domingo, 25 de janeiro de 2009

Relações entre o Brasil e o Paraguai

O Brasil é visto com doses iguais de admiração e desconfiança pelo Paraguai. Os dois países estão ligados não apenas pela fronteira, mas pelo comércio e pela extensa comunidade brasileira que vive em território paraguaio, os chamados 'brasiguaios'.

Uma convivência que, apesar de pacífica, exibe alguns pontos de tensão, considerados normais entre dois vizinhos tão próximos. Atividades ilícitas na região da fronteira, como contrabando, tráfico de drogas e lavagem de dinheiro, além do comércio de reexportação, são algumas das questões polêmicas nas relações bilaterais.

Os produtores brasileiros, que chegaram ao Paraguai na década de 70 e revolucionaram a agricultura local, introduzindo o cultivo da soja e técnicas modernas, também provocam tanto o reconhecimento por sua contribuição à economia quanto críticas por parte dos mais nacionalistas.

Entre os temas controversos, porém, nenhum tem mais destaque atualmente que a Usina Hidrelétrica de Itaipu, construída em parceria entre os dois países. O Paraguai usa apenas 5% da parte que lhe cabe da energia gerada pela usina. O restante, é vendido ao Brasil, a preço de custo.

O aumento do valor que o Paraguai recebe pela energia que vende ao Brasil está no centro da campanha para as eleições presidenciais no país, que ocorrem em abril. Todos os candidatos incluíram a revisão dos termos do Tratado de Itaipu, que deu origem à usina, entre suas propostas.

O olhar do povo
Em sua maioria, os paraguaios têm grande carinho pelos brasileiros, que consideram 'gente alegre e trabalhadora'. A convivência entre os dois vizinhos é intensa, tanto na presença de turistas, estudantes e imigrantes brasileiros no Paraguai, quanto no fluxo de veranistas paraguaios rumo a praias como a catarinense Camboriú - um dos destinos de férias favoritos em um país sem litoral.

São gente que trabalha, produz. E grande parte da economia se deve a eles, aos brasileiros.
Ovidio Garrido, funcionário público

No entanto, o tamanho do território, da população e da economia do Brasil fazem às vezes com que os paraguaios sintam-se pequenos diante do vizinho gigante. Muitos acreditam que seu país é deixado de lado em grandes decisões, como no âmbito do Mercosul, e que o Brasil usa seu poder como forma de pressão.

O Brasil paga muito pouco ao Paraguai pela energia. Mas também é culpa do nosso governo. É ele que deve obrigar, ou pelo menos negociar isso.
Adriana Insaurralde, administradora de empresas

Nos últimos meses, porém o Brasil tem sido um assunto cada vez mais comum no Paraguai devido a um tema específico: a discussão em torno da revisão do Tratado de Itaipu, que deu origem à usina hidrelétrica binacional e é um dos principais
temas da campanha para a eleição presidencial de 20 de abril.
As relações econômicas

Números
• População: 6 milhões
• PIB: US$ 31 bilhões
• Quanto o Brasil exporta para o país: US$ 1,6 bilhões
• Quanto o Brasil importa do país: US$ 434 milhões
• Saldo comercial com Brasil: US$ -1,2 bilhões

Um modelo econômico excessivamente dependente do Brasil faz com que muitos paraguaios tenham ressentimentos em relação ao vizinho e parceiro. O principal produto agrícola do Paraguai, por exemplo, a soja, foi introduzido por produtores brasileiros que atravessaram a fronteira na década de 70.

Hoje, segundo analistas econômicos, a exportação de soja é um dos fatores principais do crescimento do PIB paraguaio, mas a importância dessa atividade não se traduz em benefícios diretos para o país, como aumento de empregos.

Há ainda o excedente da energia gerada pela Hidrelétrica de Itaipu, que é vendido ao Brasil a preço de custo, conforme os termos do tratado assinado pelos dois países, o que vem provocando um amplo debate no Paraguai.

Os paraguaios querem que o tratado seja revisto e que o Brasil pague preço de mercado pela energia, um tema que ganhou inclusive os discursos na campanha para as eleições presidenciais.
BBC BRASIL

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