segunda-feira, 18 de julho de 2022

Por que a Lua parece próxima em algumas noites e distante em outras?




A Lua muitas vezes parece enorme ao nascer por causa do que é conhecido como a ilusão lunar. 
Crédito: Roadcrusher/Wikimedia Commons, CC BY-SA

Algumas noites a Lua parece muito próxima e maior que o normal.

Em uma noite de verão, quando eu era criança, lembro-me de ter ficado perplexo e assustado com uma enorme forma redonda se aproximando lentamente atrás da casa de minha amiga Nancy, que ficava em uma colina do outro lado de nossa cidadezinha.
Em algum momento, de repente percebi que era a Lua, e corri gritando pelo jardim para contar ao meu pai e fazer ele vir ver. Era maior que uma casa, cor de laranja profundo e certamente de grande significado. Meu pai murmurou algo sobre perspectiva e voltou a fazer jardinagem ou tocar piano.

Não convencido, continuei observando a Lua. Mais tarde, uma vez que a Lua subiu mais alto no céu, voltou a se parecer com o que era habitual.



Bem-vindo ao que astrônomos como eu chamam de ilusão lunar.

Pode ser difícil acreditar que é apenas uma ilusão quando a Lua parece enorme, mas é verdade. Você pode realmente testar a ilusão e até mesmo capturá-la com uma câmera.



Truque da mente

Os astrônomos discutem a ilusão da Lua há séculos, e há alguns fatos com os quais todos concordam.

As pessoas notam principalmente a Lua parecendo maior e mais próxima quando está cheia e próxima do horizonte. Isso ocorre porque sua mente julga quão grande ou pequeno é um objeto como a Lua comparando-o com outras coisas familiares.

Imagine que você está do lado de fora perto de sua casa. Sua casa parecerá grande e, se a Lua nascer ao lado dela, a Lua parecerá normal. Se você olhar para uma casa de longe, porém, a casa parecerá muito pequena.

A ilusão vem do fato de que a Lua está tão distante que, não importa onde você esteja na Terra, ela sempre parece do mesmo tamanho. Na verdade, são as coisas com as quais sua mente compara a Lua – uma casa, uma montanha ou qualquer outra coisa – que parecem maiores ou menores, dependendo da distância que você está. Assim, quando nasce ao lado de uma casa distante ou de uma montanha distante, a Lua parece enorme.




Os fotógrafos usam esse truque para tirar imagens espetaculares de objetos distantes com a Lua atrás deles. As pessoas geralmente experimentam a ilusão da Lua nas férias quando vão a espaços abertos. Pode ser por isso que as grandes luas se tornam memórias poderosas de tempos felizes.
Zoom atmosférico e órbita elíptica

Existem várias explicações convincentes, mas erradas, para a ilusão da Lua. A maioria está fundamentada em alguma verdade, então elas persistem.

A primeira é a ideia de que a atmosfera age como uma lente e amplia a Lua. Quando a Lua está perto do horizonte, sua luz tem de viajar muito mais pela atmosfera da Terra do que quando a Lua está diretamente acima. É verdade que todo aquele ar age como um prisma gigante e desvia os raios de luz, distorcendo a cor e a forma da Lua. Mas não funciona como uma lupa.

A seguir vem a ideia de que em algumas noites a Lua realmente está mais próxima. A órbita da Lua não é perfeitamente circular – é mais como uma forma oval, chamada de elipse –, então ela se aproxima e se afasta ao longo de um mês.





Quando a parte mais próxima da órbita coincide com uma Lua cheia, é chamada de Superlua. Mas quando a Lua está mais próxima da Terra, está apenas cerca de 12% a 15% mais próxima do que quando está mais distante da Terra – uma diferença muito pequena para explicar a ilusão da Lua. É difícil notar uma diferença de 15% no tamanho apenas olhando para a Lua sozinha no céu.
Testando a ilusão

É fácil testar a ilusão da Lua, e você mesmo pode fazê-lo. Da próxima vez que vir a Lua parecendo enorme e mais próxima do que o normal, estenda a mão com o braço esticado. Então feche um olho e veja qual ponta do dedo mal cobre a Lua – para mim, é meu dedo mindinho. Espere um pouco até que a Lua se mova mais alto no céu e tente o experimento novamente. A Lua pode parecer menor, mas seu mesmo dedo a cobrirá da mesma forma.

* Silas Laycock é professor de astronomia na Universidade de Massachusetts em Lowell (EUA).
Revista Planeta

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