quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Aquecimento ameaça 18% da produtividade rural no Brasil, diz Bird

Eric Brücher Camara
Enviado especial da BBC Brasil a Poznan (Polônia)
dezembro de 2008

Para Bird, menor produtividade vai aumentar pobreza nas áreas rurais
O Brasil vai perder 18% da sua produtividade agrícola até 2050 em conseqüência do aquecimento global, de acordo com um relatório do Banco Mundial (Bird) divulgado nesta quarta-feira na reunião das Nações Unidas sobre mudanças climáticas em Poznan, na Polônia.
No estudo entitulado “Baixas Emissões de Carbono, Alto Crescimento”, os pesquisadores listam os efeitos do aquecimento global sobre os países da América Latina e do Caribe e apresentam recomendações para reduzir os impactos negativos.

A queda de 18% na produtividade, prevista pelo modelo de computação usado pelos economistas, poderia aumentar a pobreza nas zonas rurais brasileiras entre 2% e 3,2%, dependendo da possibilidade de migração das famílias afetadas.

Pelo lado positivo, o Banco Mundial também destaca que, caso invista em mudanças, “a região pode liderar os países de renda média na redução das emissões de carbono causadas pelo desmatamento, no desenvolvimento de energia hidrelétrica, na ampliação da eficiência energética e na reforma do transporte urbano”.

“Essa abordagem poderia apoiar simultaneamente a recuperação econômica e estimular o crescimento nas áreas que atenuam o impacto das mudanças climáticas”, afirmou Pamela Cox, vice-presidente do Banco Mundial para a América Latina e o Caribe.

Arquitetura internacional

Para isso, os economistas afirmam ser necessária primeiramente uma arquitetura internacional de combate às mudanças climáticas, ou seja, um acordo internacional (substituindo o Protocolo de Kyoto) a partir de 2012 que crie estímulos suficientes para que isso aconteça.

Além disso, são recomendadas mudanças também nas políticas domésticas de forma a adaptar os países aos efeitos das mudanças climáticas e para tirar proveito das oportunidades que surgem com o problema

“Se a região fizer grandes progressos, poderá se beneficiar dos mecanismos internacionais de compartilhamento de custos para a implementação de tecnologias com baixa emissão de carbono e a criação de novas vantagens competitivas”, afirmou um dos autores do estudo, Pablo Fajnzylber.

No entanto, os economistas do Banco Mundial admitem que a adaptação e as mudanças recomendadas não serão fáceis de se executar, principalmente se o preço do petróleo continuar em queda.

Esse é a primeira vez que o banco dedica a sua publicação anual sobre a região ao tema mudanças climáticas.

O relatório ressalta a “alta vulnerabilidade” da população latino-americana e a “responsabilidade histórica pelas alterações no clima”, mas também destaca as iniciativas que já existem na região para abordar as emissões, entre elas, os programas de biocombustíveis brasileiros.

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