terça-feira, 25 de novembro de 2008

O urânio é nosso


O urânio é nosso
Atualmente, o Brasil produz 400 toneladas de urânio usadas em sua totalidade
para alimentar Angra 1 e 2. Para atender a Angra 3 e as outras
usinas previstas no Plano Nacional de Energia (PNE), a intenção das Indústrias
Nucleares do Brasil (INB) é aumentar esse volume, com um investimento
de R$ 70 milhões a R$ 80 milhões, para 2.300 toneladas até
2012, o que permitiria manter até nove usinas em funcionamento. “Cerca
de 1.500 toneladas viriam da mina de Santa Quitéria, no Ceará. O
resto seria obtido dobrando a produção atual da mina de Caetité, na
Bahia”, conta o engenheiro Alfredo Tranjan Filho, presidente da INB.
Mas a extração do urânio é apenas a etapa inicial do processo, que
inclui ainda a conversão, o enriquecimento, a reconversão, a produção
de pastilhas e a montagem do elemento combustível. “Já temos o domínio
técnico de todas essas etapas, mas algumas delas ainda são realizadas
no exterior, como a conversão e o enriquecimento”, revela Tranjan
Filho. Após ser separado do minério, o urânio é concentrado na forma
de ‘bolo amarelo’ e enviado para a companhia canadense Caneco, que
o converte no gás hexafluoreto de urânio. Este segue para a empresa
européia Urenco, onde é enriquecido – o teor do isótopo (variedade de
um elemento com número diferente de nêutrons) 235, necessário para
o uso como combustível, aumenta de 0,7%, seu teor natural, para 3,5%.
O gás enriquecido é reconvertido em sólido e, já no Brasil, usado para
fabricar pastilhas com um centímetro de diâmetro e espessura, as quais
são acondicionadas em varetas feitas com uma liga de ferro especial
chamada zircaloy. Esses tubos formam os elementos combustíveis.
“Investiremos entre R$ 300 milhões e R$ 400 milhões na conversão
e esperamos ter uma planta industrial que atenda a necessidade brasileira
até 2014”, informa o presidente da INB. O projeto é feito em conjunto
com o Centro Tecnológico da Marinha (CTM), em São Paulo (SP),
que desenvolveu a tecnologia brasileira de conversão e enriquecimento
do urânio. O CTM está construindo uma planta semi-industrial que entrará
em operação em 2010 e permitirá obter os parâmetros operacionais
para a versão industrial. O CTM também pretende pôr em operação até
novembro duas cascatas de centrífugas para enriquecimento. Essa será
a etapa inicial para que, até 2030, o Brasil possa enriquecer
toda a sua produção de urânio. Os investimentos
para essa área somam R$ 2,8 bilhões.
“Só prospectamos 30% do nosso território.
A estimativa é que as reservas sejam superiores
a um milhão de toneladas, suficientes para atender
um programa nuclear de porte ainda maior que o
programado”, afirma Tranjan Filho.

n o v e m b r o d e 2 0 0 8 • CiênCia Hoje • 43

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