece que os animais têm mobilidade, podem migrar para locais vizinhos ao degradado. Lá vão tentar sobreviver, competindo por recursos com animais que já estavam no local, de modo que o desaparecimento não é imediato, podendo levar décadas para se concretizar.
É essa diferença, que os pesquisadores chamam de "débito de extinção", que foi calculada no trabalho. Grosso modo, é uma dívida que teria de ser "paga" - em espécies animais - pelo desmatamento do passado. A ideia por trás do termo é tanto mostrar o que poderia acontecer se simplesmente o processo de extinção seguisse o seu rumo, quanto estimar qual pode ser o destino dessas espécies que dependem da floresta, considerando outros cenários de ações.
Mas em vez de calcular para toda a Amazônia - o que seria problemático, porque há uma diferença de riqueza de biodiversidade no bioma -, os autores mapearam os nove Estados em quadros de 50 quilômetros quadrados, a fim de estimar os impactos locais. Uma espécie pode deixar de ocorrer em uma dada área, mas isso não significa que ela desapareceu por completo.
Tanto que a literatura ainda não aponta a extinção de nenhuma espécie na Amazônia, explica o ecólogo Robert Ewers, do Imperial College, de Londres, que liderou o estudo. "Uma razão para isso é que o desmatamento se concentrou no sul e no leste na Amazônia, enquanto a mais alta diversidade de espécies se encontra no oeste da região. Mas não há dúvida de que muitas estão localmente extintas onde o desmatamento foi mais pesado."
Dois cenários
Na pior hipótese, a do "business as usual", considera-se a continuidade do modelo da expansão da agricultura; na melhor, que o desmatamento zere até 2020. Os pesquisadores propõem, no entanto, que o cenário mais realista é o que considera a permanência da governança, ou seja, das ações governamentais que levaram à queda do desmatamento nos últimos anos.
Mas mesmo nessa situação é de se esperar que espécies sumam. Em 2050, os pesquisadores estimam que localmente (nos quadros de 50 km²) podem desaparecer de 6 a 12 espécies de mamíferos, aves e anfíbios em média; enquanto de 12 a 19 podem entrar na conta do que pode ser extinto nos anos seguintes.
Eles reforçam que isso ainda não aconteceu e defendem que ações que aumentem as unidades de conservação e promovam a restauração de áreas degradadas têm potencial de evitar os danos. Os mapas mostram em quais áreas esse esforço poderia promover mais benefícios.
Em outro artigo na Science que comenta o trabalho, Thiago Rangel, da Universidade Federal de Goiás, pondera que a conjuntura atual é incerta. "O governo vai investir pesado em infraestrutura, estão previstas 22 hidrelétricas de grande porte, estão sendo reduzidas as unidades de conservação e o Código Florestal vai ficar mais frouxo. A trajetória dos dez anos que passaram dava uma sinalização otimista, mas são os próximos dez anos que vão dizer o que vai acontecer." 

Revista Isto é

Notícias Geografia Hoje


Armas do bem
Os mesmos laboratórios que no passado desenvolveram armamentos nucleares de destruição em massa hoje produzem dados que ajudam a salvar o planeta e quem vive nele
Larissa Veloso

NOVOS TEMPOS
Criado para desenvolver armas nucleares, hoje o laboratório Lawrence Livermore,
nos EUA, usa seus supercomputadores para estudar as mudanças climáticas

As bombas atômicas lançadas pelos Estados Unidos sobre Hiroshima e Nagasaki no fim da Segunda Guerra Mundial mataram diretamente mais de 150 mil pessoas. Depois que a nuvem em forma de cogumelo se dissipou, nunca mais as pessoas viram os testes atômicos como instrumento para gerar algo positivo. Mas um historiador da Universidade de Michigan, nos EUA, mostra como a indústria de armas nucleares migrou da destruição em massa para a proteção do planeta. Em artigo no “Bulletin of the Atomic Scientists”, Paul Edwards afirma que, se não fossem os estudos para o desenvolvimento de armas, a ciência climática estaria engatinhando. 

Nos primeiros testes de grande magnitude nos anos 1950, contaminações provocadas pela dispersão de material radioativo levantaram o alerta, e os cientistas começaram a vigiar os ventos. “Esses eventos levaram à criação de redes de monitoramento. Uma das redes estabelecidas pelo Laboratório de Segurança e Saúde da Comissão de Energia Atômica em 1951 foi depois ampliada para cerca de 200 estações de monitoramento climático da Força Aérea americana ao redor do mundo”, explica Edwards. Com o crescimento das instalações, o homem passou a entender cada vez mais a dinâmica da atmosfera, o que é crucial para monitorar o clima.


OBSOLETO
Desde os anos 1990, os russos tentam comprar supercomputadores.
Sem as máquinas, os laboratórios do país estão de fora da onda verde

Rede montada para garantir que os países não façam testes com bombas nucleares, a CTBTO (Comprehensive Nuclear-Test-Ban Organization, na sigla em inglês) ajudou a amenizar uma catástrofe ambiental. A organização previu a dispersão de material radioativo provocada pelo acidente na usina Fukushima, no Japão, em março do ano passado. Os dados coletados pela CTBTO nas mais de 280 estações de monitoramento ao redor do mundo ajudam a aumentar o volume de material usado nos modelos climáticos. “Todo processo que permite coletar dados reais do comportamento do material na atmosfera é útil. E todo modelo matemático (como os usados para estudar o clima) precisa de dados para ser validado”, afirma Luiz Fernando Conti, assessor da diretoria de pesquisa e desenvolvimento da Comissão Nacional de Energia Nuclear.

Há um benefício extra por conta do redirecionamento desses laboratórios. Com o fim da Guerra Fria, caso continuassem apenas a desenvolver armas, os cientistas e as máquinas estariam sem emprego. “Nossos computadores foram originalmente desenvolvidos para testar armas nucleares. Agora são usados para estudar a ciência da mudança climática” reforça a porta-voz do Laboratório Nacional de Lawrence Livermore, na Califórnia, Anne Stark. A transição manteve o quadro de funcionários inalterado.


DESASTRE
Agentes em Fukushima ajudam a analisar o vazamento da usina. Equipamentos
usados para prevenir uma guerra nuclear ajudaram na contenção da catástrofe

Sobre essa troca de função, Edwards deixa um recado nas palavras finais de seu artigo. “Hoje, os laboratórios construídos para criar o mais temível arsenal em toda a história estão fazendo o que podem para impedir outra catástrofe – não uma causada por governos em guerra, mas por bilhões de indivíduos normais vivendo vidas comuns dentro de uma economia energética que precisamos reinventar.” Transformar um sistema de destruição em massa em ferramenta para melhorar nossas condições de vida é um promissor primeiro passo. 
Revista Isto é

Alunos de uma escola francesa, no início do século XX




No quadro de  ardósia: O povo que possui as melhores escolas é o primeiro entre todos os povos; se o não é hoje, sê-lo-á amanhã.
Buigny-los-Gamaches, Somme. Dezembro.

Homenagem 
Educação hoje, amanhã e depois. 
Parabéns EDUCADORES.

sábado, 21 de julho de 2012

Favela do Esqueleto




 A Favela do Esqueleto, na Tijuca, que chegou a ter quase quatro mil barracos e cerca de 12 mil habitantes. Os primeiros moradores se fixaram no local ainda na década de 50. As casas foram erguidas com restos do que seria o Hospital das Clínicas da Universidade do Brasil. A construção, no entanto, foi interrompida e nunca mais retomada. “Todo o processo de remoção foi conduzido com muita rapidez. As famílias cadastradas eram levadas para os conjuntos habitacionais e os barracos iam sendo derrubados  para a construção da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) e de um trecho da Avenida Radial Oeste. 
Os últimos 495 barracos da Favela do Esqueleto foram demolidos em 1965. Os ex-moradores acreditam até hoje que a ação teve fins políticos. “Foi uma jogada do Lacerda porque ele queria se eleger presidente. Minha família foi toda para a Vila Kennedy”, conta Dilmo, que preferiu ficar na Mangueira por causa do samba. Pouco mais de quatro décadas após a remoção, ele lembra com saudade dos amigos que se espalharam pela cidade. “Muitas pessoas eu nunca mais encontrei. Naquela época, o tráfico ainda estava no começo, tinha o malandro, o jogo de roda, mas ninguém na favela conhecia a cocaína. O clima era muito tranqüilo”, conta.


Crise faz com que brasileiros desistam do ‘sonho espanhol'



Babeth Bettencourt
Enviada especial da BBC Brasil a Madri e Barcelona
A crise econômica e o alto índice de desemprego - que em abril chegou a 17,36% - estão fazendo com que mais imigrantes brasileiros decidam deixar a Espanha e voltar para casa.
A Organização Internacional para a Migração (OIM) - que ajuda imigrantes que queiram voltar para casa, pagando sua passagem - afirma que, em 2007, analisou pedidos de 2.073 pessoas na Espanha.
De 2008 até abril deste ano, este número tinha subido para 6.722. Outros 500 casos - que poderiam representar cerca de 1.500 pessoas - aguardavam na fila para ser analisados.
"O número de imigrantes querendo ajuda para voltar para casa aumentou muito", conta Clarissa Araújo do Carmo, funcionária da OIM em Madri. "Antes recebíamos cerca de cinco pedidos diários, mas desde meados do ano passado este número subiu para 20, até 30 pedidos."
Os brasileiros, juntamente com os argentinos, são o segundo maior grupo a procurar a OIM. Os bolivianos são os primeiros da fila.
No ano passado, a organização ajudou 143 brasileiros a voltar para casa e neste ano, até março, 45 já haviam retornado e outros 155 casos (o que poderia representar o triplo em número de pessoas) aguardam para ser analisados, mas a espera pode demorar meses.
Crescimento
Desde o ano 2000, o crescimento econômico e a ampla oferta de empregos - principalmente nos setores de construção, hotelaria e serviços domésticos, que os espanhóis não queriam ocupar - vinham atraindo imigrantes de vários países para a Espanha.
Mas refletindo a crise mundial, o país entrou em dificuldades em meados do ano passado e hoje seu índice de desemprego é duas vezes maior do que o dos outros países da União Européia.
O cônsul brasileiro em Madri, Gelson Fonseca, afirma que ainda é cedo para medir os efeitos das dificuldades econômicas sobre os imigrantes brasileiros na Espanha.
"Poderemos ter um número preciso sobre a saída de brasileiros da Espanha daqui a um ano. A Espanha tem estatísticas muito precisas sobre a comunidade estrangeira no país, por conta do Padrão Municipal (uma espécie de censo municipal publicado a cada dois anos)", diz Fonseca.
"O padrão é renovado a cada dois anos, então, precisamos esperar pelo menos mais um ano para medir este número."
De acordo com dados do Padrão Muncipal, havia 11.085 brasileiros registrados na Espanha no ano 2.000. Em 2.008, este número chegava a 116.548. Segundo dados do Ministério do Trabalho, no entanto, apenas cerca de 20% têm seguridade social.
Entre os brasileiros na Espanha, os homens, em sua maioria, trabalham no setor de construção, um dos mais afetados pela crise. As mulheres estariam empregadas, em geral, no setor de serviços doméstico ou de hotelaria.
"A taxa de desemprego entre os imigrantes na Espanha é maior do que a taxa de desemprego entre os espanhóis. O que se diz é que a taxa de desemprego para estrangeiros, geralmente, está entre 6% e 7% acima da taxa dos espanhóis", afirma o cônsul.


Cachón: 'Migrações para a Espanha se produziram por questões de trabalho'
Segundo o sociólogo Lorenzo Cachón, presidente do Fórum para a Integração dos Imigrantes, a crise e o desemprego também aumentaram a tensão entre os imigrantes e os espanhóis.
"A crise está sendo especialmente grave na Espanha, afetando todos os trabalhadores. Com isso, muitos imigrantes perderam o emprego", afirma Cachón.
Se antes os imigrantes ocupavam as vagas rejeitadas pelos espanhóis, agora eles disputam diretamente esses empregos.
"As migrações para a Espanha se produziram, basicamente, por questões de trabalho. As pessoas vieram não por que tinham problemas em seus países de origem, mas porque na Espanha havia oportunidades de empregos", diz o sociólogo.
"Na Espanha, desde o ano 2000, houve muitas oportunidades de emprego. Em 2007, elas começam a diminuir. 2008 foi um ano ruim e a previsão é de que 2009 seja muito negativo", afirma ele.
"O que está acontecendo é que menos gente está vindo para a Espanha porque sabem que hoje não vão encontrar emprego. Aumentou o retorno de imigrantes, principalmente de países latino-americanos."


BBC BRASIL

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Rapidinhas da Geografia ... Cartéis




São constituídos de diversas empresas, do mesmo ramo de atividade, que mantém sua autonomia e estabelecem acordos para definir a quantidade de mercadorias produzidas e os preços de venda no mercado. Os lucros são distribuídos entre essas empresas. A formação de cartéis é proibida em diversos países, incluindo o Brasil, pois é considerado um crime financeiro que prejudica a livre concorrência.

domingo, 15 de julho de 2012

Rapidinhas da Geografia ... Fordismo


Modelo de produção em massa que surgiu nos Estados Unidos na primeira metade do século XX, quando Henry Ford implantou a linha de montagem, utilizando os princípios de simplificação e padronização idealizados por outro norte-americano contemporâneo seu, Frederick Taylor. O fordismo é conhecido pela exploração intensiva do trabalhador, que é visto como uma apêndice da máquina: quanto mais trabalho e quanto menos salário, maior o lucro do dono dos meios de produção.

Imperialismo em charges




domingo, 8 de julho de 2012

Notícias Geografia Hoje



Filamentos de matéria escura, como o que liga os aglomerados galácticos Abell 222 e Abell 223, talvez tenham mais da metade da matéria do Universo. 
Matéria Escura Revelada
Medida direta confirma existência em superaglomerado galáctico
por Zeeya Merali

Uma pequena parte da matéria escura do Universo, que dita onde as galáxias se formam, foi observada pela primeira vez: pesquisadores detectaram diretamente uma fina ponte de matéria escura unindo dois aglomerados galácticos. Para isso, usaram uma técnica que poderia ajudar astrofísicos a compreender a estrutura do Universo e identificar a constituição da misteriosa substância invisível. 

De acordo com o modelo padrão da cosmologia, estrelas e galáxias visíveis traçam um padrão no céu conhecido como teia cósmica, originalmente produzida pela matéria escura – a substância que se acredita ser responsável por quase 80% da matéria do Universo. Logo após o Big Bang, regiões levemente mais densas que outras atraíram matéria escura, que acabou se aglomerando e colapsando em “panquecas” planas. “Onde existe uma interseção dessas “panquecas” vemos grandes faixas de matéria escura, ou filamentos”, explica Jörg Dietrich, cosmólogo do University Observatory Munich, na Alemanha. Aglomerados de galáxias se formaram nos nós da teia cósmica, onde esses filamentos se cruzavam. 

A presença de matéria escura geralmente é inferida pela maneira com que sua forte gravidade curva a luz proveniente de galáxias distantes, distorcendo seus formatos aparentes como visto pelos telescópios da Terra. Mas é difícil observar essas ‘lentes gravitacionais’ de matéria escura em filamentos porque eles têm relativamente pouca massa. 

Dietrich e seus colegas contornaram esse problema estudando um filamento especialmente massivo, de 18 megaparsecs, que conecta os aglomerados galácticos Abell 222 e Abell 223. Por sorte, essa ponte sombria é orientada de modo que a maior parte de sua massa esteja localizada ao longo da linha de visão da Terra, o que aumenta o efeito de lente, como explica Dietrich. A equipe examinou a distorção de mais de 40 mil galáxias de fundo e calculou que a massa do filamento é de 6,5 × 1013 a 9,8 × 1013 vezes a massa do Sol. Seus resultados foram publicados essa semana na Nature

Equação da massa

Examinando os raios-X provenientes do plasma do filamento, observados pelo satélite XMM-Newton, a equipe calculou que não mais de 9% da massa do filamento poderia ser composta de gás quente. As simulações por computador da equipe sugerem que aproximadamente mais 10% da massa do filamento poderia se dever a estrelas e galáxias visíveis. Dietrich aponta que a maior parte, portanto, deve ser matéria escura. 

Mark Bautz, astrofísico do Massachusetts Institute of Technology, em Cambridge, ressalta que astrofísicos não sabem exatamente como a matéria visível segue os caminhos produzidos pela matéria escura. “A parte empolgante é que nesse sistema incomum nós podemos mapear tanto a matéria escura quanto a matéria visível juntas, e tentar entender como elas se conectam e evoluem ao longo do filamento”, declara ele. O telescópio espacial de raios-X do Japão, Astro-H, com lançamento previsto para 2014, conseguirá determinar o estado de ionização e a temperatura do plasma no filamento, o que ajudará a discriminar entre os diferentes modelos para a formação da estrutura.

O refinamento da técnica também poderia ajudar a determinar a identidade da matéria escura – se é composta de partículas frias (lentas) ou quentes (rápidas), como um neutrino – já que partículas distintas se acumulam de maneiras diferentes ao longo do filamento. A missão espacial Euclid, com lançamento previsto para 2019, fornecerá mais dados sobre as lentes. “Isso complementará as buscas diretas por matéria escura no Grande Colisor de Hádrons, por exemplo”, reforça Alexandre Refregier, cosmólogo do ETH Zurich, o Instituto Federal de Tecnologia de Zurique. 

terça-feira, 3 de julho de 2012

Sonho no deserto - Energia Solar


Abastecer 15% da Europa com energia renovável, solar e eólica, vinda do deserto do Saara e do Oriente Médio em 2050. Esse é o ambicioso plano do consórcio Desertec, que dará seu primeiro passo este ano, no Marrocos. Para vingar, entretanto, obstáculos consideráveis terão de ser superados


Por: Eduardo Araia



FONTES: DESERTEC FOUNDATION, NASA E AGÊNCIA AEROESPACIAL DA ALEMANHA (DLR)
Em 2050, esta poderia ser a rede de usinas integradas da Europa, Oriente Médio e norte da África.




Visto de perto, um dos coletores solares que serão usados nas usinas da Desertec.


Em 1986, logo após o acidente nuclear de Chernobyl, o físico alemão Gerhard Knies decidiu calcular quanta energia solar seria necessária para atender à demanda mundial por eletricidade. O resultado o surpreendeu: em seis horas, os desertos da Terra recebem mais energia do Sol do que toda a humanidade consome em um ano. Somente no Saara, o maior deserto do planeta, com nove milhões de quilômetros quadrados, o Sol brilha cinco mil horas por ano. Bastaria usar uma área menor que Sergipe para abastecer a Europa.
O desafio de gerar energia solar no Saara pode significar, segundo o físico, o fim da dependência de fontes energéticas sujas e perigosas, como os combustíveis fósseis e a energia nuclear. "Na verdade, somos muito estúpidos, como espécie, por não fazer um uso melhor desses recursos", afirma Knies. Entretanto, essa não é uma tarefa de simples execução.
A visão do cientista foi assumida pelo arrojado consórcio Desertec Industrial Initiative (DII), criado em 2009 por empresas europeias. A meta da DII é construir centrais solares e eólicas no norte da África e no Oriente Médio para estruturar uma rede de usinas solares, eólicas, geotérmicas, de biomassa e hidrelétricas visando a abastecer de energia toda a Eumena (sigla em inglês para Europa, Oriente Médio e Norte da África) em 2050.
Pelos cálculos do consórcio, a DII seria responsável pela geração de 15% da energia consumida na Europa, usando para tanto uma super-rede de cabos especiais de transmissão de alta voltagem que perdem só 3% da eletricidade transportada a cada mil quilõmetros, estendidos sob o Mar Mediterrâneo e, por terra, pela Turquia "Todas as tecnologias esssenciais para a Desertec" já existem", assinala Bernd Utz, porta-voz do consórcio para a Siemens, uma das empresas que integram o programa. "Temos projetos na China e na Índia que demonstraram a viabilidade da transmissão de eletricidade em longas distâncias, com baixas perdas."



A primeira fase começa no Marrocos (cuja proximidade com a Espanha facilita a entrada da energia na rede europeia), seguida pela Tunísia e Argélia. A etapa seguinte, a partir de 2020, incluiria a construção de usinas em países politicamente instáveis, como Líbia, Egito, países da Península Arábica, a costa asiática do Mediterrâneo e o Iraque.
Se tudo der certo, a DII contará com 100 gigawatts de capacidade instalada, suficientes para abastecer um país como o Brasil durante seis meses. Com esse passo, o consórcio ambiciona disseminar o know-how obtido em outros cantos do mundo. Mapas no site da DII (www.desertec.org/global-mission) já indicam outras áreas do planeta com alto grau de insolação que poderiam receber usinas, como o Nordeste e o Centro-Oeste do Brasil.
A primeira meta do projeto está orçada em ? 400 bilhões (cerca de R$ 920 bilhões). É uma dinheirama, mas a Desertec tem poder de fogo para tanto. A visão do projeto foi desenvolvida pela fundação alemã Trans-Mediterranean Renewable Energy Cooperation (TREC), criada em 2003 pela Agência Aeroespacial da Alemanha (DLR), pelo Centro de Pesquisa de Energia da Jordânia e pelo Clube de Roma (associação de pesquisadores europeus ecologistas, fundada em 1968). Além do conglomerado Siemens, entre os acionistas da DII figuram gigantes como a resseguradora Munich Re, Deutsche Bank, ABB, Abengoa, RWE e a fornecedora de gás e energia E.On.
O interesse da Alemanha no plano é compreensível: o país lidera o desenvolvimento de energias renováveis na Europa há décadas. Em 2011, Berlim decidiu abandonar a energia nuclear, após o incidente na usina de Fukushima. Conseguir fontes energéticas renováveis passou a ter relevância ainda maior para o país.
Ousadia
O projeto da DII é ousado, mas exequível, diz o físico da USP José Goldemberg. "O problema de transportar a energia do Saara para a Europa com longas linhas de transmissão tem precedentes como o da Usina de Itaipu, cuja energia é transmitida para São Paulo em linhas de alta tensão com corrente contínua", afirma.

Para vários analistas, porém, o projeto inicial é um devaneio, tantas são as complicações. "Cada país tem suas próprias leis e regulamentações, com diferentes formas de subsídios e regulações para a exportação e a importação de energia elétrica", nota Gerhard Hofmann, consultor-sênior da DII. Estabelecer um marco regulatório comum é praticamente uma utopia. O plano prevê que as usinas dos países africanos supram 66% de sua demanda energética e exportem o restante para a Europa. Isso já valeu acusações de neocolonialismo: por que tais países exportariam energia sem cuidar antes de suas populações?


"Quando a ideia da Desertec foi anunciada pela primeira vez, houve raiva e irritação na Liga Árabe", reconheceu Paul van Son, presidente da DII, no Cairo, em dezembro. "Explicamos que a ideia beneficiaria também os países-membros, e eles ficaram mais relaxados. Hoje, a relação é totalmente positiva."
A instabilidade política do norte da África e do Oriente Médio e a crise econômica europeia são grandes preocupações. Problemas não previstos, como a necessidade de limpar com água, diariamente, no deserto, os espelhos coletores da tecnologia CSP (sigla em inglês para Energia Solar Concentrada), aumentam o imbróglio.
Mas o sonho da DII vai em frente: este ano será inaugurada uma primeira usina solar de 500 megawatts, na pioneira cidade marroquina de Ouarzazate. A unidade servirá como referência para as usinas a ser erguidas nos outros países nas próximas décadas.


Andasol, na Espanha, é a maior usina solar do mundo: 600 mil espelhos espalhados por 200 hectares.
FREADA ECONÔMICA
Em dezembro de 2011, os 600 mil espelhos parabólicos instalados no planalto de Guadix, a 50 km de Granada, foram conectados, tornando operacional a usina solar espanhola de Andasol, a maior do mundo. Resultado de um investimento de ? 350 milhões (R$ 800 milhões), bancado por quatro empresas alemãs, a Andasol ocupa uma área equivalente à de 210 campos de futebol somados. A 1.100 metros de altitude, Guadix possui atmosfera limpa e menos turbulenta do que a de localidades mais baixas, constituindo-se numa área privilegiada para energia solar.
Com geração de 150 megawatts (capaz de abastecer uma cidade de 500 mil habitantes), a usina evitará a emissão de 500 mil toneladas de gás carbônico na atmosfera. Seu alto rendimento advém do uso dos espelhos coletores da tecnologia CSP, que acompanham a trajetória solar pelo céu, absorvem o calor e o transferem para a armazenagem térmica num dispositivo que agrega 30 mil toneladas de sal, mineral condutor de calor. O resultado são turbinas a vapor que produzem eletricidade até oito horas depois de o sol se pôr.
Andasol é uma vitrine da energia
solar europeia, mas seus proprietários estão preocupados.Os investimentos em energias renováveis se baseiam em subsídios governamentais, e a atual situação econômica da região espalhou nuvens sobre os negócios. Em janeiro, o Reino Unido cortou ao meio os recursos que destinava ao setor. Em fevereiro, a Espanha decretou a "suspensão temporária" dos subsídios para novas usinas eólicas, solares, de cogeração e de incineração de lixo, para economizar ? 160 milhões por ano (cerca de R$ 365 milhões). Em março, a Alemanha anunciou que a expansão de novas usinas solares será "limitada", sem entrar em mais detalhes.
"A experiência mostra que, quando há competitividade no mercado de energias renováveis, o custo cai", diz o físico José Goldemberg. "O que está acontecendo no setor da energia solar na Europa, em países como Alemanha e Espanha, é que eles foram generosos demais nos subsídios."
No caso espanhol, as usinas já prontas não são afetadas, mas a incerteza derruba investimentos futuros. Especialistas preveem que o freio governamental causará a perda de 20 mil empregos no setor e agravará a dependência da Espanha em relação aos combustíveis fósseis. Há sombras sobre o futuro solar.

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