sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

O gasoduto do Norte da Europa e o seu papel

O petróleo, o gás e o reaparecimento da Rússia como potência mundial:

19 de Março de 2007. Serviço Noticioso Um Mundo a Ganhar.
Além das reservas energéticas da Rússia, outro aspecto do papel crucial que as exportações energéticas cada vez mais desempenham na sua economia é a distribuição da energia. A Rússia investiu fortemente na ampliação das redes internacionais de oleodutos e gasodutos que já ligam a Rússia a muitos países da Europa, da Ásia Central e do Cáucaso. Tem planos para construir um gasoduto que permitirá à Rússia fornecer gás à China e exportá-lo para o Japão, a partir do porto de Vladivostok, no extremo oriental da Rússia.
O gasoduto do Norte da Europa (Nord Stream) actualmente em construção é particularmente importante em termos políticos, mas também económicos. Está a ser construído sob o Mar Báltico conjuntamente por um consórcio russo-alemão encabeçado por nada menos que o antigo Chanceler alemão Gerhard Schröder. A Gazprom está a investir mais de 5 mil milhões de euros nesse gasoduto.

Um importante aspecto do gasoduto do Norte da Europa é que permite à Rússia contornar países como a Bielorrússia e a Ucrânia e fornecer gás directamente à Alemanha e daí à Europa Central e Ocidental. Isso seria uma vantagem económica para a Alemanha e desenvolveria ainda mais as relações políticas, bem como as económicas, entre a Rússia e a Alemanha.


A Alemanha e a Rússia alegam que o gasoduto do Norte da Europa é uma tentativa de diversificar as suas rotas energéticas. Elas citam os problemas com a Ucrânia e a Bielorrússia que levaram à interrupção do fornecimento de petróleo à Alemanha. Porém, mais que qualquer outra coisa, representa um compromisso russo para assegurar o fornecimento de gás à Alemanha e a construção de uma relação especial entre os dois países. Tornará a Alemanha ainda mais dependente da energia russa e é isso que a Rússia pretende.

Alguns analistas ocidentais têm manifestado a sua irritação com a Rússia, acusando-a de “desagregação”, “o que atrai os interesses da Alemanha, ao mesmo tempo que enfurece Varsóvia e os três países bálticos” (Robert Amsterdam, IHT, 9 de Janeiro de 2007). Os países de trânsito como a Polónia e os estados bálticos dizem que o gasoduto os tornará mais vulneráveis, porque perderão as taxas de trânsito e não serão servidos pelo novo projecto e isso significa que poderão vir a ser afastados dos fornecimentos russos. Porém, as possíveis consequências da cooperação económica russo-alemã são a verdadeira fonte do descontentamento expresso por alguns países da Europa ocidental (sobretudo a Grã-Bretanha) e pelos EUA.


A Rússia tem tentado “ampliar a sua rede de gasodutos no noroeste e no Báltico, dos 75 milhões de toneladas anuais para 110 milhões de toneladas durante os próximos dois a três anos”, segundo o Ministro russo do Comércio e Indústria Viktor Khristenko (Associated Press, 10 de Janeiro de 2007). Os responsáveis russos também esperam acelerar a construção de novos oleodutos na Sibéria Oriental e sob o Mar Báltico – saídas que dariam à exportação de petróleo russo um maior acesso aos mercados estrangeiros.

Um problema para a Rússia pode vir a ser que não possa utilizar integralmente a rede em que tanto investiu. Alguns analistas ocidentais crêem que a Rússia não possui a alta tecnologia necessária à exploração integral dos seus recursos e que, por isso, sem investimentos ocidentais não pode cumprir os seus compromissos internacionais. Porém, a Rússia insiste que é uma fonte de confiança. Os interesses que a Rússia defende não são a produção mas o assegurar de um monopólio dos mercados e rotas europeias e vizinhas. Por exemplo, um resultado da mais recente disputa entre a Rússia e a Bielorrússia foi um acordo em que a Gazprom comprará 50 por cento das acções da Beltransgaz, a rede bielorrussa de gasodutos. A Gazprom também está a planear rotas através da Turquia.

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