terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Profetas da chuva

Pesquisadores estão atentos ao que dizem esses sertanejos que observam a natureza para prever o tempo. Se depender deles, haverá muita água este ano

Texto: Flávio Bonanome

O meu trunfo é o juazeiro”, diz, com a certeza de muitos anos de observação, o cearense José Erasmo Barreira, sertanejo de 67 anos, nascido na região de Quixadá. “Quando o juazeiro flora, em novembro, é sinal de inverno tardio.” Erasmo é representante de uma tradição que atravessou os séculos e ainda está presente na vida do Nordeste brasileiro. Ele é um profeta da chuva e, a partir da observação dessa árvore e de outros indícios da natureza da caatinga, acredita que o tempo está bom para começar o plantio no sertão cearense. “Do dia 15 de fevereiro até o final de maio, vai ser um bom inverno”, promete.

Erasmo é um dos cerca de 25 sertanejos que aprenderam a entender e a prever o clima a partir dos sinais da natureza, da posição das estrelas, da lua, do comportamento e canto dos pássaros, do vento, da posição do sol e das nuvens. “Em comunidades que sofrem com a seca, o papel desses personagens adquire um caráter político, de organização da população em torno de suas previsões”, explica a psicanalista Karla Patrícia Martins, professora da Unifor (Universidade de Fortaleza) e autora do livro Profetas da Chuva, do qual foram retirados os depoimentos que constam dessa reportagem. Ela conta que, “já houve casos de sertanejos que foram perseguidos, responsabilizados pelas secas que previram”.

Ultimamente, os profetas estão desaparecendo, uma vez que seus filhos não se interessam em levar adiante esse conhecimento adquirido dos seus avós. “Eu nasci e sempre morei no sertão, daí a gente reúne a experiência”, conta Erasmo. “É uma coisa que a minha avó sabia e ensinou prá minha mãe que ensinou prá mim e assim vai.” Em janeiro, Erasmo e os profetas tradicionais participaram de um encontro que ocorre há doze anos em Quixadá, reunindo pesquisadores brasileiros e estrangeiros, técnicos da Funceme (Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos) e agricultores.

O meteorologista Namir Melo, da Funceme, participa do encontro há dez anos e acredita nessa troca de conhecimentos. “A ciência vê esse tipo de manifestação com muito respeito”, afirma. “Afinal de contas, a meteorologia evoluiu de observações da natureza, como as que são feitas pelos profetas.” Para ele, o índice de aproveitamento das previsões dos profetas mostra que suas observações devem ser levadas em consideração. “A natureza tem uma excelente sensibilidade para se preparar para as mudanças no tempo a curto prazo”, pondera. Reconhece, no entanto, que a observação desses fenômenos tende a desaparecer.

Figuras importantes

Se os próprios cientistas levam a sério as previsões dos profetas, mais ainda os agricultores de Quixadá, que esperam ansiosamente as manifestações de seus “meteorologistas”. A cidade, conhecida por ser a terra da escritora Rachel de Queiroz, está localizada em pleno semi-árido do sertão central cearense e sofre com a falta de água. Tanto que lá foi construído o açude do Cedro, inaugurado em 1906, o mais antigo do Brasil. A eterna luta contra as intempéries da caatinga faz dos profetas figuras importantes da região. Poucos agricultores apostam suas sementes antes de ouvir suas previsões e até mesmo o comércio vende mais quando eles prometem chuva.

Os profetas não se intimidam com o peso da responsabilidade. “A gente não adivinha nada, apenas pratica o conhecimento adquirido no passado”, explica Erasmo. “Peço desculpas, quando não é do agrado de todo mundo, mas o sertanejo é assim mesmo.”

A importância das previsões é apoiada por uma anedota local. Há muitos anos, perguntado por um jornalista se considerava sua terra amaldiçoada depois de ter perdido tudo na seca, um sábio morador respondeu: “Não senhor, a terra daqui é muito boa, ruim é o pedaço de céu em cima dela”. O morador tinha motivos para fazer esse comentário. Os agricultores do semi-árido dependem das chuvas para dar suporte ao cultivo de subsistência e às pastagens. Não falta água na região, falta gestão dos recursos hídricos. Enquanto não muda, todo mundo olha para o céu e ouve com atenção os profetas.

Quando esses personagens falam, não o fazem de forma direta, mas utilizam expressões que estão presentes no imaginário da população acostumada a lidar com a fome e a morte sempre presentes. Chamam o conhecimento ancestral de “experiências” e são apelidados de acordo com o método de observação. “Há o profeta dos bichos, que observa o comportamento dos animais, o profeta dos ventos, das águas e outros”, explica a pesquisadora da Unifor. “Além disso, as experiências são apresentadas de uma forma que dê esperança para o povo sofrido.” Ou, como diz o profeta Chico Mariano: “Já viu médico dizer para o paciente que ele vai morrer? É a mesma coisa comigo, se for ruim demais, não digo tudo.”

Quando não há escolha

Isso talvez explique porque a população, até há poucos anos, preferisse ouvir os profetas aos cientistas. Como filosofa o meteorologista Namir Melo, “o povo acredita mais neles porque não precisa necessariamente de previsões, mas de esperança. O agricultor que se dedica ao cultivo de subsistência não tem escolha de plantar ou não. Ele quer a esperança que o profeta dá. Já o grande produtor, aquele que precisa investir na terra, com certeza requisita muita consultoria científica.”

É preciso aprender também com os novos tempos. Hoje, por influência dos encontros anuais, os profetas começam a se interessar pelos métodos da universidade e querem saber como ler os mapas e os gráficos dos meteorologistas. “Pode-se dizer que agora temos uma relação de amizade”, orgulha-se Namir. Infelizmente, o século 21 não traz boas notícias. “O aquecimento global e demais fenômenos meteorológicos deixaram os profetas perdidos e cada vez menos eles se empenham na profecia”, constata o cientista.

Ou seja, a idade avançada dos profetas e a falta de interesse por parte da nova geração, embora preocupantes, não são os únicos motivos da perda dessa sabedoria popular. Ironicamente, o que está prejudicando as observações são as mudanças no próprio clima.

Depoimentos

Joaquim Muqueca e os sinais da terra(Foto acima)

“Desde eu menino que eu me preocupo com inverno porque eu via muito meu avô falar em seca, e eu me assombrava muito com negócio de seca. Inda hoje eu sou assombradim quando a pessoa fala em seca, porque eu quero é que tenha é o bom tempo. A natureza, ela mostra uma experiência. Se tiver de ter inverno no próximo ano, a terra tem que ter uma força, ela levanta aquela quintura que é aquele tipo de coisa como quando a gente levanta o motor do carro e sai aquela pressão, aquela fumaça, aquela atmosfera; a terra faz aquela mesma coisa no final de ano. Se a terra tiver... se a terra não faz aquilo, olha, não tá tremendo nem coisa nenhuma, já num fim de ano, é besteira, num tem não.”
Jacaré (José Felipe dos Santos) e os animais

“Eu acompanhava os ensinamentos dos meus pais. Aí, ele dizia: ‘Lua cheia, dia tal, isso.’ Aí, eu fui observando, fui conhecendo as experiências. Eu ouvia meu pai dizer: ‘O inverno é tal tempo porque a carnaúba tá florada. O inverno vai terminar porque a rolinha tá pondo no chão.’ A rolinha sempre faz o nim atrepado, mas como ela sabe que não vai ter mais chuva, ela faz no chão. ‘O inverno é fraco.’ ‘Por que, papai? ‘A maria-de-barro fez a casa com a boca virada pro nascente.’ Aí, eu vinha olhando e era certim.”

Francisco Mariano e os astros

“Quando o céu tá aplumado e tá limpo e té no normal que é pra ser, ele tando aprumado, não chove. Se ele pender um pouquinho, se ele tiver aplumado bem aprumadim e pro lado que ele pender e ficar choroso, dois ou três dias cai chuva, e se tiver tudo limpo nem espere chuva que num tem. Se a lua formar uma lagoazinha e for chorosa, pode esperar que hoje ou amanhã chove, não passa dois dias sem num chover. Se a estrela-dalva tiver embaixo e aquele outro planetinha acompanhar ela, e que quando chegar o mês de inverno aquele planetinha num sair de encostado dela, ninguém espere inverno que num tem.”

Chico Leite e o calendário

“Eu observo desde, em 83-84, o Cedro tava seco, aí eu disse: ‘Pai, eu vou plantar lá embaixo.’ ‘Não, meu filho, este ano ninguém vai plantar não.’ Aí, eu plantei nessa área. ‘Meu filho, o açude vai cobrir.’ Isso em 84; quando foi de março para abril, começou a chover, a chover, a chover e eu já tava com o milho pendurado na espiga.
Cê me acredite que passou a tarde chovendo, a noite o açude veio de lá pra cá, ligeiro e dentro de uma semana eu perdi. ‘Meu filho, eu não disse que você não colhia, que esse ano o inverno era pesado?’ ‘Pois o senhor agora vai me dar a experiência do inverno.’

Aí desde esta época pra cá eu venho observando. Mas as experiências não tão mais vogando; uma parte das experiências não tão mais vogando porque parece que houve assim uma mudança do clima, do tempo, a natureza em si que você observa dá parecido que vai haver aquela chuva, aquela massa de ar quente no meio do mundo, aquela quintura medonha, desparece as nuvens a chuva vai s’imbora; desde de 2000 que vem deste jeito: cê mostra que já chover daqui pra de tarde chove, a noite relampeiou, mas só aquela massa de ar quente, aquela quintura, parecendo cinzeiro fumaçando.
Então eu venho observando desde esse tempo de 84, do meu pai, a gente observa a posição das estrelas, a estrela-dalva; tem muita gente que diz que profetas não sabe nem que planeta é a estrela-dalva, é o planeta Vênus, né?

Eu observo o que: a Semana Santa, meu pai tirava pra observar a Semana Santa, meu pai não anotava nada, ele era analfabeto, eu sigo o mesmo, faço só observar. Observar a Semana Santa qual era o dia que chovia mais; quando é no fim do ano, em dezembro ele tira outra semana para comparar com que ele viu na Semana Santa; vamo dizer, se o primeiro dia da Semana Santa tirou bem chuvoso, para ele era o mês de janeiro, se o segundo dia era bem chuvoso ou fez sol era fevereiro, e assim que ele ia identificando. Quando era em dezembro, no dia de Santa Luzia, que é dia 13 de dezembro; para ele era o mês de janeiro.”

Chico Mariano e as crenças

“Dizia pro pessoal a previsão, mas sem dá notícia à imprensa nem coisa nem nada. Dava notícia para um vizinho: ‘Fulano, vai chover assim, assim, assim’... às pessoas amigas aí eu dizia. Mas quando se surgiu, uma vez o cientista botou no jornal, parece que foi 97, que era seco, aí descobriram por aí que eu sabia. Aí o jornalista me chamou: ‘Rapaz, ouvi dizer por aí que você sabe até o dia que chove. Você pode me dizer?’ ‘Rapaz, eu não gosto de dizer não, mas pra você é a primeira vez eu vou dizer.’ ‘Tem inverno?’ ‘Tem. Dia 20 de janeiro começa a chover.’ O cientista tava no jornal, ele lançou o jornal comigo disputando com ele e a Funceme, que diziam que foi seca, e teve um inverno mesmo, e teve uma chuva de 276 mm lá em Fortaleza naquele ano. Aí eles perderam. Eles acreditam muito no que digo.

Eu me dirijo pelos planetas, o planeta Vênus, a estrela-dalva, que chamam. Eu tenho por obrigação saber onde ela tá todo tempo, saber toda mudança dela. Se tá pra nascente ou para poente. Saber a época que ela se muda, que ela é quem tem uma grande força prá inverno. Lua também tem uma grande força pra inverno. Então, eu confio nas luas, me preparo para observar a lua, a estrela, os reis, as três-marias, os três-reis, saber onde ele tão, a posição. A outra (experiência), eu tiro seis dias agora no mês de julho; aí eu pego o tempo climático, o tempo climático é conforme ele teja quente, teja frio, aí deles é que eu marco a chuva. Porque eles faz aqueles tempos, aí eu conheço. Conheço até o lado que vai chover, mais pra cá, mais pra lá, se vai ser sul ou norte. Aí eu vou e dou pro povo, ofereço pra eles aprenderem. Um americano já veio passar uns dias comigo, achou meio difícil. Não é pra qualquer um não. Me perguntam: ‘O senhor faz as experiências aqui na cidade ou na fazenda?’ ‘Em qualquer lugar. Se eu alcançar com a minha vista, aí eu me preparo.”

Chico Leiteiro e a natureza

“Home, eu comecei com 11 anos de idade, e o pessoal já me chamava de profeta. ‘Profeta, profeta, profeta...’ Profeta por quê? Porque os mais velhos vinham do sertão: ‘Dona Zumira, cadê o Chico?’ ‘Que era?’ ‘Saber se vai chover...’ Aí, pronto, foi pegando naqueles mais velhos de 70, 80 anos. Eu dizia: ‘Qual a idade do senhor?’ ‘Setenta anos.’ ‘Eu é que devia perguntar o senhor... De letra não entendo quase nada não... mas de natureza... é outro livro aberto. Às vezes o cabra diz: ‘Como é que você entende?’ ‘Meu amigo, ver é uma coisa, conhecer é outra.”
Antônio Lima e a herança materna

“Coisa boa é uma mãe, e a chuva também, quando ela vem cria tudo, né? Dá água para nós beber, nós tomar o banho, plantar para nós tudo. Uma grande profeta a minha mãe, ela manhecia o dia, ela chamava nós para o roçado, né? Aí, se tivesse aquela previsão de chuva, ela dizia: ‘Aqui vai chover, a terra tá tremendo, a sabiá tá cantando, tá muito animada.’ Ou, ela dizia: ‘Vai chover, meu filho, o mormaço tá grande, a terra tá quente’; ela cavava um buraco, enfiava a mão até esta altura (coloca a mão no braço); se tivesse frio não chovia, se tivesse quente é pra chover, a terra tava quente, tinha aquela força, aqui pra baixo tudo é água.

Hoje eu tenho 67 anos e ela deixou essa herança pra mim. Deus inspirou e eu presto atenção à natureza e sempre vem dando certo porque a gente não sabe de nada não, porque só quem sabe é Deus; se eu soubesse alguma coisa eu sabia o dia que eu morria, não era?. Mas ninguém sabe de nada não, agora nós presta atenção à natureza, a chuva quem sabe é a natureza.

Tudo é a natureza, por que você vê um sapo por aqui pra baixo do Cedro... passa seis meses debaixo de uma pedra e quando tá para chover, ele acelera, porque a terra se balança, porque a terra mostra a ele, ele vai cantar; outro vai fazer o ninho, o passarinho vai fazer o ninho porque vai chover e ele vai ter o que comer para dar aos filhos dele, a abelha vai fazer o capucho, o inxuí vai ter os filhos porque vai ter as flores para ela tirar
o mel pr’eles comer e muitas coisas: as águas pega a crescer, o céu fica mudando a cor, a sariema canta no tronco da serra, a mãe-da-lua meia-noite chama, a cuã, e muitos... a sabiá do sertão e muitas coisas; o cururu já tá cantando porque vai chover agora.”

João Ferreira de Lima e o vento

“Eu comecei a fazer essas experiência faz muitos ano. Eu fui vaqueiro, andava a noite todinha com retirada de gado, dum município pra outro. Aí eu pegava a carreira do vento. No ano que era atrapalhado, o vento vinha de norte a sul, de sul a norte, aí o inverno era atrapalhado, médio. Eu aprendi com os camarada, andando, convivendo, tendo experiência. De tudo no mundo peguei a base da vida, de experiência. O papai era muito experiente também, viu! Em 39, ele botou um roçado muito grande, aí era despachado, aí ele foi e disse: ‘Eu vou botar esse roçado aqui, mas não vamo ter quais legume porque o inverno pode ser grande demais.’ Aí apodreceu tudinho, apodreceu feijão, apodreceu milho, apodreceu tudo. O inverno foi muito grande.Uns têm uma experiências e outros, outras. A minha experiência é a natureza, é o vento. É porque o vento de quatro horas em diante, no ano que é bom, no mês dezembro, ele vem de nascente a poente, é que o vento dá. Quando é de tarde, seis horas, à boquinha da noite, aquele mesmo vento volta já do poente à nascente, aí dá a experiência de bom inverno. O vento é porque a gente nasce e se cria... Eu sempre fui um homem vividor, trabalhador, não dormia nada, em fazenda, interação do gado duma fazenda pra outra, de um município pra outro. Aí eu pegava o vento, num ano bom de inverno, o vento é direitim, não é baldeado, baldeou, aí pronto! Eu não quero dizer nada: a natureza, o vento tá todo desmantelado, quando o vento tá do sul pro norte, de nascente a poente e do sul pro norte, todo o ano é bom, mas este ano tá diferente. Eu só gosto da natureza. A natureza tando com a gente, tando aplumada, vindo certo, aí a gente pode falar. A natureza é o vento, o vento tocado pela natureza. Você sabe que a natureza é quem resolve tudo, nós sem ela não somos ninguém.”Exclusivo on-lineConfira mais depoimentos de profetas da chuvaAntônio Anastácio da Silva (Paroara)


Saio, vou pro meio do mato saber. Eu saio, olho as formigas lá no beiço do açude, em cima do morro, eu faço isso. Eu faço de espontânea vontade. Quando está findando o inverno e quando está para começar outra. São duas fases.Quando nós vamos ter um inverno bom, favorável, de cheia, as formigas estão lá nos troncos das árvores, com medo da cheia que carrega. Quando é pra ser um ano seco, vá na beira do açude que elas estão embaixo daquelas pedras, morrendo de sede.Já falei do serrador (uma espécie de besouro cortador de galhos), que vai ser um grande inverno, em período de chuvas maiores, sujeito a tempestades, mas diferente o espaço de tempo do inverno. Só que, nesse percurso aí, ainda falta o serrador serrar mais dois galhos de árvore, ou seja, o pé de árvore, que até o momento só serrou um.Foi do jeito que eu falei, eu falei que ia chover muito, mas um pouco desmantelado, o que realmente foi, umas parte do sul ia ficar seca, e ficou, os açudes, se não sangrassem, ficavam cheios, e é realmente o que nós temos vendo, né verdade? Para o próximo (ano), se Deus não mandar o contrário, vai ser do mesmo jeito desse. As mesmas chuvas, com percursos diferentes, maiores, talvez até tempestades, o que é bem provável.A natureza é trágica, todo mundo sabe disso, ela mostra, ela ensina, ela explica, a gente ver e assiste e no fim ela nos passa uma rasteira, sabe por quê? Pra provar que só quem sabe das coisas é Aquele lá de cima.A grande importância (das profecias) é a seguinte: a chuva ela nos traz várias coisas boas, ela traz a felicidade de cada qual, ela sacia a sede que nós temos, digamos assim, a falta do banho. Tá um tempão mais medonho do mundo, trovão, aí todo mundo: “Oba, vai chover, vai chover”, o cabra prepara a enxada, a chibanca, bota o milho de molho pra plantar amanhã, e assim por diante e é muito bom. A chuva nos traz tudo quanto é bom.A seca é horrível. É pior do que você ser bem pequenininho, desobedecer seu pai e levar uma pisa. É muito mais pior. Só traz dificuldade, doenças horrorosas e miserabilidade para p povo.Quando a previsão dá negativo, aí eu fico todo atrapalhado. Se eu fizer minha análise e for assim, quando a pessoa me pergunta, eu digo: “Vamo deixar pra depois, venha tal dia” Porque eu vou ter que tirar a realidade. Porque eu erro também. Se alguém me criticar, eu perdôo. Porque só é criticado quem sabe fazer alguma coisa.Luís Bernaldo




O sertão é bom, não é que nem na rua, no comércio, no povoado, porque é muita gente, a gente vê muita gente e coisa, aqueles sanfoneiros, no interior, assim como aqui, é aquelas televisão. Eu já não gosto. Taí uma coisa que eu não gosto: televisão. Gosto assim das pessoas possuir, mas eu não assisto devido à vista. Quando eu saio, fica com aquela pasta na vista.Eu vejo os tempos bonito, né? E coisa..., e tenho aquela vontade é que vai chover e chova; quando dá fé, chove mesmo, né? O inverno este ano foi todo diferente dos pra trás. Toda chuva, o povo desconfiado. Mas eu dizia: era assim mesmo. Eu dizia: “Nós vamos ter a chuva é fina, começou fina, mas é chuva molhadeira. Inverno para fazer nosso leguminho, botar em casa, nós vamos ter.” Agora, na rua eu fui tirar meu negócio lá no banco, eu fui em casa de noite e deu uma chuva grossa, mais de que as que veio vindo pra trás. Ah, agora tá engrossando o negócio... Eu vinha dizendo aqui pra trás, lá nas Barrocas, na fazenda do Seu Antônio, eu disse muitas vezes disse: muita gente, tem muita gente que pode dizer que eu falei que ia dá uma chuva pesada agora em junho, e deu, agora uma noite destas. Porque eu tinha aquela fé que ia chover aqui e tem chovido.Nunca tive desgosto na vida. Não senhora. Não. Desgosto que eu tive foi com a minha saúde. Não tô bem bom da vista, mas tô enxergando tudo, tô trabalhando. Mas tinha gosto que Deus e Nossa Senhora melhorasse a minha vista pra eu avistar tudo como era. É... e também o que Deus quiser, eu não vou maldizer não. Não senhora.
Revista Horizonte Geográfico

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