Isso parece óbvio, mas não é. Muitos falam do continente
como se fosse uma região homogênea habitada por um único povo
Paola Gentile
Essa afirmação pode parecer absurda, mas não é. "Há uma
tendência em falar da África como se todos que ali vivem tivessem os mesmos
hábitos e tradições", diz Rafael Sânzio Araújo dos Anjos, coordenador do
Centro de Cartografia Aplicada e Informação Geográfica da UnB. Ele sugere que o
professor localize em mapas os diversos povos que vieram para o Brasil e as
riquezas de cada região, principalmente as minas de ouro e diamantes, para a
turma entender os motivos da exploração.
Ao falar sobre os diversos povos, é possível destacar as
contribuições de cada um para a economia do Brasil Colônia. "Eles
trouxeram para cá a melhor tecnologia dos trópicos",
informa Rafael. Tanto que os donos das terras encomendavam aos mercadores
mão-de-obra especializada para a atividade de seus domínios. Os alunos da 4ª
série da Escola Estadual Luigino Burigotto, em Limeira (SP), ficaram espantados
ao saber que a enxada, o arado e técnicas de irrigação vieram para o Brasil com
os negros. A visita à Fazenda Ibicaba, do início do século 19, ilustrou esse
capítulo da aula de Geografia, onde eles conheceram a casa-grande e a senzala
construídas pelos negros escravizados.
Problemas existem em todo o mundo
Miséria, epidemias e guerras civis existem hoje nos
diversos países da África. Mas também estão presentes em outros lugares. Elaine
Lavezzo, professora de Cultura Internacional da Escola Internacional de
Alphaville, em Barueri, município da Grande São Paulo, trabalha um continente por
ano com os alunos de 7a e 8a séries. Usando notícias de jornal e livros, ela
discutiu com as turmas as guerras civis em Angola e em Ruanda, a fome e a
epidemia de Aids. Os alunos do Ensino Médio trabalharam com jovens de baixa
renda da comunidade de Santa Terezinha, em Carapicuíba, município vizinho.
Reunidos uma vez por semana, eles pesquisaram problemas comuns do Brasil e dos
povos africanos e produziram um programa de rádio, em português e em inglês,
que organizações não-governamentais usam em Moçambique e em Nairóbi. Ela contou
com a colaboração do professor de Inglês da escola, Bruce Kevin Mack, que falou
sobre a sua infância de afro-descendente em Washington, capital dos Estados
Unidos, e contou curiosidades de seus antepassados.
REVISTA NOVA ESCOLA
Nenhum comentário:
Postar um comentário