quarta-feira, 30 de julho de 2008

Poluição dos Oceanos


O oceano não é uma esponja absorvente, como já se chegou a pensar. Pelo contrário, os mares de hoje lembram bem mais uma lixeira.
Embora seja difícil saber a quantidade exata de poluentes lançados ao mar, uma coisa é certa: todos os dias, os oceanos recebem toneladas de resíduos -alguns tóxicos, outros nem tanto. Não importa. Caiu no mar, no mar fica.
E é aí que mora o perigo: 77% dos poluentes despejados nos oceanos vêm de fontes terrestres e tendem a se concentrar nas regiões costeiras, justamente o habitat marinho mais vulnerável. Ora, ele é também o habitat mais habitado por seres humanos.
A população que mora no litoral ou nele passeia nos fins-de-semana e feriados é uma das grandes responsáveis pelo lixo que acaba se depositando no fundo do mar. Produzimos cada vez mais lixo e nos descartamos dele com uma velocidade cada vez maior.


Um estudo feito pela Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos estima que 14 bilhões de quilos de lixo são jogados (sem querer ou intencionalmente) nos oceanos todos os anos. Não é à toa que as descargas de detritos urbanos produzam efeitos tão nocivos.
Plástico
Produzimos vários tipos de lixo, mas a grande "praga" dos mares é o plástico. Ele tem uma vida útil curtíssima, mas demora centenas de anos para se desfazer, seja no mar, seja na terra.
E, dentro do estômago de um bicho marinho, ele pode fazer um grande estrago, levando-o à morte. Para uma tartaruga, por exemplo, um saco plástico boiando na água pode parecer uma água-viva -ou seja, comida.
Mas o lixo não é o único problema enfrentado pelos oceanos. A ocupação desordenada do litoral está criando outro tipo de poluição: a ambiental, caracterizada pela destruição das restingas e manguezais próximos à costa e pela poluição crescente das praias.
No próximo século, estima-se que 60% da população mundial esteja vivendo em áreas costeiras, o que significa um número ainda maior de hotéis, casas e lixo nas praias e no mar.
Esgoto
O esgoto (industrial e doméstico) constitui uma das grandes ameaças para a vida marinha e para quem vive no litoral porque age como um fertilizante. Pode parecer um paradoxo, mas não é.
O esgoto leva para o mar grande quantidade de matéria orgânica, o que acaba contribuindo para uma explosão do fitoplâncton -uma explosão que, não por acaso, é conhecida como "bloom".
A vida microscópica cresce de forma desordenada, prejudicando os outros organismos marinhos, que ficam sem espaço, sem oxigênio e sem nutrientes.
Um dos exemplos mais conhecidos do "bloom" é a chamada maré vermelha, que resulta da proliferação dos dinoflagelados -um tipo de fitoplâncton que contém pigmento vermelho. Os dinoflagelados produzem substâncias tóxicas que podem causar a morte.
O esgoto também carrega para os oceanos diversos organismos nocivos, como bactérias, vírus e larvas de parasitas. Metade do peso seco do lixo humano é composto por bactérias. Delas, um grupo em particular costuma ser apontado como o grande vilão: os coliformes fecais. Tanto que são empregados como indicadores do nível de poluição das praias.
E uma má notícia. Pelo menos 30% das praias brasileiras têm mais coliformes fecais do que deveriam - um sinal de que tem esgoto demais por ali.


Quanto tempo demora para se defazer nos oceanos?

Jornais - 14 a 42 dias
Embalagens de papel - 1 a 4 meses
Guardanapos de papel e frutas - 3 meses
Pontas de cigarro e fósforos - 2 anos
Chicletes - 5 anos
Nylon - 30 anos
Garrafas de plástico - 100 anos
Garrafas e frascos de vidro - 1 milhão de anos

Segredos dos Oceanos



Perfil dos oceanos
. Volume: 1,5 bilhão de km³
. Salinidade: 3,5% (ou 35 partes de sal por mil partes de água)
. Densidade média: 1,025 g/cm³
. Área total: 375 milhões de km²
. Pacífico: 166 milhões km²
. Atlântico: 86 milhões km²
. Índico: 73 milhões km²
. Ártico: 13 mil km²
. Profundidade média total: 4 km
. Pacífico: 4,1 km
. Atlântico: 3,7 km
. Índico: 3,8 km
. Ártico: 1 km
Fonte: "The New York Public Library Science Desin
Reference: 1995
QUAL A ORIGEM DOS OCEANOS?
Uma das teorias defende que, quando a crosta terrestre se formou há 4,5 bilhões de anos, as áreas mais baixas passaram a coletar os líquidos expelidos pelo interior do planeta. Outra teoria defende que cometas carregados de água contribuíram para o desenvolvimento dos oceanos no início da formação do planeta.
O QUE ACONTECERIA SE A VIDA NOS OCEANOS DESAPARECESSE?
A concentração de C02 (gás carbônico) na atmosfera praticamente triplicaria, já que a grande biomassa de fitoplâncton retira esse gás da atmosfera durante a fotossíntese. O excesso de gás carbônico elevaria a temperatura do planeta, desequilibrando os ecossistemas. Além disso, o oxigênio liberado pelo fitoplâncton desapareceria e causaria a morte dos seres na superfície terrestre, que necessitam dele para viver.
QUAIS SÃO OS SETE MARES?
Durante a Idade Média, a expressão "os sete mares" significava toda a extensão do mundo conhecido. No século 15, eram reconhecidos como sete mares: mar Vermelho, Mediterrâneo, Negro, Adriático, Cáspio, o golfo Pérsico e o oceano Índico.
No final do século 19, o escritor britânico Rudyard Kipling, que popularizou a expressão, definiu-os em seus contos e romances como sendo: Pacífico Norte, Pacífico Sul, Atlântico Norte, Atlântico Sul, Índico, Ártico e Ántartico.
POR QUE O MAR É SALGADO?
A água dos oceanos "escapou", há milhões de anos, do interior da terra. Chegou à superfície junto com magma, gases e a maioria dos elementos hoje nela dissolvidos. O mar já nasceu salgado. Mais de 80 elementos foram detectados na água do mar. A tabela acima traz os mais importantes , que representam 99,5% do total. O sal de cozinha, cloreto de sódio (Nacl) é o composto mais comum
Os níveis e seus habitantes
O oceano se divide em duas grandes regiões:
1. bentônica (do grego "benthos", mar profundo), que abrange o fundo dos mares. Pode estar situado em profundidades diversas. Divide-se em quatro estratos. A zona superior (até 200 metros) é bem iluminada e abrange as regiões costeiras e os recifes. Abaixo dela estão zonas cada vez mais profundas, escuras e menos habitadas
2. pelágica (do grego "pelagos", mar), que abrange o mar distante da costa e do fundo. Divide-se em três estratos:
. epipelágico (da superfície até cerca de 200 metros) - região bem iluminada pela luz solar, onde floresce o fitoplâncton (algas unicelurares que, por meio da fotossíntese, produzem quase toda a matéria orgânica do mar). Junto com os animais microscópicos do zooplâncton, formam a base da cadeia alimentar dos oceanos
. mesopelágico (de 200 a 1.000 metros) - abrange as zonas oceânicas fracamente iluminadas pelo sol, onde o fitoplâncton praticamente desaparece. A temperatura cai a quase 0º C. É habitada por cerca de 500 espécies. Os dois primeiros estratos concentram 80% dos seres e da biomassa marinhas
. batipelágico (mais de 1.000 metros de profundidade) - área não iluminada, sem filoplâncton. Pouco mais de cem espécies adaptaram-se às condições de alta pressão e baixa temperatura das águas profundas. A principal fonte de alimento são os detritos do fundo, resultantes da "chuva" de partículas que cai das camadas superiores
COMO AS ONDAS SE FORMAM?
As ondas que vemos chegar à praia são geradas pelo vento soprando sobre a superfície oceânica. O tamanho das ondas depende da área total atingida pelo vento, de sua intensidade e de sua duração. As ondas podem viajar por milhares de quilômetros sem perder muita altura. Isso explica a ocorrência de ondas na praia mesmo em dias sem vento.
QUAIS SÃO AS LEIS DOS MARES?
A Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar foi assinada em Montego Bay, na Jamaica, em 10 de dezembro de 1982, entrando em vigor em 16 de novembro de 1994. A convenção definiu os limites da soberania dos Estados sobre os mares adjacentes. Ela dividiu o espaço marítimo em várias zonas:
Mar Territorial - região de 12 milhas a partir da linha da costa, na qual o país costeiro dispõe de soberania plena sobre todos seus recursos econômicos (minérios, pesca); Zona Econômica Exclusiva - área que pode chegar a 200 milhas a partir da costa, na qual o país pode explorar a pesca e os recursos do fundo do mar, sem impedir a navegação e a comunicação entre outros países; Alto Mar - classificada de área internacional, é um espaço com liberdade de pesca e de pesquisa científica. Já os fundos oceânicos, considerados um patrimônio comum da humanidade.

Importância dos oceanos


Apesar de ocuparem 2/3 da Terra, as águas dos oceanos compõem um ambiente pouco conhecido pelo homem, que prefere explorar outros astros, em vez daquele em que vive.
Quinhentos anos depois da descoberta da rota para as Índias, conseguido graças ao desenvolvimento da navegação, o objetivo é chamar a atenção para a necessidade de preservar o ambiente que, desde as origens, garante a presença da vida sobre a Terra.
As águas dos mares têm importância crucial para a economia mundial, servindo de reserva de inúmeras fontes de energia, de alimentos e de via de transporte. Sua organização física, química e biológica afeta diretamente a sobrevivência de cada um dos seres humanos, gerando oxigênio e determinando o clima. Para o futuro próximo, os oceanos despontam como uma fenomenal fábrica de remédios capazes de curar males como o câncer e a dengue.
Um grupo de animais marinhos está abrindo novos rumos para a biologia. São os extremófilos, microorganismos que vivem em condições extremas: altas temperaturas (mais de 100º Celsius), falta de luz, de oxigênio e de nutrientes.
Vivendo em volta de fontes hidrotermais do fundo do mar, de fendas vulcânicas ou no gelo oceânico, as comunidades sobrevivem por conta da síntese química desses microorganismos, que não dependem da energia solar.
O estudo dessas bactérias levou à criação de um novo grupo de divisão dos animais do planeta, que recebeu o nome latino "archae".
Dos extremófilos, já foram isoladas enzimas que têm uso potencial no tratamento de dejetos industriais, na produção de alimentos e na elaboração de medicamentos.
As enzimas termoestáveis oferecem muitas vantagens em pesquisas científicas e em processos industriais. Algumas delas, que têm condições de alterar o DNA, como as polimerases, já estão sendo usadas industrialmente. Um dos usos mais "nobres" dessas enzimas tem sido acelerar pesquisas por meio da PCR (Reação em Cadeia de Polimerase), técnica utilizada no estudo de materiais genéticos.
A importância desse novo grupo de animais justifica os esforços de norte-americanos e japoneses para seu estudo. Nos EUA, cientistas da Administração Nacional dos Oceanos e da Atmosfera mantêm sempre um olho em um vulcão ao largo da costa do Estado de Oregon. No Japão, o Jamstec (órgão governamental para estudos aquáticos) envia robôs às profundezas para coletar materiais e observar a atividade vulcânica submersa.
Mas a descoberta dos extremófilos pode ser em vão se uma barreira comercial não for vencida: é preciso garantir uma boa quantidade de material para trabalhar e, ao mesmo tempo, preservar estoques desses animais para o futuro.

Aumento da taxa de desemprego



A "Kombi dos desesperados" estaciona nos arredores do Largo 13, em Santo Amaro, zona sul de São Paulo, para recolher homens desempregados dispostos a tudo: trabalhar quase de graça, nas mais perversas condições.
Cerca de 80 trabalhadores disputam, aos empurrões, uma vaga no carro. É a chance de aliviar, por uns dias, a penúria.
A Kombi sai de Santo Amaro com 20 desempregados espremidos dentro da sua lataria. Eles não sabem nem o destino nem muito menos quanto irão ganhar por dia. Têm idéia apenas do serviço: servente de pedreiro.
Desta vez, na manhã da última segunda-feira, não deu para o vigilante piauiense Raimundo Nonato dos Santos Souza, 30, há 12 anos em São Paulo, acostumado a disputar uma chance nas Kombis de Santo Amaro.
Passageiro da agonia
Pelo menos uma vez por semana, Souza tenta embarcar nessa "aventura". Independentemente da busca diária na esperança de voltar a trabalhar na profissão de vigilante, que exerceu ao longo de seis anos.
Na segunda-feira, conta, ele havia andado cerca de 40 quilômetros, batido em várias portas e preenchido dez fichas de candidato a uma vaga de trabalho.
"O pior é ter que voltar para casa sem resultado nenhum", diz. "Morro de vergonha de encarar minha mulher e falar a mesma coisa todo dia: sempre a mesma notícia ruim."
No desespero, o vigilante conta o que pensa: "Às vezes imagino fazer uma besteira grande ou me mandar no meio do mundo, mas lembro dos meninos e o mau pensamento vai embora".
Fazer uma besteira grande, na linguagem dos desempregados, tem um sentido trágico: seria o suicídio. Souza menciona essa possibilidade, mas imediatamente se benze três vezes e pede perdão pelo que falou.
A descrição acima, mostra uma das muitas façanhas que passa o trabalhador brasileiro na busca de um emprego e seu sustento diário ou seja, a luta pela sobrevivência.
A taxa de desemprego nunca foi tão elevava, sobretudo entre as pessoas de baixa qualificação. Então, entender suas causas torna-se essencial para compreender o sociedade atual.
Causas:
* introdução de novas tecnologias no processo produtivo
* uso das novas tecnologias exigindo maior qualificação do trabalhador
* adoção de medidas neoliberais com enxugamento da máquina pública
* constantes crises econômicas
* incorporação de mercados emergentes na economia globalizada. ex. CHINA
* falta de uma política (efetiva) nacional de geração de emprego
* a falta de qualificação e requalificação do trabalhador
* o baixo crescimento da economia
* abertura da economia para os produtos importados
* imigração
* descetralização industrial visando diminuir os custos da produção
Obs.:
Desemprego Estrutural - provocado pelo uso de novas tecnologias no processo produtivo
Desemprego Conjuntural - provocado por uma crise econômica

segunda-feira, 28 de julho de 2008

CAXEMIRA: EPICENTRO DO CONFLITO ENTRE INDIA E PAQUISTÃO



Manuel Cambeses Júnior
A espiral de tensão entre a India e o Paquistão, como resultado da disputa sobre a Caxemira, converte esta região em um dos pontos de maior efervescência e de fricção geopolítica do planeta. O problema tem adquirido altos decibéis emocionais, passíveis de estrepitosos estrondos bélicos, desde que o terrorismo islâmico - supostamente propiciado pelo serviço de inteligência paquistanês -, cravou suas garras sobre a India. Um novo atentado, ocorrido em Bombaim, na primeira quinzena de agosto, ameaça em incrementar a guerra fria que, lamentavelmente, envolve ambos os países.
A tradição hindu remonta há quatro milênios. Entretanto, a partir de 1192, projetou-se uma forte presença muçulmana em território indiano. De fato, apesar da imensa maioria populacional ser de origem hindu, a classe dominante era proveniente dos estratos sociais muçulmanos.

Esta tendência consolidou-se sob a dinastia dos reis durante o império grão-mongol, a partir de 1526. Após o desmembramento desse império, em 1761, os britânicos começaram a exercer seu controle sobre o vasto subcontinente, promovendo a desejada integração entre hindus e muçulmanos.

Durante a primeira década do Século XX, o partido do Congresso da India começou a promover a independência do país. A partir daí, projetaram-se duas tendências: uma representada por Mahatma Gandhi e Jawaharlal Nehru, e, a outra, por Allí Jinnah. Este último, buscou preservar os interesses dos setores muçulmanos, frente ao que considerava uma tendência pró-hindu, por parte de Gandhi. A partir dos anos quarenta do século passado, Allí Jinnah começou a insistir na criação de um Estado muçulmano independente, opondo-se a todo intento unitário.

Em 1947, o subcontinente emergiu da independência, dividido em dois Estados: Índia e Paquistão. Gigantescas massas humanas mobilizaram-se de um setor a outro para conformar dois espaços claramente divididos: um hindu, e outro, muçulmano.

O Estado paquistanês surgiu da província de Punjab, situada a Oeste do novo Estado da Índia. Com a terceira das guerras ocorridas entre essas nações, em 1971, a banda oriental do Paquistão se tornaria independente para formar um novo país: Bangladesh.

Entretanto, foi na primeira guerra entre os dois contendores onde surgiu o cerne do problema que ainda hoje envenena suas relações. A província de Caxemira, majoritariamente muçulmana, uniu-se à India, e não ao Paquistão, por decisão unilateral do marajá governante. Isso desencadeou, como corolário, um enfrentamento bélico que prolongou-se até 1949, quando a ONU estabeleceu um armistício promovendo a divisão da província. Como parte do acordo, a India se comprometeu a celebrar um plebiscito na região da Caxemira, o que, efetivamente, nunca ocorreu. Ao contrário, em 1957, dito território foi anexado à India. Desde então, os dirigentes paquistaneses vêm reclamando, veementemente, demonstrando estar inconformados com essa situação considerada anômala.

O aparecimento de uma linha de terrorismo islâmico, propiciado pelo Paquistão - segundo acusação do governo da India -, conduziu ao “alarme vermelho” as tensões entre os dois países, em mais de uma oportunidade. Após os atos terroristas perpetrados em território estadunidense, em 11 de setembro, o governo paquistanês buscou dissociar-se do fundamentalismo islâmico, e ambos países têm feito algum esforço no sentido de reaproximarem-se. Entretanto, as ações terroristas no território indiano podem terminar desencadeando uma nova conflagração armada, e que, nas atuais circunstâncias, seguramente teria um caráter bélico-nuclear, de conseqüências imprevisíveis.

India e Paquistão parecem ter olvidado que a sadia convivência entre vizinhos e a inter-relação econômica é um fator sinérgico e impulsionador do crescimento e demonstração de maturidade política. Lamentavelmente, estão agindo na contramão da História e, conseqüentemente, devem aprender a conviver com a idéia da própria extinção como parte de uma realidade cotidiana.
Explosões nucleares
O conflito serve como justificativa para a militarização da fronteira e para a corrida armamentista. Índia e Paquistão realizam testes nucleares em 1998 e, em abril de 1999, experimentam mísseis balísticos capazes de levar ogivas atômicas, rompendo acordo assinado meses antes. Os dois países chegam à beira da guerra total. O primeiro-ministro ultranacionalista da Índia, Atal Vajpayee, ordena um pesado contra-ataque, que expulsa os separatistas em julho. A derrota paquistanesa leva a um golpe militar, liderado pelo general Pervez Musharraf, que depõe o primeiro-ministro paquistanês, Nawaz Sharif. Índia e Paquistão travam na Caxemira, em 1999, um confronto com um saldo de 1200 mortos.


Terrorismo
Uma onda de explosões mata dezenas de civis nas maiores cidades paquistanesas, entre o final de 1999 e o primeiro semestre de 2000. Fracassam negociações de paz entre o governo da Índia e separatistas muçulmanos da Caxemira em julho de 2000. Os combates recomeçam, assim como as ações terroristas nos territórios do Paquistão e da Índia. Em agosto de 2000, o Hizbul Mujahidine, principal grupo separatista muçulmano na Caxemira, anuncia uma trégua unilateral. A Índia suspende operações militares na Caxemira, pela primeira vez em 11 anos. As negociações fracassam diante da recusa da Índia em admitir o Paquistão na negociação de paz.

Envelhecimento populacional no Brasil: uma realidade nova


Os pobres trabalhadores - Ceará - 1983

Alexandre Kalache
Os fatores determinantes do envelhecimento, a nível da população de um país, são, fundamentalmente, ditados pelo comportamento de suas taxas de fertilidade e, de modo menos importante, de suas taxas de mortalidade. Para que uma população envelheça, é necessário, primeiro, que haja uma queda da fertilidade; um menor ingresso de crianças na população faz com que a proporção de jovens, na mesma, diminua. Se, simultânea ou posteriormente, há também uma redução das taxas de mortalidade (fazendo com que a expectativa de vida da população, como um todo, torne-se maior), o processo de envelhecimento de tal população torna-se ainda mais acentuado. Tal processo é dinâmico, estabelece-se cm etapas sucessivas e é, comumente, conhecido como "transição epidemiológica ou demográfica". Na sua etapa inicial, as taxas de fertilidade são altas e a mortalidade está concentrada nos segmentos mais jovens da população; progressivamente, as taxas de mortalidade decrescem, aumentando a percentagem de crianças e prolongando a sobrevida, enquanto as taxas de fertilidade diminuem fazendo com que, proporcionalmente, os grupos de mais idade aumentem em relação aos mais jovens. Finalmente, quando as taxas de fertilidade e de mortalidade se mantém baixas, há um progressivo aumento, na proporção de adultos, na população, incluindo, naturalmente, os mais idosos. Neste estágio da transição epidemiológica, a "pirâmide" populacional passa a apresentar uma configuração retangularizada, característica das populações européias de hoje, por exemplo.

O Brasil está em franco processo de envelhecimento, tendo já atravessado as etapas iniciais do processo de transição epidemiológica e mesmo (no caso de algumas áreas localizadas de regiões metropolitanas mais desenvolvidas) atingido seu estágio final. Até a década de 50 ou mesmo 60, as características demográficas do país indicavam uma população bastante jovem, com altas taxas de fertilidade e taxas de mortalidade que apenas começavam a diminuir. A partir de então, teve início um processo de redução das taxas de fertilidade que, nos últimos anos, vem se acelerando. Para o País, como um todo, as taxas de fertilidade diminuíram em cerca de 30%, entre 1970 e 1980, diminuição esta, que se verificou em todas as regiões do Brasil, tanto nas zonas urbanas como nas rurais. Dados mais recentes, para algumas áreas do país, mostram que a redução das taxas de fertilidade, provavelmente, se acentuou deste então; a taxa de fecundidade total para o Estado de São Paulo, em 1980, era de 3.4 (número médio de filhos, por mulher em idade reprodutiva) passando a 2.6 em 1985, ou seja, uma diminuição de 20%, em apenas 5 anos. Paralelamente, tem havido uma diminuição nas taxas brutas de mortalidade para o País, como um todo, desde o início deste século, particularmente, a partir da década de 40. Como conseqüência, a expectativa de vida, ao nascer que era de apenas 33.7 anos em 1900 — havia alcançado 43.2 anos em 1950, 55.0 em 1960, 57.1 em 1970 e 63.5 anos em 1980. As estimativas indicam que, atualmente, ela deve ser da ordem de 66 anos, devendo alcançar 68.6 anos no ano 2000 e ultrapassar 72 no ano 2020.

Este processo de rápido envelhecimento populacional não é, naturalmente, uma característica única do Brasil, sendo compartilhado, de modo mais ou menos acentuado, por diversos outros países em desenvolvimento. Desta maneira, o envelhecimento populacional, que caracteriza, hoje, as populações dos países industrializados, passará, em futuro breve, a ser uma característica também nossa. Na verdade, já hoje, a maioria das pessoas idosas vive em países não-desenvolvidos e dentro de poucos anos, na passagem do século, mais de três quartos daqueles, com mais de 60 anos, serão habitantes do Terceiro Mundo.

Há, no entanto, uma diferença fundamental entre os fatores que levaram a transição epidemiológica dos países mais desenvolvidos e aqueles que se observam, hoje, nos países subdesenvolvidos. Até a Segunda Guerra Mundial, o impacto médico-tecnológico, na redução da mortalidade, estava limitado a um mínimo. Foi só a partir daí que se tornou possível prevenir e tratar diversas enfermidades, cujo desfecho, anteriormente, era, freqüentemente, fatal: tuberculose, poliomielite, sarampo, gastroenterites e pneumopatias na infância entre muitas outras. No entanto, muito antes disso, a expectativa de vida na Europa, como exemplo, já havia alcançado valores tão altos como os do Brasil de agora. Isso se deveu a uma melhoria das condições de vida para as populações daquele continente como um todo: melhor nutrição, condições habitacionais, saneamento, etc. Atualmente, mesmo que as condições de vida, sob o ponto de vista sócio-econômico, não tenham melhorado, significativamente, para uma parcela apreciável da população dos países subdesenvolvidos, as taxas de mortalidade vêm experimentando substanciais diminuições. Elas são resultantes de intervenções, de medidas específicas de saúde pública, do tratamento efetivo de infecções;não é portanto o processo de "envelhecimento natural" como conseqüência de melhores níveis de vida para a maioria dos habitantes (como na Europa pós-Revolução Industrial), mas um processo "artificial", em que muitos sobrevivem, apesar de suas condições de vida, simplesmente, porque recebem imunização ativa contra determinadas doenças ou tratamento específico, para outras. Em termos práticos, este tipo de processo de envelhecimento defronta países como o Brasil, com um duplo encargo na área da saúde: por um lado a importância crescente de doenças crônicas entre as causas de mortalidade (desde o início da década de 60 que as doenças cardiovasculares passaram a ser o primeiro grupo entre as causas de mortes no Brasil, seguido, atualmente, por neoplasias). Por outro lado, as marcas do subdesenvolvimento permanecem presentes, sobretudo, em termos de morbidade por doenças infecciosas e parasitárias ou pela importância que a subnutrição continua ocupando entre nós.

O envelhecimento da população brasileira é um fato irreversível, e que deverá se acentuar, no futuro próximo imediato. O impacto desta nova "ordem demográfica" é imenso — sobretudo, quando se observa que os fatores associados ao subdesenvolvimento continuarão se manifestando por um tempo difícil de ser definido. Não estamos, portanto, diante de uma situação como a européia quando o envelhecimento de suas populações ocorreu, a maioria dos países europeus já apresentava níveis sócio-econômicos que proporcionavam, a grande parte de suas populações, condições de vida satisfatórias. Com isso, os problemas conseqüentes ao envelhecimento populacional puderam ser encarados como prioritários. Nem por isso tem sido fácil resolvê-los. O desafio para nós é, portanto, considerável. O envelhecimento de nossa população está se processando em meio a condições de vida, para parcelas imensas da população, ainda muito desfavoráveis. O idoso não é uma prioridade, como pode ser visto nos países industrializados. No entanto, eles estão aí para ficar e em proporções crescentes, passando de 6% da população, em 1980, para mais de 13% previstos para o início do Século XXI.

A natureza dos problemas médico-sociais dos idosos tem características específicas que acentuam a importância de trabalhá-los, cuidadosa e sistematicamente. É muito mais fácil ignorar os problemas da infância pois eles "desaparecem" do seio da comunidade, com a mesma rapidez como surgiram do que muitos dos problemas associados à velhice. Por exemplo, uma criança com gastroenterite é mais facilmente ignorada pelo sistema de saúde, uma vez que o desfecho é dramático: cura ou morte em poucos dias. No entanto, uma pessoa idosa que sofra um acidente vascular-cerebral, ou tenha diabetes, ou seja hipertensa, permanecerá na comunidade, requerendo cuidados de saúde, não por dias ou semanas mas sim, por anos. Cedo ou tarde suas necessidades serão reconhecidas e algum tipo de intervenção, realizado. O resultado inevitável é uma competição por (escassos) recursos. E o único encaminhamento satisfatório é o reconhecimento desta nova realidade demográfica, de modo a que um planejamento adequado possa ser feito.

O envelhecimento da população brasileira necessita, de imediato, de um diagnóstico de saúde a níveis nacional e regional, que possa conduzir a propostas realistas. As intervenções que daí surgirem, deverão então, ser avaliadas e redirigidas. Há uma necessidade premente de métodos inovadores e imaginativos, que possam contribuir para uma atenção ao idoso, em bases humanísticas e, ao mesmo tempo, compatíveis com a realidade sócio-econômica do país. O objetivo final deve ser sempre a manutenção, na comunidade, do maior número possível de idosos, contribuindo, ativamente, para ela, e mantendo seu grau de autonomia (e dignidade) pelo maior tempo possível. Este debate se impõe, de imediato, para quantos possam estar interessados em Saúde Pública, em nosso país.


© 2008 Escola Nacional de Saúde Pública, Fundação Oswaldo Cruz

Envelhecimento da população



Num país em que quase 10% da população tem 60 anos ou mais, envelhecer com saúde e disposição é um dos principais desafios.
Segundo a Síntese de Indicadores Sociais de 2005 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de pessoas no país com 60 anos ou mais era superior a 18 milhões em 2005 (o que representa quase 10% da população total).



Além disso, o número de pessoas com mais de 80 anos alcançou a marca de 2,4 milhões de pessoas, sendo a maioria delas mulheres. O Brasil também possui 11.422 pessoas com 100 anos ou mais, sendo 7.950 mulhrees e 3.472 homens.



A expecativa de vida ao nascer será de 78,3 anos em 2030, sendo que em 2005 essa expectativa era de 72,05 anos.

Problemas do envelhecimento populacional no Brasil:
* os baixos salários dificultam a integração social e obrigando idosos a adiarem suas aposentadorias ou buscar outras fontes de renda como forma de manter a qualidade de vida
* essa parcela da população sofre com o preconceito e a discriminação, apesar da existência do estatuto do idoso
* falta de investimentos públicos na saúde de amparo ao idoso vem comprometendo a qualidade de vida
* maior longevidade da população resulta em reforma previdenciária com um número maior de anos de contribuição

* novas profissões tendem a se desenvolver visando cuidar da saúde da terceira idade, como é o caso de Gerontologia na universidade

* a falta de emprego no setor formal da economia leva idosos a se empregarem em profissões insalubres e com baixa remuneração no setor informal

Projeções da pirâmide etária no Brasil:

ALIMENTOS TRANSGÊNICO


Todos os seres vivos carregam em suas células uma espécie de carteira de identidade – o DNA. A engenharia genética trabalha com a manipulação do DNA, criando novas características para o ser vivo – seja trocando a ordem dos genes ou introduzindo um novo gene, alheio à composição original. O gene modificado é chamado de transgene, daí o termo 'transgênico' para definir o novo ser vivo que é gerado desta manipulação. Ela também é conhecida como GM, geneticamente modificada.
Mudando a 'identidade' do animal ou planta, pode-se obter praticamente qualquer coisa. As experiências com manipulação de genes já criaram desde ratos que brilham no escuro até plantas com genes de doenças em seu DNA que podem funcionar como vacinas. Na agricultura, no entanto, o cultivo de plantas modificadas sempre veio acompanhado de polêmica. Os EUA são um dos maiores produtores de soja e milho transgênico no mundo, mas o mercado não é receptivo – a maioria dos países da Europa e da Ásia não compram as safras, com medos de danos biológicos.
Vários pesquisas com plantas transgênicas já estão sendo feitas no Brasil, como soja resistente a diferentes tipos de herbicidas milho e algodão resistentes a insetos e herbicidas, batata resistente a vírus, entre outras.

Os riscos para o meio ambiente

Além dos riscos para a saúde humana, existem graves riscos para o meio ambiente que devem ser conhecidos.

1) criação de “superpragas” e “superinvasoras”: caso venham a ser transferidos os genes inseticidas ou os genes de resistência a herbicidas, as combatidas pragas e “invasoras” (ervas daninhas) desenvolverão esta mesma resistência, o que tornará necessária a aplicação de maiores doses ou mesmo de defensivos mais fortes sem considerar o desequilíbrio do ecossistema.
2) aumento de resíduos tóxicos: a utilização de plantas transgênicas com característica de resistência a herbicidas implicará na possibilidade de elevação do uso desses agrotóxicos, resultando dai maior poluição dos rios e dos solos.
3) impossibilidade de controle sobre a natureza: a introdução de uma espécie transgênica no meio ambiente é irreversível, pois o gene pode se propagar sem controle, não se podendo prever as alterações no ecossistema.
4) alteração do equilíbrio dos ecossistemas: a criação de “superpragas” e “superinvasoras”, assim como o aumento dos resíduos tóxicos e a impossibilidade de controle das novas espécies, provocarão uma/ alteração do equilíbrio dos ecossistemas.

Portanto, em que pese a importância de se buscar novas tecnologias para aumentar a oferta e a qualidade dos alimentos, é obrigação do Poder Público agir com muita cautela e verificar os riscos envolvidos para que não impliquem em novos danos. Hoje, o que se vê é a adição contínua de novos riscos para a saúde dos seres humanos e para o meio ambiente: foi assim com os aditivos, os agrotóxicos, os anabolizantes usados no gado, os antibióticos, a irradiação e, agora, a engenharia genética.

Rotulagem dos alimentos trangênicos

Existem atualmente duas importantes correntes sobre a questão da rotulagem dos transgênicos; uma propõe três tipos de rótulos: não contém OGM, contém OGM e pode conter OGM, a outra, simplesmente defende a não identificação da tecnologia que envolve a produção de tais alimentos.

Destacamos as vantagens e desvantagens dos produtos engenheirados, como por exemplo: frutas que mantêm o sabor e permanecem com sua consistência por vários dias em temperatura ambiente e vegetais produzidos sem a necessidade de se utilizar agrotóxicos. Entretanto, quando tentaram melhorar a qualidade nutricional da soja com genes da castanha do Pará, pessoas que nunca haviam comido a castanha passaram a apresentar alergia quando ingeriam a soja modificada. Como ficariam os consumidores que são vegetarianos, se um gene animal fosse incluído em um determinado vegetal, logo esse vegetal passa a produzir uma proteína animal, o consumidor vegetariano não teria que estar informado sobre o tipo de alteração? Se introduzíssemos um gene de amendoim em um outro vegetal, e uma pessoa, que é alérgica ao amendoim, fosse consumir esse produto e, por não estar devidamente informada, desenvolvesse uma reação alérgica grave? Quais os genes que são ativados e desativados ao longo do ciclo vital de um organismo?
As questões sobre genes de resistências para antibióticos merece uma reflexão à parte. Os opositores dos alimentos engenheirados pintam um panorama alarmista quando da ingestão de um alimento com um gene de resistência para um antibiótico, e levantam a suspeita de que microorganismos do nosso estômago ficariam imediatamente resistente ao antibiótico, causando um problema de Saúde Pública. Enquanto que os defensores estão baseando seus argumentos em um documento elaborado durante um simpósio realizado em 1993, pela Organização Mundial da Saúde, que alega a inocuidade de tais alimentos. Na realidade o que existe é uma falta de dados atuais e mais consistentes sobre os efeitos colaterais de tais alimentos.
No Brasil, temos constatado que a orientação sobre a rotulagem está sendo conduzida pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança - CTNBIO, quando a sua competência legal não é de decidir se rotula-se ou não, e sim dar um parecer conclusivo sobre a segurança do alimentos engenheirados. A rotulagem deve ser tratada no âmbito da Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde e do Código de Defesa do Consumidor, sendo de competência do lnmetro coordenar o grupo que definirá a posição do País nas reuniões do Codex Alímentarius. O alimento só deve ser liberado se for seguro, o que é uma condição “sine qua non”, mas o rótulo deve conter informações que assegurem a população da decisão de seu consumo em cima de valores culturais, religiosos, éticos e etc.

Revistas Globo Rural e Ecologia

sábado, 26 de julho de 2008

Milton Santos

.MILTON SANTOS (Entrevista / Folha de São Paulo)
Cassiano Elek Machado

Escondida em "uma catacumba" do prédio de geografia da Universidade de São Paulo, que o pensador recebeu a Folha para mostrar flashes desse seu retrato do Brasil.

Folha - No início de "O Brasil", o sr. escreve que Darcy Ribeiro interpretou o país a partir de seu povo, Florestan Fernandes, a partir da cultura, e que Celso Furtado buscou um retrato com uma matriz econômica. Gostaria que o sr. falasse sobre a moldura que o sr. usou para seu retrato do Brasil.
Milton Santos - Interpretei o Brasil a partir do seu território. Ele é a personagem central dessa leitura. Quero mostrar que o território permite fazer falar a nação.
Um intelectual com ambição globalizante pretende que seu discurso seja representativo da realidade. A pretensão é igual à de Sérgio Buarque de Hollanda e de Celso Furtado. A diferença é que o resultado é menor. Mas assim como acontece com Celso, Buarque ou Florestan, quero que um sujeito que leia essa obra no Japão ou na Cochinchina entenda o Brasil.

Folha - Como o sr. definiria o conceito de território de "O Brasil"?
Santos - No começo da história, havia a natureza. Vem o homem, se instala e começa a agregar novas coisas. Ele produz o território, dessa forma. Pode-se definir o território a partir do Estado, como na ciência política, ou pelos acidentes geográficos, como fazia outrora a geografia. Aqui na USP trabalhamos com a idéia de que o território é a construção da base material sobre a qual a sociedade produz sua própria história.

Folha - Quais os maiores desafios em discutir as questões territoriais em um momento em que a globalização torna os limites geográficos cada vez mais permeáveis?
Santos - Um dos grandes desafios é da própria tradição da geografia. Durante sua vida, ela trata o território como um quadro negro sobre o qual a sociedade reescreve sua história. A ambição desse trabalho é negar essa visão do território. Ele também é dinâmico, vivo. A sociedade incide sobre o território e esse, na sociedade.
Com relação à pergunta, podemos falar daquilo que sociólogos chamam de desterritorialização, que viria da globalização. É o contrário. Nunca o território foi tão importante para a economia, para a sociedade e até para a cultura.

Folha - Qual momento específico da ocupação do território brasileiro acentuou de modo mais relevante as desigualdades sociais?
Santos - A globalização. Ela representa mudanças brutais de valores. Os processos de valorização e desvalorização eram relativamente lentos. Agora há um processo de mudança de valores que não permite que os atores da vida social se reorganizem. Até a classe média, que parecia incólume, está aí ferida de morte.

Folha - Em "O Brasil" o sr. diz que a globalização agrava as diferenças regionais brasileiras. Até que ponto ela também integra?
Santos - Ela unifica, não integra. Há uma vontade de homogeneização muito forte. Unifica em benefício de um pequeno número de atores. A integração é mais possível do que era antes. As novas tecnologias são uma formidável promessa. A globalização é uma promessa realizável e a integração será realizada.

Folha - Que mudanças mais radicais os avanços tecnológicos causam do ponto de vista geográfico?
Santos - A mais radical é a tecnização da natureza. A substituição cada vez maior de uma ordem natural para uma ordem técnica, com todos os seus constrangimentos, seu discurso, sua sedução. É uma produção ao mesmo tempo do real e do mitológico.
Ao longo dos séculos, as mitologias eram produzidas pelos povos. Hoje não. Três ou quatro marqueteiros se juntam, produzem uma mitologia e vendem. A cidade, por exemplo, é tida por aqui como um lugar miserável.

Folha - E o que o sr. acha disso?
Santos - As cidades não são nada disso. A cidade é o único lugar em que se pode contemplar o mundo com a esperança de produzir um futuro. Mas se criou toda uma liturgia anticidade. A cidade, porém, acaba mostrando que não existe outro caminho senão o socialismo. Para evitar que as pessoas acreditem nisso, há todo um foguetório ideológico para dizer que a cidade é uma droga. Imagine ir morar num campo. Só um louco quer morar em uma cidadezinha do interior.

Folha - Qual opinião exposta em "O Brasil" o sr. acredita que vai causar mais polêmica?
Santos - Gostaria que fosse a ingovernabilidade. O modo como o território é usado aponta a ingovernabilidade da nação, dos Estados e das cidades. Existe um despreparo político e intelectual para enfrentar contradições.

Folha - Quais as soluções para essa ingovernabilidade?
Santos - Creio que é preciso ampliar a produção do discurso. Depois deve se reequacionar as relações sociais no território.

Folha - O sr. diz: "A territorialidade humana pressupõe a preocupação com o destino". Qual deve ser o nosso destino?
Santos - Você está me lançando a presidente da República (risos)? Creio que o que está acontecendo já é a produção de um outro tipo de massa, sobretudo na cidade. Por aí a coisa vai. Contatar essa busca de sentido das massas é o caminho. Quem não for um bom rapper ou algo assim vai ficar na rabeira. A população quer novos intérpretes para essa questão.

Folha - E por que as interpretações amplas sobre o país, que foram relativamente comuns até os anos 50, entraram em desuso?
Santos - Acredito que a culpa é da universidade. Tanto ela quanto as instituições que financiam pesquisas querem respostas rápidas, trabalhos de curtos prazo.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Monções - sul e sudeste da Ásia



Segunda, 10 de julho de 2006.(REUTERS)
¨Chuvas de monções inundaram grande parte do Estado de Uttar Pradesh, na Índia, onde 21 pessoas morreram em decorrência de afogamentos, desmoronamento de casas e relâmpagos durante o fim de semana, de acordo com relatos de autoridades nesta segunda-feira.

Em Bangladesh, pelo menos 12 pessoas morreram em deslizamentos de terra ou após serem atingidas por raios durante os últimos dois dias, em pesadas tempestades no leste do país. Ao longo de toda a Índia, pelo menos 250 pessoas morreram desde o começo da estação das monções, em junho.

As pesadas tempestades causaram quedas de energia por várias horas no Estado de Uttar Pradesh, o mais populoso da Índia, com 170 milhões de pessoas, incluindo na capital do Estado, Lucknow. Na semana passada, mais de 80 pessoas morreram por causa das chuvas de monções no oeste e leste da Índia e a vida normal em Mumbai foi afetada por dois dias, quando o aguaceiro atingiu o centro financeiro da Índia.

Em Uttar Pradesh, as pessoas criticaram o governo por não tomar medidas para prevenir as cheias e inundações. "Parece que as autoridades só estão interessadas em liberar fundos todo ano, de maneira que elas possam surrupiá-los, enquanto temos que sofrer ano após ano com a fúria da natureza", disse Ram Chander, um operário que mora nas cercanias de Lucknow.

O Comissário de Socorro de Uttar Pradesh, Renuka Kumas, disse que, apesar de o Estado ter um orçamento anual de 65 milhões de dólares para lidar com desastres naturais, gastou apenas 17,4 milhões de dólares em melhorias."


Países como a Índia, Laos e o Vietnã, localizados no sudeste asiático, se beneficiam da influência dos ventos monções para o desenvolvimento de atividades econômicas, mais precisamente, na prática agrícola, no cultivo de arroz.

Esse tipo de vento ocorre por meio da disparidade de temperatura referente ao aquecimento e resfriamento, entre a massa continental e o oceano índico, além da influência do relevo. No decorrer do inverno e verão ocorre uma troca na ordem das zonas de alta e baixa pressão.
Monções de verão - ventos constantes que sopram do oceano (alta pressão) para o continente (baixa pressão) provocando chuvas e inundações.
Monções de inverno - ventos constantes que sopram do continente (alta pressão) para o oceano (baixa pressão), tendo como consequência falta de umidade e seca.

Trabalho que gera pobreza


Sebastião Salgado
Nas primeiras horas do dia, raízes de vetiver, empregadas na manufatura de perfumes de qualidade, são levadas à destilaria. Ilha de Reunião (território francês), 1989.

SHAEL - UMA TRISTE REALIDADE






As fotos de Sebastião Salgado retrata o sofrimento vivenciado pela população africana ao sul do Deserto do Saara. A desertificação que atinge principalmete o Mali, Sudão, Chade e Níger perpetua a pobreza, a fome, as migrações, desestruturação da agricultura de subsistência, além de alimentar conflitos localizados.
Causas da desertificação: monocultura sem devidos cuidados com o solo; desmatamento deixando o solo exposto, propício a se fragmentar pelo vento e água, por se tratar de um solo arenoso é facilmente dispersado, iniciando assim o processo de desertificação; avanço da pecuária extensiva; escassos recursos financeiros aplicados em tecnologia agrícola com finalidadde de preservação do solo do semi-árido; queimadas; uso excessivo de agrotóxicos; etc.
Consequências da desertificação:Migração descontrolada para as áreas urbanas;Desagregação familiar devido ao êxodo;Crescimento da pobreza;Aumento das doenças devido à falta de água potável e subnutrição;Perda do potencial agrícola; Perdas de receita econômica; etc.

A LUTA PELA TERRA - UMA PARADA DE DOR



No dia 17 de abril de 1996, 1500 camponeses ocuparam a rodovia PA-150, na altura do vilarejo de Eldorado dos Carajás em protesto contra a demora do governo federal em assentar suas famílias nas terras da Fazenda Macaxeira, onde já se encontravam já fazia vários meses. No final da tarde, o comando da polícia militar do Pará enviou tropas de dois quartéis diferentes, com fuzis e metralhadoras, que cercaram os manifestantes dos dois lados da estrada e em seguida abriram fogo, matando 19 camponeses e deixando 57 feridos. O legista Nelson Massini, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, enviado ao Instituto Médico Legal de Marabá pela Comissão de Direitos Humanos do Senado, constatou que dez das vítimas, pelo menos, foram executadas sumariamente com tiros na cabeça e na nuca. As marcas de pólvora indicam que as armas foram disparadas a curtíssima distância. Outros sete sem-terra tiveram seus corpos retalhados a golpes de foice ou facão. Pará, 1996.
http://www.landless-voices.org/vieira/archive-05.phtml?rd=PARADEOF937&ng=p&sc=3&th=55&se=0

FILHOS DESSA TERRA




Crianças em um acampamento sem-terra às margens da rodovia PR-158. Paraná, 1996.
http://www.landless-voices.org/vieira/archive-05.phtml?rd=CHILDREN583&ng=p&sc=3&th=55&se=0

MIGRAÇÃO RURAL PARA AS GRANDES CIDADES


O sertão não pode mais reter seus habitantes. A estrutura agrária, rígida e feudal, exclui a possibilidade de o sertanejo dispor de um pedaço de terra, ainda que ínfimo, para a lavoura de subsistência. Por sua vez, o desmatamento se amplia na área, o que agrava os fenômenos da seca e desertificação no Nordeste. Os moradores abandonam o campo e buscam a sobreviência nas cidades, tornando ainda mais agudo o problema do êxodo rural. Fortaleza, por exemplo, teve sua população quadruplicada em poucos anos e se converteu numa das grandes metrópoles-favelas do continente. Ceará, 1983.
PROCISSÃO DOS RETIRANTES
Terra-Brasilis, Continente
Pátria-Mãe da minha gente,
Hoje eu quero perguntar:
Se tão grandes são teus braços,
Por que negas um espaço,
Aos que querem ter um lar?
Eu não consigo entender,
Que nesta imensa nação,
Ainda é matar ou morrer
Por um pedaço de chão!
Lavradores nas estradas,
Vendo a terra abandonada,
Sem ninguém para plantar.
Entre cercas e alambrados,
Vão milhões de condenados
A morrer ou mendigar.
Eu não consigo entender.
Achar a clara razão
De quem só vive pra ter
E ainda se diz bom cristão!
No Eldorado do Pará,
Nome Índio: Carajás
Um massacre aconteceu.
Nesta terra de chacinas,
Essas balas assasinas
Todos sabem de onde vem.

É preciso que a justiça
E a igualdade sejam mais
Que palavras de ocasião.
É preciso um novo tempo,
Em que não seja só promessa
Repartir a terra e o pão
(A hora é essa, de fazer a divisão!)
Eu não consigo entender,
Que em vez de herdar um quinhão
Teu povo mereça ter
Só sete palmos de chão!
Nova leva de imigrantes,
Procissão dos retirantes,
Só há terra em cada olhar.
Brasileiros feito nós,
Vão gritando, mas sem voz
Norte a sul, não tem lugar.

Eu não consigo entender,
Que nesta imensa nação
Ainda é matar ou morrer,
Por um pedaço de chão!
Pátria Amada do Brasil,
De quem és mãe gentil?
Eu insisto em perguntar:
Dos famintos das favelas,
Ou dos que desviam verbas
Pra champagne e caviar?
Eu não consigo entender,
Achar a clara razão
De quem só vive pra ter,
E ainda se diz bom cristão.(Martin Cesar Ramires Gonçalves)

PETROBRÁS


História: 'Petróleo é nosso' leva à criação do monopólio
03/10/2003
DANILO JANÚNCIO
do Banco de Dados
Entre a primeira concessão para exploração de petróleo no Brasil e a criação da Petrobras, em 1953, se passaram 89 anos. O país viu o embate entre o escritor Monteiro Lobato e o governo Getúlio Vargas, a divisão entre nacionalistas e defensores do capital estrangeiro e a campanha "O petróleo é nosso", que culminou na criação da petrolífera nacional.

A primeira concessão para a exploração de petróleo foi dada a um inglês, ainda no século 19. Com um decreto imperial de 1864, Thomas Denny Sargent começou suas buscas, em Camamu, na Bahia, mas não obteve sucesso.

Em 1892, o brasileiro Eugênio Ferreira de Camargo realizou a primeira sondagem profunda. Perfurou um poço de 488 metros, em Bofete (SP), de onde saiu apenas água sulfurosa. Outra tentativa frustrada, a primeira sob responsabilidade do governo, aconteceu na região de Marechal Mallet (PR), em agosto de 1919.

Em 1931, o escritor Monteiro Lobato chegou dos EUA, onde havia sido adido comercial, disposto a encontrar petróleo.

Enquanto o escritor percorria o país tentando obter fundos para prospecção, o engenheiro e geólogo Manoel Ignácio Bastos buscava petróleo na Bahia. Acabou descobrindo em Lobato (cujo nome não tem relação com o escritor), subúrbio de Salvador, mas não obteve recursos para a exploração. O Departamento Nacional de Produção Mineral negou ajuda, alegando que não era viável.

Em 36, diante dos obstáculos impostos pelo governo Vargas à exploração, Monteiro Lobato lançou "O Escândalo do Petróleo", que vendeu 20 mil exemplares em poucos meses. No livro, fazia diversos ataques ao governo.

"O Escândalo do Petróleo" foi censurado em 1937 por Getúlio Vargas, mesmo ano em que o escritor lançou "O Poço do Visconde". Na obra supostamente infantil, diz que "ninguém acreditava na existência do petróleo nesta enorme área de 8,5 milhões de quilômetros quadrados, toda ela circundada pelos poços de petróleo das repúblicas vizinhas". Acaba sendo preso em 41.

Em 38, o governo decide explorar o poço em Lobato, e técnicos constatam a existência de petróleo. É criado o Conselho Nacional do Petróleo, e as jazidas minerais passam a ser consideradas propriedade estatal.

Em 41, foi descoberto o primeiro poço de exploração comercial, em Candeias, no Recôncavo Baiano. De 39 a 53, foram perfurados 52 poços no país, descobrindo-se vários campos para a exploração. Contudo, no início da década de 50, o Brasil ainda importava 93% dos derivados que consumia.

A partir de 46 começa a ser travado um grande debate em relação à política do petróleo, entre os que admitiam a entrada de empresas estrangeiras e os nacionalistas. Surge nessa época a campanha "O petróleo é nosso", patrocinada pelo Centro de Estudos e Defesa do Petróleo.

Assim nascia, em 3 de outubro de 1953, a Petróleo Brasileiro S.A. (Petrobras), criada pela lei 2.004, que instituiu o monopólio estatal da exploração e do refino.

Esse monopólio durou 44 anos. Foi quebrado na prática em 16 de outubro de 1997, com aprovação da lei 9.478, que criou a ANP (Agência Nacional do Petróleo), órgão regulador da indústria do petróleo, e abriu caminho para a participação do setor privado na pesquisa, exploração, refino, exportação e importação.

GEOGRAFIA NO VESTIBULAR: Israel

GEOGRAFIA NO VESTIBULAR: Israel

Israel

Saiba mais sobre Israel
da Folha Online
O Estado de Israel foi criado em 14 de maio de 1948, a partir do plano de partilha da ONU (Organização das Nações Unidas) de 1947 que propunha a divisão da região sob domínio britânico em dois Estados, um árabe e um judeu. A proposta surgiu após a intenção do Reino Unido de retirar seu domínio sobre os territórios palestinos após o fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Os árabes rejeitaram a proposta e a violência emergiu quase que imediatamente. Desde então, a história de Israel gira em torno de conflitos com palestinos e nações árabes vizinhas. Houve guerras com Egito, Jordânia, Líbano e Síria. Nesse período, Israel ocupou a península do Sinai (Egito), a Cisjordânia, a faixa de Gaza, as colinas de Golã (Síria) e o sul do Líbano.
Em 1979, Egito e Israel assinaram acordo de paz e os israelenses se retiraram de Sinai no dia 25 de abril de 1982. As disputas territoriais com a Jordânia foram resolvidas no dia 26 de outubro de 1994, com a assinatura do tratado de paz Israel-Jordânia. Já no dia 25 de maio de 2000, Israel se retirou do sul do Líbano, local que ocupava desde 1982.
Várias iniciativas de negociação terminaram com a Conferência de Madri, em outubro de 1991, que foi seguida por negociações bilaterais conduzidas entre representantes israelenses e palestinos com o objetivo de alcançar um acordo permanente. Em 13 de setembro de 1993, israelenses e palestinos assinaram o Acordo de Oslo, estabelecendo um período interino de autogoverno palestino. Pelo acordo, Gaza e a Cisjordânia passariam a ser territórios administrados pela ANP (Autoridade Nacional Palestina).
Em abril de 2003, o presidente americano, George W. Bush, trabalhando em conjunto com a União Européia, ONU e Rússia em uma liderança que passou a ser chamada de quarteto--, conduziu a criação de um plano de paz para o fim do conflito até o fim de 2005, baseado em ações recíprocas das duas partes levando a dois Estados, Israel e a ANP.
Violência
Um acordo permanente foi minado pela violência israelo-palestina entre setembro de 2003 e fevereiro de 2005. Um acordo assinado entre israelenses e palestinos em fevereiro de 2005, junto com um cessar-fogo palestino, reduziu significativamente a violência. Em 2005, Israel saiu de Gaza, esvaziou assentamentos e seu Exército enquanto manteve o controle sobre a maioria dos pontos de entrada para a faixa de Gaza.
A eleição do Hamas --grupo terrorista e partido político cuja carta de fundação prevê a destruição do Estado de Israel-- em janeiro de 2006 para liderar o Conselho Legislativo Palestino congelou as relações entre Israel e a ANP (Autoridade Nacional Palestina).
Ehud Olmert tornou-se primeiro-ministro de Israel em março de 2006. Após uma operação militar em Gaza entre junho-julho de 2006 e um conflito de 34 dias com a milícia xiita Hizbollah no Líbano entre junho e agosto de 2006, ele adiou os planos de se retirar da Cisjordânia. Em junho de 2007, ele encerrou o diálogo com a ANP, após o Hamas assumir o controle da faixa de Gaza e o presidente da ANP, Mahmoud Abbas, formou um novo governo sem o Hamas.
Apesar da devolução de Gaza e de partes da Cisjordânia para o controle palestino, um acordo final ainda não foi estabelecido. Entre os principais pontos de divergência estão o status de Jerusalém, o destino de refugiados palestinos e a questão dos assentamentos judaicos.
Saiba mais sobre Israel:
Nome: Estado de Israel
Localização: Oriente Médio (banhado pelo mar Mediterrâneo, entre o Egito e o Líbano)
Capital: Jerusalém (capital nacional e sede do governo), Tel Aviv (reconhecida internacionalmente)
Divisão: seis distritos
Principais cidades: Jerusalém, Tel Aviv, Haifa e Holon
Línguas: hebraico (oficial), árabe, inglês
Religião: judaica, minorias islâmica, cristã e drusa
Moeda: shekel novo
Natureza do Estado: república parlamentarista
Área: 20.770 km2 (não inclui territórios ocupados)
População: 7.112.359 (inclui cerca de 187 mil colonos israelenses na Cisjordânia, cerca de 20 mil nas colinas de Golã, e pouco menos de 177 mil no leste de Jerusalém, em estimativa de 2008)
Religião: Judaica (76,4%), muçulmana (16%), cristãos árabes (1,7%), outros cristãos (0,4%) (2004)
Independência: 14 de maio de 1948
Usuários de internet: 1.899 milhão (2006)
PIB: US$ 132,5 bilhões (estimativa de 2007)
Renda "per capita" anual: US$ 28.800 (2007)
População abaixo da linha da pobreza: 21,6% (2005)
Alfabetização: 97,1%
Fonte: CIA World Factbook

quinta-feira, 24 de julho de 2008

ENTENDA A CRISE DOS ALIMENTOS

da Folha Online
A recente alta nos preços dos produtos agrícolas foi motivada por uma série de fatores conjugados e se tornou uma crise mundial. O maior temor, além da falta de suprimentos, é que cresçam as revoltas populares pela falta de comida, o que já foi registrado em diversos países, como Haiti, Indonésia, Camarões e Egito. Nesse sentido, diversas instituições internacionais já se manifestaram, como ONU, Banco Mundial, FMI e Bird, por exemplo.
Entenda os principais motivos que desencadearam a crise:
Desenvolvimento global - A longa fase de prosperidade mundial, com especial força nos países emergentes, fez crescer significativamente o consumo de alimentos no mundo. Antes de se iniciar a atual crise de crédito nos Estados Unidos, o mundo não passava por uma crise financeira com dimensões globais desde o final da década de 1990.
Assim, os seguidos anos de calmaria deram condições para que o comércio exterior disparasse, o que gerou renda nos países mais pobres --estas nações são referência histórica tanto na produção de matérias-primas como para base de empresas multinacionais. Com mais dinheiro no bolso, a população desses países, entre eles Brasil e China, passou a consumir mais, sendo que os alimentos foram os primeiros produtos a terem seus consumos elevados, causando um descompasso entre oferta e demanda.
População - A população mundial está em franca expansão. Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), passará de 6,5 bilhões de pessoas em 2005 para 8,3 bilhões em 2030 e 9 bilhões em 2050. O efeito do aumento do número de pessoas que se alimentam ganha ainda mais peso porque a maioria delas nasce na Ásia e na África, onde o consumo de alimentos cresce em ritmo mais rápido devido ao desenvolvimento econômico desses continentes.
Secas - Alguns dos principais produtores mundiais de alimentos, como o Brasil e a Austrália, passaram recentemente por fortes secas que atingiram a produção. Na Austrália a seca já perdura por seis anos, enquanto que o Brasil e o Leste Europeu tiveram problemas entre 2005 e 2006. Com a quebra de safra nesses países, os estoques foram reduzidos e agora estão perigosamente baixos devido ao aumento no consumo.
Petróleo - Assim como os alimentos, os preços de outras commodities (matérias-primas) também estão em alta. É o caso do petróleo. O produto está com seu preço em níveis recordes, o que causa impacto em toda a cadeia de produção e distribuição de alimentos. Quase todas as fazendas usam óleo diesel para movimentar as máquinas, e os fertilizantes possuem também diversos componentes vindos do petróleo. Além disso, o combustível mais caro eleva o preço do transporte dos alimentos para os centros consumidores, elevando o preço final da comida.
Especulação financeira - Quase todos os principais alimentos possuem mecanismos financeiros de compra e venda em um prazo pré-determinado, o que é chamado de mercado futuro. Nos últimos meses, os preços dos alimentos no mercado futuro dispararam devido à entrada de muitos investidores neste tipo de investimento. Eles apostam exatamente que estes preços irão crescer. Se isso ocorre, eles lucram, já que poderão vender o que têm a valores maiores do que o investido inicialmente.
Enfraquecimento do dólar - O dólar é a moeda usada para a cotação das commodities agrícolas em quase todos os principais mercados futuros. Como a moeda americana está em níveis históricos de queda ante outras moedas fortes, como o euro, os investidores forçam a alta do preço dos alimentos no mercado futuro para "compensar" essa desvalorização.
Alta nos custos - A produção de carnes em geral recebe duplo impacto. Seus custos disparam não só pela alta do petróleo, mas pela própria alta no preço dos alimentos, já que alguns deles --em especial o milho-- são usados na ração dos animais.
Biocombustíveis - Diversas entidades, como a ONU (Organização das Nações Unidas) e o FMI (Fundo Monetário Mundial), reclamam do desvio de parte da produção agrícola para a produção de biocombustíveis. O resultado, segundo eles, é que a oferta cai ainda mais em um momento de alta na demanda, causando a elevação dos preços. O caso mais criticado é o do milho, usado nos Estados Unidos para a produção de álcool, que levou à disparada do preço do produto no mercado internacional já no ano passado. Também criticam a substituições de lavouras tradicionais pelas de cana-de-açúcar, em um ataque direto ao Brasil --principal exportador de álcool do mundo e que usa a cana-de-açúcar para extrair o produto.
Travamento às exportações -Diante do risco de desabastecimento, grandes países produtores de alimentos estão impedindo a exportação, agravando o cenário nos países importadores. Os casos mais recentes foram vistos com o trigo argentino e o arroz indiano e vietnamita. (25/04/2008)

Toyotismo (produção Flexivel)

A década de 80 presenciou, nos países de capitalismo avançado grandes transformações no mundo do trabalho, com novas formas de inserção do trabalhador no processo produtivo.Este momento foi acompanhado com grande salto tecnológico, automação, robótica e microeletrônica possibilitando grandes transformações em curso no capitalismo mundial.
O toyotismo é um modo de organização da produção que se desenvolveu a partir da globalização do capitalismo na década de 1980. Surgiu no Japão após a II Guerra Mundial, mas só a partir da crise capitalista da década de 1970 é que foi caracterizado como filosofia orgânica da produção industrial (modelo japonês), adquirindo uma projecção global.
Características gerais:
* flexibilizaçaão da produção
* just in time - produção ajustada ao consumo
* desconcentração industrial (ou fabril)
* novos padrões de gestão da força de trabalho - Círculos de Controle de Qualidade (CCQs), gestão participativa e busca de qualidade total
* desregulamentação dos direitos trabalhistas
* integração horizontal
* incorporação dos grandes avanções tecnológicos
* não padronização da produção
* maior qualificação da mão-de-obra
* acumulação flexível - apoiada na flexibilidade dos processos de trbalho, mercados de trabalho, dos produtos e padrões de consumo
* trabalhador muitifuncional
* perda de poder dos sindicatos e organizações operárias, entre outras.

Fordismo/Taylorismo - conceito e características

O Taylorismo é uma teoria criada pelo engenheiro Americano Frederick W. Taylor (1856-1915) que a desenvolveu a partir da observação dos trabalhadores nas indústrias. O engenheiro constatou que os trabalhadores deveriam ser organizados de forma hierarquizada e sistematizada, ou seja, cada trabalhador desenvolveria uma atividade específica no sistema produtivo da indústria (especialização do trabalho). No taylorismo, o trabalhador é monitorado segundo o tempo de produção, cada indivíduo deve cumprir sua tarefa no menor tempo possível, sendo premiados aqueles que se sobressaem, isso provoca a exploração do proletário que tem que se “desdobrar” para cumprir o tempo cronometrado.Sendo a especialização do trabalho e o tempo na realização das tarefas no meio fabril contribuição ao modo de produção fordista.Dando prosseguimento à teoria de Taylor, Henry Ford (1863-1947), dono de uma indústria automobilística (pioneiro), desenvolveu seu procedimento industrial baseado na linha de montagem para gerar uma grande produção que deveria ser consumida em massa. Os países desenvolvidos aderiram totalmente, ou parcialmente, a esse método produtivo industrial, que foi extremamente importante para consolidação da supremacia norte-americana no século XX.
Características gerais do fordismo:
* produção em série e em massa (padronizãção e produção em escala)
* cronometragem do tempo para realização das atividades fabris
* regulamentação dos direitos trabalhistas e sindicalismo forte
* concentração fabril
* hierarquização das funções (verticalização - separação entre concepção e execução das tarefas)
* especialização do trabalho
* linha de montagem
Consulta:
www2.cefetmg.br
www.mundoeducação.uol.br
ANTUNES, Ricardo. Adeus Trabalho - Ensaio sobre as metamorfoses e a centralidade do mundo do trabalho, Unicamp/cortez, Campinas, 2000.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Internacionalização da Amazônia

Durante debate ocorrido no mês de Novembro/2000, em uma Universidade, nos Estados Unidos, o ex-governador do Distrito Federal, Cristovam Buarque (PT), foi questionado sobre o que pensava da internacionalização da Amazônia. O jovem introduziu sua pergunta dizendo que esperava a resposta de um humanista e não de um brasileiro. Segundo Cristovam, foi a primeira vez que um debatedor determinou a ótica humanista como o ponto de partida para a sua resposta:

"De fato, como brasileiro eu simplesmente falaria contra a internacionalização da Amazônia. Por mais que nossos governos não tenham o devido cuidado com esse patrimônio, ele é nosso. Como humanista, sentindo e risco da degradação ambiental que sofre a Amazônia, posso imaginar a sua internacionalização, como também de tudo o mais que tem importância para a Humanidade. Se a Amazônia, sob uma ótica humanista, deve ser internacionalizada, internacionalizemos também as reservas de petróleo do mundo inteiro. O petróleo é tão importante para o bem-estar da humanidade quanto a Amazônia para o nosso futuro. Apesar disso, os donos das reservas sentem-se no direito de aumentar ou diminuir a extração de petróleo e subir ou não o seu preço. Da mesma forma, o capital financeiro dos países ricos deveria ser internacionalizado

Se a Amazônia é uma reserva para todos os seres humanos, ela não pode ser queimada pela vontade de um dono, ou
de um país. Queimar a Amazônia é tão grave quanto o desemprego provocado pelas decisões arbitrárias dos especuladores globais. Não podemos deixar que as reservas financeiras sirvam para queimar países inteiros na volúpia da especulação. Antes mesmo da Amazônia, eu gostaria de ver a internacionalização de todos os grandes museus do mundo. O Louvre não deve pertencer apenas à França. Cada museu do mundo é guardião das mais belas peças produzidas pelo gênio humano. Não se pode deixar esse patrimônio cultural, como o patrimônio natural amazônico, seja manipulado e destruído pelo gosto de um proprietário ou de um país.

Não faz muito, um milionário japonês, decidiu enterrar com ele um quadro de um grande mestre. Antes disso, aquele quadro deveria ter sido internacionalizado. Durante este encontro, as Nações Unidas estão realizando o Fórum do Milênio, mas alguns presidentes de países tiveram dificuldades em comparecer por constrangimentos na fronteira dos EUA. Por isso, eu acho que Nova York, como sede das Nações Unidas, deve ser internacionalizada. Pelo menos Manhattan deveria pertencer a toda a Humanidade. Assim como Paris, Veneza, Roma, Londres, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, cada cidade, com sua beleza específica, sua história do mundo, deveriam pertencer ao mundo inteiro. Se os EUA querem internacionalizar a Amazônia, pelo risco de deixá-la nas mãos de brasileiros, internacionalizemos todos os arsenais nucleares dos EUA. Até porque eles já demonstraram que são capazes de usar essas armas, provocando uma destruição milhares de vezes maior do que as lamentáveis queimadas feitas nas florestas do Brasil. Nos seus debates, os atuais candidatos à presidência dos EUA têm defendido a idéia de internacionalizar as reservas florestais do mundo em troca da dívida.

Comecemos usando essa dívida para garantir que cada criança do mundo tenha possibilidade de ir à escola. Internacionalizemos as crianças tratando-as, todas elas, não importando o país onde nasceram, como patrimônio que merece cuidados do mundo inteiro. Ainda mais do que merece a Amazônia. Quando os dirigentes tratarem as crianças pobres do mundo como um patrimônio da Humanidade, eles não deixarão que elas trabalhem quando deveriam estudar; que morram quando deveriam viver. Como humanista, aceito defender a internacionalização do mundo. Mas, enquanto o mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que a Amazônia seja nossa. Só nossa."

(*) Cristóvam Buarque foi governador do Distrito Federal (PT) e reitor da Universidade de Brasília (UnB), nos anos 90.
A pergunta acima reflete a importância da região e a grande resposta dada por um brasileiro (grande intelectual)
A Amazônia é fruto da cobiça internacional por suas riquezas naturais, sendo uma reserva de suma importância para as gerações futuras. A Floresta apresenta como caracteísticas marcantes: heterogênea, presença de andares de vegetação (igapó, vázea e terra-firme), grande biodiversidade, plantas hidrófilas e higrófilas, latifoliadas e fechada.
As riquezas minerais são abundantes: Serra dos carajás(ferro,manganês, ouro,etc)oriximiná(Bauxita), Serra do Navio(Manganês), Serra pelada, Serra leste e nas encostas dos rios(ouro), Rondônia (cassiterita), entre outros.
O clima é único - chuvas abundantes, baixa amplitude térmica e elevadas temperaturas.
No entanto, a degradação ambiental apresenta vários fatores, entre eles: projetos governamentais de mineração, obras de infra-estrutura, avanço das fronteiras agrícolas, atuação de madeireiras ilegais, garripos(ouro - mercúrio), etc.

Carta escrita para o ano 2070

CARTA ESCRITA NO ANO 2070
17/11/2006
Estamos no Ano 2070 e acabo de completar os 50 anos, mas a minha aparência é de alguém de 85.
Tenho sérios problemas renais porque bebo pouca água. Creio que me resta pouco tempo. Hoje sou uma das pessoas mais idosas nesta sociedade.
Recordo quando tinha 5 anos. Tudo era muito diferente. Havia muitas árvores nos parques, as casas tinham bonitos jardins e eu podia desfrutar de um banho de chuveiro cerca de uma hora.
Agora usamos toalhas em azeite mineral para limpar a pele. Antes todas as mulheres mostravam a sua formosa cabeleira. Agora devemos rapar a cabeça para a manter limpa sem água. Antes o meu pai lavava o carro com a água que saía de uma mangueira. Hoje os meninos não acreditam que a água se utilizava dessa forma. Recordo que havia muitos anúncios que diziam CUIDA DA ÁGUA, só que ninguém lhes ligava; pensávamos que a água jamais se podia terminar.
Agora, todos os rios, barragens, lagoas e mantos aqüíferos estão irreversivelmente contaminados ou esgotados. Antes a quantidade de água indicada como ideal para beber era oito copos por dia por pessoa adulta. Hoje só posso beber meio copo. A roupa é descartável, o que aumenta grandemente a quantidade de lixo; tivemos que voltar a usar os poços sépticos (fossas) como no século passado porque as redes de esgotos não se usam por falta de água.
A aparência da população é horrorosa; corpos desfalecidos, enrugados pela desidratação, cheios de chagas na pele pelos raios ultravioletas que já não tem a capa de ozônio que os filtrava na atmosfera, imensos desertos constituem a paisagem que nos rodeia por todos os lados. As infecções gastrointestinais, enfermidades da pele e das vias urinárias são as principais causas de morte.
A indústria está paralisada e o desemprego é dramático. As fábricas dessalinizadoras são a principal fonte de emprego e pagam-te com água potável em vez de salário.
Os assaltos por um bidão de água são comuns nas ruas desertas. A comida é 80% sintética. Pela ressequidade da pele uma jovem de 20 anos está como se tivesse 40.
Os científicos investigam, mas não há solução possível. Não se pode fabricar água, o oxigênio também está degradado por falta de árvores o que diminuiu o coeficiente intelectual das novas gerações.
Alterou-se a morfologia dos espermatozóides de muitos indivíduos, como conseqüência há muitos meninos com insuficiências, mutações e deformações.
O governo já nos cobra pelo ar que respiramos. 137m3 por dia por habitante e adulto. A gente que não pode pagar é retirada das "zonas ventiladas", que estão dotadas de gigantescos pulmões mecânicos que funcionam com energia solar, não são de boa qualidade mas pode-se respirar, a idade média é de 35 anos.
Em alguns países ficam manchas de vegetação com o seu respectivo rio que é fortemente vigiado pelo exercito, a água é agora um tesouro muito cobiçado, mais do que o ouro ou os diamantes. Aqui agora já não há árvores porque quase nunca chove, e quando chega a registrar-se uma precipitação, é de chuva ácida; as estações do ano tem sido severamente transformadas pelas provas atômicas e da indústria contaminante do século XX. Advertiam-se que havia que cuidar o meio ambiente e ninguém fez caso. Quando a minha filha me pede que lhe fale de quando era jovem descrevo o bonito que eram os bosques, a chuva, as flores, do agradável que era tomar banho e poder pescar nos rios e barragens, beber toda a água que quisesse, o saudável que as pessoas eram. Ela pergunta-me: papá! Porque acabou a água? Então, sinto um nó na garganta; não posso deixar de sentir-me culpado, porque pertenço à geração que terminou destruindo o meio ambiente ou simplesmente não tomamos em conta tantos avisos. Agora os nossos filhos pagam um preço alto e sinceramente creio que a vida na terra já não será possível dentro de muito pouco porque a destruição do meio ambiente chegou a um ponto irreversível.
Como gostaria de voltar atrás e fazer com que toda a humanidade compreendesse isto quando ainda podíamos fazer alguma coisa para salvar o nosso planeta terra!
Extraído da revista biográfica "Crônicas de los Tiempos"
O texto acima, pode ser descrito como um sinal para a atual crise da água, destacando a impotância do atual modelo de desenvolvimento capitalista (consumista) sem a devida preservação do recurso no planeta. Apesar de importante, é pouco provável que isso ocorra, mas serve para destacar sua preservação e importância.
É um tema abordado nos principais vestibulares e concursos públicos devido a sua atualidade.

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