sexta-feira, 23 de março de 2018

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Fases da Lua não favorecem ocorrência de terremotos, diz pesquisa
Estudo analisou mais de 200 eventos para desmentir crença popular


Existe um "mito" antigo de que grandes terremotos tendem a acontecer durante certas fases da lua ou certas ocasiões durante o ano. Contudo uma nova análise publicada na revista Seismological Research Letters confirma que essa “sabedoria” sobre os terremotos está incorreta.

Depois de combinar datas e fases lunares de 204 terremotos de magnitude igual ou maior que 8, Susan Hough, da Pesquisa Geológica dos EUA, concluiu que não há evidência de que as taxas de ocorrência de grandes terremotos seja afetada pela posição da terra em relação à Lua ou ao Sol.

Na verdade, os padrões que alguns observaram para conectar os grandes terremotos com momentos específicos do ciclo lunar “não são diferentes dos tipos de padrões que se teria se os dados fossem completamente aleatórios,” notou Hough

Para afirmar isso, Hough observou tanto os dias do ano quanto às fases lunares de 204 grandes terremotos do catálogo dos terremotos globais desde 1600. Para evitar a detecção de aglomerados de terremotos que estejam relacionados a outros fatores, ela escolheu focar sua pesquisa apenas nos dados de grandes terremotos, porque eles são menos propensos de serem um eco de um terremoto maior anterior.

Observar apenas grandes terremotos permitiu a Hough diminuir a lista a um número melhor de ser manejado, para poder associá-los às informações sobre as fases lunares encontradas em bancos de dados online.

Em sua análise, apareceram alguns aglomerados de terremotos em certos dias. Mas para testar se havia algum significado nos padrões que observava, ela selecionou aleatoriamente os dados dos terremotos para descobrir que tipo de padrões iriam aparecer. O padrão desses dados acidentais não foi diferente do tipo de padrão que apareceu no conjunto de dados originais, ela descobriu.

Isso não é uma descoberta incomum, notou Hough. “Quando se tem dados aleatórios, pode-se obter todos os tipos de sinais aparentes. É como quando se joga uma moeda: às vezes se pode obter cinco “caras” seguidas.”

Hough viu alguns “sinais” incomuns nos dados originais; por exemplo, o maior número de terremotos (16) que ocorreram no mesmo dia aconteceram sete dias depois da lua nova. Mas esse sinal não foi estatisticamente significante. “As marés lunares estariam em seu ponto mínimo nesse momento, então não há nenhum sentido físico”, ela notou.

Hough disse que a Lua e o Sol causam pressões de maré consistente na Terra - as quais resultam em ondulações através da própria Terra, não afetando as águas costeiras - e poderia ser possível que uma dessas pressões contribuísse de forma pequena para a formação dos terremotos.

Alguns pesquisadores mostraram antes que “em alguns casos há um pequeno efeito, nos locais onde há mais terremotos as pressões de maré costumam estar altas,” ela disse. “Mas se você ler esses artigos, você perceberá que os autores são muito cuidadosos. Eles nunca afirmam que os dados podem ser usados para a predição, porque a modulação é sempre muito pequena.”

A ideia de que a posição do Sol e da Lua no céu possa modular as taxas de terremotos existe há muito tempo na história, ela disse. “Eu li os arquivos de Charles Richter, os preditores escreviam para ele aos montes, porque ele era o único que as pessoas conheciam para escrever sobre isso...se você lê as cartas, elas são similares ao que as pessoas dizem atualmente, são as mesmas ideias”.

“Mais cedo ou mais tarde haverá outro terremoto durante a lua cheia e essa sabedoria aparecerá de novo ,” disse Hough. “Minha esperança é de que esse estudo sólido dará às pessoas algo para se basear, ele mostrará que ao longo do tempo, não há um histórico de grandes terremotos que aconteceram em luas cheias.”

Sociedade de Sismologia da América
Revista Scientific American Brasil

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