quinta-feira, 5 de setembro de 2013

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Proteção marinha adiada
Rússia veta proposta de criação de reservas na Antártida

Barry Thomas/Flickt
O Mar de Ross e outros ecossistemas marinhos da Antárica estão sob pressão cada vez maior, mas propostas para transformá-los em santuários marinhos não receberam a aprovação da comissão internacional.

Por Daniel Cressey e Revista Nature

Planos ambiciosos para proteger milhões de quilômetros quadrados de mares antárticos foram afundados por uma surpreendente objeção legal de diplomatas russos.

Havia grande esperança de que as novas reservas no Mar de Ross e no Leste da Antártica seriam aprovadas em uma reunião internacional em Bremerhaven, na Alemanha esta semana. Os planos tinham o apoio de dezenas de cientistas, além de organizações não-governamentais (ONGs) e governos, incluindo Estados Unidos, Nova Zelândia e Reino Unido, e teriam protegido espécies que incluem pinguins, focas e peixes.

Barcos de pesca estão cada vez mais ávidos pelas águas antárticas.

A proposta para proteger o Mar de Ross se originou nos Estados Unidos e na Nova Zelândia, e teria banido a pesca em 1,6 milhão de quilômetros quadrados de mar, criando a maior reserva marinha do mundo e também estabelecendo uma zona especial para cientistas pesquisarem o impacto da mudança climática e de outras mudanças sobre a região.

Uma proposta separada, defendida por Austrália, França e a União Europeia, defendia a criação de sete áreas protegidas na costa leste da Antártica. 

Mas em 16 de julho, durante a reunião, vários participantes contaram que a delegação russa questionou a autoridade que a própria Comissão para a Conservação de Recursos Marinhos (CCAMLR), que regula a pesca na Antártica, tem para criar reservas.

O estabelecimento de qualquer reserva exige a concordância de todos os 25 membros.

Isso enfureceu ONGs, que apontaram que a CCAMLR já criou uma dessas ‘áreas marinhas protegidas’ e que todos os membros da comissão haviam concordado em princípio que essas zonas deveriam ser criadas.

Representantes de ONGs acusaram a Rússia de ir de má fé à reunião, que foi organizada especificamente para discutir as reservas marinhas que não foram aprovadas no ano passado. 

“Todos aqui estão muito decepcionados”, declara Steve Campbell, diretor de campanha da Aliança do Oceano Antártico, uma coalizão de grupos pedindo mais proteção marinha na região. “Então não há dúvidas de que a CCAMLR tem autoridade para estabelecer essas áreas”.

Campbell declara que ele ainda tem fé na capacidade que a CCAMLR tem de administrar eficazmente as geladas águas do sul, mas admitiu que a Comissão tinha “apostado sua reputação” nesse assunto. As duas propostas serão consideradas novamente na reunião anual da organização em Hobart, na Austrália, em outubro. 

Apesar de haver esperanças de que as zonas de proteção possam ser aprovadas na próxima reunião, a abordagem “linha dura” da Rússia no encontro desta semana é muito influente, e levanta sérias dúvidas sobre as chances de aprovação em Hobart.

Andrea Kavanagh, diretora da campanha Southern Ocean Sanctuaries conduzida pela Pew Charitable Trusts, uma organização não-governamental com sede em Washington capital e na Filadélffia, no estado da Pennsylvania, contou à Nature que estava “frustrada e triste” com o resultado em Bremerhaven.

“Essa objeção da Rússia foi completamente inesperada”, observa ela. “Serão necessárias medidas diplomáticas de auto nível para resolver isso”.

Este artigo foi reproduzido com permissão da revista Nature. O artigo foi publicado pela primeira vez em 16 de julho de 2013.
Scientific American Brasil

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