terça-feira, 27 de março de 2018

A Terra perde biodiversidade em ritmo alarmante, diz a ONU


Estudos mostram que nenhuma região do planeta está a salvo da perda de flora e fauna. Cientistas apontam estilo de vida humano como principal causa

Pixabay
Até 2100, mais da metade das aves e mamíferos da África pode desaparecer

A Terra tem perdido plantas, animais e água limpa em um ritmo alarmante, revelaram na sexta-feira 23 quatro relatórios sobre a biodiversidade divulgados pela ONU. Os estudos abrangentes mostraram que nenhuma região do planeta está em boas condições e que essa tendência de destruição é causada, principalmente, pela atividade humana.

Durante três anos, mais de 500 especialistas de mais de 100 países, reunidos na Plataforma Intergovernamental sobre Serviços de Ecossistemas e da Biodiversidade (IPBES), analisaram o estado da fauna e da flora no mundo.

"A biodiversidade, a variedade essencial de formas de vida na terra, continua a diminuir em todas as regiões do mundo. Essa tendência alarmante coloca em risco a qualidade de vida dos seres humanos em todo lugar", destacaram os pesquisadores.

Os estudos mostraram ainda que as mudanças climáticas se tornarão uma ameaça cada vez maior para a biodiversidade a partir de 2050, somadas aos danos provocados pela poluição e o desmatamento para abrir espaço à agricultura.

A atual tendência de destruição da biodiversidade coloca em risco economias, meios de subsistência, a segurança alimentar e a qualidade de vida, destacou a ONU.

Segundo o presidente do IPBES, Robert Watson, a redução da biodiversidade é um efeito colateral de um mundo cada vez mais rico e cada vez mais populoso. O pesquisador destacou que a maneira como a sociedade tenta conseguir mais comida, água potável, energia e terra está provocando essa diminuição. Watson ressalta que as mudanças climáticas e o aquecimento global, causados também pelo homem, são outros fatores que contribuem para esse cenário.

Para as Américas, o relatório indica que, se a tendência de destruição seguir o ritmo atual, em 2050 haverá 15% menos plantas e animais do que agora. Em relação ao período anterior à colonização do continente, a redução será de 40%. Quase 25% das espécies conhecidas da região estão ameaçadas.

Os pesquisadores estimaram ainda que o valor da biodiversidade do continente é de 24,3 trilhões de dólares, valor superior ao do Produto Interno Bruto dos Estados Unidos.

A previsão para a região da Ásia-Pacífico indica que, em 2048, não haverá mais reservas de peixes para pesca comercial. Essa área perderá ainda 45% de sua biodiversidade e 90% de seus corais.

A África pode perder mais da metade de suas espécies de aves e mamíferos até 2100. Mais de 20% das espécies da região estão ameaçadas ou foram extintas.

Até mesmo na Europa e na Ásia Central, região que, segundo Watson, é a que está no melhor caminho para a proteção das espécies, cerca de 28% de animais e plantas estão ameaçados. A expansão da agricultura convencional e da silvicultura são os principais problemas da região.

Para reverter essa tendência destrutiva, os pesquisadores destacam que governos e a sociedade precisam mudar seu modo de governar e seus estilos de vida. Watson afirma que economizar água e energia, além da diminuição do consumo de carne vermelha são ações individuais para salvar o planeta.

"Algumas espécies estão ameaçadas de extinção. Outras vão diminuir em número. A Terra será um lugar mais solitário. Trata-se de uma questão moral. Nós humanos temos o direito de extingui-los?", pergunta Watson.
Revista Carta Capital

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