domingo, 2 de fevereiro de 2014

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União Europeia freia ambições em prol da energia limpa

STANLEY REED
STEPHEN CASTLE
MELISSA EDDY
"NEW YORK TIMES"

A União Europeia, que durante anos procurou liderar o mundo no combate às mudanças climáticas, estuda a possibilidade de converter suas metas obrigatórias de energia renovável em simples propostas não compulsórias.

E é provável que o bloco também não imponha restrições à exploração de gás de xisto com a técnica conhecida como fraturamento hidráulico (fracking), contestada por seu alto impacto ambiental.

O desaquecimento econômico profundo e de longa duração, os preços persistentemente altos das fontes de energia renováveis e os anos de negociações internacionais inconclusivas estão levando autoridades europeias a repensar como reformular agressivamente os setores de produção energética da Europa.

Os detalhes ainda estão sendo negociados em Bruxelas, mas autoridades dizem que a proposta energética e climática da Comissão Europeia provavelmente vai incluir uma meta compulsória de redução de emissões de 35% a 40% até 2030. Mas as metas seriam aplicadas à União Europeia como um todo, não a cada país individualmente, segundo um representante.

Gordon Welters/The New York Times

Parque eólico na Alemanha, onde autoridades estão decepcionadas com a ausência de metas compulsórias para a energia renovável


Alguns membros da Comissão queriam tornar não compulsórias as novas metas de energia renovável. Está em curso um esforço intenso de lobby, com defensores de diversos setores estudando detalhadamente os diferentes aspectos do pacote.

Jens Tartler, porta-voz da Federação Alemã de Energia Renovável, que representa o setor de energia solar e eólica, descreveu a ausência de metas compulsórias para as fontes de energia renováveis como "uma decepção total" e disse que isso irá "contribuir para uma forte desaceleração no ritmo de crescimento das energias renováveis".

Apesar disso, mesmo algumas fontes do setor de energia renovável dizem que o pacote que está emergindo é o melhor pelo qual se podia esperar, em vista do ambiente econômico difícil.

"Claro que as pessoas dizem que deveríamos estar fazendo mais, mas estamos avançando no rumo certo", diz Tom Murley, que administra fundos com US$ 1,15 bilhão em renováveis na HG Capital, em Londres.

As preocupações ambientais perderam espaço na agenda política. Os políticos estão tentando dar uma resposta às queixas do setor industrial e dos consumidores em relação aos custos da eletricidade na Europa, que subiram cerca de 40% desde 2005, enquanto nos EUA diminuíram no mesmo período.

A revolução do gás de xisto nos EUA suscitou um debate sobre se a Europa deve ou não explorar suas próprias reservas potenciais de xisto.

A Comissão Europeia parece tender a recomendações não compulsórias que governos de países como Reino Unido e Polônia, os mais ativos na busca do gás de xisto, poderão diluir ainda mais.

As propostas estão sendo influenciadas por discussões acirradas sobre o papel da energia nuclear na Europa. O plano da Alemanha de fechar suas usinas nucleares e ampliar seu setor de energia renovável vem enfrentando problemas. Os consumidores alemães enfrentam contas de eletricidade mais altas, e as empresas receiam que os custos da energia as estejam deixando em desvantagem.

Mesmo assim, políticos alemães expressaram receios quanto às propostas. Barbara Hendricks, a ministra do Meio Ambiente, disse: "A Europa precisa continuar a ser líder na proteção climática. Para isso, precisamos de metas inequívocas."
Folha de S. Paulo

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