quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Brasil, 'sumidouro de carbono' para países ricos?

Brasil, 'sumidouro de carbono' para países ricos?
Nilder Costa
9/abr/08 (AER) – Na reunião da ONU realizada esta semana em Bangcoq sobre clima, os países desenvolvidos tentaram aprovar o uso das florestas como sumidouro de carbono, numa alternativa barata para deixarem de cumprir as exigências – baixadas por eles mesmos – de reduzir drasticamente suas emissões de ‘gases do efeito estufa’.

Fora a observação entre os travessões, a lapidar afirmação acima foi feita por ninguém menos que o Greenpeace e revela dois aspectos relevantes: primeiro, o aparato ambientalista exige ‘soluções’ muito mais radicais que a compensação de carbono, proposta por países desenvolvidos para mitigar a ‘contribuição humana’ ao aquecimento global, tida como a mais importante; e, segundo, a falácia do decantado princípio ‘poluidor-pagador’, esgrimido como a quinta-essência do saber ecológico contra o setor produtivo, mormente em países emergentes. [1]

Coerentemente, a proposta foi rejeitada pelos países em desenvolvimento, com o Brasil (que preside a reunião) à frente. Já o Japão, que tentou modificar os critérios existentes para a emissão dos ‘gases estufa’, que seriam calculadas e limitadas por setor de atividade e não por metas nacionais, foi invectivado pelas ONGs como ‘vilão ambiental’.

Por outro lado, é crescente a influência de cientistas renomados e respeitados que discordam da visão probabilística – e não científica – do apocalíptico aquecimentismo na versão oficial do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática, na sigla em inglês) e que são pejorativamente rotulados como ‘céticos’. Hoje mesmo a Folha de São Paulo teve que publicar um artigo de Patrick J. Michaels, climatologista americano que ousou contrariar o caudal catastrofista.

Michaels, que esteve palestrando sobre o tema em março passado no Ibmec (Instituto Brasileiro de Mercados de Capitais), foi arrolado como ‘cético’ pelo jornal. “Ao contrário, começou por dizer que os céticos em relação ao aquecimento global mudaram de opinião devido a um virtual consenso existente”, protestou o climatologista que, por sinal, é membro atuante do IPCC.
“O AQUECIMENTO global é real, é em parte causado por atividades humanas e deve permanecer modesto nos próximos decênios. É certo que não temos capacidade tecnológica para reduzi-lo significativamente agora, mas essa tecnologia deve surgir se investirmos no futuro”, opina Michaels,
só que

“É um aquecimento modesto, o que é bom. Neste momento, mesmo se tentássemos, não conseguiríamos alterar esse valor. Considere o seguinte: se todas as nações cumprirem o Protocolo de Kyoto -um tratado da ONU-, o aquecimento cairá cerca de 0,07ºC a cada meio século. É uma quantidade muito pequena para ser medida. Entretanto, seu custo é alto -e é por isso que os países não cumprem o protocolo”.

E fulminou afirmando que

“Gastar dinheiro em tentativas fúteis de conter o aquecimento é desperdiçar recursos que poderiam ser investidos em tecnologias futuras e avanços tecnológicos que poderiam funcionar de fato. Essa foi a minha mensagem. Supus que seria auspiciosa e encorajadora -certamente, não uma mensagem que pudesse ser considerada "cética"”.

Notas:
[1]Os ricos sujam lá e querem limpar usando nossas florestas, Greenpeace, 07/04/2008
[2]Uma visão consistente do aquecimento global, Folha de São Paulo, 09/04/2008

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