sexta-feira, 25 de julho de 2008

MIGRAÇÃO RURAL PARA AS GRANDES CIDADES


O sertão não pode mais reter seus habitantes. A estrutura agrária, rígida e feudal, exclui a possibilidade de o sertanejo dispor de um pedaço de terra, ainda que ínfimo, para a lavoura de subsistência. Por sua vez, o desmatamento se amplia na área, o que agrava os fenômenos da seca e desertificação no Nordeste. Os moradores abandonam o campo e buscam a sobreviência nas cidades, tornando ainda mais agudo o problema do êxodo rural. Fortaleza, por exemplo, teve sua população quadruplicada em poucos anos e se converteu numa das grandes metrópoles-favelas do continente. Ceará, 1983.
PROCISSÃO DOS RETIRANTES
Terra-Brasilis, Continente
Pátria-Mãe da minha gente,
Hoje eu quero perguntar:
Se tão grandes são teus braços,
Por que negas um espaço,
Aos que querem ter um lar?
Eu não consigo entender,
Que nesta imensa nação,
Ainda é matar ou morrer
Por um pedaço de chão!
Lavradores nas estradas,
Vendo a terra abandonada,
Sem ninguém para plantar.
Entre cercas e alambrados,
Vão milhões de condenados
A morrer ou mendigar.
Eu não consigo entender.
Achar a clara razão
De quem só vive pra ter
E ainda se diz bom cristão!
No Eldorado do Pará,
Nome Índio: Carajás
Um massacre aconteceu.
Nesta terra de chacinas,
Essas balas assasinas
Todos sabem de onde vem.

É preciso que a justiça
E a igualdade sejam mais
Que palavras de ocasião.
É preciso um novo tempo,
Em que não seja só promessa
Repartir a terra e o pão
(A hora é essa, de fazer a divisão!)
Eu não consigo entender,
Que em vez de herdar um quinhão
Teu povo mereça ter
Só sete palmos de chão!
Nova leva de imigrantes,
Procissão dos retirantes,
Só há terra em cada olhar.
Brasileiros feito nós,
Vão gritando, mas sem voz
Norte a sul, não tem lugar.

Eu não consigo entender,
Que nesta imensa nação
Ainda é matar ou morrer,
Por um pedaço de chão!
Pátria Amada do Brasil,
De quem és mãe gentil?
Eu insisto em perguntar:
Dos famintos das favelas,
Ou dos que desviam verbas
Pra champagne e caviar?
Eu não consigo entender,
Achar a clara razão
De quem só vive pra ter,
E ainda se diz bom cristão.(Martin Cesar Ramires Gonçalves)

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