sexta-feira, 27 de abril de 2012

Renda das mulheres representa quase 75% da renda masculina, diz IBGE

 Apesar de ainda não serem equivalentes, salários das brasileiras cresceram mais na última década em comparação com os dos homens, principalmente no Nordeste
 Luciana Nunes Leal e Wilson Tosta, da Agência Estado
RIO - O rendimento médio do trabalho das mulheres brasileiras cresceu 13,5% em 2010 na comparação com 2000 - muito além dos 4,1% dos homens e dos 5,5% de ambos os sexos somados, de acordo com dados do Censo 2010 divulgados nesta sexta-feira (27) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O órgão verificou que, com as mudanças, a renda mensal média feminina, que equivalia a 67,7% do que ganhavam os homens no início da série, passou a 73,8% no seu fim.
A pesquisa mostra que os maiores avanços da renda média mensal das trabalhadoras foram registrados no Nordeste, onde o aumento foi de 30,3%, de R$ 645 para R$ 841, contra 10,3% dos homens, de R$ 1.097 para R$ 1.210. Também houve aumentos expressivos dos ganhos mensais femininos no período no Centro-Oeste (22,8%) e no Norte (21,7%). No Sul, o aumento da renda média do trabalho das mulheres foi 15,2%. Os valores foram corrigidos pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), com base em setembro de 2010, por isso são comparáveis.
Os avanços nos rendimentos de mulheres ocorreram em um quadro de melhoria geral da renda domiciliar combinada com uma concentração de renda ainda acentuada. De 2000 para 2010,o "rendimento mensal dos domicílios particulares permanentes" (denominação oficial do indicador) cresceu 15,5% além da inflação.
"Em todas as Grandes Regiões houve ganho real no rendimento domiciliar, de 2000 para 2010, sendo que o menor foi o da Região Sudeste (11%) e, nas demais, o incremento variou de 21,5% a 25,5%", diz o relatório da pesquisa.
Segundo o texto, em 2010 a renda domiciliar média teve crescimento real em todos os Estados, tendo variado de 8,7% a 40,1%. Maranhão, Tocantins e Piauí foram os Estados em que o rendimento médio mais cresceu, acima de 35%.
Na análise do rendimento domiciliar per capita também fica evidente a pobreza que permanece no Nordeste, apesar dos avanços de renda na região. Lá, em 2010, 19,8% ganhavam até 1/4 do salário mínimo; 23,6%, de 1/4 a 1/2; e 28,1%, mais de 1/2 a 1. Somados, equivaliam a 71,5% dos rendimentos domiciliares per capita. Na outra ponta, era a região do País com menos gente ganhando mais de cinco salários mínimos, apenas 3,2%.
Fecundidade
O Censo 2010 também traz dados sobre a fecundidade (número de filhos por mulher). Por Estado, a taxa de fecundidade só está acima da taxa de reposição nos Estados do Norte, mais Maranhão, Alagoas e Mato Grosso. O Estado com menor taxa de fecundidade é São Paulo, com 1,67.
O IBGE revelou ainda que 966 mil crianças e adolescentes de 6 a 14 anos não frequentavam a escola em 2010. É o equivalente a 3,3% do total da população nessa faixa etária.
A comparação com 2000, porém, só é possível para a faixa 7 a 14 anos, porque a lei que fixou os 6 anos como idade para ingresso no Ensino Fundamental é de 2006. Na faixa 7 a 14, o índice de crianças fora da escola era 3,1% em 2010 e representa um avanço em comparação com 2000, quando a proporção era de 5,5%.
"Seguindo o curso normal da educação, as crianças deveriam ingressar no ensino fundamental aos 6 anos de idade e estar cursando a última série aos 14 anos", lembram os técnicos do IBGE na publicação Censo Demográfico 2010 - Dados Gerais da Amostra.
Outros dois dados de educação são preocupantes. Na faixa 15 a 17 anos, 16,7% não iam à escola em 2010. Eram 22,6% em 2000. Na população de 25 anos ou mais, o porcentual de pessoas com pelo menos o ensino médio completo era em 2010 de apenas 35,8%. Em 2000, porém, era muito menos: 23,1%.
Jornal O Estadão

Mortalidade infantil tem queda recorde na década


Início do conteúdoNordeste teve maior redução no período; Brasil ainda está longe dos padrões dos países mais desenvolvidos, de cinco mortes por mil nascidos vivos ou menos 
Luciana Nunes Leal e Wilson Tosta, do Rio

 A taxa de mortalidade infantil teve redução recorde na última década e chegou a 15,6 mortes de bebês de até um ano de idade por mil nascidos vivos, segundo dados do Censo 2010 divulgados pelo IBGE. O índice é 47,5% menor que os 29,7 por mil registrados em 2000. Antes do período 2000-2010, a maior queda tinha acontecido entre 1970 e 1980, quando a taxa de mortalidade infantil caiu 39,3%, passando de 113 óbitos por mil nascidos vivos para 69,1 por mil. Desde 1960 (131 mortes por mil nascidos vivos) a 2010, a redução foi de 88%.

Estimativas da Rede Interagencial de Informações para a Saúde (Ripsa), que reúne universidades e outras instituições de pesquisa, além de órgãos do governo como Ministério da Saúde e o próprio IBGE, já indicavam havia alguns anos queda na mortalidade infantil bem mais acentuada do que a registrada anualmente pelas Pesquisas Nacionais por Amostra de Domicílio (Pnads). Com a divulgação do Censo 2010, os dados oficiais e as estimativas se aproximam.

Apesar dos avanços, o Brasil ainda está longe dos padrões dos países mais desenvolvidos, de cinco mortes por mil nascidos vivos ou menos. As mais baixas taxas de mortalidade, segundo a ONU, são da Islândia, Cingapura e Japão, em torno de 3 mortes por mil nascidos vivos. A menor taxa das Américas é de Cuba (5,1 mortes por mil nascidos vivos). Itália, Portugal e Nova Zelândia têm índice de 5 mortes por mil. O Brasil continua atrás da Argentina (13,4 por mil), Uruguai (13,1por mil ) e Chile (7,2 por mil). A taxa brasileira se equipara às da Moldávia (15,8 por mil ) e da Síria (16 por mil). Os piores índices são do Afeganistão (157 por mil) e Serra Leoa (160 por mil).

No período de 2000 a 2010, o Nordeste teve a maior redução na mortalidade infantil, entre todas as regiões, de 58,6%. Os índices nordestinos caíram de 44,7 mortes por mil nascidos vivos para 18,5 por mil. Continua a ser a região com a pior taxa, mas as diferenças entre as regiões caíram significativamente. A taxa de mortalidade infantil no Norte, segundo o Censo 2010, é de 18,1 mortes por mil nascidos vivos. O Centro-Oeste registrou 14,2 por mil; o Sudeste chegou a 13,1 por mil e o Sul continuou com a menor taxa, de 12,6 por mil.

A queda significativa da mortalidade infantil é resultado de uma combinação de fatores, segundo os técnicos do IBGE, como a redução da taxa de fecundidade (número de filhos por mulher), a ampliação de políticas públicas de prevenção em saúde, as melhorias no saneamento básico, o aumento da renda, especialmente da população mais pobre, e maior escolaridade das mães.
Por Estado, a taxa de fecundidade só está acima da taxa de reposição nos Estados do Norte, mais Maranhão, Alagoas, Mato Grosso. O Estado com menor taxa de fecundidade é São Paulo, com 1,67.

O IBGE também revelou que 966 mil crianças e adolescentes de 6 a 14 anos não frequentavam a escola em 2010. É o equivalente a 3,3% do total da população nessa faixa etária.

A comparação com 2000, porém, só é possível para a faixa 7 a 14 anos, porque a lei que fixou os 6 anos como idade para ingresso no Ensino Fundamental é de 2006. Na faixa 7 a 14, o índice de crianças fora da escola era 3,1% em 2010 e representa um avanço em comparação com 2000, quando a proporção era de 5,5%.
"Seguindo o curso normal da educação, as crianças deveriam ingressar no ensino fundamental aos seis anos de idade e estar cursando a última série aos 14 anos", lembram os técnicos do IBGE na publicação Censo Demográfico 2010 - Dados Gerais da Amostra.

Outros dois dados de educação são preocupantes. Na faixa 15 a 17 anos, 16,7% não iam à escola em 2010. Eram 22,6% em 2000. Na população de 25 anos ou mais, o porcentual de pessoas com pelo menos o ensino médio completo era em 2010 de apenas 35,8%. Em 2000, porém, era muito menos: 23,1%.
Jornal O Estadão

Relógio das Culturas


O que é o tempo? A resposta varia, dependendo da sociedade
Pelos editores
Gavin Hellier Corbis; Bart omeu Amengual age Fotostock; Johnny Stockshooter Aurora Photos; Oscar Okapi Aurora Photos


Atrase uma hora no Brasil e ninguém nem irá se importar muito. Mas, na Suíça, deixe alguém esperando mais que cinco ou dez minutos e terá muito a explicar. Em algumas culturas o tempo é elástico, em outras, monolítico. De fato, o modo como membros de uma cultura percebem e usam o tempo reflete as prioridades da sociedade e até sua visão do mundo.

Cientistas sociais registraram grande diferença no ritmo de vida em vários países e em como as sociedades percebem o tempo: se como uma flecha penetrando o futuro ou como uma roda em movimento, onde passado, presente e futuro giram sem parar. Algumas culturas combinam tempo e espaço: o conceito dos aborígenes australianos do “tempo de sonhos” abrange não só o mito da criação, mas também o método de selocalizar no campo. Mas algumas visões de tempo interessantes, como o conceito de ser aceitável uma pessoa poderosa manter alguém de status inferior esperando, parecem desconhecer diferenças culturais. Elas são universais.

O estudo de tempo e sociedade pode ser dividido em pragmático e cosmológico. Do ponto de vista prático, nos anos 50, o antropólogo Edward T. Hall escreveu que as regras de tempo social compõem uma “linguagem silenciosa” para determinada cultura. As regras nem sempre são explícitas, analisou ele, mas “subentendidas... Ou são cômodas e familiares, ou erradas e estranhas”.

Em 1955, ele descreveu na Scientific American como percepções diferentes de tempo podem levar a mal-entendidos entre pessoas de culturas diversas. “Um embaixador que espera um visitante estrangeiro mais que meia hora deve entender que se este último ‘mal murmura uma desculpa’ isto não é necessariamente um insulto”, exemplifica. “O sistema de tempo no país estrangeiro pode ser composto de unidades básicas diferentes, então o visitante não está tão atrasado quanto parece. Deve-se conhecer o sistema de tempo do país, para saber a partir de que ponto as desculpas são realmente necessárias... Culturas diferentes atribuem valores diversos para as unidades de tempo.”

A maioria das culturas do mundo agora usa relógios e calendários, unindo a maior parte do globo no mesmo ritmo geral de tempo. Mas isso não significa que todos acertem o mesmo passo. Algumas pessoas se estressam com o ritmo da vida moderna e o combatem com o movimento “slow food” enquanto em outras sociedades as pessoas sentem pouca pressão no gerenciamento do tempo.

“Uma das curiosidades do estudo de tempo está no fato de ele ser uma janela para a cultura”, avalia Robert V. Levine, psicólogo social na California State University em Fresno. “É possível obter respostas sobre valores e crenças culturais: uma boa ideia do que importa para as pessoas.”

Levine e seus colegas fizeram estudos do “ritmo de vida” em 31 países. Em A geography of time, publicado pela primeira vez em 1997, Levine descreve a classificação dos países usando três medidas: velocidade para andar nas calçadas urbanas, rapidez de um funcionário do correio em vender um simples selo e a precisão dos relógios públicos. Baseado nessas curiosas variáveis ele concluiu que os cinco países mais rápidos são Suíça, Irlanda, Alemanha, Japão e Itália e os cinco mais lentos, Síria, El Salvador, Brasil, Indonésia e México. Os Estados Unidos ocupam a 16º lugar, próximo ao mediano.

Kevin K. Birth, antropólogo no Queens College, examinou a percepção de tempo em Trinidad. Seu livro, Any time is Trinidad time: social meanings and temporal consciousness, de 1999, se refere à desculpa comum dada para atrasos. Naquele país, observa Birth, “se você marcar um encontro para as 18h00, as pessoas aparecem às 18h45 ou 19h00 e dizem: ‘Qualquer hora é hora em Trinidad’”. Quando se trata de negócios, porém, esse enfoque informal do tempo só se aplica para os poderosos. Um chefe pode chegar tarde e usar o refrão, mas é esperado que subalternos sejam mais pontuais. Para eles, “horário é horário”. Birth acrescenta que a paridade tempo-poder existe em muitas outras culturas.

A natureza obscura do tempo pode dificultar a tarefa dos antropólogos e psicólogos sociais. “Não se pode simplesmente chegar numa sociedade, se aproximar de alguém e perguntar: ‘Qual é a sua noção de tempo?’”, adverte Birth. “As pessoas não terão resposta. Então, tente outros meios para descobrir isso.”

Birth tentou descobrir o valor do tempo para os trinitinos, explorando a proximidade entre o tempo e o dinheiro na sociedade. Avaliou populações rurais e descobriu que fazendeiros, cujos dias eram ditados por eventos naturais, como o nascer do sol, não reconheciam o provérbio “tempo é dinheiro”, “economizar o tempo” ou “gerenciar o tempo”, embora tivessem TV por satélite e estivessem familiarizados com a cultura popular ocidental. Já os alfaiates das mesmas áreas tinham essa noção. Birth concluiu que o trabalho assalariado alterou o ponto de vista dos alfaiates. “As ideias de associar tempo a dinheiro não são globais”, esclareceu ele, “mas atreladas à profissão e à pessoa que a exerce.”

A forma de lidar com o tempo no cotidiano não está relacionada ao conceito de tempo como entidade abstrata. “Muitas vezes há uma separação entre como uma cultura encara a mitologia do tempo e como as pessoas pensam a respeito do tempo em suas vidas,” relata Birth. “Não pensamos sobre as teorias de Stephen Hawking do mesmo modo que sobre a rotina diária.”

Algumas culturas não distinguem claramente passado do presente e do futuro. Os aborígenes australianos, por exemplo, acreditam que seus ancestrais rastejaram para fora da Terra na época do tempo dos sonhos. Os ancestrais “cantaram” o mundo para criá-lo, nomeando cada característica e ser vivo, o que os fez existir. Mesmo hoje uma entidade não existe a menos que um aborígene a “cante”.

Ziauddin Sardar, autor e crítico britânico muçulmano, escreveu sobre o tempo e culturas islâmicas, especialmente a seita fundamentalista wahhabista. Os muçulmanos “sempre carregam o passado consigo”, afirma Sardar, editor da revista Futures e professor convidado de estudos pós-coloniais da City University, em Londres. “No Islã o tempo é uma tapeçaria que incorpora o passado, o presente e o futuro. O passado é sempre presente.” Os seguidores do wahhabismo, muito difundido na Arábia Saudita e entre os membros da Al Qaeda, buscam recriar os dias idílicos da vida do profeta Maomé. “A dimensão mundana do futuro foi suprimida” por eles, segundo Sardar. “Eles romancearam uma visão particular do passado. Tudo o que fazem é tentar repetir o passado.”

Sardar afirma que o Ocidente “colonizou” o tempo ao divulgar a expectativa de que a vida deveria se tornar melhor conforme o tempo passa: “Ao colonizar o tempo, se coloniza o futuro. Acreditando- se que o tempo é uma flecha, então o futuro seria o progresso, seguindo uma direção. Mas pessoas diferentes podem desejar futuros diferentes.”
Scientific American Brasil

Notícias Geografia Hoje

Nadando em Marte
O Planeta Vermelho pode ter abrigado um oceano
por John Matson
©Mopic/ Shutterstock

Aos olhos de muitos cientistas planetáriosa superfície do hemisfério norte de Marte parece ter abrigado um oceano há muito tempo. Agora as coisas também “soam” dessa forma. Um veículo espacial europeu, equipado com um radar de sondagem que lança ondas de rádio contra o planeta para investigar sua composição, identificou o que parecem ser depósitos sedimentares no norte marciano. Os sedimentos, que poderiam estar misturados ao gelo, representariam os restos de um raso oceano que existiu há cerca de 3 bilhões de anos, de acordo com um estudo publicado em janeiro, na Geophysical Research Letters. A nova pesquisa se baseia em uma série de sondagens de radar feitas pelo instrumento Marsis da sonda orbital Mars Express produzida pela Agência Espacial Europeia, que orbita Marte desde 2003. “Mapeamos a intensidade do eco de superfície de todo o planeta”, explica o principal autor do estudo Jérémie Mouginot, geofísico da University of California em Irvine. Na formação Vastitas Borealis, um depósito geológico próximo ao polo norte marciano que há muito suspeita-se ter origem sedimentar, a refletividade do radar foi bastante baixa – menor do que seria esperado se a formação fosse vulcânica, e não sedimentar.

A interpretação de Mouginot está de acordo com os dados obtidos por outro radar de sondagem, o Mars Reconnaissance Orbiter, da Nasa, que investigou a região há alguns anos. O instrumento Sharad dessa sonda sugeriu que a formação Vastitas Borealis compreendia uma camada sedimentar considerável ao redor das planícies vulcânicas. Baseado na extensão dos sedimentos identificados pela Mars Express, o oceano teria coberto uma grande região da planície norte, ainda que não por muito tempo.                                                                      

Marte parece ter tido atividade geotérmica suficiente para derreter uma grande quantidade de água do solo e alimentar um oceano raso, com talvez 100 metros de profundidade, há cerca de 3 bilhões de anos. (Também pode ter existido um oceano anterior, adiciona Mouginot.) “Acredito que o que tivemos aqui foi um episódio de inundações rápidas ou algo do tipo que cobriu a planície norte”, avalia ele. Mas o ambiente teria sido frio e seco demais, para sustentar um grande corpo d’água por períodos de tempo geológicos. Dentro de 1 milhão de anos, mais ou menos, o oceano seria recongelado e enterrado sob o solo, ou teria escapado na forma de vapor. Os novos dados de radar oferecem suporte – mas não verdade sólida e incontroversa – para a visão há muito sustentada de que um enorme corpo d’água se espalhava pelo norte de Marte.

 Scientific American Brasil

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Notícias Geografia Hoje


Sistemas exoplanetários
Uma estrela com nove planetas. Ou mais?
por Caleb Scharf
ESA


O número exato de planetas orbitando qualquer estrela ainda é um mistério para a ciência exoplanetária. As duas técnicas principais para detectar planetas e quantificar suas características têm limitações significativas que nos cegam para o conteúdo completo de outros sistemas solares. As medições da velocidade radial captam o movimento de uma estrela ao redor do centro comum de massa, ou ponto de equilíbrio, de um sistema devido ao arrasto gravitacional de quaisquer planetas. Mas quanto menores forem os planetas e quanto mais longe estiverem da estrela, mais fraco é o sinal. Muitos planetas e períodos orbitais mais longos confundem a situação ao produzir padrões complexos que também podem ficar amostrados de maneira incompleta em dados que exibem apenas poucos anos. Observações de trânsito, como as obtidas pela missão Kepler, tendem à detecção de grandes planetas em órbitas pequenas ao redor de pequenas estrelas, onde é mais provável que um planeta bloqueie a luz de sua estrela com maior frequência.


Tudo isso significa que em praticamente todos os sistemas atualmente conhecidos, podemos ter apenas informações incompletas sobre o verdadeiro número de planetas em órbita. Ainda assim, estrelas com múltiplas detecções planetárias aparecem de repente. Dos mais de 550 sistemas exoplanetários confirmados, mais ou menos 90 deles possuem vários planetas (totalizando cerca de 760 mundos). Agora, um novo estudo sobre os dados de velocidade radial do instrumento HARPS sugere que um desses sistemas, o HD 10180, pode abrigar nove planetas maiores – tirando nosso sistema solar da liderança em riqueza planetária.  


Em um artigo recente, Mikko Tuomi aplica uma sofisticada técnica de análise Bayesiana (probabilística) a medições tomadas no período de 2003 a 2009. A estrela HD 10180 é muito parecida com nosso Sol: cerca de 6% mais massiva e de composição semelhante, ela jaz a aproximadamente 127 anos-luz da Terra. Estudos anteriores desses dados haviam sugerido que poderia haver talvez sete planetas no sistema, mas Tuomi alega existirem mais dois objetos, ainda com baixa significação estatística. As massas desses mundos vão de mais de 1,3 vezes a mais de 65 vezes a massa da Terra, e suas órbitas colocam todos eles naquilo que seria equivalente à órbita de Júpiter em nosso sistema solar.

Se mais observações corroborarem essa alegação, isso transformará o HD 10180 em um lugar extraordinariamente ocupado. Nove planetas, com tamanhos que variam desde o da Terra até o de Netuno, e outros ainda maiores, todos amontoados nos domínios interno dessa estrela. Estudos anteriores de outros sistemas já haviam sugerido que os planetas geralmente ficam “amontoados ao máximo” – se conseguirem se formar, eles se formarão o mais próximo que a dinâmica gravitacional permitir. Em casos assim, qualquer redução no espaçamento orbital entre mundos ou aumento de massa tornaria o sistema instável. No caso da HD 10180, as simulações computadorizadas que nos dirão se esses nove candidatos a planetas podem realmente formar um sistema estável no curso de bilhões de anos ainda precisam ser feitas, mas tudo parece promissor.


E tudo isso levanta uma questão ainda mais interessante: não há nenhuma razão óbvia para que esses sejam os únicos planetas no sistema HD 10180. O fato de os candidatos mais externos parecerem ter um período orbital de seis anos é uma forte função das limitações do estado atual de medições, e a natureza amontoada desse sistema não exclui a existência de mais objetos em órbitas maiores. Em outras palavras, não há como dizer quantos planetas mais orbitam a HD 10180. A massa total dos nove candidatos é de pelo menos 170 massas terrestres, mas isso é apenas metade da massa de Júpiter. Mesmo se esse número dobrasse, isso sugeriria apenas que o disco proto-planetário original que criou esses planetas poderia ter tido material adicional suficiente para criar ainda mais (supondo alguma semelhança com nosso sistema solar).


Assim como vimos que a galáxia está lotada de planetas, fazendo nossas próprias circunstâncias parecerem um pouco menos especiais, pode ser que nossa riqueza planetária seja também bastante medíocre.

Caleb Scharf é diretor do Centro multidisciplinar de Astrobiologia da Columbia University.
 Scientific American Brasil

Notícias Geografia Hoje

Galáxias Jovens Oferecem Vislumbre do Universo Primitivo
Descoberta indica grupo inesperado de sistemas estelares
Ron Cowen
NASA/STSCI
O `X` marca a localização da galáxia MACS1149-JD1, que é tênue demais para ser vista nesta imagem do Hubble. 
Astrônomos encontraram um novo padrão de excelência na busca pelas primeiras galáxias do Universo. Ao se aproveitarem de raras lentes gravitacionais – nas quais a gravidade de uma grande massa amplifica a luz de objetos no fundo distante – uma equipe de pesquisadores americanos e europeus encontrou uma galáxia tão remota que sua luz foi emitida 490 milhões de anos após o Big Bang, quando o Universo tinha apenas 3,6% de sua idade atual.

Os astrônomos já haviam encontrado evidências de algumas galáxias quase tão jovens e remotas, mas o objeto recém-descoberto é notável por causa da confiabilidade da medida de seu desvio para o vermelho, um substituto para a distância. Com base em imagens feitas em várias cores, ou faixas de comprimento de onda, pelos telescópios espaciais Hubble e Spitzer, a medida é “uma das mais precisas estimativas já obtidas” para uma candidata à galáxia do Universo primitivo, garante a equipe em um artigo publicado on-line em 12 de abril.

Como a galáxia aparece 15 vezes mais brilhante do que o faria em outras situações, graças ao efeito de lente de um massivo aglomerado galáctico que jaz entre ela e a Terra, os pesquisadores explicam que o objeto é luminoso o suficiente para ser examinado em detalhe pelo futuro sucessor do Hubble, o Telescópio Espacial James Webb (JWST, na sigla em inglês), com lançamento previsto para 2018. A equipe usou uma pesquisa chamada CLASH (Pesquisa de Lentes de Aglomerados e Supernovas com o Hubble, em tradução aproximada) para encontrar o aglomerado que formou a lente, o MACS1149.

O aumento no brilho possibilitou também que a equipe, que inclui Wei Zheng, da Johns Hopkins University, e Marc Postman, do Instituto Científico de Telescópios Espaciais, ambos em Baltimore, no estado americano de Maryland, estimasse várias propriedades-chave da galáxia aparentemente jovem. Os pesquisadores calculam que o corpo tenha menos de 200 milhões de anos de idade, com a massa de suas estrelas constituintes pesando apenas 1% da massa da Via Láctea.

Os autores preferiram não comentar a descoberta enquanto o artigo estiver sendo analisado, mas vários pesquisadores que leram o relato online dizem estar empolgados. “Esses dados são os melhores que podemos obter antes do JWST”, comemora o caçador de galáxias Rogier Windhorst, da Arizona State University, em Tempe, que não é membro da equipe de pesquisa.


Devido à natureza da expansão cósmica, a luz emitida por galáxias distantes é desviada para comprimentos de onda mais longos, ou vermelhos, do que a luz emitida por corpos mais próximos. Zheng e seus colegas estimam que a galáxia que encontraram, batizada de MACS1149-JD1, tenha um desvio para o vermelho de 9,6, colocando-a lado a lado com outras galáxias que também podem ser extremamente remotas.

“Eu não diria que temos certeza, mas essa parece uma ótima candidata”, comenta Mark Dickinson do Observatório Nacional de Astronomia Ótica em Tucson, Arizona. “Eu gosto do fato de esse objeto ser brilhante o suficiente para que possamos fazer observações precisas, com as instalações existentes, antes do JWST”.

A interpretação da galáxia como corpo do Universo primitivo depende de ela aparecer extremamente tênue nas observações do Telescópio Espacial Spitzer no comprimento de onda infravermelho de 3,6 micrômetros, destaca Dickinson. Na verdade, o Spitzer sequer detecta a galáxia nesse comprimento de onda. Seria mais convincente, explica Dickinson, se o telescópio observasse a mesma região por mais tempo e registrasse uma imagem tênue em 3,6 micrômetros. Uma equipe sênior de revisão da Nasa já estendeu a missão do Spitzer, e é provável que os observadores façam exposições mais longas da galáxia com o telescópio. Além disso, astrônomos usando telescópios terrestres caçarão emissões de átomos de hidrogênio na galáxia que poderiam ser usadas para medir diretamente o desvio para o vermelho, em vez de estimá-lo.

Richard Ellis, do Instituto de Tecnologia da Califórnia, em Pasadena, diz estar mais empolgado com uma possibilidade que não foi mencionada no artigo on-line. Ele destaca que as observações – mesmo que sejam de uma única galáxia – vêm de um campo de visão tão estreito que sugerem que o Universo primitivo possa ter um número maior de galáxias jovens do que os pesquisadores haviam estimado anteriormente. Isso, por sua vez, poderia indicar que a radiação ionizante dessas galáxias desempenhou um papel ainda maior em partir átomos de hidrogênio, permitindo que a luz fluísse livremente pelo espaço pela primeira vez.
Scientific American Brasil

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Se eu fosse uma capivara... como seria?

LUISA MASSARANI
Ilustrações Mariana Massarani

Se eu fosse uma capivara...
Embora a capivara seja terrestre, água é tudo de bom para este bicho! Excelente nadadora, adora dar um mergulho e pode ficar debaixo d´água por vários minutos. Até dormir na água consegue, deixando só o focinho para fora!

Não é à toa que a capivara vive perto de rios e lagos, na América do Sul e Central.

Seu prato predileto é capim e ervas. Tem poucos --mas grandes-- inimigos, como anacondas, pumas, onças e alguns jacarés maiores. E os seres humanos, que gostam de comer sua carne e usar seu couro para fazer sapatos e bolsas.

Existem muitas capivaras que conseguem se virar mesmo em ambientes alterados pelos seres humanos. Até em cidades grandes e poluídas como São Paulo ou Rio de Janeiro, é possível dar de cara um destes bichos que, aliás, são bem dóceis.

As capivaras gostam de viver em grupos grandes, de uns 20 indivíduos. Pode chegar a 100 animais vivendo juntos. Em geral, no grupo há de um a quatro machos dominantes, fêmeas e filhotes.

O olfato é um sentido muito importante para estes bichos: o macho tem uma glândula na cabeça da qual sai uma substância que deixa um cheiro, indicando que ali é o território dele.

Para achar seu namorado ou sua namorada, a capivara assovia. Será que as pessoas que fazem "fiu, fiu" na rua tem um "quê" de capivara?

Uma fêmea tem seus bebês pelo menos duas vezes ao ano. Pode nascer de uma a oito 'capivarinhas'.

A mãe fica grávida por uns cinco meses e ela organiza creches para cuidar de seus filhotes. Já pensou, que fofo, um monte de 'capivarinhas' juntas?

Os filhotes nascem com 1,5 quilos (equivalente a um pacote e meio de açúcar). Em seis meses, podem pesar 20 quilos, ou seja, 20 pacotes de açúcar. Quando adulto, pode chegar até uns 80 quilos, o peso de um homem adulto.
Folha de São Paulo

Notícias Geografia Hoje


Decreto regulará 'compra verde' do governo

TONI SCIARRETTA
CLAUDIA ROLLI


O governo Dilma Rousseff prepara um decreto criando regras e instituindo um percentual obrigatório mínimo de compra de "produtos verdes" nas licitações públicas.

Será valorizada nas licitações a contratação de produtos e serviços que gerem menos resíduos e que tenham menor consumo de água, matérias-primas e energia em sua fabricação.

A iniciativa faz parte de uma agenda de propostas que o governo quer levar para discussão na Rio+20, a conferência de desenvolvimento sustentável da ONU que ocorre em junho no Rio de Janeiro.

Na conferência, o governo quer "dar o exemplo" e obter o compromisso público de alguns dos maiores consumidores do planeta -empresas, escolas, hotéis, hospitais, shoppings, setor público e outros- de adotarem cotas mínimas de compra de "produtos verdes" que agridam menos o ambiente.

O objetivo é criar escala de produção para esses produtos, que hoje custam mais caro por conta da demanda ainda muito restrita.

"Como o ente público é um grande comprador, ele induz todo o mercado. Nossa ideia é incentivar o setor privado a fazer o mesmo dentro de seus programas", afirma Samyra Crespo, secretária de Articulação Institucional do Ministério do Meio Ambiente.

INDÚSTRIA NACIONAL

Além de colocar o Brasil como protagonista do "consumo verde" global, a avaliação do governo é que a proposta beneficia o agronegócio e a indústria nacional que, entre outras vantagens, utiliza energia limpa das hidrelétricas e saiu na frente em tecnologias renováveis como álcool e biodiesel.

No ano passado, só 0,07% das compras governamentais foram de produtos considerados sustentáveis. Segundo o Ministério do Planejamento, o governo já fez R$ 22,2 milhões em compras de produtos sustentáveis em 1.546 processos licitatórios desde 2010.

O Programa de Contratações Públicas Sustentáveis tem 548 produtos considerados "verdes" no catálogo de materiais do Comprasnet.

Os ministérios do Planejamento e do Meio Ambiente ainda discutem qual percentual de "compras verdes" deve ser adotado, sem tornar os gastos do governo significativamente maiores.

A primeira fase de implementação focará os produtos de almoxarifado, como itens de papelaria, embalagens e insumos do dia a dia das repartições públicas.

Em seguida, deve se estender para a compra de eletroeletrônicos, como ar-condicionado e computadores que gastem menos energia e não tenham materiais tóxicos.

DESAFIOS

A terceira etapa envolverá produtos de limpeza, instituindo a compra de detergentes e produtos biodegradáveis, um dos itens que mais poluem esgoto e mananciais.

"É uma visão alinhada com o que a indústria quer e com iniciativas já em desenvolvimento", diz Maria Eugenia Proença Saldanha, presidente-executiva da Abipla, associação que reúne as indústrias de produtos de limpeza.

Um dos maiores desafios do setor de produtos de limpeza, formado 95% por empresas de pequeno e micro portes, é desenvolver o consumo consciente.

"Como há muita informalidade, nossa meta é a regularização das empresas para evitar despejo irregular e o desenvolvimento de produtos adequados", disse.

Estima-se que 55% da água sanitária usada do país seja de fábricas informais.
Folha de São Paulo

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Notícias Geografia Hoje

Cientistas estudam as estrelas para conhecer mais da história do universo
Estudiosos planejam apresentar, em 2015, o resultado de duas pesquisas que abordam o espaço de uma forma comparativa e detalhada
Efe
Cientistas do México e dos Estados Unidos planejam apresentar em 2015 o resultado de duas pesquisas que podem permitir conhecer mais a história do universo investigando a das estrelas "de forma comparativa e detalhada".
Nasa
Centro científico também permite captar a luminosidade existente na atmosfera

"Com o Grande Telescópio Milimétrico (GTM) conheceremos a história das estrelas no sistema solar, na galáxia próxima, na distante e na mais distante, de uma forma comparativa e detalhada", disse neste domingo à Agência Efe o diretor do Instituto Nacional de Astrofísica, Óptica e Eletrônica (INAOE), Alberto Carramiñana Alonso.

Desde o vulcão da Sierra Negra, que fica entre os estados mexicanos de Puebla e Veracruz, 170 cientistas documentam desde 2008 a vida do universo com o GTM e desde o Observatório de Raios Gama High Altitude Water Cherenkov (HAWC, na sigla em inglês).

Este observatório permite monitorar durante as 24 horas do dia fontes celestiais emissoras de raios gama que estejam a menos de 45 graus do apogeu.

Carramiñana sustentou que os trabalhos foram organizados em duas linhas: uma primeira que na qual 20 cientistas analisam como foram formando-se estrelas quando o universo tinha poucos elementos pesados e outra na qual 150 analistas tentam criar um mapa de dois terços da abóbada celeste observada como se vê utilizando raios gama.

"Os dois projetos seriam entregues à comunidade científica mundial em 2015, quando tenham concluído", garantiu o diretor do INAOE.

O observatório está situado no vulcão Sierra Negra, a cerca de 4.581 metros de altura, e conta com seis unidades de pesquisa para documentar a história da formação estelar.

Além disso, o centro científico permite captar a luminosidade da atmosfera, medir as explosões de raios gama, construir microcircuitos e averiguar a vida de um vulcão.
Jornal O Estadão

Notícias Geografia Hoje

Rússia adia até 2017 retorno à Lua
Objetivo da missão será recolher pó lunar e abrir caminho para a volta do ser humano ao satélite, que a agência espacial russa, Roscosmos, estima para o ano de 2020

Efe
A Rússia anunciou nesta terça-feira, 10, que adiará até 2017 o retorno à Lua juntamente com a Índia com o lançamento da sonda "Luna Resource" que estava previsto para 2015 devido ao fracasso da missão da estação marciana "Fobos Grunt".

"Em 2015 lançaremos o módulo de pouso, em 2016 o aparelho orbital 'Luna Glob' e em 2017 o 'Luna Resource'", afirmou o diretor do Instituto de Pesquisas Espaciais da Academia de Ciências da Rússia (ACR), Lev Zelioni.

O cientista explicou que o programa espacial russo mudou sua estratégia para não cometer o mesmo erro que com o "Fobos Grunt", que não conseguiu cumprir a missão de extrair amostras do solo de uma das luas de Marte, segundo agências locais.

"O centro de atenção durante esta década será a Lua. O 'Luna Glob' é um potente aparelho com mais de cem quilos de equipamentos científicos a bordo. Estudaremos a exosfera da Lua e realizaremos estudos astrofísicos", assinalou.

Quanto à sonda "Luna Resource", consistirá em uma plataforma com equipamento de perfuração, cuja construção ficará a cargo do consórcio espacial Lávochkin.

A Índia contribuirá com o foguete e o veículo lunar "Rover", que pousará na superfície da Lua com um módulo de pouso russo.

O objetivo da missão será recolher pó lunar e abrir caminho para a volta do ser humano ao satélite, que a agência espacial russa, Roscosmos, estima para o ano de 2020, para depois construir uma estação permanente.

Ainda que a ACR e a Roscosmos estejam de acordo que repetirão em um futuro o lançamento da "Fobos Grunt", cujo fracasso ao ser colocado em órbita em novembro passado foi um duro revés para a indústria aeroespacial nacional, a Rússia dará prioridade à Lua.

Enquanto isso, Moscou se limitará a cooperar com a Agência Espacial Europeia no programa de pesquisa Exomars, que inclui o lançamento de uma sonda de de um robô motorizado.
Jornal O Estado de S.Paulo

Notícias Geografia Hoje


Erradicação da pobreza deve estar na Rio+20


JOÃO NAVES DE OLIVEIRA , TRÊS LAGOAS (MS
O desenvolvimento sustentável acabou sendo admitido como uma questão ligada "como siameses" à erradicação da pobreza no Brasil, por integrantes da chamada economia verde. São representantes dos setores de papel, celulose, carvão vegetal, madeira e outros produtos, que dependem das florestas para a sustentação dos seus negócios, e membros da Câmara Setorial de Florestas Plantadas.

Eles estiveram reunidos ontem em Três Lagoas, na região leste de Mato Grosso do Sul e a 360 quilômetros da capital do Estado, Campo Grande, para discutir a Rio+20, evento sobre desenvolvimento sustentável da Organização das Nações Unidas que ocorre em junho, no Rio de Janeiro.

Nas discussões estava envolvido o grupo de trabalho coordenador e articulador das ações do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimentos (Mapa) e ligado à Secretaria de Desenvolvimento e Cooperativismo (SDC).

Foi proposto à Câmara Setorial a "eliminação do viés desenvolvimento sustentável, no trato da questão de erradicação da pobreza", conforme explicou Kleber Souza dos Santos, representante da Rio+20 no evento ocorrido ontem.

"Os indicadores de sustentabilidade precisam ser de acordo com a característica de cada país. Isso ficou bem claro na reunião e os membros da câmara setorial concordaram. No caso brasileiro, por exemplo, o lado ambiental não poderá ser tratado sem estar com a erradicação da pobreza". Ainda conforme Kleber, o assunto percorre por vários pontos de análise para se chegar a uma ideia de como a economia verde será tratada no contexto da Rio+20.

As discussões serão analisadas pelos integrantes da câmara setorial e entregues ao Mapa, para o encaminhamento das questões levantadas na área, até a Rio+20.

Antes disso, no próximo dia 20, haverá reunião na sede do Mapa em Brasília, também sobre a conferência internacional de desenvolvimento. Todos os pontos discutidos em Três Lagoas servirão de base para o encontro marcado para a próxima semana.
Jornal O Estado de S.Paulo

terça-feira, 10 de abril de 2012

Notícias Geografia Hoje

Ruanda é o 3º país a ratificar Protocolo de Nagoya




Ruanda se tornou nesta semana o terceiro país a ratificar o Protocolo de Nagoya, acordo internacional assinado no Japão em 2010, que trata do acesso aos recursos genéticos da biodiversidade e da repartição de benefícios oriundos da exploração econômica desses recursos. O protocolo precisa ser ratificado por pelo menos 50 países para entrar em vigor. Gabão e Jordânia também já aderiram.

O Brasil, que foi um dos principais articuladores do acordo em Nagoya e um dos primeiros a assiná-lo, ainda não enviou o protocolo para ratificação no Congresso. O atraso deve-se ao mau momento político criado pelas discussões do Código Florestal, segundo o ex-secretário de Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente, Braulio Dias, que este ano assumiu a secretaria executiva da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) das Nações Unidas.

"Foi uma decisão de governo de não encaminhar o projeto para evitar barganhas políticas e contaminação da discussão", disse Dias ao Estado em janeiro, quando foi anunciada sua nomeação para secretário executivo da CDB. A expectativa dele era de que em um ano seria possível obter as 50 ratificações.
Jornal O Estado de S.Paulo

Notícias Geografia Hoje

Cacique troca compromisso de venda de crédito de carbono por caminhonetes
Líder dos cintas-largas, que ocupam 4 terras indígenas nos Estados de Rondônia e Mato Grosso, diz que assinou apenas um 1º contrato, em 2010; Funai vê ilegalidade na transação

Marta Salomon, BRASÍLIA
O cacique cinta-larga Marcelo posa com o rosto pintado ao receber as chaves de duas caminhonetes -como seus antepassados recebiam miçangas e espelhinhos - em troca da assinatura de um termo de compromisso com a Viridor Carbon Services para um projeto de desmatamento evitado.


Viridor/Divulgação
Marcelo Cinta Larga recebe do representante da empresa Viridor as chaves de uma das caminhonetes


A moeda de troca está registrada em fotografia divulgada no endereço eletrônico da multinacional de comércio de carbono, movido pelo combate ao aquecimento global. As caminhonetes foram uma espécie de "adiantamento" pelo negócio, cujo valor ainda não foi definido.

A etnia cinta-larga ocupa quatro terras indígenas nos Estados de Rondônia e Mato Grosso. Uma delas é a reserva Roosevelt, conhecida como uma das maiores minas de diamante do mundo. Esses territórios somam 27 mil quilômetros quadrados ou 18 vezes o tamanho da cidade de São Paulo.

Para a Viridor, trata-se do "maior" projeto de desenvolvimento evitado - Redd, no jargão nos debates das Nações Unidas sobre combate às emissões de carbono - em comunidades indígenas.

Remuneração. No mês passado, a Viridor Carbon Services lançou a busca de parceiros para financiar o projeto com os cintas-largas, no qual estabeleceu uma "comissão" de 19,5% da remuneração total dos créditos de carbono em qualquer tipo de negociação futura.

Para a Fundação Nacional do Índio (Funai), trata-se de mais um projeto que impede indígenas de desenvolver suas atividades tradicionais, como a plantação de roças e corte de árvores sem prévia autorização da empresa, como também previa o contrato revelado pelo Estado em março entre a empresa Celestial Green e os índios mundurucus, do Pará.

Por US$ 120 milhões, os mundurucus venderam direitos de acesso ao território indígena e sobre benefícios da biodiversidade. A Funai questiona a legalidade do contrato e resiste a endossar o negócio entre os cintas-largas e a Viridor.

"Desde que a Funai soube do contrato, várias providências foram tomadas, dentre elas a notificação à empresa responsável e um comunicado oficial à Associação Cinta-Larga, esclarecendo a ilegalidade do contrato", informou a fundação por meio de uma nota oficial.

"Eles (a Viridor) investiram as caminhonetes para a gente fazer a consulta (aos índios) e o diagnóstico. É um investimento de risco para eles", disse Marcelo Cinta-Larga por telefone.

O cacique diz que assinou apenas um primeiro contrato, em 2010, e a empresa espera o diagnóstico da área sobre uma parcela do território indígena, de 10 mil quilômetros quadrados, para levar adiante o negócio de crédito de carbono, contra o qual pesam também algumas questões "burocráticas".

O cacique disse que a vigência do contrato, outro ponto polêmico da negociação, teria sido reduzida pela metade, a 25 anos.

"Eles não chegaram a pressionar, nosso território é polêmico por causa do garimpo de diamante", contou. "A gente sabe que é uma questão nova, então resolvemos não fazer o projeto nos 100% do território cinta-larga", completou, divergindo de informação lançada no endereço eletrônico da Viridor sobre a abrangência espacial do contrato.

Questionada pelo Estado, a empresa não respondeu.

Diamantes. O diagnóstico a que se refere o cacique cinta-larga prevê o levantamento da madeira disponível para manejo florestal no território indígena, assim como a presença de plantas medicinais no território.

A partir disso, será estabelecido o valor a ser pago à etnia pela comercialização dos créditos de carbono. "O potencial mineral não entra no levantamento", insistiu o engenheiro florestal Tiago Lovo, contratado para a tarefa, esquivando-se de tratar da polêmica extração de diamantes na região.

De mais de 30 etnias que negociam a venda de créditos de carbono por desmatamento evitado, a Funai só chancela, por ora, a negociação dos índios suruí, da terra indígena Sete de Setembro, na divisa entre Rondônia e Mato Grosso, conforme o Estado informou no mês passado.

Pela lei, os índios não são donos das terras, cuja propriedade cabe à União, mas têm amplos direitos sobre a posse e o usufruto de suas riquezas.
Jornal O Estadão

terça-feira, 3 de abril de 2012

Afinal, o que é um país?

Maurício Horta
O que define se um país é ou não é um país? O povo que mora nele? Não exatamente. Se fosse isso, países como China, Índia, Indonésia, Nigéria e Rússia se desmantelariam em milhares de grupos com língua, religião e história próprias - e só nesses 5 países teríamos a metade da humanidade em convulsão. A resposta oficial para a pergunta está na definição dada na Convenção Internacional de Montevidéu de 1933. Segundo ela, o Estado é uma entidade com "uma população permanente, território definido, governo e a capacidade de entrar em relação com outros Estados".

Parece simples, mas tem uma pegadinha aí. E ela está no 4º ponto. Essa capacidade depende não apenas de quem quer ser reconhecido, mas também daqueles que querem reconhecê-lo. Ou seja, a definição não é técnica, mas, sim, política. País é aquilo que outros países aceitarem como país.

Para entender como isso funciona, primeiro é preciso levar em consideração que o planeta não tem um governo central. A Terra é uma verdadeira anarquia em que os Estados são atores que decidem sobre seu próprio destino, já que não há um poder executivo nem uma polícia planetária. A ONU é o palco onde esses atores se reúnem. Mas para entrar nesse elenco o país precisa ser aprovado pelos colegas, com dois terços dos votos da Assembleia Geral da ONU e a aprovação do Conselho de Segurança (CS), composto por EUA, França, Reino Unido, Rússia e China.

É nessa regra que surge o limbo dos países que não existem. O exemplo mais clássico é o da República Popular da China contra a República da China. Em 1949, o nacionalista Chiang Kaishek perdeu para o comunista Mao Tsé-tung a Guerra Civil Chinesa. Com isso, o governo chinês deposto se refugiou na ilha de Taiwan, enquanto Mao ganhou Pequim. Só que desde a fundação da ONU o assento chinês era do governo refugiado em Taiwan. Então, embora a ilha tivesse apenas uma fração da população chinesa, permaneceu como a verdadeira China até 1971, quando a ONU concedeu a cadeira ao governo de Pequim. Hoje Taiwan tem 23 milhões de habitantes, um PIB per capita igual ao da Alemanha e o 18º maior orçamento militar do mundo - mas continua não reconhecida, nem mesmo pelos parceiros comerciais. Oficialmente não é um país.

Algo ainda mais impressionante acontece na Somália. Desde 1991 o país não tem um governo capaz de controlar seu território, e grande parte do sul está nas mãos de uma milícia ligada à Al Qaeda. Enquanto isso, no noroeste do país fica a Somalilândia - um país com governo central operante e moeda própria. A Somália, que não consegue governar seu próprio território, tem um assento na ONU. A Somalilândia não.

Agora é a vez de a Palestina tentar sair desse limbo. Hoje ela é um quebra-cabeça territorial, com áreas sob controle palestino, áreas de controle israelense e outras sob controle civil palestino e controle militar israelense. Depois de 18 anos de negociações com Israel que não levaram à criação de seu Estado, o plano palestino é apresentar à Assembleia da ONU em setembro o pedido de entrada como membro. Mesmo já tendo a aprovação de quase 130 dos 193 países-membros, esse plano precisa passar pelo Conselho de Segurança, em que os EUA têm - e provavelmente exercerão - poder de veto.

Já se o pedido emplacar, o novo país teria direitos de qualquer Estado de verdade. Engraçado é que até Liechtenstein tem, embora não tenha um exército e sua população caiba toda num estádio de futebol. San Marino também é país. E não consta que alguém no mundo fale "san marinês"... Nem "monegasco", embora Mônaco também tenha sua cadeira cativa na sede da ONU, desde 1993.

E quais são esses direitos de um Estado de verdade? Antes de mais nada, o novo país garantiria o monopólio do uso da força legítima em seu território, e ninguém poderia interferir, sob pena de ficar malvisto pela comunidade internacional - o que pode trazer embargos comerciais, por exemplo, contra quem violar a soberania de um país reconhecido.

Até outro dia, porém, essa história de país parecia estar ficando obsoleta, com a União Europeia liderando a formação de blocos econômicos sem fronteiras internas. Era o primeiro passo para a utopia de um governo planetário. Mas agora, com a crise e o desfacelamento do euro, essa estrada virou rua sem saída - a começar com a Dinamarca, que voltou a controlar sua fronteira. Por enquanto, a única certeza é que a anarquia vai continuar sendo o sistema internacional de governo.
Países de verdade que não têm cadeira na ONU. E seminações que têm:

Estados não reconhecidos:

Taiwan - 23 milhões de habitantes

Palestina - 4,2 milhões de habitantes

Somalilândia - 3,7 milhões de habitantes


Estados reconhecidos:

San Marino - 32 mil habitantes

Mônaco - 36 mil habitantes

Liechtenstein - 36 mil habitantes
Revista Superinteressante

Em defesa da eleição dos analfabetos


Eles não podem ser proibidos de ter mandato político porque o Estado falhou em educá-los. Há outros e mais sérios analfabetismos políticos a serem combatidos

Daisy Moreira Cunha
Aceitar o voto dos analfabetos e recusar sua elegibilidade significa dar lhes meia cidadania. Votar e não poder ser votado é ter a metade do direito político cassado. Ou seja, não é possível impedir a eleição de alguém porque o Estado falhou em educá-lo. O fato de um parlamentar, no Congresso ou nas câmaras de vereadores, não saber ler e escrever é problema de uma nação que se deseja desenvolvida. E, se a educação básica é direito de todos, a legislação não pode impedir a eleição dos analfabetos.

Todos os dias muitos fatos políticos nos mostram que não somos salvos do analfabetismo político pelo domínio da leitura e da escrita. Depois dos anos 60, Paulo Freire, pedagogo brasileiro de renome internacional, já mostrava que iletrismo não é sinônimo de (in)cultura política, aquela que importa para a construção do bem comum.

Analfabetismos são muitos: aquele dos tecnocratas da cultura da gestão eficiente que "azeitam" a máquina, mas deixam professores em greves infinitas e desgastantes; aquele que ainda permite a corrupção; e o que elege políticos cujos slogans são "Ser bom de serviço" e "Rouba, mas faz". Ou mesmo "O que é que faz um deputado federal? Na realidade, não sei. Mas vote em mim que eu te conto" e "Pior que tá não fica". O autor das últimas frases tornou-se o deputado federal mais votado na última eleição e acabou acusado pelo Ministério Público de não saber ler e escrever. Fosse ele de fato analfabeto, deveria ser garantido o seu direito de se eleger, ainda que seu mote de campanha prestasse um desserviço à política. Mas tudo isso nos impõe interrogar: que política é essa dos tempos de marketing e do voto obrigatório? Cabe ao Congresso rediscutir a inelegibilidade de quem não sabe ler e escrever.

Hoje, a Proposta de Emenda Constitucional número 27/2010 espera a indicação de um relator na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado. A PEC que autoriza a eleição dos analfabetos ainda está longe de ir para a votação em plenário. Os argumentos da Assembleia Nacional Constituinte para manter a negação desse direito, há 23 anos, parecem ultrapassados quando somos surpreendidos com o noticiário de que um deputado (entre tantos outros maus exemplos) foi condenado por trocar votos por laqueadura de trompas. Não saberia ler quem vendeu e quem comprou os votos?

Segundo o Censo 2010 do IBGE, há 13,9 milhões de brasileiros com 15 anos ou mais analfabetos. Isso significa 9,63% da população. Em pleno século 21, é um número mais do que absurdo.

A imprensa, que noticiou a polêmica em torno do deputado Tiririca e levou à ação do Ministério Público, não tem contribuído para aprofundar os debates cruciais da política nacional. E o Congresso, enquanto adia a discussão do tema, muito menos. Falta aos parlamentares, junto com a sociedade, combater os verdadeiros problemas da política brasileira.

* Daisy Cunha Pós-Doutora em Educação de Adultos pelo Conservatoire National des Arts et Métieurs (CNAM-Paris); doutora em Filosofia pela Université de Provence-França, professora do Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Educação da UFMG.
Revista Superinteressante

E se o homem não tivesse pisado na Lua?

Fernando Brito

Xixi nas calças. Foi uma das primeiras coisas que o astronauta Buzz Aldrin fez na Lua, em 1969. Felizmente os técnicos da Nasa tinham pensado nessa possibilidade. Eles criaram um coletor de urina para a roupa do segundo homem a chegar lá. Invenções banais como essas e outras bem mais importantes são o principal resultado da conquista da Lua. Comida desidratada, aspirador de pó sem fio, painéis solares e purificadores de água são só alguns outros exemplos. Muitas dessas invenções talvez nem fossem criadas, já que não precisávamos delas antes dos voos espaciais. Por outro lado, vários projetos úteis da Nasa que poderiam ter nos levado a outra realidade foram abandonados para que os recursos se concentrassem na construção dos foguetes titânicos que nos levariam à Lua. O Saturno, onde as cápsulas Apollo iam de carona, tinham 110 metros de altura - o dobro da de um ônibus espacial de pé. A Lua, afinal, fica mais longe do que parece: são 300 mil quilômetros daqui até lá. A Estação Espacial Internacional, o mais longe que qualquer astronauta pode sonhar ir hoje, fica a meros 400 quilômetros. Se o esforço para chegar à Lua tivesse se concentrado em naves menores, por exemplo, talvez o turismo espacial já fosse realidade há muito tempo. Ninguém teria ido à Lua. Ok. Mas talvez você já tivesse feito sua viagem ao espaço.

Voar, voar. Descer, descer
Sem o Projeto Apollo, poderíamos ter voos ultrarrápidos convivendo com tecnologias ultrapassadas

Pentium MMX
Computadores são os Benjamins Buttons da vida real. Começaram grandes como uma sala e ficaram pequenos como um iPhone. Mas foi a corrida espacial que criou as primeiras CPUs compactas para que elas coubessem nas naves. Sem esse avanço, a miniaturização dos computadores demoraria mais. E talvez ainda estivéssemos na era dos primeiros PCs e Macs.

Fim dos blockbusters?
Esqueça Star Wars, Contatos Imediatos, ET... A ficção científica de massa explodiu depois do pouso na Lua - antes sci-fi era um gênero de nicho. George Lucas e Steven Spielberg, os criadores da cultura blockbuster, seriam cineastas menores. Sem blockbusters e com a pirataria, a indústria do cinema seria mais pobre. E mais dependente do mecenato - seja privado, seja estatal.

SP-NY em meia hora
Ao desafiar os russos na corrida espacial, os americanos abandonaram outros programas para concentrar recursos na ida à Lua. Isso impediu a criação de tecnologias que fariam os vôos orbitais, realidade desde 1959, mais comuns e baratos. E, se esses voos fossem realidade, uma viagem entre São Paulo e Nova York levaria meia hora.

Menos câmeras
A Apollo levou uma câmera a bordo. As filmadoras tinham o tamanho de uma máquina de lavar. Então só deu para colocar uma na cápsula porque miniaturizaram o equipamento. Foi o pontapé inicial para as câmeras cada vez menores. Sem isso, a evolução seria mais lenta. Talvez as câmeras digitais não tivessem chegado. E as redes sociais seriam bem mais chatas.
Revista Superinteressante

Onde está o ouro do mundo?

A maior quantidade foi usada em joias. Mas os bancos centrais dos países também garantiram um pedaço para si
Karin Hueck, Guilherme Fogaça, Renata Steffen e Fabrício Lopes

Um edifício com 6 andares de ouro maciço e de 8 mil metros cúbicos. Esse seria o resultado aproximado se fosse possível condensar todas as 166,6 mil toneladas do metal dourado já descobertas desde o início da história. A maior parte seria ocupada por joias, mas os principais "moradores" desse prédio seriam os bancos centrais dos países. O ouro faz parte das reservas internacionais, uma espécie de poupança das nações, formada também por dinheiro vivo, e usada em casos de emergência. "Se houver uma crise política muito grande, as moedas perdem o valor. Mas o ouro sempre pode ser usado como meio de troca", diz Isabela Maia, gerente-executiva do Banco Central do Brasil. Na prática, os países mal utilizam o metal - no Brasil, o estoque está intacto desde 2002.

1 prédio de 6 andares = 8 mil metros cúbicos de ouro = 166 600 toneladas de ouro puro
Revista Superinteressante

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