Grupo nasceu após invasão dos EUA no Iraque e tinha ao menos 800 combatentes em junho; hoje o número ultrapassaria 15 mil
Em junho, quando militantes extremistas do Estado Islâmico tomaram Mosul - a segunda cidade mais importante do Iraque -, as potências ocidentais decidiram não intervir. Foi dito na época que o grupo jihadista era um problema sectário e regional.
AFP
Estado Islâmico é hoje mais poderoso que a al-Qaeda
No entanto, o Estado Islâmico - anteriormente conhecido como EIIL - continuou avançando e provocando caos no Iraque. E com uma poderosa campanha na internet anunciou o estabelecimento de um califato em partes do Iraque e da Síria, expulsando muitas comunidades da região.
Na semana passada, enquanto circulavam imagens de dezenas de milhares de iraquianos da minoria étnica curda yazidi presos em uma montanha fugindo do Estado Islâmico, o governo americano decidiu lançar uma operação aérea contra posições chaves do movimento.
Na segunda-feira (11), o Pentágono descreveu o Estado Islâmico como um adversário imponente e de grande qualidade - uma descrição raramente usada por militares ocidentais para se referir a grupos considerados terroristas.
"Estão extraordinariamente bem organizados, bem equipados, sabem coordenar suas operações e até agora tem mostrado capacidade de atacar em múltiplos eixos. E isso não é pouca coisa", disse o comandante William Mayville.
O grupo, que antes era visto como pequeno e fanático, agora virou um exército determinado e perigoso.
"Mais poderoso que a al-Qaeda"
O presidente do governo regional curdo, Massoud Barzani, cujo exército tenta expulsar os jihajistas do norte do país, ecoa essas palavras e também adverte que não se deve subestimar o poder do Estado Islâmico.
"Não estamos combatendo uma organização terrorista. Estamos combatendo um Estado terrorista", disse Barzani no domingo.
No mesmo dia, parlamentares americanos expressaram temores sobre a milícia. "A cada dia que passa, o Isis [sigla em inglês] levanta seu califato e se converte a uma ameaça direta aos Estados Unidos", disse o presidente do subcomitê Antiterrorismo do Congresso americano, o republicano Peter King.
"Agora eles são mais poderosos do que era a al-Qaeda durante o 11 de setembro."
O temor maior do governo americano é que o grupo consiga formar um Estado próprio no coração do Oriente Médio, que serviria de plataforma de lançamentos de ataques contra os Estados Unidos - semelhante ao que foi feito com o Afeganistão pelo Talebã na década passada.
Como se chegou até aqui
O Estado Islâmico surgiu depois da invasão dos Estados Unidos e seus aliados ao Iraque com sobreviventes da Al-Qaeda no país, então liderada por Abu Musab al Zarqawi.
Depois da morte de Al Zarqawi, em um ataque dos Estados Unidos em 2006, membros da Al-Qaeda fundaram o Estado Islâmico do Iraque (ISI, sigla em inglês).
No começo, o grupo era frágil. Mas entre 2011 e 2013, quando começou a rebelião na Síria, o ISI – agora dirigido por Abu Bakr al Baghdadi – começou a ganhar força. Este ano, o grupo tomou várias cidades no norte do Iraque.
Com táticas brutais, o grupo que passou a se chamar ISIS (Estado Islâmico do Iraque e Levante) e depois simplesmente Estado Islâmico. O seu crescimento surpreendeu muitos no Ocidente. Acredita-se que em junho, quando Mosul foi tomada, o grupo possuía 800 combatentes.
Agora, armado com arsenal americano obtido após vitórias sobre o exército iraquiano, o Estado Islâmico estaria com mais de 15 mil combatentes e acesso a recursos de US$ 2 bilhões – oriundos de fontes diversas, entre as quais doações privadas, sequestros e roubos.
Para a jornalista iraquiana Mina al-Orabi, do jornal Ash-Sharq al Awsat, o Estado Islâmico conseguiu avançar graças ao apoio de milícias locais.
"Alguns apoios são firmados com base no medo. Outros com a satisfação temporária de seus interesses", diz ela.
http://ultimosegundo.ig.com.br/
Nenhum comentário:
Postar um comentário