Autor: Gustavo Souto Maior - Engenheiro, com mestrado em economia do meio ambiente, e atualmente preside o Instituto Brasília Ambiental, órgão de meio ambiente do Governo do Distrito Federal.
A segunda metade do século XIX testemunhou mudanças marcantes no conhecimento humano sobre teorias econômicas e sobre estratégias de conservação da natureza. Preocupações manifestadas por alguns economistas europeus sobre crescimento populacional, disponibilidade de recursos naturais e progresso econômico no início do século XIX, passaram a ser compartilhadas por intelectuais em ambos os lados do Atlântico norte ao final do século. Muitos desses intelectuais estiveram envolvidos com a criação das primeiras unidades de conservação ao final do século. Apesar de terem em comum os mesmos temas, cientistas naturais discordavam das relações entre eles estabelecidas pelos economistas, taxando-as de grosseiras simplificações.
A partir de então, e durante os cem anos seguintes, o raciocínio econômico e a conservação da natureza ficaram cada vez mais distantes. Na verdade, eles pareciam crescentemente incompatíveis. Somente na segunda metade do século XX, Economia e Conservação voltaram a demonstrar certa compatibilidade. A partir dos anos 60, passou-se a utilizar crescentemente a análise econômica para a identificação das causas da degradação do meio ambiente e das dificuldades de se alcançar metas de conservação da natureza. Na década seguinte, inicia-se a difusão crescente do uso de instrumentos econômicos na política de meio ambiente.
Teorias e práticas econômicas continuam sendo, no entanto, encaradas com desconfiança por certas áreas do pensamento e da prática da conservação da natureza. Isto é particularmente evidente entre os proponentes de espaços protegidos – unidades de conservação da diversidade biológica. Uma desafiadora questão surge da análise histórica: qual eficiência tem predominado entre os defensores contemporâneos de áreas protegidas/unidades de conservação? A eficiência física dos conservacionistas, a eficiência econômica tão ao gosto de economistas de diferentes vertentes, ou nenhuma das duas? Aceitando o desafio de tentar fornecer respostas para elas, mostraremos que as três opções estão presentes no atual estágio de definição e implantação de áreas protegidas/unidades de conservação. Essas têm por objetivos básicos proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais.
Revista Política Democrática
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