La Niña representa um fenômeno oceânico-atmosférico com características opostas ao EL Niño, ou seja, apresenta um esfriamento anormal nas águas superficiais do Oceano Pacífico Tropical. Este termo La Niña (que quer dizer "a menina", em espanhol), também pode ser chamado de episódio frio, ou ainda El Viejo ("o velho", em espanhol). Algumas pessoas chamam o La Niña de anti-El Niño, porém como El Niño se refere ao menino Jesus, o anti-El Niño seria então o Diabo e, portanto, esse termo é pouco utilizado. O termo mais utilizado hoje é: La Niña.
Circulação de Grande Escala Durante o Fenômeno La Niña
A Circulação de Grande Escala é responsável por todo o clima na Terra. É esta Circulação que transporta calor e umidade de uma região para outra, ou seja, retira a umidade de uma região como os oceanos e florestas e provoca chuvas em outras, a exemplo do Nordeste do Brasil.
Com a ocorrência do fenômeno La Niña a Circulação de Grande Escala é modificada, provocando mudanças no clima em diferentes regiões do Planeta. A Figura 01 mostra uma esquematização desta Circulação no sentido zonal (Célula de Walker) modificada em associação ao episódio La Niña sobre o Oceano Pacífico. Com esta condição, observa-se um ramo ascendente da Célula de Walker (que favorece a formação de nuvens) sobre o Pacífico oeste e Austrália. Nessas regiões as águas superficiais do Pacífico Equatorial são mais quentes e a pressão atmosférica é mais baixa. Por outro lado, sobre a região do Pacífico leste, próximo ao Peru e Equador, verifica-se a presença de águas mais frias e pressão atmosférica mais elevada. Nessa região também se manifesta um ramo subsidente da Célula de Walker (que inibe a formação de nuvens).
Figura 01: Ilustração esquemática da circulação atmosférica de grande escala no sentido zonal (Célula de Walker) modificada em associação ao episódio La Niña sobre o Oceano Pacífico (Fonte:www.funceme.br).
Impactos do Fenômeno La Niña no Mundo
Assim como o fenômeno El Niño, o La Niña também interfere na circulação geral da atmosfera de grande escala e, consequentemente, provoca mudanças nas condições climáticas de várias regiões continentais ao redor do planeta, devido a grande quantidade de energia envolvida neste processo, Figura 02.
Observa-se nessa Figura que uma das regiões com grande quantidade de chuva abrange desde o nordeste do Oceano Índico (a oeste do Oceano Pacífico) passando pela Indonésia. Entretanto, na região do Pacífico Equatorial Central e Oriental, há redução no volume de precipitação devido ao movimento descendente da célula de Walker, que inibe, e muito, a formação de nuvens de chuva nessa região do Pacífico.
Em geral, os episódios La Niña também têm freqüência de ocorrência em torno de 2 a 7 anos e seus episódios têm periodicidade de aproximadamente 9 a 12 meses. Alguns poucos episódios persistem por mais que 2 anos. Outro ponto interessante é que os valores das anomalias de temperatura da superfície do mar (TSM) em anos de La Niña têm desvios menores que em anos de El Niño, ou seja, enquanto observam-se anomalias de até 4 ou 5ºC acima da média histórica em alguns anos de El Niño, em anos de La Niña as maiores anomalias observadas não chegam a 4ºC abaixo dessa média histórica.
Eventos Anteriores de La Niña
A Tabela abaixo mostra a distribuição temporal de ocorrência dos eventos de La Niña, bem como, a intensidade desses eventos. Esta Tabela foi extraída do site do CPTEC/INPE, que contou com informações das seguintes fontes para sua elaboração: Rasmusson e Carpenter 1983, Monthly Weather Review, Ropelewski e Halpert 1987, Monthly Weather Review, Cold episode sources Ropelewski e Halpert 1989, Journal of Climate e Climate Diagnostics Bulletin.
Evento de 1998/99
Um dos episódios de La Niña considerado mais intenso ocorreu nos anos de 1988/89. A Figura 03 mostra a anomalia da Temperatura da Superfície do Mar (TSM) referente ao mês de setembro de 1999. Neste mapa, as áreas de cor azul indicam o quanto a TSM está mais fria, em relação à média histórica daquele mês. É importante ressaltar, que nos meses de dezembro de 1999 e janeiro de 2000, na porção leste do Oceano Pacífico, a TSM alcançou três graus (3°C) abaixo do normal para estes meses.
GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA - INSTITUTO DE GESTÃO DAS ÁGUAS E CLIMA
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