sexta-feira, 11 de novembro de 2011

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Astrônomos aproveitam passagem de asteroide de raspão pela Terra para estudar objeto

Cesar Baima


RIO - Numa daquelas raras ocasiões em que a montanha vem a Maomé, astrônomos do mundo inteiro acompanharam com atenção a aproximação do asteroide 2005 YU55, que passou de raspão pela Terra na noite da última terça-feira. Com cerca de 400 metros de diâmetro, ou do tamanho do Pão de Açúcar, essa grande rocha espacial chegou a cerca de 320 mil quilômetros do planeta às 21h28 (horário de Brasília), viajando a uma velocidade relativa de mais de 68 mil quilômetros por hora.
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Na noite de segunda-feira, a Nasa divulgou novas imagens do asteroide captadas por suas antenas em Goldstone, Califórnia. Elas mostram o YU55 quando ele estava a 3,6 distâncias lunares, ou 1,38 milhão de quilômetros, da Terra.
A visita do asteroide é uma ótima oportunidade para os cientistas aumentarem seus conhecimentos sobre esse tipo de objetos, alguns deles verdadeiros fósseis da formação do Sistema Solar, há cerca de 4,5 bilhões de anos. Classificado como do tipo C, o YU55 é composto basicamente de mineirais a base de carbono. Isso faz com que ele seja muito escuro, dificultando sua observação direta durante a aproximação da Terra, o que só foi possível com telescópios. Por outro lado, sua composição o torna uma atraente fonte de recursos em futuros projetos de exploração espacial.
Nos últimos anos, diversas sondas espaciais tiveram e têm como objeto de estudo asteroides, inclusive com planos da Nasa de realizar uma missão tripulada com destino a um deles na década de 2020. Lançada em 2005, a sonda Rosetta, da Agência Espacial Europeia (ESA), passou em 2008 pelo asteroide 2867 Steins, de diâmetro médio de cinco quilômetros, e no ano passado encontrou-se com o 21 Lutetia , uma imensa rocha com mais de 120 quilômetros de extensão em seu eixo maior. Agora, a Rosetta está hibernando a caminho de seu destino final, o cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, o qual deverá acompanhar a partir do início de 2014 desde que ele passar entre a órbita de Júpiter e Marte até o fim de 2015, quando já estiver se afastando do Sol.
Já a sonda Hayabusa ("Falcão peregrino"), da Agência Espacial do Japão (Jaxa), partiu da Terra em 2003 rumo ao asteroide 25143 Itokawa, pela primeira vez recolhendo amostras de um asteroide e retornando-as ao planeta, que chegaram no ano passado . Enquanto isso, a sonda Dawn ("Aurora"), da Nasa, atualmente encontra-se em órbita do asteroide Vesta , o segundo maior do cinturão entre Marte e Júpiter, com 530 quilômetros de diâmetro, e em meados do ano que vem deve seguir viagem rumo ao Ceres, o maior do cinturão.
A última aproximação de um grande asteroide como o YU55 da Terra aconteceu em 1976 e nova visita só está prevista para 2028, quando o 2001 WN5, com diâmetro estimado entre 700 metros e 1,5 quilômetro, deverá chegar a 250 mil quilômetros do planeta. Segundo Alexandre Cherman, astrônomo da Fundação Planetário do Rio de Janeiro, o YU55 não seria um destino viável para missões espaciais, pois sua descoberta recente, em 2005, não daria tempo para o planejamento e lançamento de uma nave, que leva em torno de dez a 15 anos. Além disso, só no ano passado a trajetória dele nesta aproximação foi determinada com certeza.
- O WN5, por sua vez, não é um asteroide representativo como os do cinturão, objetos maiores que se acredita serem fósseis da formação do Sistema Solar - conta Cherman. - Planetesimais como o Lutetia, por outro lado, podem trazer pistas sobre as origens da Terra. Imagine que pudéssemos despedaçar nosso planeta. Isso não seria bom para a gente, claro, mas seria uma boa forma de estudá-lo. Assim, temos que aproveitar a possibilidade de já termos uma planeta despedaçado pelo cabo de guerra gravitacional entre o Sol e Júpiter na nossa vizinhança para fazer isso.
O astrônomo do Planetário destaca que o YU55 não apresenta nenhum risco para a Terra no médio prazo. Pelos cálculos atuais, as chances dele colidir com o planeta nos próximos cem anos são de uma em 10 milhões. Sua órbita, no entanto, poderá sofrer grandes alterações neste período, já que em 2029 ele passará de raspão por Vênus. Isso faz com que, na sua volta para a vizinhança da Terra, em 2041, a distância estimada da passagem varie entre 300 mil quilômetros a até quase 50 milhões de quilômetros.
- A verdade é que os planetas ainda vão influenciar muito a órbita do asteroide e por isso ainda não sabemos direito sua configuração completa - reconhece Cherman.
Jornal O Globo

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