Potencial energético brasileiro não condiz com política internacional do País nem com tecnologia importada para o setor
por YAGO EUZÉBIO BUENO DE PAIVA JUNHO
por YAGO EUZÉBIO BUENO DE PAIVA JUNHO
O acordo entre Brasil e Estados Unidos para a normatização do etanol no mercado mundial, cooperação para pesquisa no setor e investimentos em países da América Central para a produção deste combustível fez com que, após trinta anos do surgimento do ProÁlcool, o Brasil recomeçasse a discutir profundamente o seu significado social, político, econômico e cultural. Entretanto, ao lado de preocupações absolutamente pertinentes, continuam, nesse debate, velhos preconceitos e irritantes distorções sobre a real extensão de um programa de desenvolvimento assentado na utilização da biomassa.
É inegável que estamos no epicentro da mudança do paradigma energético mundial. Um fato até bem pouco tempo impensável está constatado: o petróleo é finito. Ou seja, a energia que possibilitou o deslocamento humano, gerando o espantoso acúmulo de riqueza, está no ocaso. Diante desta realidade todos os olhares voltam-se para as vantagens dos biocombustíveis brasileiros.
Devido à inclinação do globo terrestre, geograficamente o Brasil representa 40% dos trópicos úmidos do planeta. Para se ter uma dimensão do que isso significa, um dia de sol batendo na Amazônia equivale à energia de seis milhões de bombas atômicas. O que precisamos fazer é armazenar essa energia. Afortunadamente a natureza foi gentil conosco. Não existe melhor armazenador que as plantas. Cabenos desenvolver uma tecnologia que transforme essa força em bem-estar para o homem.
O potencial de produção de combustíveis renováveis do Brasil é espantoso. A geopolítica da atualidade precisa ser analisada sob essa perspectiva. Hoje a verdadeira divisão econômica mundial está entre os países situados acima do trópico de câncer - ricos, mas pobres de energia - e os países situados abaixo desse trópico – pobres, porém ricos em energia. O centro do capitalismo precisa muito mais da periferia do que o contrário.
É um contra-senso estarmos num paraíso energético e vivermos num inferno socioeconômico. A perversidade está na cópia de um modelo civilizacional não adequado a nossas condições, o que significa a importação de pacotes tecnológicos. “Um projeto de nação independente não deve fundamentar-se em pacotes tecnológicos montados alhures, valendo-se dos fatores de produção das corporações estrangeiras, o que implica a indução de matérias- primas estratégicas, formas energéticas predominantes, ações comerciais, pesquisa científica e política externa no país de origem”. (VASCONCELLO S , 2002a, p. 85)
Revista Sociologia
http://sociologiacienciaevida.uol.com.br/ESSO/edicoes/13/artigo65884-1.asp?Email=
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