domingo, 15 de dezembro de 2013

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Ciência busca aliados naturais contra supertempestades

HENRY FOUNTAIN
DO 'NEW YORK TIMES'

The New York Times

Quando o tufão Haiyan arrasou as Filipinas, em 8 de novembro, a onda formada pela tempestade elevou o nível do mar em até quatro metros em questão de minutos, matando milhares de pessoas e destruindo quase tudo que estava em seu caminho.
No ano passado, o furacão Sandy, que deixou mais de cem mortos no nordeste dos EUA, também gerou uma onda de quatro metros que deixou um rastro de destruição, especialmente em Lower Manhattan.
Quando a inundação gerada por supertempestades acaba e as águas recuam, chovem sugestões sobre meios de promover a segurança de áreas habitadas de baixa altitude.
Após a passagem do Sandy, algumas pessoas pediram a construção de muros mais altos para conter o mar. Outros especialistas propuseram projetos ainda maiores de engenharia, como barreiras contra elevações incomuns do mar provocadas por tempestades.
Mas as sugestões mais intrigantes envolvem abordagens naturais. No caso de Nova York, perguntam algumas pessoas, por que não fazer a cidade voltar aos tempos de capital das ostras e construir recifes no porto para ajudar a reduzir as ondas geradas por grandes tempestades?
Por que não converter Lower Manhattan em paraíso aquático, criando uma frente de marisma (terreno pantanoso) que possa absorver ondas excepcionalmente altas geradas por tempestades?
Mas, enquanto algumas barreiras naturais, como dunas, são comprovadamente eficazes para absorver a energia de tempestades, não se sabe se marismas, recifes de ostras ou florestas de kelp (um tipo de alga) podem garantir muita proteção.
As interações entre uma tempestade e os elementos naturais são complexas, e a dinâmica de cada tempestade é diferente, dizem cientistas, fato que torna difícil quantificar a proteção possível.
"Muitas pessoas andam dizendo que ecossistemas úmidos podem reduzir ondas marítimas excepcionais", diz o ecologista Rusty Feagin, da universidade Texas A&M. "Mas não há muitas evidências empíricas disso."
De acordo com proponentes de uma abordagem natural, pesquisas mostram que áreas pantanosas e recifes de fato garantem alguma proteção, especialmente contra ondas.
Eles observam que soluções criadas pela engenharia, como muros contra o mar, encerram problemas próprios --por exemplo, podem agravar inundações e a erosão em outros lugares.
Marismas e recifes de ostras beneficiam os ecossistemas de outras maneiras. As marismas podem se elevar continuamente, acompanhando a elevação do nível do mar decorrente das mudanças climáticas, porque, à medida que as gramíneas que crescem nas marismas retardam o avanço da água, os sedimentos transportados pela água vão para o fundo, elevando o nível do solo. E ostras filtram impurezas, melhorando a qualidade da água.
Mas mesmo os maiores proponentes de defesas naturais reconhecem que elas têm desvantagens. "Apesar das limitações, todas essas ideias podem garantir alguma redução de riscos", disse Nicole P. Maher, cientista costeira sênior da Conservação Nacional em Long Island e estudiosa da baía Jamaica, em Nova York, e outras áreas alagadiças.
Se marismas ou recifes são eficazes para reduzir o avanço de grandes ondas marítimas, é porque eles dissipam a energia destas à medida que a água passa sobre gramíneas, raízes, cascas de ostra e outros materiais, gerando atrito.

Nicole Bengiveno/The New York Times
Gramíneas plantadas em áreas alagadiças na baía Jamaica, em Nova York
Gramíneas plantadas em áreas alagadiças na baía Jamaica, em Nova York


Para Orton, "é fato que áreas alagadiças constituem barreiras, mas apenas no caso de áreas muito grandes".
Faixas estreitas de marisma, como o que foi proposto para algumas áreas em volta de Lower Manhattan, teriam quase nenhum efeito sobre ondas extraordinárias. E boa parte do resto da área de Nova York é tão coberta de construções que há poucos trechos grandes de áreas alagadiças para proteção contra tempestades.
Mas, para Orton, um lugar como a baía Jamaica, que se estende por quase 16 quilômetros, pode proporcionar alguma proteção.
De acordo com Joannes J. Westerink, da Universidade de Notre Dame em South Bend, Indiana, mesmo que uma faixa estreita de marisma tivesse pouco impacto sobre ondas extraordinárias geradas por tempestades, ela ainda assim poderia reduzir a energia das ondas.
Folha de S. Paulo

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