Fast food muda perfil da alimentação de brasileiros e prejudica sua saúde |
FERNANDA COLAVITTI fcolavitti@edglobo.com.br
A globalização alimentar cresce rapidamente no Brasil pelo seu pior lado: o da chamada junk food, os lanches e outros alimentos rápidos. A proliferação das redes de fast food, com seus cardápios variados de guloseimas gostosas e calóricas, como hambúrgueres, salgadinhos e doces —, aliada à variedade de alimentos disponíveis nos supermercados, está modificando os hábitos alimentares de norte a sul do país. Nos últimos anos, o brasileiro tem se dividido entre a tradição do arroz com feijão, e a tentação — em alguns casos, irresistível — da 'comida rápida', como mostra um amplo mapeamento da alimentação no Brasil, publicado, no mês passado, no livro 'Um, Dois, Feijão com Arroz'. Ainda que o bom e velho arroz com feijão continue sendo a base das refeições no país, o levantamento detectou um aumento no consumo de alimentos ricos em gorduras e açúcares, e pobres em nutrientes fundamentais, como cálcio e ferro, fibras, além do crescente entusiasmo pelos refrigerantes, em praticamente todos os Estados. 'Estamos trocando os pratos mais tradicionais de cada região pela comida globalizada', resume o nutrólogo Mauro Fisberg, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), um dos autores do livro. Ao contrário do que se imagina, não é somente entre os moradores das grandes cidades, como Rio de Janeiro e São Paulo, que ocorrem essas mudanças no perfil nutricional — ainda que estejam no topo do ranking. No Piauí, pratos típicos — como o frango com farinha de mandioca, consumido em viagens e passeios —, estão dando lugar aos salgadinhos e refrigerantes. No Espírito Santo as refeições antes preparadas e consumidas em casa foram substituídas por comidas prontas de restaurantes e lanchonetes. Em Goiânia, os refrigerantes, que não apareciam na dieta da população em estudos anteriores, já se tornaram o 12º componente do total de calorias da dieta das famílias — o consumo diário é de 98 mililitros, acima dos quase 93 mililitros de sucos naturais de frutas. Surto de obesos Os mineiros também sofreram mudanças significativas em seus hábitos alimentares, trocando as preparações típicas mais sofisticadas por pratos semiprontos. O estudo aponta outras substituições no Estado, como o café com leite pelo achocolatado, os vegetais in natura pelos alimentos industrializados e os doces de leite, em compota e cristalizados, pelos pudins, tortas e chocolates.
Revista Galileu |
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