Ferrovias para o Brasil
Nilder Costa
12/fev/08 (AER) – Em oportuno artigo de opinião, Gregório Rabelo, diretor da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) cujo mandato está por se encerrar, faz um breve retrospecto do modal ferroviário no Brasil e em outras nações com vastos territórios, como a China, Canadá, EUA, Rússia e Índia.
Recorda que os 71 mil quilômetros de trilhos na China são decisivos para as taxas do Produto Interno Bruto (PIB) que mais cresce na atualidade. Que no Canadá, em meio a sua malha de 80 mil km, ostenta a estratégica Canadian Pacific Railway, que liga Vancouver a Montreal, foi construída em 1881 por exigência da Colúmbia Britânica, que se tornara a sexta provícia (estado) daquele país. Ou ainda da lendária Transiberiana, construída ainda no tempos dos czares e que, com seus impressionantes 9.289 km, conecta a região européia do país com as províncias do Extremo Oriente; atravessa oito fusos horários e escoa cerca de 30% das expostações russas. A Índia exibe uma malha ferroviária de 63 mil km e que, apesar de boa parte ser da época colonial, é imprescindível à economia indiana.
Finalmente os EUA, cujos 200 mil km possui a mais extensamalha ferroviária do mundo e onde se destaca outro projeto épico, a Union Pacific Railroad, primeira a perfazer uma rota entre as margens dos oceanos Atlântico e Pacífico e que foi iniciada no mandato de Abraham Lincoln, em 1862, em plena Guerra de Secessão.
Em tal cenário, o Brasil faz uma triste figura. Diz o articulista:
Chegamos a contar com 35 mil km de trilhos, no bojo da República Velha, em 1922. Fruto de descasos e falta de visão estratégica, reduzimos para apenas 28 mil km. Desse total, 6 mil km não podem ser utilizados, pois não reúnem as condições plenas de operacionalidade, portanto, restam em funcionamento somente 22 mil km. Desperdiçamos 13 mil km de trilhos, o que equivale a um prejuízo de US$ 156 milhões (sem correção monetária e juros).
Otimista, deposita grandes esperanças na construção da Ferrovia Norte-Sul que, se concretizar-se, unirá várias regiões e permitirá ao País produzir e escoar 300 milhões de toneladas de grãos por ano, em lugar do patamar de 130 milhões de toneladas atuais.
Mas termina com uma advertência:
O século 21 poderá ser o tempo de retomada dessa lacuna, desde que, diferentemente do passado, contemos com grandeza tanto na visão estratégica quanto na percepção e vontade políticas, aliadas à cobrança e à permanente vigilância de uma sociedade cônscia de seu país e dos "trilhos históricos". No atual cenário, o Brasil necessita, anualmente, da construção de 4 mil km de ferrovias, a fim de que, daqui a duas décadas, possuamos uma malha igual à do Canadá, que possa suprir a demanda na logística e conduzir o crescimento econômico que ansiamos.
Notas:
[1] Vastos territórios e grandes ferrovias, Valor, 12/02/2008
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Comentários (1 enviado):
david em 02 April, 2008 20:00
estamos esperando o que? para construir ferrovias. Inicialmente elas dão emprego a grande mão de obra.
o capital investido circula no proprio país
depois de pronta ela já dá lucro.
mais uma vez, estamos esperando
http://www.alerta.inf.br/index.php?news=1262
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