AMY YEE
DO "NEW YORK TIMES"
NOVA DÉLI - Em toda a Índia, pequenos triciclos motorizados levam pessoas e produtos para cima e para baixo. São mais de dezenas de milhares só em Déli.
Em janeiro, foram apresentados no país os primeiros riquixás com motores movidos a hidrogênio. Os 15 carrinhos adaptados, que antes usavam combustível tradicional, ainda fazem o mesmo ruído estridente.
Apesar disso, há diferenças cruciais: o escapamento solta vapor de água, calor e praticamente nenhuma outra emissão.
A carroceria está adaptada para transportar o tanque de gás hidrogênio. O motor do veículo também sofreu modificações, e foi instalado um sistema eletrônico de controle, desenvolvido no Instituto Indiano de Tecnologia.
O veículo é abastecido num posto, mais ou menos como os riquixás comuns movidos a gás natural comprimido.
"Limpo", eficiente e abundante, o hidrogênio tem potencial para "facilitar a transição para um futuro energético de baixo carbono, de forma semelhante à qual o petróleo e o motor a combustão interna substituíram o carvão e o motor a vapor", segundo o Centro Internacional para as Tecnologias Energéticas a Hidrogênio, um projeto da Organização de Desenvolvimento Industrial das Nações Unidas e do governo turco.
Os riquixás movidos a hidrogênio em Déli são resultado de um projeto de três anos que envolveu vários parceiros, incluindo a agência de desenvolvimento da ONU, que financiou metade do custo, superior a US$ 1 milhão.
Até 1 milhão de veículos a hidrogênio podem estar rodando pelas ruas da Índia até 2020, segundo Bibek Bandopadhyaya, assessor do Ministério de Energias Novas e Renováveis da Índia.
A necessidade de energia "limpa" é premente. A Índia ficou na 125a colocação entre 132 países pesquisados para o Índice de Desempenho Ambiental de 2012, das Universidades Yale e Columbia (EUA), que mede a poluição atmosférica e outros indicadores. O país foi o terceiro maior emissor mundial de gases do efeito estufa no ano passado.
Entre os obstáculos para a adoção dessa nova tecnologia, estão o acesso insuficiente ao hidrogênio que esteja separado de outros elementos, a falta de uma rede de distribuição e o custo elevado em relação a outros combustíveis.
Embora o hidrogênio seja abundante na natureza, a sua separação de outros elementos é um processo caro que consome muita energia.
Para que o hidrogênio se torne viável no país, seria necessário restringir a poluição ou obrigar a conversão dos veículos, segundo Nicolas Lymberopoulos, diretor de projetos da agência da ONU e do centro tecnológico.
O hidrogênio, segundo Kandeh K. Yumkella, diretor-geral da agência da ONU, serve "não só para ônibus e veículos de alta tecnologia, mas também para aplicações práticas, como os riquixás".FOLHA DE S.PAULO
Nenhum comentário:
Postar um comentário