segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Lar de quase metade da Humanidade, regiões costeiras rumam para o caos*

Lar de quase metade da Humanidade, regiões costeiras rumam para o caos*
Roberta Jansen
A poluição decorrente das grandes concentrações humanas nas áreas costeiras é a maior responsável pela destruição de recursos e ambientes marinhos. Aproximadamente 44% dos poluentes lançados nas águas vêm da terra.

Cerca de 40% da população mundial vivem a menos de cem quilômetros das áreas litorâneas. A ocupação desordenada dessas regiões é apontada como uma das principais responsáveis pela degradação dos ambientes marítimos costeiros, onde se encontra boa parte da biodiversidade marinha. A costa dos EUA representa menos de 11% do território do país, mas produz um terço do PIB e abriga metade da população. No Brasil, a situação é semelhante: a densidade populacional média do País é de 17 habitantes por quilômetro quadrado, mas chega a 87 na costa.

Não há estatísticas globais, mas sabe-se que quase todo poluente gerado em terra vai para o mar: de resíduos orgânicos a fertilizantes, passando por metais pesados e produtos químicos. Cerca de 90% de tudo o que é produzido no mundo é transportado pelo mar, gerando mais uma fonte poluente. A poluição já causou a destruição, em todo o mundo, de 27% dos recifes de coral - as maiores regiões de biodiversidade marinha. Isso sem falar na devastação da vegetação costeira, o que contribui para a degradação dos mares.

Na costa brasileira deságuam, diariamente, segundo dados oficiais, 36,7 milhões de metros cúbicos de efluentes de origem industrial e 10,4 milhões de metros cúbicos de esgotos urbanos - 80% deles sem tratamento.

- O mais grave hoje no Brasil é o despejo de esgoto porque ocorre em toda a costa - avalia Abílio Soares Gomes, do Departamento de Biologia Marinha da UFF, um dos organizadores do livro recém-lançado Biologia marinha (Ed. Interciência).
Roberta Jansen é jornalista.

* Artigo publicado no suplemento especial Planeta Terra do jornal O Globo, em 4 de setembro de 2002.

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