quarta-feira, 21 de agosto de 2019

Fumaça vinda da África pode ser um importante fertilizante para Floresta Amazônica e Oceano Atlântico


Novo estudo aponta que incêndios no continente africano fornecem fósforo, um nutriente essencial, para esses ecossistemas


A fumaça dos incêndios que ocorrem na África pode ser uma importante fonte de fósforo, um nutriente essencial que serve como fertilizante para a floresta Amazônia, o Atlântico tropical e o Oceano Antártico. É o que sugere um estudo liderado por pesquisadores da Faculdade Rosenstiel de Ciências Marinhas e Atmosféricas da Universidade de Miami, nos Estados Unidos.

Os nutrientes encontrados em partículas atmosféricas, chamados aerossóis, são transportados pelo vento e depositados tanto em oceanos como em terra firme, onde estimulam a produção de fitoplâncton marinho e de plantas terrestres capazes de sequestrar dióxido de carbono atmosférico.

“Anteriormente, supunha-se que a poeira do Saara era o principal fertilizante para a Bacia Amazônica e para o Oceano Tropical Atlântico, fornecendo fósforo a ambos esses ecossistemas”, conta a autora sênior do estudo, Cassandra Gaston, professora assistente no Departamento de Ciências Atmosféricas da Faculdade Rosentiel. “Nossos resultados revelam que a biomassa transportadas da África por emissões de incêndios são uma fonte potencialmente mais importante de fósforo para esses ecossistemas do que a poeira.”

Para conduzir o estudo, os pesquisadores analisaram aerossóis coletados por filtros no topo de um monte da Guiana Francesa, no norte da Bacia Amazônica, estudando as concentrações de massa de poeira trazida pelo vento e o total de fósforo solúvel presente. Depois, eles monitoraram a fumaça que se movia através da atmosfera, usando ferramentas sensoras de telescópios, para entender o transporte de longo alcance da fumaça da África em períodos em que foram detectados níveis elevados de fósforo solúvel . Usando um modelo de transporte, eles conseguiram estimar a quantidade de fósforo depositado na Bacia Amazônica e nos oceanos globais proveniente de aerossóis da queima de biomassa na África.

A análise concluiu que a fumaça da queima desenfreada de biomassa na África, em sua maioria resultado de limpeza de terrenos, incêndios de vegetação e emissões de combustão industrial, é potencialmente uma fonte mais importante de fósforo para a floresta Amazônica, o Atlântico Tropical e o Oceano Antártico do que a poeira do Deserto de Saara. 

“Para nossa surpresa, descobrimos que o fósforo associado à fumaça da África Austral pode ser soprado até a Amazônia e, potencialmente, até o Oceano Antártico, onde pode impactar a produtividade primária e a diminuição do dióxido de carbono em ambos os ecossistemas”, conta a estudante de pós-graduação Anne Barkley, principal autora do estudo.

“Os aerossóis desempenham um papel importante no clima da Terra, mas há muita coisa que não entendemos, por exemplo, como eles afetam a radiação, as nuvens e os ciclos biogeoquímicos. Isso impede nossa capacidade de prever com precisão futuros aumentos na temperatura global”, diz Gaston. “Essas novas descobertas têm implicações sobre como esse processo pode ser no futuro, quando os padrão de emissões e incêndios na África e os quantidades de transporte de poeira mudarem, devido a mudança climática e o aumento da população humana.”

Universidade de Miami
Scientific American Brasil

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