sexta-feira, 22 de junho de 2012

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 Com mais áreas de lavoura, venda de fertilizantes dispara
'Uso de fertilizantes e agrotóxicos acompanha comportamento da agricultura', aponta IBGE
Luciana Nunes Leal e Vinícius Neder
As informações sobre agricultura divulgadas nesta segunda-feira, 18, pelo IBGE são o retrato dos dilemas do País no caminho para o desenvolvimento sustentável, que pressupõe crescimento com preservação ambiental e inclusão social.

Venda de fertilizantes passou de 69,4 quilos por hectare em 1992 para 155 quilos por hectare em 2010 - Moises Eustáquio Oliveira/AE
Moises Eustáquio Oliveira/AE
Venda de fertilizantes passou de 69,4 quilos por hectare em 1992 para 155 quilos por hectare em 2010


Embora sejam bem menores que as áreas de pastagem, as áreas de lavouras vêm crescendo no País e, com isso, aumenta também a venda de fertilizantes e agrotóxicos. A área de lavoura passou de 6% para quase 8% do território brasileiro entre 1992 e 2010. Nesse mesmo período, a comercialização de fertilizantes passou de 69,4 quilos por hectare em 1992 para 155 quilos por hectare em 2010. O consumo de agrotóxicos passou de 3,2 quilos por hectare em 2000 para 3,6 em 2009.

"Não tem solução fácil no desenvolvimento sustentável. O uso de fertilizantes e agrotóxicos acompanha o comportamento da agricultura. As áreas cultivadas aumentam, mas isso tem consequências ambientais. Melhora de um lado, mas impacta o meio ambiente de outro", diz Denise Kronemberger, da Coordenação de Recursos Naturais e Estudos Ambientais do IBGE e coordenadora técnica dos IDS 2012.

A evolução da venda de fertilizantes entre 1992 e 2010 acompanhou as oscilações da economia brasileira. Neste período, a comercialização teve queda entre 2003 e 2005, período de crise na agricultura, e em 2008 e 2009, segundo o IBGE em consequência da crise econômica internacional.

O aumento das pastagens plantadas, que crescem sobre as áreas de pastagem natural, o que indica a expansão da pecuária, também fez crescer a venda de fertilizantes e agrotóxicos, segundo o IBGE. A pesquisa divulgada hoje, no entanto, não tem dados atualizados sobre áreas de pastagens e repete as informações da última publicação de Indicadores do Desenvolvimento Sustentável. Entre 1996 e 2006, as áreas de pastagens plantadas tiveram aumento de 2,7% e as pastagens naturais caíram 26%.

Além de danos ao solo, rios e lagos, os fertilizantes e agrotóxicos aumentam a emissão de gases do efeito estufa, destaca o IBGE. "A agricultura moderna tem gerado impactos ambientais que comprometem a sustentabilidade dos ecossistemas agrícolas a médio e longo prazos, embora esteja elevando a produtividade e permitindo atingir níveis de produção que atendem às demandas do mercado", diz a pesquisa. "O aumento da produção de alimentos de maneira sustentável continua sendo o grande desafio do setor agrícola", conclui.

A presidente Dilma Rousseff tem insistido no fato de que o desenvolvimento sustentável no País é um caminho sem volta, independente das oscilações da economia, e cita a diminuição da pobreza como um dos indicadores objetivos. Entre 1995 e 2009, o PIB per capita passou de R$ 4.441 para R$ 5.390. Outro dado comemorado pelo governo tem sido a redução da desnutrição infantil, que era de 18,4% das crianças com menos de um ano de idade, em 1975, passou a 5,7%, em 1996, e chegou a 2,8% em 2009.
Jornal  O Estado de S. Paulo

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