sexta-feira, 7 de outubro de 2022

Entenda a Teoria Malthusiana de uma vez por todas





Por Jênnifer Rodrigues Ramos



Thomas Malthus. Imagem: Getty Images.

Não, Teoria Malthusiana não é só um nome estranho. Essa é a primeira teoria a tentar explicar a relação entre o crescimento da população e a sustentabilidade. Ou seja, esse conceito foi o primeiro a relacionar o aumento da população com a escassez de alimentos. Ficou curioso? Nas próximas linha, a Politize! te explica a Teoria Malthusiana e como ela foi desenvolvida. Vamos juntos!

Thomas Robert Malthus: o visionário do caos

O responsável por prever esse cenário um tanto pessimista para a época foi Thomas Robert Malthus. Um pastor protestante inglês nascido em 1776 e preocupado com o aumento no número pessoas.

A Teoria Malthusiana tem como pano de fundo a primeira Revolução Industrial, quando o mundo começava a abandonar o trabalho artesanal e migrava para o processo de reorganização do sistema produtivo.

Essa movimentação provocou o êxodo rural, que nada mais é que a migração das pessoas da zona rural para as regiões centrais. Na época, a Grã-Bretanha tinha cerca de 5 milhões de habitantes.

Nesse cenário, onde o mundo está encantado com as novas tecnologias e quando a sociedade está passando por uma transformação em seu modo de vida, o economista veio a público dizer que o mundo não daria conta de suprir a subsistência humana. O fato teve grande influência na sociedade intelectual da época.
O que é a Teoria Malthusiana?

Agora, que já conhecemos o criador e o contexto histórico, vamos partir para a teoria em si. Segundo o anglicano, Thomas Malthus, a humanidade duplicaria a cada 25 anos. Isso, sem considerar as guerras, epidemia e desastres naturais.

Segundo a Teoria Malthusiana, o crescimento da população se daria em progressão geométrica (2, 4, 8, 16, 32…), enquanto que a produção dos alimentos seguiria o modelo de progressão aritmética (2, 4, 6, 8, 10…).

A conclusão é que o crescimento da população seria maior do que a quantidade de alimento produzido. Além disso, a teoria previa que as áreas propícias para o cultivo de suprimentos chegariam ao fim em todos os continentes.


Para solucionar o problema, Malthus propõe: controle de natalidade. No entanto, segundo ele, isso deveria ser feito através da sujeição moral do homem, com casamento tardio e abstinência sexual.
Nem tão visionário assim: a bola de cristal falhou

Claro, Thomas Malthus acertou em relacionar crescimento populacional e escassez. Mas, a população não duplicou. De acordo com o artigo “O Crescimento da População Mundial não é a Principal Ameaça ao Planeta”, publicado na revista EcoDebate, em 130 anos a população mundial passou de 1,0 bilhão de indivíduos, em 1800, para 2,0 bilhões de habitantes, em 1930.

Em seguida, 33 anos para alcançar 3,0 bilhões. Após 1960, houve aumento de 1,0 bilhão de habitantes a cada 13 anos, aproximadamente.
Por isso veio à renovação: a Teoria Neomalthusiana

A ciência é feita de críticas e revisões! Então, em 1945, ano de criação da Organização das Nações Unidas (ONU), surgiu a Teoria Neomalthusiana.

O novo conceito dizia que quanto mais habitantes, menor a renda per capita e menor capacidade de distribuição de renda por parte dos agentes econômicos.

Essa teoria propõe o controle de natalidade nos países subdesenvolvidos. E ao contrário dos da teoria anterior, a corrente neomalthusiana é a favor de métodos contraceptivos.


O futuro vai contra as projeções

A Reportagem “A humanidade não chegará aos 10 bilhões de pessoas”, publicada pelo jornal espanhol El País, apresenta uma pesquisa publicada no periódico científico “The Lancet”.

O estudo revela que o Brasil vai enfrentar um recuo de 165 milhões no total de habitantes até 2100. Ainda segundo a publicação científica, a Índia e a Nigéria vão superar a China em termos de população.

A pesquisa realizada foi veiculada em 2020 e mostra que em 2060 teremos um pico populacional. E nesse momento chegaremos a 9,7 bilhões de pessoas no planeta. A partir daí teremos uma queda lenta e em 2100 seremos 8,8 bilhões.
Nem Malthusianos e nem Neomalthusianos

O estudo conclui que, na verdade, o problema será o contrário de tudo que foi pensado tanto por Malthusianos, quanto por Neomalthusianos. O problema será a baixa taxa de natalidade.

Diante disso, o estudo propõe quatro caminhos para solução do problema: migração, criar um ambiente propício para a maternidade, dificultar acesso aos contraceptivos ou apostar em mão de obra de pessoas com idade avançada.

A publicação enfatiza que em 2100 seríamos uma sociedade de idosos, onde as pessoas com mais de 65 seriam 2.3 bilhões. Enquanto os menores de 20 anos seriam apenas 1,7 bilhões de pessoas.
Enquanto isso no Brasil

Para o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2042 o Brasil terá 228 milhões de habitantes. Em 2015, éramos 204 milhões. Ou seja, o crescimento populacional será baixo e lento. Contrariando as projeções da Teoria Malthusiana.


Considerando o cenário, é fundamental construir um país que se adeque a essa realidade. É necessário pensar em acessibilidade tanto no sentido de mobilidade quanto no acesso ao mercado de trabalho, que vai precisar entender que a mão de obra jovem será cada vez mais escassa.

Toda sociedade precisará caminhar para um novo modelo de crescimento. A Teoria Malthusiana pode ter alguns equívocos (como vimos anteriormente), mas ela não está errada em se preocupar. A Organização das Nações Unidas também está atenta à demografia e suas implicações na sociedade e criou um novo conjunto de 17 metas globais para os próximos 15 anos, conheça: Politize! e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
Demografia: um espelho e um binóculo

No livro “História do Futuro” a jornalista Miriam Leitão afirma que a demografia é ao mesmo tempo um binóculo e um espelho. No espelho, é possível a cada um de nós visualizarmos nossos pais, avós vizinhos e amigos. O país se vê e se conhece através da demografia.

Já o binóculo ajuda a entender como as decisões do passado afetam a paisagem contemporânea. Dados e teorias demográficas podem ser a olho nu algo distante, difícil e até mesmo desinteressante.

No entanto, toda essa complexidade nos ajuda a compreender a sociedade e seus aspectos nada fáceis de entender. Os estudos para desvendar os dilemas da modernidade devem levar em consideração todas as áreas de conhecimento.

Acredite falar de demografia aplicando o conceito a interações sociais pode ser muito legal. Por exemplo, você já ouviu falar nos conceitos de Megacidades e cidades globais? Já adianto que sim as questões demográficas estão relacionadas, mas também tem haver com geopolítica e relações internacionais. Ficou curioso? Entenda esse conceito: Megacidades e cidades globais: entenda as diferenças!


E aí, você ficou com alguma dúvida sobre a Teoria Malthusiana? Deixe nos comentários!

LEITÃO, Míriam. História do Futuro. Rio de Janeiro: Intríseca, 2015.
https://www.politize.com.br/

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