domingo, 10 de julho de 2011

Tríplice Fronteira

Onde os mundos se encontram

Na fronteira entre brasil, paraguai e argentina, o comércio intenso, a convivência entre etnias e a natureza preservada definem uma personalidade própria da região

Texto: Natália Martino

foto:


As águas dos rios Iguaçu e Paraná dividem os territórios de Brasil, Paraguai e Argentina, enquanto as pontes da Amizade e da Fraternidade ligam os moradores desses três países, que, mais do que brasileiros, argentinos e paraguaios, são libaneses, chineses, israelitas e representantes de outras dezenas de etnias que escolheram a região para viver e trabalhar. Eles moram em uma das três cidades fronteiriças – Foz do Iguaçu, no Brasil, Ciudad del Este, no Paraguai, e Puerto Iguazu, na Argentina – entre as quais o relacionamento comercial é intenso e a coexistência é uma obrigação.

A região abriga a maior hidrelétrica do mundo, Itaipu, e uma importante reserva florestal da América do Sul, formada pelo Parque Nacional do Iguaçu, no Brasil, e do Iguazu, na Argentina. Protagonizado por uma das maravilhas naturais do planeta, as cataratas do Iguaçu, o turismo floresce ininterruptamente, assim como o tráfico de drogas e o contrabando. A preocupação com a segurança se sobrepõe ao clima festivo dos viajantes e à euforia pelas compras. Ali, fatores geográficos, históricos e humanos formaram um ambiente com uma identidade própria caracterizada pela imprecisão de elementos que às vezes se completam e se misturam e, em outras, se repelem. Um cenário de difícil interpretação para os forasteiros, que ora olham para a região como uma terra sem lei, ora como um paraíso turístico.

No Brasil, há nove ocorrências de tríplices fronteiras, mas somente nessa a proximidade entre as cidades de cada país é tão grande. Entre Foz do Iguaçu, no Brasil, e Ciudad del Este, no Paraguai, existe quase uma continuidade de territórios e só é possível saber com precisão onde uma termina e a outra começa graças ao rio Paraná e à Ponte da Amizade que as separa. Puerto Iguazu, na Argentina, está fisicamente mais distante de Foz do Iguaçu, são cerca de 6 quilômetros entre as duas cidades, e a alfândega argentina é bem mais exigente, o que parece aumentar a distância.

Quem está na região a passeio, inevitavelmente se maravilha com a grandiosidade das cataratas, assiste a shows típicos em grandes churrascarias e aproveita para fazer compras nos centros comerciais de Ciudad del Este, onde os preços são muito convidativos. Difícil, porém, sair desse circuito: os taxistas de Foz do Iguaçu, por exemplo, se negam a ultrapassar o centro de Ciudad del Este e os restaurantes mais simples trancam as portas durante a noite, ainda que estejam em funcionamento. Não dá para dizer que as precauções sejam infundadas.

foto: Nilton Rolin/Itaipu
Multidão e trânsito caótico fazem parte do cotidiano
A precária fiscalização das fronteiras paraguaias, aliada ao quase inexistente policiamento do espaço aéreo sobre esse país, fez dele um dos principais entrepostos para o escoamento de drogas e armas na América Latina. E a bem estruturada rede de transportes que chega a Foz do Iguaçu transforma essa região em ponto estratégico para a entrada desses produtos no Brasil. Na mesma rota pela qual entram as drogas e as armas, saem os carros roubados, rapidamente absorvidos pela frota paraguaia e legalizados no país. A ponto de, no fim da década de 1990, tornar-se público que a BMW blindada usada pelo governo paraguaio tinha sido roubada no Brasil.

A esse cenário conturbado soma-se o contrabando. Ciudad del Este é um dos maiores centros comerciais da América Latina e as razões são múltiplas. Em primeiro lugar, os baixos impostos no Paraguai por si só já garantem preços competitivos. A enorme circulação de pessoas na região, fruto principalmente do grande apelo turístico das cataratas, resulta em um ávido mercado consumidor. A fraca fiscalização da alfândega brasileira – a dificuldade em se vigiar fronteiras não é exclusividade paraguaia – junta-se a esses fatores para dar origem ao ambiente perfeito para falsificadores e contrabandistas.

Depois da 4h da tarde, quando o comércio paraguaio fecha as portas, a movimentação de pessoas encaixotando e identificando produtos com os nomes dos compradores toma conta das ruas. “É preciso que as lojas fechem cedo para que os vendedores tenham tempo para levar as encomendas para um dos portos clandestinos do outro lado da fronteira”, explica o jornalista paraguaio Andres Colman Gutierrez. A tensão que toma conta das ruas nesse momento em que os turistas já foram embora ou, pelo menos, já estão em seus carros a caminho de Foz do Iguaçu, é nítida no nervosismo dos que ainda caminham pelo centro de Ciudad del Este.

Seria simplista, porém, reduzir essa tríplice fronteira às páginas policiais ou às turísticas. Há muito mais do que crimes e cataratas por ali. Uma das principais características dessa região é a diversidade étnica. Mohamad Ibrahim Barakat, um dos integrantes da comunidade árabe de Foz do Iguaçu, orgulha-se da harmonia entre os povos da região. “Aqui ninguém se sente estrangeiro”, garante ele. É um “minimundo”, como define o historiador paraguaio Francisco Amarilla Barreto, hoje morador do lado brasileiro da fronteira. Se considerarmos só os residentes de Foz do Iguaçu, o número de etnias é 72 de acordo com dados de 2003 da Polícia Federal.

A comunidade árabe no local, por exemplo, é a segunda maior da América Latina, perdendo apenas para a de São Paulo. Mas os árabes, assim como os chineses e os representantes das outras etnias, não vivem em guetos e se espalham pela região, numa imprecisa miscelânea de raças e credos que convivem principalmente pelo comércio. Mesquitas árabes, templos budistas e igrejas evangélicas fazem vizinhança com o Centro de Altos Estudos da Conscienciologia, dedicado a temas místicos e filosóficos como o parapsiquismo e a evolução do espírito humano. A coexistência, porém, é uma necessidade imposta pelas circunstâncias e, de forma geral, não implica em troca de experiências.

“A paz das três fronteiras está baseada na distância. Ninguém se mete no negócio do outro”, avalia o alagoano Jackson Lima, que vive em Foz do Iguaçu desde a década de 1970. “Nenhum morador da região vai se surpreender ao ver uma mulher árabe passar, mas poucos saberão como agir quando isso acontecer: dou bom-dia, estendo a mão, ou ignoro a presença dela? Não sei”, diz ele. Apesar da convivência cotidiana, o diálogo é raso e, em geral, não ultrapassa o âmbito do comércio. As trocas acabam se limitando a experiências prosaicas, que incluem receitas culinárias, músicas populares e, em alguma medida, influências linguísticas.

Obrigados a conviverem uns com os outros, paraguaios, brasileiros e argentinos acabam se comunicando em portunhol, um idioma sem regras que mistura a língua dos três países. Uma questão de sobrevivência nesse espaço sem nacionalidade definida. Do lado paraguaio, acrescenta-se também o guarani, que, ao lado do espanhol, é o idioma oficial do país e misturado a ele forma o jopará (mistura, em guarani). Essa “nova língua” está incorporada ao cotidiano da população paraguaia a ponto de existirem jornais inteiramente escritos nela, como o Diário Popular, de Ciudad del Este. Não são feitos para brasileiros e argentinos, já que poucos entendem o jopará, apesar de os índios guaranis também terem participado da história desses países (veja quadro na página 35). “Quando sabemos alguma expressão em guarani, é um palavrão”, diz Guilherme Dreyer Wojciechowski, morador de Foz do Iguaçu e um dos fundadores do site de notícias da tríplice fronteira, o Sopa Brasiguaia.

Desse caldeirão idiomático nasceu um movimento literário, batizado de portunhol selvagem (veja na página 36, o texto “Triple frontera selvagem”, do escritor Douglas Diegues produzido com exclusividade para a HG), uma livre combinação de português, espanhol e guarani. Uma manifestação cultural que se inspira na linguagem que os moradores da tríplice fronteira são, muitas vezes, forçados a falar.

foto: Delfim Martins / Olhar Imagens
Ponte da Amizado permite o comércio entre Foz do Iguaçu e Ciudad del Este
Preconceitos
Para os brasileiros da região, os paraguaios são falsificadores, sujos e perigosos. Atravessar a Ponte da Amizade em direção à Ciudad del Este é sempre reviver muitos desses preconceitos. Além de reparar na sujeira e na falta de organização das ruas da cidade, o iguaçuense sequer se aventura a apreciar a comida paraguaia já que eles “não têm higiene”.

Ciudad del Este é, de fato, um universo caótico. Ambulantes percorrem as ruas assediando os visitantes com ofertas bizarras que vão de camisinhas musicais a estetoscópios para médicos. Seguranças armados com grandes fuzis vigiam as portas das lojas maiores. A ausência completa de sinalização de trânsito faz das ruas um emaranhado de carros, motos e pedestres que se aventuram nos cruzamentos sem nenhuma ordem.

Policiais tentam, simultaneamente, mas sem sincronia, controlar o tráfego de veículos nas esquinas mais movimentadas. Sim, é caótico, mas esse caos tem uma decisiva contribuição de todos que trabalham, moram, compram e circulam na cidade, ou seja, não só paraguaios, mas também libaneses, chineses, árabes e, principalmente, em sua grande maioria, brasileiros. A verdade é que Ciudad del Este foi forjada pelas oportunidades de comércio da região e é graças a essa atividade que se forma o preconceito. Não tem nada a ver com o país Paraguai. Basta ultrapassar os limites da cidade para se encontrar outra realidade: em lugar daquele frenesi urbano, revela-se um cenário rural, tomado por casebres de madeira e carroças pelas ruas.

Os paraguaios, por sua vez, consideram os brasileiros os causadores de todas as mazelas do país que muitos acreditam ser o resultado da Guerra Grande (veja quadro na página 32). E há também motivos para conflitos nos tempos atuais. Quando o atual presidente paraguaio, Fernando Lugo, assumiu o cargo, em 2008, foram registrados vários ataques a propriedades brasileiras, manifestações que encontram sua raíz na promessa de reforma agrária integral, interpretada por muitos como um sinal de que as terras dos estrangeiros seriam desapropriadas. “Muitos dizem que a invasão dos colonos brasileiros é uma reedição da Guerra da Tríplice Aliança”, afirma o paraguaio Andres Colman.

O conflito entre as duas partes recrudesce também pela questão numérica: mais de meio milhão de brasileiros vivem hoje no Paraguai – um número quatro vezes maior do que o total de brasileiros em todos os outros países da América do Sul. A maioria deles se mudou para o país quando, na década de 1970, os agricultores brasileiros tiveram suas terras invadidas pelas águas desviadas para a construção de Itaipu e usaram o dinheiro da indenização para comprar terras no Paraguai, que eram mais baratas. Foi quando surgiram os chamados brasiguaios. Grande parte desses novos moradores investiu no cultivo da soja e foi, aos poucos, expulsando os camponeses paraguaios que viviam por ali – e acabaram fundando cidades em que, até hoje, predominam hábitos brasileiros. Uma das mais famosas é Santa Rita, localizada a quase 450 quilômetros de Ciudad del Este. Fundada em 1973, o município é formado predominantemente por brasileiros e até poucos anos atrás nas escolas do município a língua falada era o português.

Hermanos que se repelem, mas que dependem um do outro. Apesar do antagonismo, brasileiros, paraguaios e argentinos seguem cruzando os rios e estimulando o fluxo de dinheiro na região. Um comércio vigoroso, capaz de atrair imigrantes de todo o mundo e determinar uma convivência pacífica, ainda que longe de ser amistosa. “Aqui está todo mundo interessado em bons pagadores e não quer saber do resto”, constata o chinês Tao Tsun Shing, que vive há 28 anos na região e ajudou a construir o Shopping Americana, um dos complexos comerciais mais conhecidos de Ciudad del Este atualmente. O libanês Fouad Mohamad Fakih concorda e explica o motivo de haver um comércio tão forte: lá estão concentrados os interesses de três países. “Os libaneses são mercadores há milhares de anos. Nossa tradição é emigrar em busca de bons negócios”, diz. Lamentável apenas que a troca se restrinja ao comércio. “Se toda a riqueza cultural fosse realmente compartilhada, a tríplice fronteira se tornaria uma das regiões socialmente mais fortes da América Latina”, afirma o jornalista argentino Cláudio Salvador.

Vizinhos em guerra
Brasil, Argentina e Paraguai foram protagonistas do maior conflito armado internacional da América Latina. Os dois primeiros, ao lado do Uruguai, formaram a Tríplice Aliança e lutaram contra o Paraguai entre dezembro de 1864 e março de 1870. O conflito ficou conhecido como Guerra do Paraguai no Brasil, Guerra da Tríplice Aliança na Argentina e no Uruguai, Guerra Grande no Paraguai. Ao longo dos anos, várias versões foram apresentadas ao conflito.

Inicialmente, era apresentada como razão para a guerra unicamente a ambição expansionista do Paraguai, que levou à invasão do Estado do Mato Grosso, supostamente o estopim do conflito. Na década de 1960, a historiografia foi revisada e ganhou versões mais ideológicas. A partir de então, a Guerra do Paraguai passou a ser vista como consequência da interferência britânica na região, que queria impedir o crescimento das nações latino-americanas. Nessa versão, o Paraguai é apresentado como um país que estava em franco crescimento antes do conflito. Mais recentemente, os historiadores propõem que as causas da guerra estejam relacionadas à consolidação das fronteiras na América Latina. O que se sabe de fato é que o conflito dizimou grande parte da população masculina do Paraguai e representou boas perdas territoriais para esse país.

Antepassados indígenas
Antes da chegada dos europeus, eram eles que ocupavam quase todo o território hoje dividido entre Bolívia, Paraguai, Argentina, Uruguai e a Região Centro-Oeste do território brasileiro. Os povos guaranis, no plural por causa das várias subdivisões étnicas, tiveram suas populações muito reduzidas durante a colonização, mas deixaram heranças culturais fortes em toda a região, como o hábito de beber tererê, uma imersão de erva-mate comum até hoje em toda a região.O argentino Cláudio Salvador, coordenador do Projeto Mate, que visa valorizar a cultura indígena guarani, diz que, apesar da importância dos índios para a região, pouco se conhece sobre eles. “Sabemos que são aqueles que pedem moedas na rua, mas esses não são nossos índios. Antes da chegada do europeu não existia índio bêbado ou miserável. Os guaranis são, ao contrário, exemplo de força e arte”, diz. Ainda existem comunidades remanescentes de guaranis que buscam manter sua cultura nos três países da tríplice fronteira.

Triple frontera selvagem
Por Douglas Diegues


Bievenidos a la triple frontera, amables lectores, bienvenidos a esse Mundo A Parte S. A., la city futurista decadente presa nel passado de um presente bizarro, la regione llena de riquezas naturaes cobizadas por las superpotencias, el territorio lleno de kontradiciones salvajes y dicciones (1) kalientes, koreanos y arabes, chinos y paraguayos, brasilenhos y gente de todas las partes del mundo. La triple frontera es bella, fea, aburrida, punk, divertida, romántica, y te puede devorar. Yirando (2) diariamente por el puente de la amizade van y vienen sakoleiros, terroristas
(3), pastores evangelikos, indios, musulmanes, travestis, modelos, traficantes, operários, prostis (4), turistas niponikos, comerciantes católicos, empresarios libaneses, tranbiqueros, espías, contrabandistas, pyragues (5), dólar falso, sicários (6), periodistas (7), akademikos, poetas, espertos y otários, pero ninguem es mejor do que ninguem.
Non tentem entender la triple frontera com el pensamento uniko, amables lectores. Lembrem el berso (8) de Manoel de Barros: “Entender es parede”. Mejor curtir las kataratas del Yguazu, las noches cumbianteras (9) de City del Leste, la paz de las calles mais arborizadas de Puerto Yguazu.
Aki circulan quase todas las monedas del mundo. Hay cambistas on line 24 horas por las calles. El excesso de outdoors, letreros, pankartas (10), propagandas flotantes (11), lembram las calles de Hong Kong vista en alguna pelikula (12). Nel aire abundam um mix de odores plásticos, cheiro de mercadorias importadas, perfumes lerritimos (13) e fakes, olor a carton, olor a kataratas, brisas de los yguazues (14). Mejor non creer em tudo que se dice en los noticieros (15). Aqui todos hablan el portunholito selvagem pero cada um ao seu modo muito propio.
Del lado paraguayo, la gente se alimenta de mandioca, carne de vaka, suenhos, futebol, esperanza, cerveza, chorizo parrillero, entre otras iguarias. Pero la triple frontera possiblemente tenga mais habitantes libaneses que nel próprio Líbano, ou lo va a tener en breve, la mayoria musulmanes que curtem kibe cru y kibe frito, shawarmas, homus, babaganush, falafel, tabule, esfiha de kiche y de zattar. Los koreanos son minoria, pero son ya personajes importantes de la fauna triple frontera. Curtem pulpos
(16) ainda vivos, camaron pistola, sashimi, karne de vaka na chapa, mucha acelga, mucho ajo, mucha cebola, mucha cebolinha y mucha pimenta bermeja (17) tipo dedo de moza. Em Puerto Yguazu, que durante la crisis 2001 se tornou uma city fantasma, los argentinos sabem tudo de la tradicion de la parrillada y sabem hacer las mejores papas fritas del mundo. Em Foz do Yguazu las churrascarias gauchezcas son las que fazem mais sucesso en toda la trabuzana (18) fronteira com Paraguay y Argentina. Los brasileiros de Foz de Yguazu se recusam a comer del lado paraguayo. El lado paraguayo, dizem, além de pobre, es feio y sujo. Comer nel lado paraguayo es arriesgado
(19) segundo eles. Non le doy pelota (20) a los que tienen miedo de comer nel lado paraguayo. Num copetin
(21) invisíble próximo a la catedral de City del Este encuentro la sopa paraguaya mais saborosa que ya he encontrado todo el território paraguayensis. La moda sport gay futurista unissex de las camisas y pantalones coladitos al kuerpo predomina também entre los avás (22) triple fronteros, mas isso non quer dizer que todos sigam a moda, yo por ejemplo estoy siempre fuera del juego de las dictaduras de la moda. Las yiyis (23) ricas se vestem como las actrizes de los famozos kulebrones brazilenhos. El peinado (24), el sapatito, el color de los esmaltes siguen el padron del kalor de la hora (25) de los kulebrones brazilenhos. El kulebron (26) posmo (27) brazuka dita la moda por intermédio de suos personajes mais famozos del momento. Tambien hay influenzias del estilo Barbie destinado a ser consumido por las yiyis ricas. Las yiyis mboriahus (28), las meninas de la perferia, montan suo guardarropua com piezas baratas made in China de kontrabando, garimpadas por ellas en tiendas koreanas de City del Este y de Pedro Juan Caballero. La moda del lado argentino es influenciada por lo que dicta Buenos Aires y las midias televisivas. Los índios, com sus pantalones vakeros, sus remeras del Che, o de los rolling’s ou de Bob Marley, son los mais originaes del pedazo. Es el teko ete (29), el modo de ser original, de los triple fronteros, donde aquele que non fue bautizado en la iglesia cristiana segue siendo um animal, una bestia, un non cristiano. Solo cuando es bautizado en iglesia cristiana, el paraguayo deixa de ser un animal y pasa a ser um ser humano, un cristiano. Es la triple frontera
lado paraguayensis, donde el ninho lloron despues de
grande puede llegar a ser un buen cantante, y el alcool y las prostis pueden arruinar a kualker músico.Se muere em abundancia en la triple frontera, pero tambem se nasce en abundancia. Desde los tiempos de la faraonika Itaipu
(30), la mayor usina hidroeléctrica del mondo, oficialmente apenas 132 peones han muerto nel cantero de obras que hay llegado a reunir 40 mil operarios. Pero los que estudiam esse tema dizem que nem las empreiteras nem Itaipu cuentan con datos precisos sobre el numero de muertos en la obra. Dizem que mais de mil obreros han caido vivas nel cemento fresco, estan sepultadas alli bajo los 12,3 millones de metros cubicos de concreto usados com itaipu. Recentemente encontraron um importante yacimiento (31) de titanio en Minga Poran, a 94 km de City del Este. Según comentan los periodistas probablemente seja el mayor del mundo. El hallazgo (32) del mineral valioso fue anunciado em Hong Kong por el geologo y empresaio yankee David Lowell. Los pobladores de Minga Poran receberam la noticia perplexos. Muitos de los que ayudaram a cavar buracos nem sabiam porque ganaban 60 mil guaranies por cada metro cavado. Agora eles sabem que ajudaram a descobrir talvez el mais importante valoroso yacimiento de titanio del mundo, pero non sabem para que karajo sirve el tal titanio, aunque tengan esperanzas que la descubierta ayude a liberar la region del atraso y de la pobreza.

NOTAS DEL AUTOR
(1) dicciones: modos próprios de dizer, falar, expressar-se (2) yirando: Lunfardismo (gíria dos malandros de Buenos Aires) que significa ir ou vir sem rumbo (3) terroristas: Sectores del gobierno yankee por ejemplo alegam que la triple frontera serve de área de refúgio para agentes del terrorismo internacional y sede de los fondos de financiación de las actividades de terroristas em diversasione partes del mundo. Dicen tambien que Bin Laden pode estar escondido bajo las kataratas del Yguazu. Pero até este momento non se ha encontrado por aki nem Bin Laden nim sequer um miserable terrorista anônimo kurtiendo la piscina dum hotel cassino (4) prostis: yiyis que venden suos sexos em las calles o kilombos de la triple frontera (5) pyragues: caguetas, delatores (6) sicários: matadores de aluguel (7) periodistas: jornalistas (8) berso: verso (9) cumbianteras: relativo a cumbia, ritmo colombiano que faz la kabeza del pueblo simples de la triple frontera (10) pankartas: cartazes, faixas, flâmulas y outdoors (11) flotantes: flutuantes (12) pelikula: filme de cinema (13) lerritimos: legítimos, non falsos (14) yguazues: ríos caudalosos, inmensos (15) noticieros: telejornais (16) pulpos: polvos (17) bermeja: cor vermelha (18) trabuzana: malandra (19) arriesgado: arriskado (20) non le doy pelota: não lhe dou bola (21) copetin: bar, cantina, lanchería, bistrô triple frontero (22) avás: homens (23) yiyis: gatas, garotas, gurias, meninas-mujeres llenas de encantos salvajes triple fronteros ou non (24) peinado: estilo de corte de cabelo ou de penteado (25) padron del kalor de la hora: padrão vigente nel presente del presente (26) kulebron: telenovela mexicana, argentina ou brasilesa (27) posmo: pós-moderno (28) mboriahus: pobres (29) teko ete: modo de ser (y estar) original autentiko verdadeiro (30) Itaipu: p(i)edra que kanta (31) yacimiento: jazida (32) hallazgo: achado

foto: Age Fotostock / Easypix Brasil
Cooperação natural
Trata-se de uma região cuja beleza natural atrai visitantes do mundo inteiro. O rio Iguaçu divide o Brasil e a Argentina. De ambos os lados, um trecho de Mata Atlântica de cerca de 250 mil hectares segue preservado em meio a terras quase totalmente convertidas para a agricultura – do lado brasileiro predomina o cultivo da soja e, do argentino, do tabaco. Uma enorme área preservada de um dos biomas mais ameaçados da América Latina, definido, do lado brasileiro, como Parque Nacional do Iguaçu e, do lado argentino, como Parque Nacional do Iguazu. A área toda é reconhecida pela Unesco como patrimônio natural da humanidade. No meio dele, uma pérola da natureza: as cataratas do Iguaçu.

Apolônio Rodrigues, chefe de manejo do parque em território brasileiro, explica que as gestões dos dois parques estão trabalhando cada vez mais próximas, tomando decisões conjuntas. Daniel Crosta, intendente do Parque Nacional do Iguazu, na Argentina, declara seu desejo de aprovar um único plano de manejo, mas que, às vezes, esbarra na burocracia e nas diferenças das legislações dos dois países. Apesar disso, as experiências conjuntas têm apresentado, segundo a avaliação de ambos, resultados satisfatórios. “Os barcos de fiscalização dos dois países navegam lado a lado no rio e assim não há risco de, em caso de encontrarem um pescador clandestino, por exemplo, ele fugir para uma das margens”, explica Crosta.

Carnívoros
Outro exemplo é o projeto Carnívoros do Iguaçu. O trabalho do parque brasileiro visa promover a preservação dos animais carnívoros da região, com destaque para a onça-pintada. A coordenadora do projeto, Marina Xavier da Silva, explica que é essencial a colaboração argentina, já que os animais transitam de um lado para o outro o tempo todo. “Pensar em preservação sem um projeto que rompa a fronteira entre os países é inviável”, diz. Se na década de 1990 acreditava-se na existência de um número de onças superior a 70, agora a expectativa é que não existam mais de 12 indivíduos no Parque do Iguaçu. Uma das principais razões para essa diminuição é a caça de possíveis presas das onças e, ocasionalmente, das próprias onças, resultado de uma tradição passada entre as gerações dos colonos que vivem na região. Adaildo Feliciano Policena, hoje funcionário do Parque do Iguaçu, já foi caçador e conta que cresceu vendo o pai vender carne de caça – seguir o mesmo caminho foi quase natural.

Policena nasceu em Capanema, que, segundo Rodrigues, é um dos municípios em que os esforços de conservação do meio ambiente encontram maiores resistências. Além do grande número de caçadores, existem ainda os palmiteiros. Policena também já foi um deles. “Eu tinha vários funcionários. Cortávamos as árvores, produzíamos o palmito e industrializávamos o produto colocando o rótulo do palmito que sabíamos que era o mais vendido. Era uma quadrilha mesmo”, explica. Ele faz questão de enfatizar, porém, que o trabalho não era uma questão de opção e, sim, de falta dela. O problema é que, se ele conseguiu mudar de lado e hoje trabalha no parque, muitos ainda invadem a área de preservação para caçar ou extrair palmito. “Há a possibilidade de até existir um turismo de caça clandestino dentro do parque, porque, às vezes, encontramos acampamentos e armas sofisticadas demais para caçadores comuns”, lamenta Policena.

A lista de pressões sofrida pela unidade de conservação tem outro item: as propriedades rurais do seu entorno. Segundo Rodrigues, a pressão dos ruralistas já conseguiu com que a área ao redor do parque, na qual não é permitido plantar, fosse reduzida de 10 quilômetros para 500 metros. Na tentativa de diminuir o conflito de interesses, só resta mesmo a conscientização ambiental. Nesse sentido, um dos trabalhos que têm obtido mais sucesso está do lado argentino. Trata-se de uma oficina de cooperação que oferece treinamento e financiamento para que a melhora na tecnologia implique em uma agricultura menos agressiva ao meio ambiente com, por exemplo, o uso de menos agrotóxicos.

foto: Natália Martino / Horizonte
O Parque Nacional do Iguaçu é uma das mais lucrativas unidades de conservação do Brasil
Apesar de todas as dificuldades, comuns nas diferentes unidades de conservação, o Parque Nacional do Iguaçu é um modelo para os demais parques brasileiros. Rodrigues conta que, em 1999, Iguaçu foi escolhido pelo Ibama para ser usado como laboratório de um novo modelo de gestão. Entre os motivos da escolha estão a facilidade de acesso ao local, graças à infraestrutura de transporte da tríplice fronteira, e o pioneirismo do parque, o primeiro a ter um plano de manejo no Brasil. O trabalho é feito pelo Parque do Iguazu em parceria com o Jica (Japan International Cooperation Agency)
A partir daí, uma série de medidas foi adotada para melhorar o conforto e a segurança dos turistas e, ao mesmo tempo, diminuir os impactos da visitação ao meio ambiente. A entrada de carros particulares no parque foi proibida e ônibus modernos circulam por toda a área de visitação, o que ajudou a reduzir consideravelmente o atropelamento de animais. O número e o tamanho das estruturas – quiosques, por exemplo – foram reduzidos, produzindo mais harmonia visual. A mudança das concessionárias, que oferecem serviços como passeios de barco no rio Iguaçu, permitiu a inclusão de exigências que fazem com que elas invistam em pesquisas e ações de preservação na área da unidade de conservação.
Medidas como essa ajudaram a dobrar, em dez anos, o número de visitantes, que em 2010 ultrapassou a marca de um milhão, e a transformar o Parque Nacional do Iguaçu em uma das unidades de conservação mais lucrativas do Brasil. Os benefícios desse sucesso acabam sendo direcionados para todos os biomas nacionais, já que os lucros são divididos entre as diversas unidades de conservação para patrocinar pesquisas, fiscalização e recuperação.

"As alturas não me perturbam”
Conta-se que quando o explorador espanhol Alvar Nuñes Cabeza de Vaca avistou, em seu caminho para a colônia de Assunção, as cataratas, ele teria exclamado: “Santa Maria, que beleza!”. E foi assim que o primeiro europeu a ver as quedas d’água deu a elas o nome de Saltos Santa Maria. Mais tarde, o lugar foi rebatizado e virou cataratas do Iguaçu, nome que deriva da palavra guarani yguaçú, cujo significado é água grande.

O território foi, nos primórdios da ocupação da região, parte da propriedade do espanhol Jesus do Val, situação que começou a mudar quando Santos Dumont, inventor do avião, esteve por lá. Dizem que ele subiu em um escorregadio tronco à beira de um dos saltos e ficou a contemplar, admirado, as cataratas. Diante do desconcerto do seu anfitrião, Frederico Engels, que mantinha um hotel do lado argentino da fronteira, disse apenas: “As alturas não me perturbam, não se preocupe”. Impressionado com a cena, Santos Dumont passou a lutar para que o local se tornasse público, o que aconteceu no mesmo ano, em 1916, com a desapropriação da área que viria posteriormente a ser o parque nacional.

foto: Acervo de Analice Kohlemberg / Projeto Memórias das Cataratas
Franz Kohlenberg foi apelidado de Taran das Cataratas devido à sua falta de medo diante da fúria das águas
Anos que mudaram tudo
Necessidade econômica é, em grande medida, o motivo da movimentação humana, como lembra Mohamad Barakat, filho do primeiro árabe de Foz do Iguaçu, que chegou por ali em 1950, quando a região não se parecia em nada com o que conhecemos hoje. O pai de Barakat chegou em uma área em que só havia extração de madeira e cultivo de erva-mate – atividades predominantes na região desde os primórdios da ocupação. Em 1889, quando o governo imperial brasileiro resolveu efetivar seu domínio naquela parte do território nacional com a implantação de uma colônia militar que viria a ser Foz do Iguaçu, foram encontrados diversos portos clandestinos usados por argentinos e paraguaios para o escoamento desses produtos.

Além dos portos, foi encontrado um povoado no qual viviam 324 pessoas, dos quais 212 eram paraguaios e 95 argentinos. O total de brasileiros no local era apenas nove e os outros oito moradores eram franceses, espanhóis e ingleses. Um território ainda inóspito, recoberto em grande parte por uma Mata Atlântica densa. Mais de 50 anos depois e a cara da região tinha mudado pouco. O austríaco Franz Kohlenberger, que se mudou para Foz do Iguaçu no fim da década de 1950, conta que nesse período até a luz faltava com frequência. Kohlenberger foi o primeiro funcionário do Hotel das Cataratas, fundado em 1958 e em funcionamento até hoje. Ele conta que, nos primórdios, era comum os hospédes terem de se contentar com a iluminação das velas.

O espetáculo da natureza, entretanto, continuava atraindo turistas. O primeiro funcionário do hotel, que começou sua carreira como barman e, em pouco tempo, foi promovido a gerente, aproveitava as horas livres para praticar alpinismo e nadar nas águas do rio Iguaçu. Não tardou muito, ele começou a conduzir turistas pela região, oferecendo passeios com canoas e cavalos. Ficou conhecido como o Tarzan das Cataratas e durante 20 anos conduziu celebridades pela região, entre as quais a família Rockfeller.

Na Argentina, o Parque Nacional do Iguazu, criado em 1934, cinco anos antes da porção brasileira, também foi protagonista do desenvolvimento local. Os parques nacionais argentinos, em seus primeiros anos, tinham entre seus objetivos o incentivo à ocupação de áreas inóspitas do território nacional. A delimitação dos parques era acompanhada da construção de uma infraestrutura mínima que oferecia aos residentes hospitais e escolas, por exemplo. Paralelamente, grandes terrenos eram vendidos a preços baixos, desde que as condições necessárias para a conservação ambiental fossem mantidas – os compradores não podiam, por exemplo, desmatar suas terras ou subdividi-las em propriedades menores.

Do lado paraguaio, a ocupação é ainda mais recente. Ciudad del Este, hoje um dos ícones da Tríplice Fronteira, foi fundada em 1957 por Alfredo Stroessner, o ditador que governou o Paraguai por mais de 30 anos, como parte de um projeto de aproximação com o Brasil. Inicialmente chamado de Puerto Flor de Lis, depois de Puerto Presidente Stroessner e, em 1989, batizado como Ciudad del Este, o município cresceu vertiginosamente depois da construção da ponte que a ligava a Foz do Iguaçu, inaugurada em 1965.

Aproximação pelo trabalho
O maior impulso ao crescimento das cidades da região foi dado pouco tempo depois com o início da construção de Itaipu, em 1975. A euforia gerada pela obra, que durou mais de dez anos, atraiu milhares de trabalhadores das mais diferentes regiões do Brasil e do Paraguai. Logo no início da construção, mais de nove mil moradias foram construídas para abrigar os operários da obra. E a população de Foz do Iguaçu passou de 20 mil, em 1974, para pouco mais de 100 mil dez anos depois.

Um dos mais de 40 mil homens que trabalharam diretamente na obra foi o gaúcho Nelci Marcon. O que ele mais se lembra desse tempo é a dificuldade que brasileiros e paraguaios tinham para trabalhar juntos. “Eles não falavam português, nós não falávamos espanhol e ninguém se esforçava para entender a outra língua”, diz. As diferenças nos costumes também não eram muito bem aceitas. “Chegava a hora do almoço e os paraguaios desapareciam. Eles só eram vistos de novo duas horas depois”, conta Marcon, mencionando o hábito, herdado dos colonizadores espanhóis, de se fazer a “siesta” após o almoço.

Enquanto os trabalhadores tentavam se entender, a obra prosseguia e resolvia outro embate entre os dois países. Brasil e Paraguai disputavam a região em que a usina foi construída desde 1750, quando Espanha e Portugal assinaram o Tratado da Permuta, que definia as fronteiras das colônias dos dois países na América. A imprecisão do texto, porém, deixava dúvidas sobre de quem era essa região do rio Paraná, onde o relevo acidentado dava origem às lendárias Sete Quedas. Esse grandioso conjunto de cachoeiras, que já chegou a ser um dos pontos mais visitados da região, foi cobiçado desde então pelas duas nações.

À medida que esse deslumbrante trecho do rio ia sendo inundado pela represa de Itaipu, a briga diplomática por ele cessava, já que suas águas teriam como destino a geração de energia para os dois países. Hoje, pouco mais de 18% da energia consumida no Brasil e 77% da consumida no Paraguai é gerada pelas turbinas de Itaipu.

Com a inauguração da usina, as cidades da fronteira cresceram vertiginosamente. Em pouco mais de 100 anos, a região deixou o isolamento e se transformou num destino procurado por pessoas de todo o mundo, seja para morar ou passear. Itaipu, um dos marcos dessa história, gerou deslumbramento pela sua grandeza e audácia, assim como revolta e medo pelo que ela traria de novo para a região e pelas mudanças que causaria no cenário local. E até hoje a Tríplice Fronteira está envolta nos mesmos sentimentos. Deslumbramento pela sua beleza cênica e pelas possibilidades que a presença de tantas culturas em um mesmo lugar suscitam. Revolta pelas mazelas que vieram com o progresso e continuam estigmatizando a região.

EXCLUSIVO ON LINE

Agora assista a um documentário com depoimentos de moradores antigos da Foz do Iguaçu sobre a cidade e as cataratas.
Depois ouça duas músicas étnicas dos índios guaranis, antigos habitantes da região que atualmente é a tríplice fronteira!

Documentário - Parte 1



Documentário - Parte 2



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