Estima-se que cerca de oito milhões de toneladas de plástico adentrem nos oceanos todos os anos

No início de fevereiro, uma baleia da espécie cachalote (conhecida por ser um dos maiores cetáceos do mundo) foi encontrada encalhada e morta na costa de Múrcia, cidade ao sul da Espanha.
Esse fato por si só já é bastante triste, porém, após uma autópsia do animal, que media dez metros, a história ficou ainda pior. Quando um grupo de especialistas do Centro de Recuperação de Vida Selvagem El Valle, na Espanha abriu o estômago do mamífero, foi encontrado o equivalente a 29 quilos de sacos plásticos – desses que utilizamos para ir ao mercado –, um galão de plástico e diversos pedaços de cordas e redes.
Após uma longa análise, os especialistas concluíram que a baleia havia morrido porque ela não conseguia expelir todo o plástico que havia engolido. A principal teoria é que esses materiais bloquearam o sistema digestivo do animal, causando uma infecção no abdômen (conhecida por peritonite) e desencadeando na morte do mamífero.
Estima-se que cerca de oito milhões de toneladas de plástico adentrem nos oceanos todos os anos.
“A presença de plásticos nos mares e oceanos é uma das principais ameaças para a conservação da vida selvagem em todo o mundo, visto que muitos animais ficam presos em lixos ou ingerem grandes quantidades de plástico, o que lhes leva à morte”, afirmou porta-voz do meio ambiente do governo de Múrcia.
Recentemente, a fundação The Ocean Cleanup divulgou um estudo em que afirmou ter aproximadamente 79 mil toneladas de restos de plástico permeando o Oceano Pacífico. Para se ter uma noção, essa quantidade de material equivaleria a três vezes o tamanho da França.

Estima-se que no ano de 2050 teremos mais plástico do que peixes em nossos oceanos.
É por isso que histórias com destinos tão tristes como o dessa cachalote são comuns. Há outros tantos exemplos de baleias que aparecem encalhadas em praias com seus estômagos repletos de plástico – vale ressaltar que o plástico pode também conter substâncias tóxicas tal como os metais pesados.
Em 2017, o documentário Blue Planet II, protagonizado pelo naturalista David Attenborough, trouxe uma cena em que uma baleia aparece morta após a poluição por plástico (confira a cena no vídeo abaixo). “Ao menos que o fluxo de plástico no oceano seja reduzido, a vida marinha será intoxicada por esses materiais por muitos séculos que ainda virão”, afirmou Attenborough.
Um dado positivo diante toda essa triste situação é que que estão surgindo medidas para a redução da utilização de sacolas plásticas descartáveis. Por exemplo, a cobrança por saquinhos em mercados na Inglaterra reduziu em 80% o uso desses materiais. Nesse mesmo sentido, vale a pena apostar em ecobags e sacolas de plástico reutilizáveis.
Revista Galileu
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