quarta-feira, 31 de julho de 2013

Aquecimento global

Trinta e seis por cento dos pinguins-de-barbicha desapareceram de Ilha Antártica

Jeanna Bryner e LiveScience

Andres Barbosa

Pesquisadores descobriram que uma população de pinguins-de-barbicha (Pygoscelis antarctica) perdeu mais de um terço da colônia reprodutiva nos últimos 20 anos. E o aquecimento planetário pode ser o principal culpado. Isso acontece porque o principal alimento desses pinguins, criaturas parecidas com camarões chamadas de krill, depende de algas que se fixam ao gelo.

“Na verdade, nos anos 90 pensava-se que a mudança climática favoreceria os pinguins-de-barbicha, porque essa espécie prefere águas marítimas sem gelo, ao contrário do pinguim-de-Adélia (P. adeliae)”, explicou o pesquisador Andres Barbosa à LiveScience. Ele adiciona que o número de pinguins de barbicha, assim chamados devido à fina linha negra que vai de uma bochecha a outra, parecia aumentar naquela época, com novas colônias sendo estabelecidas.

O declínio no gelo marítimo no inverno, porém, se tornou tão grande que agora está afetando as populações de krill, apontou Barbosa, do Museu Nacional de Ciências Naturais de Madrid.

Contando Barbichas 


Barbosa e seus colegas registraram os pinguins-de-barbicha da colônia do Passo do Vapor na Ilha Decepção, nas ilhas antárticas Shetland do Sul, em 1991-92 e em 2008-09. Eles fotografaram ninhos em 19 subcolônias, principalmente em dezembro, quando os filhotes estão saindo dos ovos.

Os resultados, que acabaram incluindo apenas 12 das subcolônias devido à disponibilidade de dados, mostraram que os ninhos ocupados haviam se reduzido em 36% entre 1991 e 2008.

Barbosa e seus colegas descartaram as pesquisas como sendo responsáveis pela perda, já que tanto as populações estudadas quanto as usadas como grupo de controle mostraram padrões de declínio semelhantes.

O turismo também não é um culpado provável. A Ilha Decepção, criada sobre um vulcão, é um dos locais mais visitados da Antártica; em 2007-08, mais de 25 mil visitantes passaram por lá, de acordo com a Associação Internacional das Operadoras de Turismo Antártico (Iaato, em inglês). Enquanto isso, a colônia de pinguins-de-barbicha de Bailey Head, que geralmente é visitada por 2 mil ou 3.500 pessoas a cada temporada, apresentou uma redução de aproximadamente 50%. 

É mais provável que a culpa seja da redução na população de krill, ideia apoiada pelo fato de que a população de pinguins-da-Adélia da região também está em declínio, enquanto a população de pinguim-gentoo (P. papua), que tem uma dieta mais variada, não está.

(Os pinguins-de-barbicha, gentoo e de Adélia são as três espécies de pinguins [do gênero Pygoscelis] que habitam a Península Antártica, região do continente Antártico onde os efeitos da mudança climática são mais evidentes, destacaram os pesquisadores). 

Salvando pinguins

Mas Barbosa acredita que os pinguins-de-barbicha não sejam uma causa perdida.

“Esse é um exemplo de como a atividade humana distante dos polos pode afetar a vida a milhares de quilômetros de nossas casas”, contou ele à LiveScience. “Portanto, um uso de energia e de combustíveis fósseis mais responsável é necessário para preservar o planeta e a Antártica”.

Além disso, disse ele, para proteger os organismos que chamam a Antártica de lar precisamos reduzir o impacto humano reduzindo a sobrepesca, o turismo e até mesmo as pesquisas.
Scientific American Brasil 

Chineses ricos exportam poluição para regiões pobres

Controle da poluição nas províncias ricas da China levou poluidores para regiões mais vulneráveis

Bert van Dijk/Flickr

Uma fábrica na Mongólia Interior. Políticas de emissões mais rígidas nas províncias litorâneas mais ricas da China levaram suas indústrias – e suas emissões – para áreas mais pobres do interior com regras mais brandas. 

Por Tim Radford e The Daily Climate

LONDRES – De acordo com uma nova pesquisa, assim como nações ricas passaram a responsabilidade das emissões de dióxido de carbono para as nações em desenvolvimento, também as províncias ricas da China exportaram o problema para as regiões mais pobres.

O maior emissor de gás estufa do mundo – 10 bilhões de toneladas em 2011 – decidiu reduzir a “intensidade de carbono” de sua economia. No entanto, de acordo com Klaus Hubacek da University of Maryland e seus colegas, as regiões mais ricas e mais sofisticadas da China – as que têm as metas mais rígidas e específicas de redução de poluição – estão comprando bens manufaturados de locais como a Mongólia interior, uma região mais pobre onde as metas são menos limitantes.

“Isso é lamentável, porque as reduções mais baratas e mais fáceis – e portanto mais acessíveis – ficam nas províncias interiores, onde melhorias tecnológicas modestas poderiam fazer uma diferença enorme para as emissões”, declara Steven Davis da University of California, Irvine, um dos autores do estudo.

Metas mais difíceis

“Áreas mais ricas têm metas mais difíceis de alcançar, então para elas é mais fácil simplesmente comprar bens produzidos em outros locais”, adiciona Davis. “Uma meta nacional que rastreie emissões representadas no comércio seria um grande avanço para solucionar o problema. Mas não é isso que está acontecendo”. 

Em artigo publicado no Proceedings of the National Academy of Sciences, Hubacek, Davis e seis outros relatam que examinaram a produção e as emissões da China em 2007 em 57 setores da indústria, em 26 províncias e quatro cidades.

Naquele ano, as emissões da China totalizaram mais de sete bilhões de toneladas, das quais mais da metade vinha de combustíveis fósseis queimados para a produção de bens e serviços que eram consumidos ou em outras partes da China, ou fora das fronteiras chinesas em 107 países.

Na prática, os autores forneceram uma geografia do comércio interno da China. Mais de 75% das emissões associadas aos bens consumidos em Pequim-Tianjing – uma das três regiões de maior afluente [comercial] – foram bombeadas para o ar de outras províncias.

Em 2009, na conferência climática das Nações Unidas em Copenhague, a China prometeu reduzir a dependência que sua economia tem do carbono ao reduzir emissões de CO2 por unidade de produto doméstico bruto dos níveis de 2010 em 17% até 2015. De acordo com o país, isso seria conseguido com a imposição de reduções de 19% nas províncias de afluente comercial da costa leste, e 10% no oeste, que é menos desenvolvido.

Empurrando as fábricas para o leste

A implicação é que políticas de redução de emissões tendem a levar fábricas e produtores para regiões onde os custos são menos, e os padrões de poluição, menos rígidos.

“Devemos reduzir as emissões de CO2, não simplesmente terceirizá-las”, aponta Laixiang Sun da University of Maryland, um dos autores do estudo. “Regiões e países desenvolvidos precisam assumir responsabilidades, fornecendo apoio ou investimento tecnológico para promover tecnologias mais limpas e mais verdes em regiões menos desenvolvidas”.

Os resultados, concluem os autores, “demonstram a interdependência econômica de províncias chinesas, enquanto também destacam as enormes diferenças em riqueza, estrutura econômica, e mistura de combustíveis que produzem desequilíbrios no comércio interprovincial e as emissões representadas no comércio”.

Este artigo foi originalmente publicaod em The Daily Climate, a fonte de notícias da mudança climática publicada pela Environmental Health Sciences, uma empresa de mídia sem fins lucrativos. 
Scientific American Brasil

Mar de Fukushima pode estar contaminado

Operadora da usina nuclear de Fukushima reconhece a possibilidade de fluxo de água contaminada para o oceano


A operadora da usina nuclear de Fukushima admite pela primeira vez a possibilidade da água subterrânea contaminada estar chegando ao oceano

TÓQUIO (Reuters) – A operadora da usina nuclear de Fukushima declarou na segunda-feira, [dia 21 de julho], que água contaminada do solo provavelmente está indo para o mar, reconhecendo esse vazamento pela primeira vez.

A Tokyo Electric Power Co., ou Tepco, fez o anúncio um dia após o Partido Liberal Democrático – que é pró-nuclear – do Primeiro Ministro Shinzo Abe e seu parceiro da coalizão júnior conseguirem uma vitória decisiva nas eleições para a Alta Câmara, garantindo sua permanência no poder. 

O chefe da Autoridade de Regulação Nuclear do Japão, criada desde que o terremoto e o tsunami de 2011 destruíram Fukushima, declarou neste mês acreditar que a contaminação do mar vem ocorrendo desde o acidente.

Mas a Tepco já tinha fracassado anteriormente em confirmar o vazamento de água do solo mais de dois anos após o pior acidente nuclear da história desde Chernobyl, em 1986.

“Nós gostaríamos de oferecer um profundo pedido de desculpas por preocupar muitas pessoas gravemente, especialmente em Fukushima”, declarou Masayuki Ono, administrador geral da Tepco, a uma conferência de imprensa durante uma transmissão na rede pública de televisão NHK.

De acordo com a Tepco, com base nos testes de amostras de água, qualquer impacto do vazamento pareceu ser contido por cercas de silte erguidas perto dos reatores devastados.

A empresa já está injetando silicato de sódio em parte da parede marítima que separa o oceano da usina para evitar que a água do solo passe por ela. A Tepco declarou que pretende solidificar uma parte maior da parede marítima com o químico.

O terremoto e o tsunami de março de 2011 desligaram sistemas de refrigeração da usina de Fukushima, provocando derretimentos e o vazamentos radioativos, contaminação alimentar e evacuações em massa.

Neste mês a Tepco reconheceu que os níveis de radiação na água do solo dispararam, sugerindo que materiais altamente tóxicos da usina estão se aproximando do Pacífico.

(Reportagem por Kiyoshi Takenaka; Edição por Ron Popeski)
 Scientific American Brasil

Devedores da natureza

O crescimento do déficit ecológico na região do Mar Mediterrâneo evidencia a necessidade premente de mudança no modelo de desenvolvimento econômico.
Por Alessandro Galli e Philippe Pypaert


A ilha de Capri , na fértil costa italiana.

Cálculo da Global Footprint Network contabiliza o impacto do consumo de recursos fl orestais, fontes de energia, pastagens, agricultura, emissão de gases urbanos e pesca.



Praias da Córsega francesa mantêm biocapacidade elevada.

Em cinquenta anos, os moradores da Bacia do Mediterrâneo quase triplicaram sua demanda por recursos naturais e serviços ambientais. Com isso, os 24 países da região se tornaram devedores ecológicos. Essas são as constatações do Mediterranean Ecological Footprint Trends, relatório lançado pela organização canadense Global Footprint Network na conferência “Assegurar a Competitividade para o Mediterrâneo”, realizada com o Escritório Regional da Unesco para Ciência e Cultura na Europa, no fim do ano.

Representantes dos governos e universidades de 15 países mediterrâneos foram a Veneza, na Itália, para debater as implicações das conclusões do relatório, em termos de prosperidade econômica e manutenção da estabilidade política da região.

Diz-se que não se pode gerenciar o que não se pode medir. Precisamente por isso, o conceito de “pegada ecológica” elaborado pela Global Footprint Network visa a ajudar os governos a medir o estado de seus ativos ecológicos e serviços ambientais, a fim de gerenciá-los melhor no longo prazo. Para avaliar o balanço ecológico de um país, compara-se a oferta (biocapacidade) com a demanda (pegada ecológica). Quando esta supera aquela, o país incorre em déficit ecológico.

A Global Footprint Network calcula que, entre 1961 e 2008, a pegada ecológica mundial subiu de 2,4 hectares globais (gha, na sigla em inglês) para apenas 2,7 gha por pessoa. Mesmo assim, a Terra entrou em déficit ecológico, pois sua biocapacidade per capita (determinada pelo conjunto dos ativos de florestas, terras agrícolas, solo urbano, pastagens, etc.) caiu de 3,2 gha, em 1961, para 1,8 gha em 2008, quase 50% a menos.

A situação se deteriorou mais rapidamente no Mediterrâneo do que na média global. Enquanto a pegada ecológica da região subiu de 2,1 gha per capita para 3,1 gha, a biocapacidade caiu de 1,5 gha per capita para 1,3 gha. O pequeno déficit ecológico regional registrado em 1961 tornou-se um enorme déficit de 150% em 2008, e o cenário natural foi transformado.

O que deu errado? Em 1961, 18 dos 24 países do entorno do Mediterrâneo já viviam em déficit ecológico, compensado por importações de produtos cultivados fora da região. Entre 1961 e 2008, a população saltou de 242 milhões para 478 milhões de pessoas, superando os ganhos de produtividade na agricultura. Outro agravante surgiu depois de 1971, quando o mundo entrou em um período de consumo excessivo. Esse aumento de demanda por fontes finitas de commodities empurrou para cima os preços dos mercados internacionais.


De credores a devedores

Seis países mediterrâneos tinham crédito ecológico em 1961: Argélia, Marrocos, Líbia, Síria, Tunísia e Turquia. Todos, entretanto, se tornaram devedores em 2008 (ver mapa), enquanto as demais nações da região viram seu déficit ecológico subir. Em 2008, os déficits mais elevados foram de Itália, Espanha, Grécia e Egito. Três desses países, porém, forneceram quase 50% da biocapacidade da região: França (31%), Turquia (15%) e Itália (11%). O estudo da Unesco concluiu que quanto maior a renda de um país, maior sua demanda por recursos e serviços ambientais.

As nações criam déficit ecológico pela balança negativa entre o comércio e a exploração dos ecossistemas. A pegada ecológica associada ao consumo nacional é calculada somando-se o impacto das importações ao da produção e subtraindo-se as exportações. Isso significa que o uso de recursos e o impacto das emissões de gases derivadas da produção de um carro fabricado na China, mas vendido e usado na Itália, contribuiu para a pegada ecológica do consumo da Itália, e não para a da China.

Entre 1977 e 2008, a pegada ecológica embutida nas importações para o Mediterrâneo dos dez principais parceiros comerciais da região (entre os quais, Alemanha, China, Rússia, Bélgica e Holanda) aumentou quase cinco vezes, de 30 milhões de gha para 142 milhões de gha, especialmente pelas emissões de carbono relacionada ao consumo de energia elétrica e combustíveis fósseis, de commodities consumidoras de energia intensiva e do transporte de mercadorias. Por volta de 2008, a pegada de carbono respondeu por 52% das importações da Bacia do Mediterrâneo, seguida por importações de recursos de ativos como terras agrícolas e pesqueiros (24% cada).

Assim como o impacto na região cresceu pesadamente com as importações, os parceiros comerciais das nações mediterrâneas desenvolveram déficits ecológicos maiores. Entre 1977 e 2008, em alguns casos a parceria comercial também transformou os países detentores de reservas ecológicas (Canadá e Argentina) em países com déficits ecológicos (Alemanha, Bélgica, Holanda e China). Isso expõe a Bacia do Mediterrâneo ao risco de uma crescente dependência de países exportadores que produzem déficits ecológicos cada vez maiores, situação que poderá causar escassez de recursos na região no futuro.

Contudo, a mesma situação também oferece oportunidades. A maioria das exportações de recursos e serviços ambientais da região atualmente dirige-se a países que enfrentam déficits ecológicos. Em uma época de austeridade, os países mediterrâneos que conseguirem melhorar sua eficiência em recursos e manter uma balança comercial ecológica positiva certamente se beneficiarão com preços mais altos de commodities.


Mudar o modelo

A região em torno do Mediterrâneo vive um grave déficit ecológico, que irá piorar a menos que uma gestão eficaz dos recursos naturais se torne central na formulação de políticas. Muitas das medidas tomadas recentemente pela Grécia, Itália e por outros países para restaurar as finanças públicas podem acabar prejudicando a saúde do seu patrimônio ecológico e hipotecar sua segurança a longo prazo.

Por exemplo, em carta enviada ao Fundo Monetário Internacional em 6 de janeiro de 2012, o World Wildlife Fund (WWF) citou oito duras medidas impostas à Grécia por seus credores, em maio de 2010, consideradas pouco mais do que “emplastros”, que, “longe de curar feridas, estão exacerbando-as enquanto acumulam a longo prazo custos crescentes de recuperação ambiental”.

São elas: a demolição do “Fundo Verde” da Grécia, absorvido no orçamento do Estado; o corte de regulações ambientais pelo governo; a ênfase em grandes investimentos com controle ambiental questionável; a legalização de empreendimentos ilegais em áreas protegidas; a venda desordenada de terras públicas; a redução das equipes ambientais empregadas pelas autoridades públicas; o desmantelamento de instituições de governança ambiental; e o apoio questionável a fontes de energia sujas, como o carvão.

“É forte a crença do WWF” – afirma o documento –, “de que o desdobramento da crise na Grécia e nos países da zona do euro, além de ser baseado na má gestão das finanças nacionais, reflete um modelo de desenvolvimento deficiente, construído sobre o consumo excessivo e o aumento constante do déficit ecológico pela superexploração irresponsável dos recursos naturais.”

A Europa não está sozinha na busca de um novo modelo de desenvolvimento. Trata-se de um imperativo global. A Global Footprint Network chegou a calcular, ao longo do ano fiscal de 2012, o dia em que o estoque de recursos renováveis e serviços ecológicos do planeta teria se esgotado na atual voracide de consumo: 22 de agosto. Ou seja; em sete meses do ano a humanidade esgota seu crédito.

Segundo a organização, se continuarmos na rota business-as-usual, em 2030 precisaremos do dobro dos ativos ecológicos anuais da biosfera para atender à demanda, um nível de teto de consumo fisicamente impossível no longo prazo. Temos, então, uma janela de apenas 15 a 20 anos para mudar o modelo de desenvolvimento.

Os países presos na armadilha do consumo intensivo de energia e recursos se tornarão perigosamente frágeis, pois não conseguirão adaptar-se a tempo às crescentes restrições na disponibilidade dos recursos. Por outro lado, os que transitam para economias que trabalham a favor do bom orçamento da natureza – e não contra – poderão garantir uma prosperidade duradoura para seus cidadãos.
Revista Planeta

Oceanos Verdes

Como explorar economicamente os mares sem destruir os ecossistemas?
Por Luis Valdés e Wendy Watson-Wright


Fazenda de peixes em Ha Long, no Vietnã.

Usina de dessalinização de água do mar em Ashkelon, Israel

Estaleiro Taizhou, em Zhejiang, na China.


Empresa enlatadora de sardinhas em Douamenez, na França,


Em 2012, a Unesco apresentou, na Rio+20, seu Blueprint for Ocean and Coastal Sustainability (Plano Preferencial para a Sustentabilidade Costeira e do Oceano), uma compilação de dez propostas para tornar mais verdes as indústrias baseadas em recursos marítimos, em parceria com a Organização Marítima Internacional (OMI), a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO, na sigla em inglês) e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

O documento calcula a receita econômica global originária das indústrias entre US$ 3 trilhões e US$ 6 trilhões por ano, e indica que elas deverão crescer substancialmente no futuro. Em comparação, os serviços ambientais globais, não comercializados, que a biosfera proporciona (clima, água, solo, pólen, nutrientes etc.) são estimados em US$ 33 trilhões por ano. Desses serviços, 63% derivam de sistemas marinhos (US$ 20 trilhões), divididos pela metade entre litorais e oceanos abertos.

Esses sistemas deveriam ser tratados como se produzissem e fossem consumidos como atividades de mercado, defende o plano. O mercado de carbono internacional pode ajudar a defi nir e implementar um mercado de serviços ambientais dos oceanos. O objetivo é proteger sequestros de carbono litorâneos e marinhos e estabelecer metas para a proteção de hábitats. O plano propõe o desenvolvimento de metodologias para avaliar o valor econômico de serviços de ecossistemas de florestas marinhas, como mangues e recifes de coral, e a criação de mecanismos nos instrumentos de política climática global, para permitir que créditos de carbono sejam usados para sequestro e armazenamento de carbono em ecossistemas marinhos e costeiros.

Para haver uma mudança real rumo ao gerenciamento “verde” dos oceanos, o plano recomenda ao setor privado e às parcerias público-privadas um papel central no desenvolvimento de tecnologias e na mudança das culturas marítimas atuais. Por exemplo, a nação insular de Palau, no Oceano Pacífico, transformou suas águas em santuário para tubarões. O governo do país estima que um tubarão de recife valha cerca de US$ 1,9 milhão para a indústria turística durante seu tempo de vida, enquanto pescado rende US$ 108. Conheça as estratégias para a evolução rumo a uma economia verde.

Pesca e aquicultura

“Esverdear” o setor implica desenvolver a aquicultura de larga escala na plataforma marinha e gerenciar melhor as áreas de pesca, controlando também a presença de barcos estrangeiros em águas territoriais. As práticas sustentáveis na aquicultura podem promover o crescimento de espécies extrativas (algas e moluscos) e um maior cultivo de espécies herbívoras que convertem alimento em proteína mais eficientemente do que espécies carnívoras. Em paralelo, deverão ser adotadas medidas para reduzir a captura de peixes a fim de preservar os estoques locais, tais como políticas de cotas.

Dessalinização

O Golfo Pérsico detém 50% da produção global de usinas de dessalinização. Como alguns países estão se tornando dependentes dessa tecnologia – 90% da água potável do Kuwait vem do mar – ela vem se tornando mais acessível financeiramente para países em desenvolvimento e Estados insulares. Espera-se que se dissemine pelo mundo, reduzindo a falta de água doce e a necessidade de limpeza da água do mar. Como os resíduos salinos oriundos do processo de dessalinização podem ser prejudiciais aos ecossistemas marinhos, regimes de gerenciamento apropriados terão de ser postos em prática para minimizar efeitos colaterais. A dessalinização consome muita energia, e por isso as nações dependentes da tecnologia precisarão perseguir, simultaneamente, estratégias agressivas de baixo consumo de carbono.

Navegação

Com o aumento no comércio ampliou-se a demanda por transporte marítimo internacional. Em julho de 2011, a OMI estabeleceu medidas para aprimorar a eficiência energética em navios, o primeiro regime compulsório de redução de gases-estufa destinado a uma indústria internacional. Essas medidas têm sido adotadas pelas companhias de navegação. Outras providências requeridas por tratados internacionais ou aguardando aplicação internacional incluem prevenir a disseminação de espécies invasoras por meio da água de lastro e do casco do navio e reciclar embarcações de modo ambientalmente seguro. A poluição naval caiu de modo considerável nos últimos 30 anos, graças a melhores desenhos de cascos, fontes alternativas de combustível mais eficazes para os navios e maior preocupação com o meio ambiente.

Energia e minerais

Trinta por cento dos suprimentos globais de petróleo e gás provêm de plataformas marítimas continentais, uma porcentagem que cresce com o progresso tecnológico permitindo a exploração e a perfuração em águas mais profundas. O impacto dos combustíveis fósseis na mudança climática acentua a pressão no setor por investimento em tecnologias renováveis. Governos e a sociedade esperam aprimoramentos na tecnologia para evitar a perda de petróleo e de gás durante a extração e o transporte. Usinas eólicas na plataforma continental poderão gerar mais eletricidade do que em terra, pois os ventos são mais fortes e regulares no mar. A energia das marés também está se tornando uma opção viável, mas permanece marginal em virtude do custo proibitivo e da falta de acesso a tecnologias. A precificação apropriada do carbono emitido pelos combustíveis fósseis será essencial para nivelar o setor e tornar as tecnologias renováveis de energia marinha mais competitivas em relação aos combustíveis fósseis.

Novas tecnologias estão viabilizando economicamente a mineração marinha de fosfato, nódulos de manganês, depósitos de sulfeto hidrotermais e metais preciosos como as terras-raras. A Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDUM), de 1982, estabelece um regime para administrar a mineração de águas profundas em áreas além das jurisdições nacionais, por meio da Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos (ISA, na sigla em inglês).

Recursos genéticos e biotecnologia

A biotecnologia marinha e a proteção dos direitos de propriedade intelectual relacionados a ela serão parte importante da futura economia verde. Ao lado de maiores investimentos em pesquisa científica e da comercialização de produtos farmacêuticos, alimentos e aquicultura, deverá ocorrer uma proteção melhor da biodiversidade tanto nas áreas sob jurisdição nacional quanto fora delas. Há debates sobre se os recursos da genética marinha estão cobertos sob as provisões de mineração no leito marinho da CNUDUM. Vastas regiões oceânicas permanecem quase inteiramente inexploradas e há uma preocupação crescente de que estamos perdendo incontáveis recursos dos oceanos antes de compreendê-los totalmente.

Nitrogênio e fósforo

Dois dos mais prejudiciais poluentes dos oceanos, o nitrogênio e o fósforo privam áreas costeiras de oxigênio e causam danosos florescimentos de algas. A poluição por nitrogênio custa à União Europeia cerca de R$ 935 bilhões por ano. O caráter global da poluição de nitrogênio requer a implementação urgente de estratégias que façam o poluidor pagar pelo custo de prevenir ou mitigar a degradação ambiental. A política e os instrumentos regulatórios poderiam incluir uma regulação mais rígida de remoção de nutrientes das águas residuais, planos de gerenciamento compulsório de nutrientes na agricultura e regras aperfeiçoadas para o esterco. Instrumentos econômicos poderiam incluir a aplicação de taxas sobre fertilizantes ou sobre emissões de águas residuais da agricultura, e esquemas de cap and trade (mecanismo de mercado que cria cotas limitadas de comércio para a emissão de gases por setor ou grupo) destinados à emissão de nutrientes ou produção de fertilizantes, assim como subsídios para encorajar a reciclagem de nutrientes.

Revista Planeta

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Notícias Geografia Hoje

Represamento na Amazônia ameaça futuro de hidrelétricas
O desmatamento projetado para a região pode reduzir o potencial de Belo Monte

Dr. Morley Read/Shutterstock
Estudo publicado em Proceedings of the National Academy of Sciences, realizado por pesquisadores nos Estados Unidos e no Brasil descobriram que o desmatamento em grande escala da Amazônia produziu efeitos sobre o ciclo de água da região – e sobre o clima

Por Erin Brodwin

A Bacia Amazônica é o epicentro das usinas hidráulicas do mundo – as mesmas chuvas torrenciais que dão à região sua folhagem exuberante também a tornam um excelente destino para desenvolvedores buscando capitalizar sobre essa fonte de energia supostamente renovável. Mas a sustentabilidade de longo prazo desses projetos, que usam o fluxo natural de água para gerar eletricidade, atualmente está em estudo.

Um novo estudo sobre a Hidrelétrica de Belo Monte, um dos maiores complexos energéticos do mundo atualmente em construção no Rio Xingu, na região leste da bacia, descobriu que o desmatamento em grande escala na Amazônia oferece uma ameaça significativa para o potencial energético da usina.

Apesar de muitos estudos terem examinado os impactos do desmatamento na vizinhança imediata de projetos de energia hidrelétrica, menos atenção foi dada a seus efeitos em escala regional. De fato, estudos anteriores descobriram que a perda de árvores dentro da bacia de sítios de energia hidrelétrica aumentarou a capacidade de geração de energia da barragem no curto prazo, porque menos árvores estavam disponíveis para extrair água do solo e exportá-la para fora da bacia em um processo conhecido como evapotranspiração

Mas ao longo de uma região inteira, menos folhagem significa menos chuva, então rios fluem com menos potência.

Em seu estudo, publicado em Proceedings of the National Academy of Sciences, pesquisadores nos Estados Unidos e no Brasil descobriram que o desmatamento em grande escala da Amazônia produziu efeitos sobre o ciclo de água da região – e sobre o clima. Uma perda de 40% da floresta tropical amazônica, previram os cientistas, poderia reduzir a precipitação da região em até 43% entre julho e outubro, prolongando a temporada de seca da região. O desmatamento, portanto, reduziria a descarga hídrica dos rios – supondo uma perda florestal nula, a água dos rios flui durante cinco meses, entre fevereiro e junho. Mas se 40% das árvores da região fossem eliminadas, essa janela de grande fluxo diminuiria, durando apenas de março até maio. Essencialmente, “os picos diminuem”, explica Michael Coe, cientista sênior do Programa Amazônico do Centro de Pesquisa Woods Hole em Falmouth, no estado de Massachusetts, que trabalhou no estudo. Além disso, o pico de descarga hídrica de abril seria reduzido em aproximadamente 33%.

Então, independentemente do compromisso dos empreendedores com a conservação acentuada da Bacia do Xingu, o estudo sugere que eles terão que levar em conta os efeitos do desmatamento regional sobre a capacidade de geração de energia de seus projetos. “Você pode fazer um ótimo trabalho conservando a floresta em um local”, observa Coe, “mas pode ser prejudicado por atividades ocorrendo em outro”.

Pesquisadores estimam que se as práticas de eliminação de árvores continuarem como projetado, o projeto Belo Monte poderia ver seu potencial de geração de energia reduzido em até 38%.
 Scientific American Brasil

terça-feira, 23 de julho de 2013

A China vai parar de importar grãos do Brasil?


Mesmo com sua economia em desaceleração, país asiático vai continuar precisando de alimentos
por Rui Daher 

Foi anunciado o crescimento de 7,5% para o PIB da China no 2º trimestre de 2013 em relação ao mesmo período do ano passado. Confirma-se tendência de desaceleração no mais recente motor da economia mundial.

Nada imprevisto, até porque desejado pelo governo chinês desde que percebeu insustentável manter por 35 anos crescimento médio anual de 10%.

O pouso vem sendo suave e pode nem mesmo parar nesses 7,5%. O Centro de Pesquisa em Desenvolvimento do Conselho do Estado prevê que o crescimento chinês, no período 2018/22, se estabilize em 6,8%.

Se os países que se beneficiaram do estrondoso desempenho da economia chinesa nas últimas décadas, sobretudo exportadores de bens primários, bambearam os joelhos, folhas e telas cotidianas, seguindo volúpia catastrófica, nada fizeram para acalmá-los. Educadas que são, evitaram termo mais forte e bradaram: ferrou!

Não será tarefa fácil para o país transitar de uma economia altamente acelerada e com sérias distorções para uma mais lenta e equilibrada. Com menor dimensão, Japão e Coreia do Sul passaram pelas mesmas dificuldades nas décadas de 1970 e 1990, respectivamente. Pode acontecer quando uma economia menos desenvolvida começa a alcançar as mais avançadas.

A China planeja diminuir o peso de exportações e investimentos públicos para dar espaço ao consumo privado, que representa 35% do seu PIB. No Brasil, essa participação chega a 62%.

Sugiro calma. Não creio ter chegado o momento para que jovens em mochilas ergam cartazes em frente às representações diplomáticas chinesas no Brasil: “Tem que crescer, tem que crescer, tem que crescer!”. Chinês é meio encrencado para entender isso como um “direito fundamental da democracia”.

Puxarei brasas para as minhas sardinhas.

Nos últimos 12 anos, o consumo de alimentos básicos (arroz, milho, trigo e soja), no Império do Meio, cresceu 10% acima da produção, cuja capacidade de expansão está limitada por fatores climáticos, ambientais e de relevo, associados a um sistema coletivizado de baixa produtividade. Daí a sanha por importações.

Esse quadro tende a piorar para eles, o que não entristecerá nenhum produtor rural brasileiro, argentino ou norte-americano. Na China, é intenso o processo de urbanização de populações rurais. Tanto autóctone como estimulado pelo governo que, até 2025, deverá levar 250 milhões de pessoas para cidades recém-construídas.

O Partido Comunista Chinês age para inverter destino de populações antes mantidas nas zonas rurais através de reforma agrícola que, na década de 1950, distribuiu pequenos lotes de terra para, anos mais tarde, coletivizar suas produções.

Na década de 1980, cerca de 80% dos chineses viviam no campo; hoje, são 47%. O mesmo êxodo que ocorreu aqui através de construção política, econômica e social de cunho capitalista desregrado.

Com uma população quase sete vezes maior do que a nossa e renda familiar em contínua expansão, a produção de alimentos básicos na China, segundo dados de USDA e FAO, é apenas três vezes maior do que a do Brasil.

Entre 2000 e 2012, foram decrescentes as áreas plantadas com trigo e soja e não evoluiu a de arroz. Apenas a do milho teve crescimento. No mesmo período, lá a produtividade cresceu 20%; no Brasil, o dobro.

O desempenho agropecuário chinês, por todos os ângulos que se analise, é insuficiente para o crescimento populacional e a incorporação de novos segmentos ao consumo.

Conclusão à base de Maracujina: a China continuará a aumentar a demanda por bens primários e industrializados da agropecuária, e não terá como deixar de fazer grande parte das compras no Brasil.
Carta Capital

sábado, 20 de julho de 2013

Notícias Geografia Hoje


Rocha granítica no meio do oceano pode ser sinal de 'Atlântida brasileira'
Amostras foram encontradas a 1500 km de distância da costa do RJ, a 2500 metros de profundidade


Giovana Girardi - O Estado de S. Paulo


Um pedaço de rocha encontrado no meio do oceano Atlântico, no meio do caminho entre África do Sul e Brasil, pode ser o indicativo de um continente perdido na história do planeta Terra. A expectativa do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), que anunciou a descoberta nesta segunda-feira, dia 6, é que possa ser uma lasca de continente que se perdeu quando América e África se separaram, há cerca de 200 milhões de anos. Para entendimento do público, os geólogos já brincam que seria uma espécie de “Atlântida” brasileira.

De acordo com Roberto Ventura Santos, diretor de geologia de recursos minerais do (CPRM), o material foi coletado no ano passado a cerca de 1500 km da costa do Rio de Janeiro e a 2500 metros de profundidade, em uma região conhecida como Alto do Rio Grande. Trabalhos de dragagem do fundo do mar trouxeram à tona uma rocha “inusitada”, como define Ventura.

“Inusitada porque é uma rocha granítica. E não se encontra granito no fundo do mar. O normal é achar no continente. Para se ter uma ideia, os arquipélagos de Fernando de Noronha e de São Pedro e São Paulo são de origem vulcânica”, conta. Segundo ele, já de cara os pesquisadores imaginaram se tratar de um crosta continental. “Mas também poderia ser um lastro de navio. Era tudo tão inusitado que poderia ser qualquer coisa.”

O reforço de que pode se tratar mesmo de um pedaço de continente veio agora com uma expedição do navio japonês Yokosuda dentro do projeto “Busca pelos Limites da Vida” – uma iniciativa da Agência Japonesa de Ciência e Tecnologia da Terra e do Mar (Jamstec), que tem a cooperação científica de pesquisadores de universidades brasileiras e do CPRM.

Durante a viagem realizada no mês passado entre a África do Sul e o Rio de Janeiro, onde o navio aportou no final de semana, foi feita uma observação de um “morrete” bem onde o CPRM fez a dragagem da rocha misteriosa. A bordo de um minissubmarino – o Shinkai 6500 –, que desceu à profundeza de 2500 a 3000 metros – os pesquisadores visualizaram um monte com “rochas com feições semelhantes a rochas graníticas”, conta Ventura. Eles não fizeram, porém, nenhuma coleta e ainda não se tem certeza se a rocha dragada anteriormente tenha vindo exatamente desse morrete.

Para saber com certeza, explica Ventura, o próximo passo é fazer perfurações nesse local, para fazer uma amostragem e novas análises. “Falamos em Atlântida mais pelo simbolismo. Obviamente não esperamos encontrar nenhuma cidade perdida no meio do Atlântico”, brinca o geólogo. “Mas se for verdade que encontramos um continente no meio do oceano, será uma descoberta muito grande, que pode ter várias implicações, em relação à extensão da plataforma continental”, diz.
Jornal O Estado de S. Paulo

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Notícias Geografia Hoje


Busca por energia limpa requer desvios

 "NEW YORK TIMES"

Jonathan Wolfson e Harrison Dillon começaram daquele jeito mítico do Vale do Silício. Há uma década, os dois amigos de faculdade se puseram a trabalhar na garagem de Dillon, cultivando algas em tubos de ensaio, na esperança de usarem a biotecnologia para criar energia renovável. Aí encontraram um pequeno grupo de investidores.

Agora, eles lançaram seu primeiro óleo derivado de algas em escala comercial: pálido, inodoro e fornecido em um frasquinho dourado, ele não é voltado para tanques de combustível, mas para o rosto de mulheres preocupadas com o envelhecimento cutâneo.

Cada frasco de 30 ml custa US$ 79, e, talvez graças a ele, a empresa da dupla, a Solazyme, consiga ir além do ponto onde tantas outras companhias de tecnologia limpa perderam o gás: a passagem para a produção em escala comercial.

Jim Wilson/The New York Times
Vista em microscópio das células de alga contendo óleo, as com verde mais brilhante são as que mais têm óleo


A esperança da Solazyme é se manter à tona fabricando óleos que sirvam a diversas funções -como hidratar a pele ou substituir a manteiga e os ovos em receitas de forno. O passo seguinte é fabricar enormes quantidades de produtos de energia renovável a um preço capaz de concorrer com os combustíveis fósseis.

Há anos, gestores públicos, ambientalistas e empreendedores alardeiam a promessa de domar a energia do sol, do vento, das ondas, dos resíduos sólidos urbanos ou, agora, das algas. Desde 2007, o consumo de energia oriunda de fontes renováveis nos EUA cresceu quase 35%. Hoje, ele representa cerca de 9% do total, segundo a Administração de Informação Energética.

Mas houve fracassos proeminentes. Empreendimentos de energia limpa outrora promissores, que haviam atraído milhões de dólares em apoio do governo americano -como a fábrica de painéis solares Solyndra, a usina de etanol celulósico Range Fuels e o fornecedor de baterias A123 Systems-, faliram. A próxima geração de biocombustíveis, baseada em plantas não alimentícias, ainda luta para conseguir decolar.

O capital de risco se desacelerou, e novas empresas dessa área precisam queimar grandes volumes de capital em muitos anos de pesquisa e em equipamentos antes de comprovarem suas promessas. Em nível global, o capital de risco investido em tecnologias limpas diminuiu de US$ 9,61 bilhões em 2011 para US$ 7,4 bilhões em 2012, uma queda de quase um quarto, segundo o banco de dados i3 Platform, do Cleantech Group.

Por isso, as empresas de energia limpa não podem se apoiar na clássica abordagem em que os investidores recebem dividendos rápidos e polpudos. Elas precisam de uma combinação de verbas governamentais, parcerias setoriais e uma disposição para buscar linhas de produtos com maior valor agregado, como parte da rota que leva a mercados maiores, mas com margens mais reduzidas.

A história da Solazyme mostra como pode ser sinuoso o caminho que leva até tecnologias energéticas lucrativas. Quando começaram, Dillon e Wolfson cogitaram priorizar o uso de algas para produzir hidrogênio, mas os veículos movidos a hidrogênio nunca decolaram.

Os sócios da Solazyme perceberam que precisavam criar um produto que pudesse usar equipamentos e infraestrutura existentes, e o óleo combustível parecia a melhor aposta.

O problema em produzi-lo é que o volume é quem manda. Fazer um produto incrível não era o importante -se a Solazyme não conseguisse fazê-lo em quantidade suficiente, o negócio nunca teria sucesso.

O combustível celulósico pode em breve alcançar uma escala real: o Departamento de Energia dos EUA prevê que haverá 303 milhões de litros em produção comercial até 2015. Mas o uso de algas pelas empresas irá demorar até 2022, preveem as autoridades.

Na Solazyme, os sócios aceleraram os testes preliminares, tentando fazer algo que imitasse o óleo combustível existente. Eles também reprogramaram os micro-organismos para ver o que mais poderia resultar.

"A intenção era uma linha reta até os combustíveis, mas começou a ficar claro o quanto isso iria demorar", disse Wolfson, comentando a evolução da empresa até desenvolver múltiplas linhas de produtos.

A grande descoberta foi que as algas podem produzir óleos que, do ponto de vista bioquímico, se parecem muito com outros encontrados na natureza ou já em uso no mercado. Mas os sócios haviam vendido aos investidores uma empresa de energia, não uma fábrica de cosméticos, suplementos nutricionais e sabão.

Eles também haviam dito ao seu conselho que conseguiriam produzir combustível por meio da fotossíntese, mas o cultivo de algas onde houvesse luz solar suficiente exigiria enormes lagos e ameaçaria causar uma perda de vegetação.

Após procurar às pressas uma alternativa, Wolfson e Dillon informaram ao seu conselho que cultivariam as algas em tanques para produzir óleos especiais para mercados secundários, usando o faturamento dessas vendas para amparar o negócio de combustíveis durante o seu desenvolvimento. Seus principais patrocinadores, que já haviam investido juntos cerca de US$ 1,3 milhão, concordaram em financiar novos testes para essa ideia.

Vários conselheiros acabaram saindo, e vários investidores de risco que haviam demonstrado interesse nas rodadas preliminares de financiamento se retiraram pelo fato de os criadores insistirem em perseguir múltiplos mercados, segundo Wolfson.

"É bem verdade que, se você tenta fazer coisas demais e não tem um enfoque enquanto companhia, você vai fracassar -o enfoque realmente importa", disse ele. "O que eles realmente não entenderam é que a nossa plataforma é uma plataforma que está focada na produção óleos."

A empresa tem um acordo de vários anos com o conglomerado japonês Mitsui para desenvolver óleos específicos para os mercados químico e industrial. Em parceria com a Solazyme, a Bunge, multinacional gigante do setor agroalimentar, está construindo uma fábrica ao lado da sua usina de etanol de cana no centro-sul do Brasil. Ela vai usar o açúcar para alimentar as algas e espera produzir até 114 milhões de litros de óleo por ano para produzir sabão e outros produtos.

"Quanto maiores os dividendos que pudermos demonstrar de cada fábrica no começo, mais rápido conseguiremos financiar e construir fábricas", disse Wolfson. A empresa espera vender os óleos cosméticos a um preço 60% superior ao valor de custo, frente a 30% de lucro para os combustíveis e produtos químicos e 40% para os produtos nutricionais.

Uma tentativa de diversificação caiu por terra em 24 de junho, quando a Solazyme dissolveu uma parceria com a beneficiadora de amidos Roquette Frères.

As empresas estavam usando algas para produzir gorduras com baixo teor de saturação e óleos sem gorduras trans, além de um suplemento em pó, o Almagine, que deveria substituir ovos e gorduras saturadas. Mas as empresas disseram não ter chegado a um acordo sobre a estratégia de marketing.

Analistas dizem que as cifras operacionais da empresa sugerem que, por enquanto, ela é mais promessa do que realidade.

No ano passado, a Solazyme teve um prejuízo líquido de US$ 83 milhões sobre um faturamento de US$ 44 milhões. Ela também assumiu uma dívida de cerca de US$ 185 milhões no começo deste ano.

Mesmo assim, os analistas estão otimistas com as perspectivas da empresa, embora alguns manifestem ceticismo quanto à possibilidade de a Solazyme algum dia desenvolver combustíveis.

"Os combustíveis ainda são uma oportunidade para eles", disse Rob Stone, analista de pesquisas que monitora tecnologias limpas. Mas ele acrescentou que a nova capacidade produtiva em escala comercial poderia ser usada inteiramente para satisfazer à demanda nos mercados de maior valor agregado, então talvez não faça mais sentido para a Solazyme esgotar seu espaço produtivo fabricando combustíveis com margem de lucro menor.

"Acho que eles podem fazer uma companhia enorme sem jamais fazer praticamente nada no negócio dos combustíveis."
Folha de S. Paulo

domingo, 14 de julho de 2013

Hubble encontra outro planeta azul

Telescópio espacial da Nasa descobriu cor de planeta a 63 anos-luz de distância

Nasa
Ilustração do HD 189733b: azul, mas quente demais para os seres humanos


Astrônomos estudando as observações do telescópio espacial Hubble, da Nasa, descobriram a cor real de um planeta que orbita uma estrela a 63 anos-luz de distância do Sistema Solar. E a surpresa foi que o HD 189733b é azul como a Terra.

Usando o espectógrafo do telescópio, os cientistas descobriram sua cor original, e viram que se visto diretamente, ele seria parecido com a Terra. 
Mas as semelhanças acabam aí: no HD 189733b, a temperatura diurna pode chegar a 2760°C, e ali provavelmente não chove água, mas vidro, com ventos de 7.200 quilômetros por hora. A luz azul não ve do reflexo dos oceanos como na Terra, e sim da atmosfera quente que contém nuvens de partículas de silício, que ao se condensar no calor formam gotas de vidro que refletem luz azul.

Nasa
Imagem do Hubble mostrando o HD 189733b, o ponto mais brilhante no canto esquerdo. À direita, a nebulosa Messier 27

O HD 189733b é considerado um "Júpiter quente", um classe de planetas que orbitam muito perto de suas estrelas, e o estudo dele está trazendo novas informações sobre a composição química e estrutura de nuvens de todo o seu grupo.

O planeta foi descoberto em 2005, e está a 4,6 milhões de quilômetros de sua estrela, uma distância tão curta que seus campos gravitacionais se misturam e o planeta não tem rotação -- um lado sempre está de frente para a estrela e o outro está sempre no escuro.

Em 2007, o Telescópio Espacial Spitzer mediu a luz infravermelha emitida pelo planeta, chegando a um dos primeiros mapeamentos de temperatura de um exoplaneta, que mostrou que a diferença de temperatura entre os lados do HD 189733b pode chegar a 260 graus Celsius, que causaria ventos violentos do lado diurno para o lado noturno do planeta.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Notícias Geografia Hoje


Obama lança plano de combate às mudanças climáticas
Presidente propôs ações em três frentes: reduzir as emissões de gases de efeito estufa para produção de energia; preparar os EUA para mudanças futuras e liderar esforços internacionais

Das agências internacionais

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, propôs nesta terça-feira, 25, uma série de medidas para combater as mudanças climáticas. Em discurso na Universidade Georgetown, ele propôs ações em três frentes: reduzir as emissões de gases de efeito estufa da produção de energia; preparar o país para as mudanças que vão ocorrer e liderar os esforços internacionais para que o mundo encontre uma forma de lidar com a questão. 

Na semana passada, em Berlim, dando pistas do que estava por vir, Obama afirmou que as mudanças climáticas são a “ameaça global do nosso tempo” e prometeu ações para evitá-la.

Hoje destacou a "obrigação moral" que sente em iniciar a implementação de políticas avançadas que possam conter as emissões de gases de efeito estufa nos Estados Unidos e no exterior, na falta da uma legislação vinda do Congresso.

Mesmo sem citar metas numéricas, anunciou a adoção de padrões mais rígidos para usinas de energia novas e antigas. O projeto também inclui mais apoio federal para desenvolvimento e eficiência energética de combustíveis fósseis, além do rompimento de barreiras comerciais para produtos de energia limpa e impulsionar a cooperação bilateral climática com grandes economias como a China, Índia e Brasil.

Também ordenou que a Agência de Proteção Ambiental (EPA, na sigla em inglês) "estabeleça padrões de poluição por carbono tanto para usinas de energia novas quanto para as já existentes", em conjunto com os Estados, a indústria de energia e outras partes interessadas.
Jornal O Estado de S. Paulo

Notícias Geografia Hoje


Vazamentos de óleo deixam em alerta a bacia amazônica

Dois vazamentos de óleo na bacia amazônica, um no Rio Negro, perto de Manaus, e outro no Napo, na selva equatoriana, deixaram o governo brasileiro em alerta. A Capitania dos Portos do Amazonas abriu inquérito para apurar o derramamento de diesel na Transpetro na segunda-feira. Em outro acidente, no dia 31, da Petroecuador, o rompimento de uma tubulação derramou o equivalente a 6.800 barris de óleo que já atingem dezenas de comunidades no Equador.

O governo montou uma força-tarefa para impedir que a mancha atinja o Rio Solimões. A possibilidade de a mancha chegar ao Brasil seria "remota" pois o óleo derramado seria extremamente pesado. A presidente Dilma Rousseff foi informada do rompimento durante reunião do Fórum Brasileiro sobre Mudanças Climáticas, em Brasília. / LEONENCIO NOSSA
Jornal O Estado de S. Paulo

Notícias Geografia Hoje


Desmatamento dispara na Amazônia em maio

O Ministério do Meio Ambiente deve anunciar daqui a pouco que o desmatamento voltou a avançar fortemente na Amazônia no mês de maio. O site do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) que traz os dados do sistema Deter mostra que a perda da floresta foi de 464,96 km² no mês, contra 98,85 km² em maio do ano passado, um aumento de quase cinco vezes.

No acumulado desde agosto do ano passado, mês em que se inicia o calendário de cálculo anual de desmatamento, foram perdidos 2337,79 km², contra 1729,89 km² no período de agosto de 2011 a maio de 2012. O levantamento mensal do Deter funciona como um sistema de alerta para a fiscalização e capta somente desmatamentos superiores a 25 hectares

É um revés em um movimento que vem ocorrendo nos últimos anos de queda contínua da taxa de desmatamento – a principal política ambiental do governo federal. Os dados fechados do ano anterior, por exemplo, mostraram que o desmatamento de agosto de 2011 a julho de 2012 foi o menor da história do monitoramento – caiu 29% em relação ao período anterior, chegando a 4.571 km².

Tradicionalmente, é nos meses de seca, normalmente a partir de abril, que a motosserra canta mais alto. Mas nos últimos tempos os desmatadores têm mudado a tática e derrubado a mata mesmo no período de chuva. Apesar de mais complicado logisticamente, eles têm a vantagem de ficar “protegidos” pelas nuvens, que dificultam a visualização do monitoramento por satélite que faz os alertas, e pelas chuvas, que atrasam a chegada de Ibama e polícia ambiental.

Portanto, os dados agora de maio podem ser um pouco mais inflados porque estão deixando à mostra o que aconteceu na região na época da chuva. Mas refletem um alerta que ambientalistas vêm fazendo há algum tempo: de que, apesar dos ganhos obtidos nos últimos anos, o desmatamento não está contido.

Em meados do mês passado, o instituto de pesquisa Imazon, sediado em Belém, e que faz um monitoramento paralelo da perda florestal na Amazônia, também tinha mostrado essa tendência. Na ocasião, Adalberto Veríssimo, pesquisador sênior da ONG, comentou que o maior gargalo no momento é o chamado desmatamento especulativo, principalmente nas regiões do oeste do Pará e sudeste do Amazonas.

“É gente que derruba com a expectativa de que uma hora vai conseguir regularizar a terra e vendê-la”, diz. “Praticamente, não se vê mais o desmate de quem está na cadeia produtiva e quer aumentar sua área para plantar ou pôr gado. Nesses casos, os mecanismos de comando e controle do governo têm funcionado. Mas o governo vai ter de mudar a estratégia, talvez deixar claro que essas áreas desmatadas para especulação não vão nunca ser regularizadas. Aí cria um prejuízo e pode ser que a prática estanque”, disse ele no mês passado.

Ele alertou também que se esse ritmo se mantiver nos meses de junho e julho, tradicionalmente os de maior avanço do corte raso, por ser período de seca, o desmatamento total pode passar de 6 mil km². Segundo ele, esses dois meses costumam representar 30% do total.
Jornal O Estado de S. Paulo

sábado, 6 de julho de 2013

Notícias Geografia Hoje


Parlamento Europeu muda regras do comércio de emissões

A União Europeia aprovou uma reforma do comércio de emissões de CO2, na tentativa de conter a queda de preços das licenças para emissão de poluentes e assim recuperar o estímulo político à proteção do clima.

O princípio do comércio europeu de emissões é simples: quem emite dióxido de carbono (CO2), seja uma operadora de usina termelétrica, uma indústria ou uma empresa aérea, tem de pagar para tal, por meio da compra de certificados de emissão.

Se o preço é alto o suficiente, a economia possui então um incentivo para a proteção climática. E quem opera de maneira bastante ecológica, pode até mesmo vender certificados àqueles que são menos exemplares.

Assim esperava-se transformar a política climática numa questão de impiedoso cálculo econômico, alcançando o efeito desejado através das regras do mercado. Mas há muito o problema é que os preços dos papéis são muito baixos. Se inicialmente a Comissão Europeia calculava cerca de 30 euros por tonelada de CO2, já há vários meses o preço está por volta dos 5 euros ou menos.

A esse nível, a inovação ecológica deixa de valer a pena para muita gente. Por isso, as usinas termelétricas a carvão mineral, tão prejudiciais ao clima, voltaram a ser imbativelmente rentáveis.

DESEMPREGO

A razão para a queda de preços é a crise econômica e a distribuição gratuita de direitos de emissão de gases do efeito estufa para numerosas empresas com consumo energético especialmente elevado. Por esse motivo a Comissão sugerira diminuir artificialmente o número de certificados, aumentando assim o preço das licenças.

Mas representantes da economia advertiram contra uma sobrecarga da indústria, contra a migração e o fechamento de fábricas - bons argumentos, em tempos de desemprego elevado. E a proposta da Comissão foi rejeitada na primeira votação no Parlamento em abril último, devido à maioria conservadora e liberal.

Mas então a proposta foi atenuada e, nesta quarta-feira (03/07), aprovada pelo Parlamento Europeu. Ela prevê que 900 milhões de certificados sejam retirados temporariamente de circulação, só retornando ao mercado a partir de 2019 e 2020.

O acordo aprovado nesta quarta-feira tenta conciliar a parte política com o lado ambiental da disputa, restaurando o incentivo a um comportamento ecológico sem sobrecarregar excessivamente a economia. As reações foram bastante diversas.

O eurodeputado social-democrata Matthias Groote, que serviu de intermediador entre as bancadas, mostrou-se satisfeito. "O Parlamento Europeu salvou o comércio de emissões da extinção", disse o parlamentar. Rebecca Harms, líder da bancada verde, saudou o acordo, em princípio, mas pediu que o excesso de licenças não fosse retirado temporariamente do mercado, mas sim definitivamente. "Somente assim o comércio de emissões poderá criar estímulos de investimento para um desenvolvimento industrial limpo e sustentável."

Por outro lado, Herbert Reul, presidente da bancada conservadora-liberal no Parlamento Europeu e membro da Comissão Parlamentar da Indústria, considerou supérflua a recente votação, pois as metas climáticas da União Europeia seriam atingidas com ou sem a intervenção.

Além disso, intervenções no mercado seriam algo negativo: "Quando se interfere externamente no comércio de emissões, destrói-se justamente aquilo de que esse mercado realmente precisa: confiança e confiabilidade". Segundo Reul, a crise econômica também mostra que "precisamos de qualquer modo da indústria", ou seja a: proteção da indústria europeia tem absoluta prioridade.

INOVAÇÃO VERDE

Contudo também há vozes contrárias na bancada de Reul. Uma das mais proeminentes é o porta-voz de política ambiental Peter Liese. Ele não considera preços baixos somente um desestímulo ao comportamento ambiental: eles também representam para os Estados uma receita baixa com os certificados, redundando na falta verbas para programas nacionais de proteção climática.

O apoio para o encarecimento artificial dos títulos também partiu de uma fonte inesperada: algumas grandes empresas europeias de energia, como a Shell, Eon e EDF, veem suas inovações na Europa em perigo, afirmou o eurodeputado holandês do Partido Verde Bas Eickout.

"Elas veem que, no momento, as usinas a carvão são a forma mais barata de aquisição energética" e, por isso, estariam apoiando a intervenção. Por exemplo, a Eon possui um grande número de usinas elétricas a gás que, devido ao atual boom do carvão, quase não são rentáveis.

ESTADOS-MEMBROS

Após o Parlamento Europeu ter aprovado a reforma, cabe aos Estados-membros ratificá-la, e é difícil prever como irão tratar o acordo. Pois s diferentes países da União Europeia apresentam graus de motivação bem diversos, no que tange à proteção climática.

O espectro abarca desde países como a Dinamarca, que aposta inteiramente nas energias renováveis, até a Polônia, que quer proteger suas muitas usinas a carvão. Apesar das diferenças, a comissária europeia de Proteção Climática, Connie Hedegaard, espera por um consenso no mais alto nível da política ambiental.

Para ela, o comércio de emissões, como importante instrumento da política de proteção climática europeia, é um projeto de prestígio absoluto da UE, que desperta interesse e é imitado no mundo todo. Se o comércio de emissões perder o seu poder motivador, diz Hedegaard, então acabou-se a sua credibilidade.
Folha de S. Paulo

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Emissão de gases-estufa no Brasil cai 38,4% em cinco anos

Puxado pela queda significativa no desmatamento na região amazônica, o Brasil conseguiu reduzir em 38,4% a emissão de gases do efeito estufa entre 2005 e 2010, segundo estimativa divulgada nesta quarta-feira (5) pelo governo federal.

Os números são imprecisos, pela dificuldade natural de medição, em escala nacional, da quantidade de gases emitidos por indústrias e pelo setor agropecuário, por exemplo.

Por isso, oficialmente o governo nem chama os dados de "índice", mas de "estimativa". A margem de erro pode chegar a 15%, dependendo do tipo de fonte emissora dos gases do efeito estufa.

Os últimos dados do tipo, divulgados pelo governo, eram de 2005. Em 2009, o Brasil assumiu o compromisso voluntário de reduzir, até 2020, em até 38,9% o projetado para aquele ano em relação à emissão de gases causadores do efeito estufa.

Apesar do estado "muito avançado" do Brasil, como definiu o secretário de Políticas e Programas de Desenvolvimento do Ministério da Ciência e Tecnologia, Carlos Nobre, os números indicam que as reduções se limitaram ao universo das florestas.

Nas emissões geradas pela queima de combústiveis fósseis e pela indústria do petróleo e gás natural, por exemplo, houve um aumento de 21,4% na quantidade de gases na atmosfera - dobrando sua participação no total de emissões brasileiras.

Na agropecuária, setor que vem puxando pra cima o PIB brasileiro, houve aumento de 5,2% --índice quase igual aos 5,3% de outros setores industriais, como siderurgia e mineração.

O governo, no entanto, afirma que, apesar dos aumentos, eles cresceram menos do que vinha sendo projetado.

DESMATAMENTO

Mais cedo, a ministra Izabella Teixeira (Meio Ambiente) confirmou indicação dada em novembro, de que o desmatamento na Amazônia, em 2012, foi o menor desde que o governo começou a medi-lo.

O dado consolidado, medido pelo sistema Prodes, com satélites de alta resolução, aponta um desmatamento de 4.571 km² (equivalente a três cidades de São Paulo).

No ano anterior, o índice era de 6.418 km² --uma redução de 28,8%.
Folha de S. Paulo

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