domingo, 19 de janeiro de 2020

O que o cocô humano pode nos dizer sobre estilo de vida, dieta e saúde





Na Austrália, exatamente em um laboratório da Universidade de Queensland (UQ), um grupo de cientistas realiza uma atividade incomum: armazenar amostras de excrementos humanos de mais de 20% da população daquele país.

A extração de amostras ocorre em estações de tratamento de águas residuais localizadas em diferentes regiões australianas. Eles são congelados e posteriormente enviados aos cientistas da UQ.

O'Brien e Phil Choi, autores da pesquisa , consideram que esses espécimes são um "tesouro" que contém informações valiosas sobre os hábitos alimentares e o estilo de vida das diferentes comunidades.


Eles descobriram que em regiões onde o poder de compra é maior, o consumo de frutas cítricas, cafeína e fibras é maior. Enquanto em áreas com menos recursos, o uso de medicamentos prescritos foi significativo.

E todos esses dados foram obtidos de forma codificada através das fezes humanas dessas comunidades.
Principais dados de águas residuais

A pesquisa foi capaz de demonstrar o que outros cientistas vêm teorizando há alguns anos: que a partir das águas residuais de uma comunidade você pode obter dados confiáveis ​​sobre o consumo médio de alimentos e medicamentos.

Os dois cientistas dizem que esse procedimento é fundamental para coletar informações quase em tempo real sobre hábitos na população, o que poderia contribuir para a comunicação de políticas e mensagens de saúde pública.

O trabalho, conhecido há 20 anos como epidemiologia de águas residuais, é utilizado principalmente na Europa e América do Norte para a detecção e controle de drogas ilícitas nas comunidades.

Os cientistas coletaram amostras de plantas de esgoto em toda a Austrália.

Outras pesquisas se concentraram no uso de drogas legais e há planos para que esse procedimento seja aplicado na detecção precoce de surtos de doenças, mas até agora a evidência de indicadores de dieta tem sido amplamente teórica.

E, embora pesquisas sejam usadas para descobrir quais alimentos e medicamentos são consumidos, a análise das águas residuais pode ser um indicador mais objetivo do consumo médio em uma área de captação específica. De acordo com Choi:


Em geral, nas pesquisas, as pessoas aumentam o consumo de alimentos saudáveis ​​e subestimam o consumo de coisas menos saudáveis.
Consumo segundo indicadores socioeconômicos

Não apenas os excrementos e a urina são constituídos por águas residuais, mas também resíduos alimentares, produtos de higiene pessoal e restos industriais ou comerciais.

Os cientistas, de certos alimentos, precisavam encontrar biomarcadores específicos produzidos apenas por fezes humanas, ou pelo menos em maior medida.

A pesquisa empregou um par de biomarcadores relacionados ao consumo de fibras (derivados da ingestão de grãos e plantas) e outro associado ao consumo de citros. Ambos os tipos de alimentos (fibra e citros) são considerados típicos de uma dieta saudável.

As comunidades com os maiores indicadores socioeconômicos registraram maior correlação com as altas taxas de consumo desses alimentos. Em outras palavras, em geral, foi descoberto que os setores com maior poder de compra possuíam dietas mais ricas em fibras e citros.


O consumo de citros é considerado um dos componentes característicos de uma dieta saudável.

Além disso, verificou-se que café expresso e café moído geralmente são consumidos regularmente nessas comunidades.

O relatório observa que esse resultado deriva de uma economia mais forte desse grupo para adquirir esses produtos e de uma cultura de consumo de café adotada pelos australianos mais ricos.

Por outro lado, no lado oposto do status socioeconômico, as comunidades menos favorecidas registraram alto consumo de drogas como tramadol (um analgésico opioide), atenolol (um medicamento usado principalmente em doenças cardiovasculares) e pregabalina (antiepiléptico).

Havia também uma relação entre outros tipos de analgésicos e antidepressivos com as áreas mais pobres, mas não em igual medida.
Tendência à igualdade?

A pesquisa corrobora um fenômeno global chamado gradiente de saúde social , o que implica que quanto menor o nível socioeconômico de uma pessoa, pior a saúde que ela tem.

A cafeína foi encontrada nas águas residuais dos australianos que vivem em bairros com maior poder socioeconômico.

E, embora os australianos estejam totalmente convencidos de que seu país mantém a tendência à igualdade e até existam estudos internacionais que a confirmam, este novo trabalho sobre águas residuais sugere que também existem sérios problemas de desigualdade econômica.

Um australiano pertencente a 20% da população com maior poder aquisitivo tem cinco vezes mais dinheiro disponível em comparação com alguém do quintil de menor renda. E, em geral, mais renda significa uma maior capacidade de comprar alimentos perecíveis, como frutas e legumes, assim como uma melhor educação significa uma melhor compreensão da nutrição.

Por seu lado, a professora Catherine Bennett, diretora de epidemiologia da Universidade Deakin, na Austrália, destaca que a pesquisa em UQ tem seu escopo e limitações:


É um estudo ecológico em epidemiologia. O termo significa que não estamos usando dados individuais, mas dados coletivos.

É uma oportunidade realmente interessante, desde que não tentemos interpretar os dados excessivamente. Uma maneira útil de acompanhar o que está acontecendo no nível da população.

sábado, 18 de janeiro de 2020

Conheça alguns hábitos alimentares que temos e deveríamos abandonar


Comer mal aumenta o risco de doenças cardiovasculares, câncer, diabetes, pressão alta, entre outras doenças





Ter bons hábitos alimentares auxiliam a afastar doenças e trazer longevidade(foto: Vinicius Cardoso Vieira/CB/D.A Press)Uma dieta equilibrada é essencial para qualidade de vida, ajuda no bom funcionamento do organismo e auxilia na perda de peso. Os bons hábitos alimentares auxiliam a afastar doenças e a trazer longevidade, pois a má alimentação é considerada um fator decisivo no surgimento de doenças crônicas.


A praticidade do dia a dia faz com que o brasileiro consuma alimentos industrializados cada vez mais. O Correio te ajuda a conhecer quais são os hábitos alimentares que muitos têm, mas todos deveriam evitar.


Pular refeições 


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Um dos erros alimentares mais comuns que prejudicam a saúde e contribuem para o ganho de peso é pular as refeições. A desculpa para tanto quase sempre é a falta de tempo. Mas isso é muito prejudicial à saúde. O intestino de quem pula refeições com muita frequência se adapta para absorver o máximo de nutrientes possível de cada refeição. O restante do corpo passa a economizar energia. Por isso, a necessidade de se ter uma alimentação balanceada e de comer a cada 3 horas ou 4 horas, o que ajuda a controlar a glicemia.

Para a nutricionista Patricia Guedes uma alimentação não balanceada prejudica muito o metabolismo. “Sempre procuro lembrar os pacientes de que nós somos os responsáveis pela nossa saúde e pela nossa doença. A vida é feita de equilíbrio. O segredo está em estabelecer uma rotina saudável, reduzindo o número de 'escapadas'. Quando elas acontecerem que sejam feitas sem culpa, sabendo que você irá voltar para a rotina normal”, completou.


Tomar refrigerantes e bebidas alcoólicas

Os refrigerantes são bebidas ricas em frutose, tipo de açúcar que aumenta o risco de resistência à insulina e diabetes, além de ter ácidos que ajudam a desgastar os esmaltes dos dentes e provocar gases que podem vir com dores abdominais e gastrites. São bebidas ricas em sódio e alguns sabores contêm bastante cafeína, o que pode provocar alterações na pressão arterial e retenção de líquidos.



Já as bebidas alcoólicas são pobres em nutrientes e possuem alto valor calórico. Por exemplo, uma lata de cerveja fornece aproximadamente 150 calorias, praticamente o mesmo do que um pão francês. 

A nutricionista Nathália Bandeira indica que os pacientes sempre optem por bebidas como o sucos da fruta sem açúcar, chás, água de coco natural e não exagerem em bebidas alcoólicas. “São bebidas com alto teor de sódio e açúcares. Estes produtos fazem mal para a saúde. A longo prazo elas auxiliam no desenvolvimento de doenças crônicas, sem contar que excesso de álcool é muito prejudicial”, explica.


Comer muito doce

Muitos açúcares e doces são inimigos da alimentação saudável e devem ser consumidos com bastante moderação. Eles são compostos praticamente por carboidratos simples, rapidamente absorvidos pelo organismo. 

Esse tipo de alimento tende a alterar a glicemia e a liberar grandes quantidades de insulina, podendo acarretar em diabetes tipo 2. O uso em excesso de açúcar na alimentação aumenta riscos de doenças vasculares, fígado gorduroso e até mesmo de alguns tipos de câncer.


O ideal é evitar o consumo de alimentos com muito açúcar e comer doces moderadamente. A nutricionista Gabriela Soares Batista ressalta que existem opções mais saudáveis nas prateleiras: “No mercado, existem alguns tipos diferentes de açúcar (demerara, mascavo, açúcar de coco) que geram um efeito metabólico mais desejável.”


Comer alimentos processados e embutidos

Comidas industrializadas e embutidas têm em sua composição diversas substâncias químicas que não são reconhecidas pelo nosso organismo. Por isso, elas podem fazer mal ao sistema imunológico e causar alergias.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera as carnes processadas como alimentos cancerígenos desde 2015. A grande maioria dos alimentos que consumimos passam por algum tipo de processamento.

“Alimentos processados e embutidos trazem vários ricos à saúde por serem ricos em conservantes, corantes, aditivos e açúcares. Causam prejuízos diretos à saúde podendo levar a doenças alérgicas, intestinais e até mesmo o câncer”, alerta Nathália Bandeira.


Beber pouca água

O pouco consumo de água está entre os maus hábitos alimentares mais comuns. O líquido é essencial para o bom funcionamento do corpo e a desidratação crônica pode causar doenças e envelhecimento precoce. Isso acontece porque o organismo “puxa” água dos órgãos para suprir a falta de líquidos nos tecidos.

Durante um dia se perde aproximadamente dois litros de água por meio de transpiração, urina, respiração e outras atividades. Por isso, a necessidade de repor essa perda e de se manter hidratado durante o dia inteiro.

Gabriela Soares explica que o ideal é não esperar sentir sede para beber água. “A falta de água pode causar várias doenças, fraqueza, cansaço e tontura. Dois litros por dia é uma referência. Para saber a quantidade exata para cada pessoa, calculamos 35ml por quilo do peso. Por exemplo, uma pessoa de 70kg deveria ingerir 2,5 litros”, contabiliza. 


Exagerar na quantidade

Ingerir muitos alimentos pode ser um sinal de compulsão alimentar, podendo levar à obesidade e a outros problemas de saúde. Algumas vezes essa compulsão tem como causa estresse ou depressão. Nesses casos, há necessidade de um tratamento médico.

O estômago pode se acostumar com o grande volume de comida, o que é prejudicial. Vale ressaltar que cada pessoa tem uma quantidade adequada de alimentação por dia. A nutricionista Patricia Guedes explica: “Não existe quantidade ideal de comida. Cada pessoa deve ser analisada de forma individual, considerando patologias existentes, exames bioquímicos, resposta metabólica, nível de atividade física, rotina, hábitos alimentares, etc...Tudo isso faz com que a quantidade de alimentos varie de pessoa para pessoa.”

terça-feira, 7 de janeiro de 2020

Astrônomos detetaram vapor de água num planeta potencialmente habitável



O fenômeno agora descoberto pode parecer “insignificante”, até porque a água é comum no universo. Contudo, detetar este elemento a 110 anos-luz pode ser um passo muito importante. Nesse sentido, astrônomos encontraram vapor de água no exoplaneta K2-18 b, numa zona habitável da sua estrela.

A descoberta foi levada a cabo por duas equipes e publicada no repositório de artigos científicos Nature Astronomy.



Exoplanetas podem ter vida

Com mais de 4000 exoplanetas pode parecer que estamos prestes a descobrir se estamos sozinhos no universo. No entanto, infelizmente, não sabemos muito sobre esses planetas – na maioria dos casos apenas temos uma ideia da sua massa e do seu raio. Assim, entender se um planeta pode hospedar vida requer muito mais informação.

No momento, uma informação extremamente importante que está a faltar é a presença, composição e estrutura das suas atmosferas. Sinais de água atmosférica, oxigénio e metano seriam sinais de que um planeta pode suportar vida. Agora, pela primeira vez, conseguiu-se detetar o vapor de água na atmosfera de um exoplaneta potencialmente habitável.


Como se consegue perceber se há vapor de água no planeta tão distante?

A atmosfera de um planeta desempenha um papel vital em moldar as condições dentro dele ou na sua superfície. Dessa forma, a sua composição, estabilidade e estrutura fornecem pistas importantes sobre como é estar lá. Assim, é através de estudos atmosféricos que se consegue aprender sobre a história do planeta. Posteriormente, é possível investigar a sua habitabilidade e, em última análise, descobrir sinais de vida.

O principal método que é utilizado ao examinarmos exoplanetas é a espectroscopia de trânsito. Por outras palavras, é uma técnica que os astrónomos usam que envolve olhar para a luz das estrelas à medida que um planeta passa em frente à sua estrela hospedeira.

Conforme ela transita, a luz estelar é filtrada através da atmosfera do planeta – com a luz a ser absorvida ou desviada com base em quais compostos a atmosfera consiste.

Portanto, a atmosfera deixa uma pegada característica na luz estelar que tentamos observar. Uma análise mais aprofundada pode, então, ajudar a combinar essa pegada com elementos e moléculas conhecidas, como água ou metano.


K2-18 b, que orbita uma estrela anã-vermelha, foi descoberto em 2015

Surpreendentemente, assinaturas moleculares de água foram encontradas nas atmosferas de planetas gasosos, semelhantes a Júpiter ou Neptuno. Nunca antes foi visto em planetas menores, até agora.

O K2-18 b foi descoberto em 2015, e encontra-se a 34 parsec da Terra — qualquer coisa como mil biliões de quilómetros. Este é apenas um entre centenas de planetas “super-terras”. Esta classificação é para planetas com uma massa entre a Terra e Neptuno encontrados pelo Kepler da NASA. No entanto, o K2-18 b é um planeta com oito vezes a massa da Terra que orbita uma estrela “anã vermelha”, que é muito mais fria que o sol.

Apesar disso, o K2-18 b está localizado na “zona habitável” da sua estrela. Quer isso dizer que tem a temperatura certa para suportar água líquida. Dada a sua massa e raio, o K2-18 b não é um planeta gasoso, mas tem uma alta probabilidade de ter uma superfície rochosa.

Além disso, o planeta está a “apenas” 21 milhões de quilómetros da sua estrela e tem uma temperatura estimada entre -73,15 e 46,85 graus Celsius.


Mas o que é necessário para um planeta acolher vida?

Para que um exoplaneta seja definido como habitável, existe uma longa lista de requisitos que precisam ser satisfeitos. Um deles é que o planeta precisa estar na zona habitável onde a água pode existir na forma líquida. É também necessário que o planeta tenha uma atmosfera para proteger o planeta de qualquer radiação nociva proveniente da sua estrela hospedeira.

Outro elemento importante é a presença de água, vital para a vida tal como a conhecemos. Embora existam muitos outros critérios para a habitabilidade, como a presença de oxigénio na atmosfera, a nova investigação fez do K2-18 b o melhor candidato até à data. É o único exoplaneta que cumpre três requisitos de habitabilidade: as temperaturas certas, uma atmosfera e a presença de água.

No entanto, não se pode dizer, com dados atuais, de que forma o planeta tem probabilidade de sustentar a vida. Os dados são limitados a uma área do espectro – isto mostra como a luz é partida pelo comprimento de onda – onde a água domina. Nesse sentido, não é possível determinar a existência de outras moléculas.


O primeiro de muitos?

Com a próxima geração de telescópios, como o Telescópio Espacial James Webb e a missão espacial ARIEL, serão dados passos muito importantes. Com este nível tecnológico será possível determinar a composição química, cobertura de nuvens e estrutura da atmosfera do K2-18 b.

Estas missões também podem facilitar a realização de deteções semelhantes para outros corpos rochosos nas zonas habitáveis das suas estrelas-mãe. Com o K2-18 b a 110 anos-luz de distância, não é realmente um planeta que poderíamos visitar – mesmo com pequenas sondas robóticas – no futuro previsível.

sábado, 4 de janeiro de 2020

Floresta mais antiga do mundo é descoberta nos Estados Unidos


Localizada na cidade de Cairo, a região serve como um cemitério de árvores, que nos fornece uma espiada de um passado de mais de 300 milhões de anos atrás
Sabrina Brito

As folhas e troncos fossilizados em Cairo, Nova York WILLIAM STEIN / CHRISTOPHER BERRY/Divulgação



Em uma área abandonada em Cairo, cidade do estado de Nova York, cientistas acabam de encontrar a mais antiga floresta fossilizada do mundo. Formada há 386 milhões de anos, a mata recém-descoberta é dois ou três milhões de anos mais velha do que aquela que detinha o recorde até agora, também localizada em Nova York. O achado foi publicado no último dia 19 no periódico científico Current Biology.

A exploração da região começou há mais de dez anos, comandada por pesquisadores das Universidades Cardiff e Binghamton (Reino Unido) e do Museu do Estado de Nova York. Desde então, mais de 3 mil metros quadrados de floresta foram precisamente mapeados.

Há 386 milhões de anos, quando a floresta era viva, plantas, animais e as demais formas de vida atravessavam o período Devoniano. Conhecida como Era dos Peixes, foi nessa época que esses seres mais se proliferaram nas águas marítimas. Sobre a Terra, reinavam artrópodes, como os escorpiões e as centopeias.

Foi ainda durante o Devoniano que ocorreu no nosso planeta a transição entre um cenário onde matas eram ausentes para uma situação em que diversas florestas, inclusive algumas das atuais, recobrem grandes áreas da superfície terrestre. A hipótese é a de que a floresta encontrada tenha sido atingida por uma enchente. Isso porque na superfície da região, os pesquisadores encontraram alguns fósseis de peixe. De forma geral, o achado nos dá a oportunidade de ver, ainda que por uma pequena brecha, como o planeta funcionava muito antes do surgimento do ser humano (que se deu há 200.000 anos, aproximadamente; extremamente recente, pela perspectiva da idade da própria Terra).
Revista Veja

Estudo: Até 2100, precisaremos de mais de 250 calorias extras diárias


Nova pesquisa alemã revelou que o crescimento populacional e o aumento global do IMC médio farão com que nossa dieta típica necessite de mais alimentos
Sabrina Brito


A quantidade de alimento que demandaremos até o fim do século será muito maior do que a atual necessidade Akintunde Akinleye/Reuters


De acordo com um estudo publicado no último dia 23 no periódico científico PLOS ONE, a quantidade de comida necessária para alimentar a população mundial pode aumentar em quase 80% até 2100. Os pesquisadores responsáveis pelo artigo, da Universidade de Göttingen (Alemanha), afirmam que a tendência de aumento no Índice de Massa Corporal (IMC) observada em grande parte do planeta fará com que precisemos de mais calorias para nos satisfazer em um futuro próximo.

Segundo projeções da ONU, a população mundial será de aproximadamente 11 bilhões no final deste século. Segundo a pesquisa alemã, 60% do aumento calórico do qual precisaremos até então será resultado desse vertiginoso crescimento demográfico. Os outros 20% seriam fruto de um provável aumento na altura e no peso médio dos indivíduos até 2100.

A projeção dos cientistas é de que, até o final do século, a energia requerida por cada um sofrerá um crescimento de 253 calorias diárias. É o equivalente a duas bananas grandes ou uma porção de batatas fritas a mais que teremos que comer todos os dias para satisfazer nossos gastos metabólicos, de acordo com o artigo.

Os pesquisadores concluíram ainda que um fracasso em reformular a política alimentar global para lidar com essa mudança pode gerar grande desigualdade econômica e alimentar pelo planeta, o que evidentemente prejudicaria sobretudo as regiões mais pobres. Esse cenário vem do fato de que uma demanda por mais alimentos levará a aumento nos preços da comida. Enquanto os países mais ricos não demorarão a se acostumar com a nova situação, as nações pobres teriam esse desafio à frente, o que pode resultar em má nutrição.
Revista Veja

Rio Amazonas tem 9 milhões de anos, mais velho do que se pensava


Estudos anteriores apontavam para 2,6 milhões de anos, mas pode ser que o rio tenha mais de 9 milhões de anos de idade


Rio amazonas JohnnyLye/iStock


O rio Amazonas pode ter entre 9 e 9,4 milhões de anos, segundo um novo estudo liderado por cientistas da Universidade de Brasília (UnB) e da Universidade de Amsterdã, na Holanda. Análises anteriores apontavam para “apenas” 2,6 milhão de anos. A nova pesquisa encontrou sedimentos compostos de fósseis de plantas, na foz do rio, no Pará, que, além de revelarem a possível idade do Amazonas, contribuem para a investigação de como as mudanças climáticas alteraram a paisagem da região. A análise foi publicada nesta semana na revista científica Global and Planetary Change.


A pesquisa foi feita em uma fenda há mais de 4,5 quilômetros abaixo do nível do mar, na parte do Oceano Atlântico alimentada pelas águas do rio Amazonas. “Os sedimentos transportados por este rio são depositados na fenda submarina e, como resultado, registram com precisão sua história evolutiva. Foram aplicadas técnicas analíticas de alta resolução nesses detritos não realizadas anteriormente na região”, disse Farid Chemale, pesquisador do Instituto de Geociências da UnB, em comunicado. Um outro estudo feito neste mesmo poço havia datado o rio entre 1 e 1,5 milhões de anos.

Antigo rio Amazonas

Por meio da análise de dados geoquímicos e do estudo de pólen e esporos de plantas fossilizados, os cientistas identificaram ainda uma clara modificação no tipo de sedimentos depositados na área. Ao longo do tempo, eles passaram de detritos de planícies tropicais a sedimentos vindos dos Andes, que teriam sido levados pelo ‘recém-nascido’ rio Amazonas. Esses vegetais andinos teriam sido modificado ao longo dos anos, conforme aponta a pesquisa.

“Os nossos novos dados confirmaram que o rio Amazonas é mais velho, mas também apontam para uma expansão de prados – terrenos de vegetação baixa – durante o Pleistoceno (entre 2,588 milhões e 11,7 mil anos atrás) que não era conhecida antes. Pesquisas futuras podem dar mais respostas, mas requerem investimento em termos de perfuração continental e marítima”, disse Carina Hoorn, pesquisadora da Universidade de Amsterdã e principal autora do artigo, em nota. Os pesquisadores acreditam que o aumento de gramíneas na Cordilheira dos Andes teria sido impulsionado pelo resfriamento de cinco milhões de anos atrás, dando espaço para a vegetação aberta e sem árvores.

Esse estudo é parte do projeto Clim-Amazon, uma iniciativa brasileira e europeia para pesquisas climáticas. Os cientistas esperam, com estas análises, descobrir as mudanças na vegetação sofridas pela região há milhões de anos e, assim, compreender as alterações do clima.
Revista Veja

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