ANA PAULA ZACARIAS
Há poucos meses, terminava a Conferência sobre o Desenvolvimento Sustentável, a ''Rio+20''.
Na plenária final, a União Europeia apoiou a adoção do texto ''O futuro que queremos'' e parabenizou o Brasil por seu desempenho como anfitrião, mas mencionou também que tinha esperado obter resultados mais concretos.
As crises econômica, social e ambiental que afetam todos os países, em grau variável e de maneira diversa, falavam a favor não apenas de novos modelos de crescimento, mas também de ações urgentes, coletivas e efetivas para realizá-los.
O acordo conseguido no Rio de Janeiro nos traz, apesar de tudo, algumas conquistas que, se forem implementadas corretamente, criarão uma base para continuarmos o progresso até um futuro sustentável, junto com o setor privado e a sociedade civil. Mais do que pelo resultado da conferência, o sucesso da Rio+20 será determinado pela forma como conseguirmos implementar o consenso a que chegamos.
A economia verde é reconhecida formalmente num texto da ONU como ferramenta de fomento ao desenvolvimento sustentável. Um dos seus componentes essenciais é a mudança dos padrões de consumo e produção para mais sustentabilidade, que integra princípios fundamentais como o uso eficiente dos recursos, o desacoplamento do crescimento econômico da degradação ambiental e a luta contra o desperdício.
Reconheceu-se também que para ter objetivos ambiciosos --os futuros objetivos de desenvolvimento sustentável-- é preciso garantir meios de implementação, sobretudo em ajuda aos mais fracos.
A Rio+20 ordenou a elaboração de uma estratégia de financiamento para o desenvolvimento sustentável. Isso constitui uma oportunidade para integrar critérios de sustentabilidade nas prioridades políticas e nas alocações orçamentais nacionais de todos os países. É também a oportunidade para fazer todos os atores contribuírem, segundo seu grau de responsabilidade e suas capacidades, incluindo os operadores privados, motor principal da economia.
A Rio+20 lançou sinais fortes para estimular o trabalho em curso sobre desafios globais essenciais, tais como a segurança alimentar, a biodiversidade, a mudança climática, a gestão internacional das substâncias químicas, a proteção dos oceanos fora das jurisdições nacionais e a luta contra a degradação das terras. Sublinhou também a importância da democracia, a igualdade de gênero, a juventude, a sociedade civil e os direitos humanos para o desenvolvimento sustentável.
Incumbe agora a todos nós, Europeus, brasileiros e os outros povos do mundo, agir para a Rio+20 não ficar esquecida em alguma gaveta. Temos compromissos a seguir, seja já em Hyderabad e Doha, seja para 2015, 2020 ou 2050.
Queremos relembrar que apoiar os esforços dos países em desenvolvimento para erradicar a pobreza é o objetivo principal da política de desenvolvimento da UE. É uma das grandes prioridades da sua ação exterior, na promoção dos interesses europeus para um mundo estável, próspero e sustentável.
A recente outorga do Prêmio Nobel da Paz é com certeza um reconhecimento desse desempenho que a UE demonstra há décadas. A União Europeia e os seus Estados-membros continuarão a apostar no processo de transformação que nos levará a um mundo mais sustentável.
ANA PAULA ZACARIAS, diplomata portuguesa, é embaixadora da União Europeia no Brasil
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