domingo, 9 de janeiro de 2011

Cinco desafios à vida na Terra - 2

Aquecimento global
A Terra cada vez mais quente

Equipe Planeta

Foto: Nguyen Van Thuan
Fogo mortal: A destruição de áreas naturais através do fogo, como mostra esta foto tirada no Vietnã, lança no ar CO², um dos gases causadores do efeito estufa, fenômeno que danifica gravemente os ecossistemas (acima).

Há dez anos, o aquecimento global era uma hipótese controvertida. Hoje, ninguém ousa negar que ele é uma realidade evidente, a não ser aqueles que, como George Bush, temem pelos privilégios econômicos da sua nação e colocam seus interesses pessoais acima do interesse da coletividade mundial.

O verão de 2003, na Europa, provocou mais de 30 mil vítimas. Em 2005, uma violenta temporada de ciclones destruiu cidades inteiras nos Estados Unidos. Agora, soa o alarme para os ursos brancos da região ártica: eles precisam da banquisa marítima para se alimentar e sobreviver, mas essa calota de gelo, que todos os anos se forma no outono do Hemisfério Norte e se desmancha na primavera, agora atrasa um mês para se formar e derrete um mês antes do tempo normal. Essas três catástrofes naturais têm uma origem comum: o aquecimento global. A causa do problema tem a ver com a presença anormal de gases na atmosfera. Sobretudo, com o inquietante aumento da quantidade de um gás, o dióxido de carbono – CO2 –, um importante agente do efeito estufa. Como funciona o efeito estufa? Em primeiro lugar, é preciso saber que, na dose justa, ele é necessário para a nossa sobrevivência. Sem ele, a temperatura da Terra não superaria 20 graus negativos! O problema é quando ele acontece em excesso, como está ocorrendo agora. O efeito estufa está ligado à radiação solar que, de modo geral, é constituída de 50% de raios infravermelhos (IV), 40% de luz visível e 10% de ultravioletas (UV). A atmosfera absorve a metade dessa radiação e o resto atinge a superfície terrestre. Para quê? Para ser transformado em radiação infravermelha reenviada para a atmosfera e absorvida em parte pelo CO2 e os outros gases que provocam o efeito estufa. Conclusão: quanto maior for a quantidade desses gases na atmosfera, maior a quantidade de calor retida.

Assim, gases que provocam o efeito estufa sempre existiram, em maior ou menor quantidade, na atmosfera. Mas, nos últimos 150 anos, o desenvolvimento das atividades humanas mudou as regras do jogo: queima de combustíveis fósseis na indústria, nos transportes, no aquecimento das casas e edifícios durante o inverno, na produção de eletricidade, na agricultura, etc. Gases como o CO2 aumentaram explosivamente a sua presença na atmosfera, enquanto novos gases com potencial de efeito estufa passaram a ser produzidos (sobretudo pela indústria) e lançados no ar. A porcentagem de CO2, por exemplo, aumentou cerca de 30% e a do CH4 (metano) simplesmente dobrou! Ainda mais alarmante é o fato de que a duração desses gases na atmosfera é muito grande.

Especialistas do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente e da Organização Meteorológica Mundial traçaram um painel das conseqüências desse incremento incessante do efeito estufa: um aumento de 1,4 a 5,8 graus centígrados da temperatura média mundial até o ano de 2100.

Graças a esse aumento da temperatura, estão previstos o aumento da evaporação de água, com conseqüente aumento das precipitações, o derretimento do gelo polar com elevação do nível dos oceanos, perturbações do El Niño, da Corrente do Golfo e de outras correntes marinhas. Tudo isso com repercussões graves sobre os ecossistemas (ilhas e regiões costeiras serão submergidas), sobre os seres vivos (migrações em massa, extinção de espécies, etc.), expansão de patologias (como a malária), carência de água potável com riscos de conflitos pela posse das reservas e fontes de água e de catástrofes sanitárias. ”

Extinção: um fenômeno natural


O desaparecimento de espécies é um fenômeno natural, normal e inelutável. Basta dizer que mais de 99% das espécies que apareceram na Terra desde o surgimento da vida no planeta já desapareceram. Uma espécie desaparece após surgir e se desenvolver durante um a quatro milhões de anos. Significa, entre outras coisas, que o próprio homo sapiens – surgido há cerca de 200 mil anos – irá um dia desaparecer.

O que provoca esse perpétuo movimento de aparições e desaparecimentos de espécies em nosso planeta? A necessidade de se adaptar continuamente ao meio ambiente. Assim, embora hoje o mundo ainda esteja repleto de espécies, apenas as que conseguirem se adaptar às mudanças em curso – de origem natural ou humana – irão sobreviver.

Em si mesma, a extinção das espécies é um fenômeno natural. O que ocorre agora é que nós, humanos, interrompemos o processo normal das extinções, acelerando-o a um nível e a um ritmo que, brevemente, serão insustentáveis.

REVISTA PLANETA
EDIÇÃO 408

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