14/jan/09 (Alerta em Rede) – Frequentemente, afirma-se que o desmatamento na ‘Amazônia’ é responsável por 75% da emissão brasileira de gás carbônico, o vilão do aquecimento global antropogênico. Tal cálculo nunca foi apresentado ou demonstrado, um indicativo seguro que se esteja diante de mais um ‘achismo’ ambientalista sem comprovação científica.
Por isso mesmo, é de grande relevância para essa discussão o recente estudo realizado por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) revelando que estão errados os cálculos de biomassa até então realizados para estimar-se a quantidade de carbono que seria emitida em caso de queimadas de florestas. O estudo foi coordenado por Philip Fearnside, cientista conhecido por sua simpatia a causas ambientalistas, o que torna insuspeito os resultados do mesmo.
Uma entrevista de Fearnside à revista da Fapesp sobre o assunto é bastante elucidativa, conforme se constata em seus principais trechos:
Agência FAPESP – O grupo do Inpa coordenado pelo senhor desenvolveu recentemente novas equações alométricas que permitem realizar estimativas mais precisas da biomassa da floresta no arco do desmatamento. O que havia de errado com as equações usadas até agora?
Philip Fearnside – O problema dos cálculos feitos até agora é que eles se baseiam na extrapolação de dados obtidos exclusivamente na Amazônia central. Até hoje, todos os dados são das regiões de Manaus, Belém e de áreas de florestas densas perto do rio Amazonas. Mas no arco de desmatamento o que existe é um outro grupo de florestas, a floresta aberta.
Agência FAPESP – Trata-se de que tipo de dados?
Fearnside – Dados como a densidade de madeira, forma e altura das árvores. Na falta desses dados, para calcular a biomassa no arco do desmatamento eram usadas equações com base nas áreas da Amazônia central. O inventário brasileiro sobre as emissões de carbono, por exemplo, utilizou equações que foram feitas aqui em Manaus, para florestas densas, e aplicou ao arco do desmatamento.
Agência FAPESP – E essa extrapolação dos dados induzia a erro?
Fearnside – Sim, foi uma coisa que descobrimos em pesquisas anteriores: as árvores de lá são mais leves do que as da Amazônia central. A madeira é menos densa e, portanto, tem menos biomassa.
Agência FAPESP – Os cálculos feitos até agora estavam superestimados?
Fearnside – Sim. O procedimento normal para as estimativas de biomassa começa ao se medir as árvores grandes de diversas parcelas de floresta. Com a equação alométrica, essas medidas são convertidas em volume de madeira. Para calcular a biomassa, multiplica-se o volume pela densidade. A partir daí se pode calcular a quantidade de carbono da floresta para estimar qual será a quantidade de emissões em caso de desmatamento. Mas, se a madeira é mais leve, com o mesmo volume de madeira temos menos biomassa e menos emissões. [...]
Agência FAPESP – Qual foi a magnitude desse exagero?
Fearnside – Cada fator desses que mencionei acrescenta uma redução de biomassa e, quando se soma tudo, a diferença é gritante. No caso do desmatamento de 2004, por exemplo, quando houve um pico de desmatamento de 27,4 mil quilômetros quadrados desmatados em um ano, a diferença de cálculo é de 24 milhões de toneladas de carbono. E é preciso lembrar que a parte mais considerável dessa devastação se deu no arco do desmatamento e, portanto, essa diferença se aplica.
Agência FAPESP – Os cálculos feitos até agora, então, estavam completamente errados?
Fearnside – Sim, estavam errados. Houve um exagero considerável: 24 milhões de toneladas de carbono em um ano equivalem ao triplo das emissões na cidade de São Paulo. É impressionante. Mas temos que encarar isso como o processo contínuo, normal, do melhoramento dos números da ciência.
Por isso mesmo, é de grande relevância para essa discussão o recente estudo realizado por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) revelando que estão errados os cálculos de biomassa até então realizados para estimar-se a quantidade de carbono que seria emitida em caso de queimadas de florestas. O estudo foi coordenado por Philip Fearnside, cientista conhecido por sua simpatia a causas ambientalistas, o que torna insuspeito os resultados do mesmo.
Uma entrevista de Fearnside à revista da Fapesp sobre o assunto é bastante elucidativa, conforme se constata em seus principais trechos:
Agência FAPESP – O grupo do Inpa coordenado pelo senhor desenvolveu recentemente novas equações alométricas que permitem realizar estimativas mais precisas da biomassa da floresta no arco do desmatamento. O que havia de errado com as equações usadas até agora?
Philip Fearnside – O problema dos cálculos feitos até agora é que eles se baseiam na extrapolação de dados obtidos exclusivamente na Amazônia central. Até hoje, todos os dados são das regiões de Manaus, Belém e de áreas de florestas densas perto do rio Amazonas. Mas no arco de desmatamento o que existe é um outro grupo de florestas, a floresta aberta.
Agência FAPESP – Trata-se de que tipo de dados?
Fearnside – Dados como a densidade de madeira, forma e altura das árvores. Na falta desses dados, para calcular a biomassa no arco do desmatamento eram usadas equações com base nas áreas da Amazônia central. O inventário brasileiro sobre as emissões de carbono, por exemplo, utilizou equações que foram feitas aqui em Manaus, para florestas densas, e aplicou ao arco do desmatamento.
Agência FAPESP – E essa extrapolação dos dados induzia a erro?
Fearnside – Sim, foi uma coisa que descobrimos em pesquisas anteriores: as árvores de lá são mais leves do que as da Amazônia central. A madeira é menos densa e, portanto, tem menos biomassa.
Agência FAPESP – Os cálculos feitos até agora estavam superestimados?
Fearnside – Sim. O procedimento normal para as estimativas de biomassa começa ao se medir as árvores grandes de diversas parcelas de floresta. Com a equação alométrica, essas medidas são convertidas em volume de madeira. Para calcular a biomassa, multiplica-se o volume pela densidade. A partir daí se pode calcular a quantidade de carbono da floresta para estimar qual será a quantidade de emissões em caso de desmatamento. Mas, se a madeira é mais leve, com o mesmo volume de madeira temos menos biomassa e menos emissões. [...]
Agência FAPESP – Qual foi a magnitude desse exagero?
Fearnside – Cada fator desses que mencionei acrescenta uma redução de biomassa e, quando se soma tudo, a diferença é gritante. No caso do desmatamento de 2004, por exemplo, quando houve um pico de desmatamento de 27,4 mil quilômetros quadrados desmatados em um ano, a diferença de cálculo é de 24 milhões de toneladas de carbono. E é preciso lembrar que a parte mais considerável dessa devastação se deu no arco do desmatamento e, portanto, essa diferença se aplica.
Agência FAPESP – Os cálculos feitos até agora, então, estavam completamente errados?
Fearnside – Sim, estavam errados. Houve um exagero considerável: 24 milhões de toneladas de carbono em um ano equivalem ao triplo das emissões na cidade de São Paulo. É impressionante. Mas temos que encarar isso como o processo contínuo, normal, do melhoramento dos números da ciência.
Um comentário:
Parabéns pelo trabalho. Excelente fonte de consulta. Certamente irei recomendar aos meus alunos.
Edir Alonso
( http://literatura-edir.blogspot.com )
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