Solução tardia
Demora do governo brasileiro para enfrentar a imigração ilegal de haitianos resulta no fechamento emergencial da fronteira. Mas o problema está muito longe de acabar
Claudio Dantas Sequeira
Demora do governo brasileiro para enfrentar a imigração ilegal de haitianos resulta no fechamento emergencial da fronteira. Mas o problema está muito longe de acabar
Claudio Dantas Sequeira
ILEGAIS
Desabrigados haitianos em Brasileia (Acre) e reportagem
de ISTOÉ de março de 2011: tragédia anunciada
À ESPERA DE AJUDA
Hospedagem improvisada para haitianos em Brasileia
Embora a PF tentasse fechar o cerco aos coiotes, acionando adidos policiais e a Interpol, não pôde fazer muito em relação aos haitianos. O Itamaraty pediu informalmente que prisões e deportações fossem evitadas. Temia-se que uma ação truculenta causasse mal-estar diplomático com o Haiti, país que virou vitrine da atuação internacional brasileira por conta da missão de paz da ONU, a Minustah. O Brasil já gastou na operação mais de R$ 1 bilhão e mantém in loco um contingente de 2,2 mil militares. A leniência da diplomacia foi um tiro no pé. Sem barreiras, o fluxo de haitianos aumentou vertiginosamente e o Ministério da Justiça chegou a contabilizar quatro mil ilegais. Mas esse número pode ser bem maior. A política de regularização, incentivada pela diplomacia, também serviu como estímulo aos imigrantes. Além da concessão de vistos, o governo agora debate uma forma de melhorar a assistência humanitária. A questão de fundo foi mais uma vez deixada de lado. O que atrai os haitianos não é o “sonho brasileiro”, mas a simples necessidade de sobrevivência, ante a fome, o desemprego e as doenças que assolam seu país. Os esforços para a reconstrução do Haiti, pelos quais o governo jacta-se frequentemente, não parecem ter sido suficientes.
Revista Isto é
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