Imensas voçorocas ameaçam a vida do Grande Rio
http://www.altiplano.com.br/Eroaraguaia.html
Três décadas de muito "progresso", muita modernização no campo e muita monocultura, principalmente de soja, na intersecção dos Estados de Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, mostram agora que, enquanto uns poucos enriqueceram, a sociedade toda perdeu.http://www.altiplano.com.br/Eroaraguaia.html
É ali que uma leva de produtores rurais - a maioria formada por oportunistas e ex-retirantes (hoje podres de ricos) do Paraná e do Rio Grande do Sul - vem provocando estragos ambientais sem precedentes. Além de devorarem o entorno do Parque Nacional das Emas, no sudoeste goiano, eles não hesitaram em destruir as nascentes do Araguaia, um dos maiores e mais importantes rios brasileiros
No lugar de minas e olhos d'água o que existe hoje são 17 voçorocas - imensas erosões com até 800 metros de extensão, 35 de largura e 15 de largura. O quadro é conseqüência do desmatamento desenfreado, inclusive de matas ciliares, e da não-conservação do solo, o que expressa um típico comportamento de agricultores sulistas: a soma de ganância e ignorância.
Por este motivo, autoridades estaduais e federais chegaram a iniciar uma campanha de recuperação das cabeceiras há três anos, mas tudo não passou de marketing.
O problema, porém, continua, é grave e, se nada for feito, ameaça a existência do Araguaia. Apesar de ser um grande rio, como dizem os índios Karajás, é também um sistema ainda frágil, no qual as interferências podem ser mais catastróficas do que já são.
E é muito fácil destruí-lo: os seus primeiros quilômetros são meros regos d'água, que vão formando pequenos córregos, somam-se, viram riachos e, só mais adiante, transformam-se em um verdadeiro rio. É um rio misterioso. Com as nascentes localizadas praticamente dentro da Bacia do Paraná, que corre para o Sul, o Araguaia vai para o Norte - desenhando praias no inverno e perpetuando a vida no verão.
*Reportagem de Paulo José
*Fotos de Paulo J.S. e Evandro Bittencourt
Altiplano.com.br (Goiânia, Goiás, Brasil, 1999)
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