10/set/08 (Alerta em Rede) – Nos alerta o relator especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para o direito à alimentação, Olivier Schutter, que a produção mundial de alimentos precisará aumentar em 50% até 2030 e dobrar até 2050 para fazer frente à escassez mundial nas próximas décadas. [1]
Em tal cenário, são recorrentes as análises de especialistas da área apontando o Brasil como país chave. A mais recente delas partiu do professor doutor Friedrich Berschauer, presidente de Bayer CropScience AG, durante a tradicional entrevista coletiva à imprensa que a gigante alemã promove todos os anos em Monheim, na Alemanha. Segundo Berschauer, o mundo se encontra atualmente no umbral de uma ‘nova economia agrícola’ na qual a agricultura e a indústria da alimentação ocuparão o lugar primordial. [2]
Esse prognóstico se baseia em tendências de longo prazo para a demanda de produtos agropecuários, que continuará aumentando devido não apenas ao crescimento da população mundial, mas, também, pela mudança de hábitos alimentares de centenas de milhões de pessoas que estão saindo da pobreza, fundamentalmente na Ásia, o que elevou fortemente, por exemplo, o consumo de carnes.
Adiante, Berschauer disse que restam poucas dúvidas que o Brasil será o maior produtor mundial de alimentos, ultrapassando os Estados Unidos, fato que qualificou como ‘extraordinário’. Mesmo sem aventurar um prognóstico de quando esse fato se realizaria, disse que seria mais cedo que tarde, em que pese os altos subsídios governamentais aos produtores americanos, e que dependeria também da evolução dos preços e da capacidade do Brasil em ‘adequar a sua infra-estrutura’.
Quando se fala em carência da infra-estrutura de transportes no Brasil, há que mencionar-se imediatamente a histórica e inaceitável distorção que vem desprezando a correta utilização da nossa fantástica rede fluvial para transportar bens e produtos cujas características tornam o modal hidroviário imbatível: granel (grãos e insumos) a grandes distâncias.
Sob o ponto de vista logístico, existem algumas similitudes interessantes entre o Brasil e os EUA, já que apresentam dimensões continentais, seus ‘cinturões agrícolas’ se localizam distantes do litoral e ambos possuem uma dadivosa rede fluvial. A diferença gritante é que lá, nos EUA, é secular a utilização do sistema Missouri-Mississipi-Ohio para o transporte maciço de grãos e outros granéis.
Já por aqui, apesar da existência de vários sistemas equivalente ao americano – Araguaia-Tocantins, Tapajós-Teles Pires, Paraguai-Paraná, para citar os mais importantes do ponto de vista logístico – a sua utilização é sofrível ou praticamente inexistente.
O caso do transporte da soja é emblemático
Fonte: Livro "A hora das hidrovias"
O resultado é que o custo médio de transporte da soja produzida no Cerrado brasileiro é quase o triplo que nos EUA. Em 2003, por exemplo, esses custos foram, respectivamente, 35 e 15 dólares por tonelada transportada. [3]
Por outro lado, mais recentemente, a implantação das hidrovias mencionadas foi obstaculizada pela intensa campanha do aparato ambientalista internacional, o que mostra bem qual é o verdadeiro objetivo estratégico dos financiadores de ‘ecodólares’.
Em uma palavra, chegou a ‘hora das hidrovias’.
Notas:
[1] Até 2050, será preciso o dobro de alimentos, alerta ONU, Estado de São Paulo, 10/09/2008
[2] El Brasil va camino a convertirse en el mayor productor mundial de alimentos, ABC Color, 09/09/2008
[3] ‘A hora da hidrovias’, Capax Dei Editora, 2008
http://www.alerta.inf.br/index.php?news=1387
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