quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

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População amazonense sofrerá impacto com construção de hidrelétricas

Estudo mostra que o preço da degradação causada por Belo Monte deve superar R$ 1 bilhão

Clara Nobre de Camargo

Projeto da usina de Belo Monte Foto: Divulgação/Norte Energia


Nos próximos 20 anos a região da Pan-Amazônia poderá ser marcada por uma grande e irreversível pegada ecológica: a construção de 153 hidrelétricas previstas para serem construídas no território, fato que deve impactar mais de 30% das terras indígenas e grande parte da população amazonense, sem mencionar as consequências para o meio ambiente.

Estes dados foram apresentados pelo Procurador do Ministério Público Federal Felício Pontes durante o 6º encontro do Fórum Amazônia Sustentável que aconteceu em Belém (PA), entre os dias 5 e 7 de dezembro em uma palestra sobre a “Infraestrutura Pan-Amazônica e o conflito entre hidrelétricas projetadas e o direito à consulta prévia”. De acordo com o portal EBC, Pontes deu o exemplo da usina de Tucuruí, no Pará, que foi construída em 1984 e transformou a vida das comunidades próximas à barragem. A produção dos pescadores do município de Cametá (PA) passou de 4,7 milhões de toneladas de peixe para 200 toneladas após a construção da hidrelétrica.

Impactos de Belo Monte custarão caro

Na opinião de Pontes, o processo previsto pela legislação brasileira, que exige consultas à comunidade local diante dos impactos causados por um empreendimento, não está sendo cumprido de forma adequada. Vide o exemplo das obras de Belo Monte no rio Xingu (PA), que em 23 agosto de 2012 foram paralisadas após o Tribunal Regional Federal acusar a empresa Norte Energia de não ter realizado audiências públicas com as comunidades locais impactadas.

De acordo com o estudo “O Setor Elétrico Brasileiro e a Sustentabilidade no Século 21: Oportunidades e Desafios” publicado no Fórum Amazônia Sustentável, R$ 1 bilhão deverá ser o preço da degradação causada pela construção de Belo Monte, relacionada à diminuição da qualidade de água, emissão de gases poluentes e prejuízos para o turismo local.

Quando se fala em perda de biodiversidade e deslocamento da população local, este número deverá ser ainda maior, segundo Wilson Cabral de Sousa Júnior, pesquisador do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA).

Na última quinta-feira (6), a empresa Norte Energia afirmou ao portal G1 que desconhece a metodologia utilizada no estudo, o qual foi preparado pelas ONGs WWF, International Rivers e Instituto Socioambiental (ISA). De acordo com a companhia, investimentos de R$ 3,2 bilhões já estão inclusos no planejamento de Belo Monte para suprir as necessidades de ensino, saúde, realocação de famílias e outros impactos socioambientais que a obra deverá causar.
Editora Horizonte Geográfico 

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