quarta-feira, 26 de junho de 2019

Índia promete conquistar cada vez mais o espaço a baixo custo


A Índia promete levar um de seus habitantes para além das fronteiras terrestres até 2020. A proposta deve ser viabilizada graças sobretudo à forma supereconômica como o país tem desenvolvido seu programa espacial

Júlio César Borges

Lançamento de veículo transportador de satélites da Índia em 2016: espaço também para sondas da Argélia, do Canadá e dos EUA (Foto: iStock)

Quando o primeiro-ministro indiano Narendra Modi anunciou em agosto que seu país enviaria um astronauta ao espaço até 2022, as rea­ções de desconfiança não se avolumaram como se poderia esperar de início. A Índia é, sem dúvida, um país de terceiro mundo, com gigantescos desafios internos, que certamente mereceriam mais investimentos do que um programa espacial. Mas o país tem demonstrado ao longo dos anos que consegue feitos nessa área a custos bem menores do que as outras potências espaciais, e o desenvolvimento nessa área pode lhe abrir muitas portas num setor cuja importância só tem crescido.


Se depender de Kailasavadivoo Sivan, presidente da Organização de Pesquisas Espaciais da Índia (Isro, na sigla em inglês), a promessa de Modi será cumprida. “O premiê deu o objetivo de 2022 e é nosso dever atendê-lo”, disse na ocasião. “Desenvolvemos muitas tecnologias, como módulo de tripulação e sistemas de escape. O projeto está em andamento; agora precisamos priorizar e atingir a meta.” Segundo ele, os pilotos e a tripulação, frequentemente chamados de vyomanautas (“vyom” significa espaço em sânscrito), passariam pelo menos sete dias no espaço.



Para Sivan, a missão, proposta pela primeira vez há quase uma década, custaria à Índia cerca de US$ 1,2 bilhão. Ela seria seguida por duas expedições não tripuladas, a primeira delas a ser lançada em 2020. O programa espacial indiano foi criado em 1962 e lançou sua primeira sonda lunar há uma década. Desde 2014, a iniciativa tem ganhado novas proporções. Naquele ano, o país colocou com sucesso um satélite na órbita de Marte, tornando-se a primeira nação a fazê-lo em sua tentativa inicial e o primeiro país asiático a alcançar o Planeta Vermelho. O preço da expedição também foi destaque: US$ 74 milhões, ante US$ 671 milhões da missão Maven, que a Nasa, a agência espacial americana, enviou naquele ano para estudar a atmosfera marciana. De 2014 para cá, a Índia já lançou 237 satélites para clientes internacionais de 29 países, e em 2017 levou à órbita terrestre 104 microssatélites em um único foguete. São números admiráveis sob qualquer ângulo de análise.
Revista Planeta

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