Demanda global de energia deve aumentar substancialmente, a medida que outros países grandes e quentes crescem e adquirem hábitos de consumo como os dos EUA
Vanessa Barbosa
Se tem um país calorento no mundo é os Estados Unidos. Atualmente, os americanos usam mais energia do que todas as nações do mundo juntas, para se manterem fresquinhos sob o ar-condicionado. Mas à medida que as condições econômicas melhoram em outros países, o aumento no uso deste eletrodoméstico deverá disparar, colocando uma pressão sem precedentes sobre a oferta global de energia.
É o que aponta um estudo da Universidade de Michigan, que projeta o crescimento da demanda de energia nessa seara nas próximas décadas. Em artigo publicado no periódico científico American Scientist, o pesquisador Michael Sivak calcula que oito países têm potencial de superar os americanos: Índia, China, Indonésia, Nigéria, Paquistão, Bangladesh, Brasil e Filipinas.
Para se ter uma ideia do que pode vir pela frente, apenas a cidade de Mumbai, na Índia, tem potencial de gerar uma demanda equivalente a um quarto do consumo americano de um ano, devido a combinação de dois fatores - uma população suficientemente grande e um clima suficientemente quente.
Sivak calculou a demanda potencial de diferentes países com base no "Índice de arrefecimento", que dá uma indicação da energia necessária para resfriar espaços interiores. Com base nesse índice, ele projetou qual seria o consumo de energia em cada país, se o uso de ar condicionado se tornasse tão prevalente como é nos Estados Unidos, onde 87% dos lares estão equipados com ar condicionado.
De acordo com seu artigo, alguns países já estão chegando próximo disso. Na China, o percentual de domicílios com um aparelho de refrigeração cresceu de menos de 1% em 1990 para 62% em 2003. Na Índia, que em 2007 registrava 2% de lares com ar-condicionado, vê as vendas do aparelhos aumentarem 20% a cada ano.
A implicação direta dessas altas é óbvia - o aumento na demanda por energia, diz Sivak. Segundo o pesquisador, a Índia tem potencial de usar cerca de 14 vezes mais energia para resfriamento que os Estados Unidos.
Já a China e a Indonésia superariam o consumo de energia dos americanos em 5 e 3 vezes, respectivamente. O Brasil também está na lista, com potencial de superar o consumo americano de energia pelo ar-condicionado em quase duas vezes.
Para o pesquisador, um caminho possível para frear este aumento na demanda é o da eficiência energética, com o desenvolvimento de aparelhos de ar-condicionado que entregam a mesma qualidade, mas consomem bem menos energia.
E é preciso pavimentar este caminho o quanto antes. Sivak destaca que a mudança climática deverá pressionar ainda mais a demanda por refrigeração no longo em prazo.
Ele cita um estudo feito pela Agência de Avaliação Ambiental da Holanda, que avaliou o futuro uso de energia residencial para refrigeração no contexto da mudança climática. A projeção preocupa. De acordo com o centro de pesquisa, em 2100 a demanda mundial de energia para o ar condicionado pode aumentar em 72%, como resultado das mudanças climáticas.
Vanessa Barbosa
Agro St. Georg/Creative Commons
Se tem um país calorento no mundo é os Estados Unidos. Atualmente, os americanos usam mais energia do que todas as nações do mundo juntas, para se manterem fresquinhos sob o ar-condicionado. Mas à medida que as condições econômicas melhoram em outros países, o aumento no uso deste eletrodoméstico deverá disparar, colocando uma pressão sem precedentes sobre a oferta global de energia.
É o que aponta um estudo da Universidade de Michigan, que projeta o crescimento da demanda de energia nessa seara nas próximas décadas. Em artigo publicado no periódico científico American Scientist, o pesquisador Michael Sivak calcula que oito países têm potencial de superar os americanos: Índia, China, Indonésia, Nigéria, Paquistão, Bangladesh, Brasil e Filipinas.
Para se ter uma ideia do que pode vir pela frente, apenas a cidade de Mumbai, na Índia, tem potencial de gerar uma demanda equivalente a um quarto do consumo americano de um ano, devido a combinação de dois fatores - uma população suficientemente grande e um clima suficientemente quente.
Sivak calculou a demanda potencial de diferentes países com base no "Índice de arrefecimento", que dá uma indicação da energia necessária para resfriar espaços interiores. Com base nesse índice, ele projetou qual seria o consumo de energia em cada país, se o uso de ar condicionado se tornasse tão prevalente como é nos Estados Unidos, onde 87% dos lares estão equipados com ar condicionado.
De acordo com seu artigo, alguns países já estão chegando próximo disso. Na China, o percentual de domicílios com um aparelho de refrigeração cresceu de menos de 1% em 1990 para 62% em 2003. Na Índia, que em 2007 registrava 2% de lares com ar-condicionado, vê as vendas do aparelhos aumentarem 20% a cada ano.
A implicação direta dessas altas é óbvia - o aumento na demanda por energia, diz Sivak. Segundo o pesquisador, a Índia tem potencial de usar cerca de 14 vezes mais energia para resfriamento que os Estados Unidos.
Já a China e a Indonésia superariam o consumo de energia dos americanos em 5 e 3 vezes, respectivamente. O Brasil também está na lista, com potencial de superar o consumo americano de energia pelo ar-condicionado em quase duas vezes.
Para o pesquisador, um caminho possível para frear este aumento na demanda é o da eficiência energética, com o desenvolvimento de aparelhos de ar-condicionado que entregam a mesma qualidade, mas consomem bem menos energia.
E é preciso pavimentar este caminho o quanto antes. Sivak destaca que a mudança climática deverá pressionar ainda mais a demanda por refrigeração no longo em prazo.
Ele cita um estudo feito pela Agência de Avaliação Ambiental da Holanda, que avaliou o futuro uso de energia residencial para refrigeração no contexto da mudança climática. A projeção preocupa. De acordo com o centro de pesquisa, em 2100 a demanda mundial de energia para o ar condicionado pode aumentar em 72%, como resultado das mudanças climáticas.
Revista Exame
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