quarta-feira, 26 de junho de 2019

Objetos tecnológicos são novo fardo para a Terra



Em um piscar de olhos geológico, uma nova esfera surgiu na Terra e evolui em ritmo acelerado: a tecnosfera, relacionada aos objetos tecnológicos criados pelo ser humano. Hoje dependemos dela, mas sua existência sem controle prejudica a vida de várias espécies, inclusive a nossa



Celulares: um dos ícones atuais da presença do ser humano na Terra (Foto: iStockphoto)


A Terra que nos mantém pode ser considerada em termos de diferentes esferas. Há a litosfera, composta pelas fundações rochosas do nosso planeta; a hidrosfera, que representa a água do nosso planeta; e a criosfera, que abrange as partes congeladas das regiões polares e das altas montanhas. A atmosfera é o ar que respiramos, e nós também fazemos parte da biosfera, dos organismos vivos da Terra. Essas esferas têm existido, de uma forma ou de outra, durante a maior parte dos 4,6 bilhões de anos de existência do nosso planeta. Mais recentemente, uma nova esfera surgiu – a tecnosfera.

A tecnosfera, no sentido em que a entendemos, é um conceito desenvolvido pelo geólogo e engenheiro americano Peter Haff, professor emérito na Universidade Duke, nos Estados Unidos. Assim como o Antropoceno (em geologia, a “idade recente do homem”), essa esfera está rapidamente cres­cendo em reconhecimento – tendo sido, por exemplo,­ foco de uma recente iniciativa da Haus der Kulturen der Welt (Casa das Culturas do Mundo), centro internacional de arte contemporânea em Berlim.

Tal como o Antropoceno, a tecnosfera é controversa, principalmente devido ao papel – e às restrições – que proporciona aos seres humanos. Ela sugere que, coletivamente, temos muito menos liberdade para guiar o sistema terrestre do que pensamos ter.

A tecnosfera engloba todos os objetos tecnológicos produzidos pelos seres humanos, mas isso é apenas parte dela. É um sistema, e não apenas uma crescente coleção de equipamentos tecnológicos. Essa distinção é crucial e pode ser ilustrada por uma comparação com o conceito mais estabelecido da biosfera.

Originariamente criado por Eduard Suess, geólogo austríaco do século 19, o termo biosfera foi desenvolvido como conceito pelo cientista russo Vladimir Vernadsky, já no século 20. Ele propôs que não se tratava apenas de uma massa de seres vivos sobre a Terra, mas da combinação disso com o ar, a água e o solo que mantêm a vida orgânica, e a energia do Sol, a qual, em grande parte, fornece-lhe energia. Mais do que a soma de suas partes, a biosfera se interconecta e se sobrepõe às outras esferas da Terra, ao mesmo tempo que apresenta suas próprias dinâmicas e propriedades emergentes.


Alterando a natureza

A tecnosfera, do mesmo modo, não engloba apenas nossas máquinas, mas também nós, humanos, assim como os sistemas profissionais e sociais por meio dos quais interagimos com a tecnologia: fábricas, escolas, universidades, organizações sindicais, bancos, partidos políticos, a internet. Também inclui os animais domésticos que criamos em grandes quantidades para nos alimentar, as plantações cultivadas para sustentá-los e para nos sustentar, e os solos agrícolas, que são extensivamente modificados a partir de seu estado natural para realizar essa atividade.Cidade iluminada: consumimos energia em ritmo alucinante (Foto: iStockphoto)

A tecnosfera também inclui: estradas, ferrovias, aeroportos, minas e pedreiras, campos de petróleo e gás, cidades, rios e reservatórios projetados. Ela tem produzido quantidades extraordinárias de resíduos que vão desde aterros sanitários até a poluição do ar, do solo e da água. Uma “prototecnosfera” de alguma espécie sempre esteve presente ao longo da história da humanidade, porém, na maior parte do tempo, ela tomou a forma de áreas­ isoladas e dispersas de pouca significância planetária. Agora, ela se tornou um sistema globalmente interconectado – um novo e importante desenvolvimento em nosso planeta.

Quão grande é a tecnosfera? Uma medição grosseira consiste em realizar uma avaliação da massa de suas partes físicas, a partir de cidades e do solo escavado e modificado que constitui seus alicerces, até as terras agrícolas, as estradas, ferrovias, etc. Uma estimativa de ordem de grandeza chegou a cerca de 30 trilhões de toneladas de materiais que nós usamos, ou que usamos e descartamos, neste planeta.

As partes físicas da tecnosfera também são muito diversas. Ferramentas simples como machados de pedra foram feitas por nossos antepassados há milhões de anos. Mas tem ocorrido uma grande proliferação de diferentes tipos de máquinas e objetos manufaturados desde a Revolução Industrial e, especialmente, desde a “grande aceleração” de crescimento populacional, industrialização e globalização, em meados do século 20.

A tecnologia também está evoluindo cada vez mais rapidamente. Nossos antepassados pré-industriais viram pequenas mudanças tecnológicas de uma geração para a outra. Agora, em um espaço de pouco mais do que uma geração humana, os telefones celulares – para citar apenas um exemplo – foram apresentados ao público em massa e passaram por várias gerações.
Fósseis do futuro

Neste ponto, uma analogia pode ajudar a mostrar a natureza impressionante desse recém-chegado planetário. Geologicamente, objetos tecnológicos, incluindo os telefones celulares, podem ser considerados “tecnofósseis”, porque são construções criadas biologicamente que são robustas e resistentes à degradação; eles formarão os fósseis do futuro, para caracterizar os estratos do Antropoceno.Fábricas se instalaram na paisagem terrestre há mais de dois séculos (Foto: iStockphoto)

Ninguém sabe quantos tipos diferentes de tecnofósseis existem, mas quase certamente eles superam o número de espécies de fósseis conhecidas, enquanto a tecnodiversidade moderna, considerada dessa maneira, também excede a diversidade biológica moderna. O número de espécies de tecnofósseis também está continuamente aumentando, uma vez que a evolução tecnológica agora supera em muito a evolução biológica.

Enquanto quase toda a energia da biosfera provém do Sol, parte da tecnosfera também é alimentada pela energia solar – e outros recursos renováveis como a energia eólica –, mas a maior parte é alimentada pela queima de hidrocarbonetos, incluindo o petróleo, o carvão e o gás. Essas fontes de energia não renováveis, na prática, representam a luz solar fossilizada que foi acumulada nas profundezas da Terra por centenas de milhões de anos, e que agora está sendo consumida em apenas alguns séculos.

Durante milênios, os seres humanos têm utilizado fontes de energia como moinhos d’água, mas a enorme explosão de energia que agora é necessária para alimentar a tecnosfera está em uma escala completamente diferente. Uma estimativa sugere que os seres humanos, coletivamente, consumiram mais energia a partir de meados do século 20 do que em todos os 11 milênios anteriores do Holoceno.
Inundados com resíduos

A tecnosfera, no entanto, se diferencia da biosfera em um aspecto fundamental. A biosfera é extremamente hábil em reciclar os materiais dos qual é feita, e essa facilidade permitiu que ela sobrevivesse na Terra por bilhões de anos. A tecnosfera, por outro lado, é fraca em reciclagem. Alguns dos resíduos são muito óbvios, como os plásticos que vêm se acumulando nos oceanos do mundo e nos litorais dos continentes.

Os animais domésticos também estão incluídos na tecnosfera (Foto: iStockphoto)

Outros tipos, sendo incolores ou inodoros, são invisíveis para nós, como o dióxido de carbono proveniente da queima dos combustíveis fósseis. Atualmente, a massa de dióxido de carbono emitido industrialmente na atmosfera é enorme – cerca de 1 trilhão de toneladas, o que equivale a cerca de 150 mil pirâmides egípcias. Esse rápido crescimento de produtos residuais, se não for controlado, é uma ameaça à existência continuada da tecnosfera – e dos seres humanos que dependem dela.

A tecnosfera é uma ramificação da biosfera e, como ela, é um sistema complexo com suas próprias dinâmicas. Fatores importantes em seu surgimento foram a capacidade da nossa espécie de formar estruturas sociais sofisticadas, bem como de desenvolver e trabalhar com ferramentas. Contudo, Haff ressalta que os seres humanos são menos criadores e administradores da tecnosfera do que componentes dentro dela e, portanto, ficam limitados a atuar­ para mantê-la existindo – especialmente porque a tecnosfera conserva a maior parte da população humana viva por meio do fornecimento de alimentos, abrigo e outros recursos que fornece.

Seu desenvolvimento permitiu que a população humana aumentasse das poucas dezenas de milhões que podiam ser mantidos vivos pelo modo de vida caçador-coletor pelo qual nossa espécie evoluiu, chegando aos 7,3 bilhões de indivíduos que habitam o planeta atualmente. Apenas uma inovação tecnológica – os fertilizantes artificiais produzidos com o uso do processo de Haber-Bosch (o método desenvolvido pelos químicos Friz Haber e Carl Bosch de sintetizar diretamente a amônia a partir do nitrogênio e do hidrogênio) – mantém viva cerca de metade da população humana.

Na atualidade, a tecnosfera não está evoluindo por estar sendo guiada por alguma força humana controladora, mas sim graças à invenção e ao surgimento de novidades tecnológicas úteis. Existe agora um tipo de coevolução dos sistemas humanos e tecnológicos.
Condições alteradas

Atualmente, a tecnosfera pode ser considerada como parasitária na biosfera, por alterar as condições de habitabilidade planetária. As consequências óbvias disso incluem as muito elevadas – e em aceleração – taxas de extinção de espécies de plantas e animais, assim como as mudanças do clima e da química dos oceanos, que são bastante prejudiciais às comunidades biológicas existentes. Essas mudanças podem, por sua vez, prejudicar o funcionamento da biosfera e das populações humanas.

Terra cultivada: fertilizantes artificiais permitem alimentar cerca de 50% dos humanos (Foto: iStockphoto)

Idealmente, por essa razão, os seres humanos devem tentar auxiliar­ a tecnosfera a evoluir para uma forma que seja mais sustentável no longo prazo. No entanto, os seres humanos coletivamente não têm escolha senão manter a tecnosfera operante – porque agora ela é indispensável para nossa existência coletiva.

Desenvolver os graus de liberdade, nesse contexto, para uma ação política e socioeconômica efetiva, é um dos desafios que a tecnosfera em evolução nos apresenta. Um primeiro passo aqui consiste em compreender de maneira mais completa o funcionamento dessa extraordinária nova fase na evolução do nosso planeta. Aqui, ainda existe muito a fazer.

(*) O geólogo britânico de origem polonesa Jan Zalasiewicz é professor de paleobiologia na Universidade de Leicester (Reino Unido). Ele trabalhou como geólogo e paleontólogo de campo para a British Geological Survey e, desde 2009, preside o Grupo de Trabalho Antropoceno da Comissão Internacional sobre Estratigrafia.
Revista Planeta

Índia promete conquistar cada vez mais o espaço a baixo custo


A Índia promete levar um de seus habitantes para além das fronteiras terrestres até 2020. A proposta deve ser viabilizada graças sobretudo à forma supereconômica como o país tem desenvolvido seu programa espacial

Júlio César Borges

Lançamento de veículo transportador de satélites da Índia em 2016: espaço também para sondas da Argélia, do Canadá e dos EUA (Foto: iStock)

Quando o primeiro-ministro indiano Narendra Modi anunciou em agosto que seu país enviaria um astronauta ao espaço até 2022, as rea­ções de desconfiança não se avolumaram como se poderia esperar de início. A Índia é, sem dúvida, um país de terceiro mundo, com gigantescos desafios internos, que certamente mereceriam mais investimentos do que um programa espacial. Mas o país tem demonstrado ao longo dos anos que consegue feitos nessa área a custos bem menores do que as outras potências espaciais, e o desenvolvimento nessa área pode lhe abrir muitas portas num setor cuja importância só tem crescido.


Se depender de Kailasavadivoo Sivan, presidente da Organização de Pesquisas Espaciais da Índia (Isro, na sigla em inglês), a promessa de Modi será cumprida. “O premiê deu o objetivo de 2022 e é nosso dever atendê-lo”, disse na ocasião. “Desenvolvemos muitas tecnologias, como módulo de tripulação e sistemas de escape. O projeto está em andamento; agora precisamos priorizar e atingir a meta.” Segundo ele, os pilotos e a tripulação, frequentemente chamados de vyomanautas (“vyom” significa espaço em sânscrito), passariam pelo menos sete dias no espaço.



Para Sivan, a missão, proposta pela primeira vez há quase uma década, custaria à Índia cerca de US$ 1,2 bilhão. Ela seria seguida por duas expedições não tripuladas, a primeira delas a ser lançada em 2020. O programa espacial indiano foi criado em 1962 e lançou sua primeira sonda lunar há uma década. Desde 2014, a iniciativa tem ganhado novas proporções. Naquele ano, o país colocou com sucesso um satélite na órbita de Marte, tornando-se a primeira nação a fazê-lo em sua tentativa inicial e o primeiro país asiático a alcançar o Planeta Vermelho. O preço da expedição também foi destaque: US$ 74 milhões, ante US$ 671 milhões da missão Maven, que a Nasa, a agência espacial americana, enviou naquele ano para estudar a atmosfera marciana. De 2014 para cá, a Índia já lançou 237 satélites para clientes internacionais de 29 países, e em 2017 levou à órbita terrestre 104 microssatélites em um único foguete. São números admiráveis sob qualquer ângulo de análise.
Revista Planeta

terça-feira, 25 de junho de 2019

Angkor: esplendor na selva ameaçado pelo turismo


Encravada nas florestas do Camboja está uma maravilha arquitetônica que, no século 19, chegou a rivalizar em fama com as pirâmides do Egito. Mas o turismo sem controle ameaça sua preservação
Mariane Lima


Vista de Angkor Wat: o maior monumento religioso do mundo é uma representação arquitetônica da cosmologia hinduísta (Foto: iStock)



Quando o naturalista francês Henri Mouhot chegou a Angkor (no noroeste do atual Camboja, perto da cidade de Siem Reap), em 1858, o impacto do que encontrou não poderia ser mais intenso. “Era maior do que tudo aquilo que nos foi legado pela Grécia e por Roma”, descreveu em um diário publicado logo após a sua morte, em 1861. A divulgação da descoberta, que nas décadas seguintes renderia a Angkor uma fama quase igual à das pirâmides do Egito, atraiu várias expedições à região. Mas a investigação científica mais sistemática ali só seria organizada em 1898, com a criação do núcleo da Escola Francesa para o Extremo Oriente, baseada em Saigon (atual Ho Chi Minh, no Vietnã), cujo principal objetivo era identificar, pesquisar e restaurar os edifícios encontrados.

Uma das maravilhas arquitetônicas do planeta, Angkor, a capital do Império Khmer, continha no seu auge quase mil templos e palácios em uma área de 8 km por 24 km. Em geral inspiradas no hinduísmo, as construções – de pilhas de escombros a templos bem preservados – espalham-se em um local de densa vegetação, que derrubou paredes, muros e fundações dos prédios abandonados ao longo dos séculos.


Representações budistas no templo de Bayon, última grande obra arquitetônica khmer (Foto: iStock)

Primeiro diretor da Escola, o arqueólogo Jean Comaille iniciou a desobstrução dos templos menos afetados pelas árvores. Em 1907, parte das ruínas já estava limpa, e os pesquisadores passaram a recolocar as pedras derrubadas em seus locais de origem, recuperando a forma de templos e palácios.
O império khmer viveu seu ápice entre os anos 800 e 1220 e é admirado por sua tecnologia hidráulica, vista como uma obra-prima de equilíbrio ecológico

A principal edificação encontrada foi Angkor Wat, templo erguido entre 1113 e 1150 e considerado o maior monumento religioso do mundo. Sua de­sobstrução total, numa área contínua com cerca de 2 km2, revelou vários túneis e passagens secretas que ocultavam a tumba do rei Suryavarman II, líder do Estado khmer durante o período da construção.
Cosmologia hinduísta

Angkor Wat é vista como uma representação arquitetônica da cosmologia hinduísta. Suas torres centrais simbolizam o Monte Meru, lar dos deuses; as paredes externas, as montanhas que cercam o mundo; e o fosso, os oceanos além dessas elevações. Os pesquisadores descobriram ali estátuas e obras de arte requintadas, mas a sala do tesouro citada em manuscritos antigos jamais foi encontrada.



Em 1916, antes de terminar seu trabalho no grande edifício, Commaile foi assassinado por piratas fluviais quando levava o pagamento de seus funcionários. Ele foi substituído pelo arquiteto e apreciador de arqueologia Henri Marchal, que começou por desobstruir a antiga capital, Angkor Thom, situada a 800 metros de Angkor Wat e erigida num formato quadrado, em que cada lado media três quilômetros.
Com o abandono, árvores surgiram em meio às construções (Foto: iStock)

A construção de Angkor Thom data do século 10, mas os prédios ainda de pé são do fim do século 12. No centro da capital encontra-se uma joia arquitetônica, o templo budista de Bayon, erguido pelo rei Jayavarman VII. Esse era um dos 20 templos que, segundo um embaixador chinês junto aos governantes khmers no século 13, tinham as torres e o telhado revestidos de finas lâminas de ouro – coberturas metálicas que desapareceram sem deixar vestígios. O edifício, com área de 600 m2, possuía originariamente 54 torres, cada uma formando quatro faces da divindade.

Muitas das diversas galerias existentes no interior de Bayon revelaram passagens secretas para câmaras subterrâneas. Em algumas delas foram encontradas estátuas de divindades e vasos de cerâmica ou pedra.

Impulso para a pesquisa

Por volta de 1929, o escritor André Malraux conseguiu permissão para ir a Angkor e assistir aos trabalhos de restauração dos edifícios. Sua impressionante descrição das ruínas atraiu a atenção do governo francês, e em 1932 um grupo de inspetores foi enviado para observar o progresso dos trabalhos. Na ocasião, correram rumores de que num dos templos de Angkor Thom fora descoberta uma tumba com um riquíssimo mobiliário fúnebre, que incluía estatuas de ouro e pedras preciosas. Na mesma época, foi vendido em Xangai (China) um rubi de 45 quilates que muitos atribuíram a esse tesouro perdido.

O Império Khmer viveu seu auge entre 800 e 1220 d.C., período balizado pelos reis Jayavarman II (802-850) – o primeiro soberano desse povo a se declarar “monarca universal” – e Jayavarman VII (1181- 1218), que em seu tempo comandou a maior parte da Indochina. Jayavarman VII marcou a transição dos governantes khmers do hinduísmo para o budismo, sua crença pessoal. Em agradecimento ao auxílio divino, ele mandou construir uma grande estátua de Buda totalmente incrustada de esmeraldas, as quais faziam com que o ídolo parecesse ter sido esculpido de uma só pedra. Essa maravilha desapareceu e, segundo lendas, estaria oculta no interior do Bayon.

Ruínas do templo de Bayon, construído no reino de Jayavarman VII (Foto: iStock)

No século 14, o Estado Khmer entrou em decadência e foi invadido em 1351 pelo reino Tai, seu vizinho do oeste. Um príncipe khmer comandou a revolta posterior contra os ocupantes e executou o rei imposto. A reação levou a nova invasão dos tais, em 1431, marcada pelo saque a templos, palácios e moradias de nobres. Depois disso, Angkor foi abandonada por seus habitantes e, aos poucos, engolida pela floresta.

A tradução dos diversos textos gravados nas tumbas e paredes dos templos forneceu um inventário de reis khmers e a época de seus governos, bem como suas rea­lizações no campo hidráulico. Ao conseguirem sistematicamente estabilizar, armazenar e dispersar as águas do rio Mekong e de outras fontes próximas, os khmers transformaram vastas áreas alagadas em campos de cultivo e espaços para edificação, num feito considerado por muitos especialistas uma obra-prima de equilíbrio ecológico. O avançadíssimo sistema usado permitia, no ápice daquela civilização, uma produção de alimentos suficiente para alimentar um milhão de pessoas.
Revista Planeta

Grandes terremotos podem agravar a elevação do nível dos oceanos. Saiba como



As ilhas Samoa afundam mais rápido que o previsto como consequência do aquecimento global, mas provavelmente uma dupla de tremores de enormes proporções também pode levar a culpa.terça-feira, 25 de junho
Por Maya Wei-Haas



O aumento no nível do mar causado pelas mudanças climáticas já ameaça muitas comunidades litorâneas. Mas o povo de Samoa e da Samoa Americana, região vista nesta foto, enfrenta mais um desafio: as próprias ilhas estão afundando. 

FOTO DE ANDRE SEALE/ VWPICS/ ALAMY


UM DUPLO ATAQUE GEOLÓGICO sacudiu a região do Sul do Pacífico em setembro de 2009, quando um terremoto de magnitude 8,1 atingiu o litoral da ilha-nação de Samoa, seguido, poucos momentos depois, de um tremor de similar intensidade. Um gigantesco tsunami não tardou em chegar às praias de ilhas próximas, causando mais de 180 mortes e a destruição de comunidades em Samoa, no território estadunidense da Samoa Americana e nas ilhas vizinhas.

Como se não fosse o bastante, um novo estudo, publicado no Journal of Geophysical Research: Solid Earth, revela que os tremores criaram um perigo latente para mais de 55 mil moradores da Samoa Americana: o aumento do nível do mar que ocorre cinco vezes mais rápido do que a média global.


Assim como outras ilhas e regiões costeiras do mundo, Samoa e a Samoa Americana estão sofrendo com a invasão das águas na medida em que o aquecimento do nosso planeta faz o nível dos oceanos subir a uma velocidade cada vez maior. No entanto, com a ocorrência dos megatremores, os pesquisadores descobriram que essas ilhas do Pacífico também estão afundando. A situação é particularmente preocupante para a Samoa Americana, onde a equipe estima que, nos próximos 50 a 100 anos, o nível do mar na região possa subir cerca de 30 centímetros, além dos efeitos já previstos das mudanças climáticas.

Embora as contribuições dos grandes terremotos não sejam as mesmas em todos os lugares, a descoberta enfatiza os impactos, às vezes negligenciados, que a geologia pode exercer sobre um número cada vez maior de pessoas que, no mundo todo, habitam as regiões litorâneas. (Descubra também como poderosos tremores estão preparando a região ao redor do Monte Everest para um grande desastre.)

“Todo mundo fala dos problemas das mudanças climáticas... mas subestimam o impacto do terremoto e da respectiva subsidência geológica”, diz o líder do estudo Shin-Chan Han, da Universidade de Newcastle, Austrália, referindo-se aos documentos dos governos regionais sobre a elevação do nível do mar.

“Trata-se de algo muito importante a ser destacado", diz a geofísica Laura Wallace, da empresa de consultoria em geociência GNS Science, Te Pū Ao, na Nova Zelândia, que não participou do estudo. “Esse problema, obviamente, tem um grande impacto nas mudanças relativas no nível do mar que as pessoas testemunharão em lugares como [as ilhas Samoa]”.
Geometria geológica

Os movimentos tectônicos estão constantemente remodelando a superfície do planeta — função que fica mais evidente durante um terremoto. Em termos gerais, essas ocorrências se dão onde as placas tectônicas colidem ou deslizam umas contra as outras, acumulando tensão geológica. Quando se libera de forma repentina essa energia acumulada, pode haver um rápido e brusco deslocamento de blocos da crosta terrestre.

Mas nem todas as mudanças causadas por um grande terremoto são imediatas. Diferentemente da crosta rígida, as rochas do manto fluem feito melaços gelados, ajustando-se gradativamente ao repentino solavanco da superfície, diz Wallace. Isso faz o terreno afundar ou se elevar, e essa movimentação pode prosseguir por décadas após a ocorrência do tremor.

É essa prolongada deformação da paisagem que intriga Han. Há anos, ele vasculha dados dos satélites do Experimento Climático e de Recuperação da Gravidade, ou Grace, para analisar a elevação e o declive do terreno após um tremor. Essa dupla de satélites orbitou a Terra em fileira entre 2002 e 2017, monitorando de forma precisa a distância entre as sondas. Quando passavam sobre zonas com um pouco mais de massa e, portanto, maior gravidade, a sonda na dianteira sentia o puxão antes da sonda que a seguia. Isso ajustava o espaço entre elas e era registrado como uma oscilação no campo gravitacional do planeta, podendo revelar alterações nas massas de terra abaixo.

No caso do terremoto de 2009, essas alterações se registravam diariamente. Os efeitos acabaram sendo tão grandes que Han, ao analisar os dados do Grace, percebeu que algo estranho acontecia nas ilhas Samoa.
Uma rara coincidência

O acontecimento de 2009 foi um terremoto particularmente incomum que, de início, deixou os cientistas perplexos, já que a dupla de poderosos tremores atingiu a Terra praticamente ao mesmo tempo. Um deles irrompeu ao longo do que se chama falha normal, criada em função da flexão da crosta oceânica que se desloca para baixo de outra placa tectônica, na chamada zona de subducção. O outro tremor ocorreu dentro da zona de subducção, devido às forças compressivas das placas em colisão.

Os pesquisadores investigaram os duradouros impactos desses tremores utilizando um misto de dados do Grace e de registros locais de GPS e marégrafos. Em seguida, elaboraram um modelo computacional para desvendar a complexa interação entre os tremores e o que acontece na superfície.

Esses dados demonstraram que a paisagem estava afundando lentamente, principalmente devido ao tremor ocorrido na falha normal. Tal terremoto, em particular, causa um declínio de um lado da paisagem em relação ao outro, o que fez afundarem as ilhas vizinhas.

A equipe descobriu que, quase uma década após o acontecimento, a ilha de Samoa afunda cerca de 1 centímetro por ano. A situação é especialmente grave na Samoa Americana, que sofreu uma subsidência anual de mais de 1,5 centímetro, e não dá sinais de que vá parar tão cedo.

O ritmo supera a velocidade estimada de aumento do nível dos oceanos em todo o mundo, que sobem vagarosamente cerca de 0,3 centímetro por ano. As enchentes e intrusões de água salgada nos aquíferos de água doce já são graves preocupações dos moradores da Samoa Americana, diz Han, e essa última descoberta só aumenta a aflição. (Elevação do nível dos mares gera escolha difícil à população insular: realocar-se ou elevar-se?)
Banheiras oceânicas

É possível que ocorram efeitos similares em outras ilhas próximas ao local de colisão de placas, embora muitos fatores influenciem os acontecimentos após o tremor. A importância geral do novo trabalho é destacar que as causas do aumento no nível do mar, em qualquer localidade, são muito mais complicadas que o derretimento do gelo e o aquecimento dos oceanos.

“As pessoas pensam no aumento global do nível do mar como uma banheira que enche e se esvazia”, diz Don Chambers, da Universidade do Sul da Flórida, especialista no uso de dados gravitacionais de satélites para estudo do nível do mar. Mas há diversos outros fatores que perturbam nossas vastas banheiras oceânicas. Alguns deles são causados pelos humanos, como a extração de água subterrânea ou a compactação de sedimentos pela expansão urbana, o que faz a terra afundar. Esse é o efeito responsável na costa do estado de Louisiana, onde as águas sobem dois centímetros e meio a cada dois anos em algumas partes.

As travessuras tectônicas, como nas ilhas Samoa, também são fator comum, embora os efeitos dependam da geometria das falhas, diz Jeffrey Freymueller, geofísico da Universidade do Estado de Michigan, que não participou do novo trabalho. Em muitos locais, o empurra-empurra tectônico causa levantamento em vez de subsidência. Por exemplo, Han monitorou alterações pós-terremotos tanto no Japão quanto na Nova Zelândia, e em ambos os locais elas apresentam um movimento ascendente há anos.

Mas, na região de Samoa e outros locais, a subsidência causada pelos terremotos é a grande preocupação, tendo em vista o aumento no nível do mar. Freymueller menciona um recente estudo publicado na Marine Geology que documentou um aumento considerável no nível do mar na Ilha Phuket, na Tailândia, após o terremoto de Sumatra-Andaman, de magnitude 9,2, em 2004. As águas da região subiram cerca de 12,5 centímetros até 2019 — efeito combinado das mudanças climáticas e do afundamento pós-terremoto.

Este último estudo enfatiza a necessidade de maior consciência e monitoramento contínuo para mitigar os possíveis efeitos dos megatremores, diz Wallace. No entanto, não é possível prever esses efeitos sobre o nível do mar antes da ocorrência do terremoto, uma vez que a própria previsão de terremotos é, em si, incerta.

“Pode ser um problema que de repente lhe cause uma azia na semana que vem”, diz Freymueller, “ou pode ser algo que não cause problema algum durante um século”.
Revista National Geographic

quarta-feira, 19 de junho de 2019

Sai Plutão, entra Goblin: Pistas do novo nono planeta


A descoberta do planeta anão Goblin, com uma estranha órbita alongada, reforça a tese de que existe um grande corpo celeste na parte exterior do Sistema Solar influenciando a forma como ele e outros pequenos objetos astronômicos giram em torno do Sol



Representação artística do Goblin: invisível para os terrestres durante 99% da sua órbita (Foto: R. Candanosa/S. Sheppard/Instituto Carnegie para a Ciência)


Embora Plutão tenha sido rebaixado a planeta anão em 2006, o número de planetas do Sistema Solar teima em ser nove. A ideia, já cogitada há algum tempo pela comunidade astronômica, ganhou um reforço com o anúncio da descoberta de um pequeno e longínquo corpo celeste, denominado Goblin, em outubro. Assim como outros dois planetas anões encontrados nas últimas décadas, Sedna e 2012 VP113, ele parece ser influenciado por um objeto grande e ainda invisível – o Planeta Nove.

O gelado Goblin (“Duende”, em inglês; oficialmente, 2015 TG387) tem um diâmetro de cerca de 300 km e órbita muito alongada, que o leva a dar uma volta em torno do Sol em 40 mil anos. Quando mais se aproxima da nossa estrela, ele está a uma distância 2,5 vezes maior que a de Plutão; no ponto mais afastado, fica quase 60 vezes mais longe do que o planeta rebaixado em 2006. Por causa disso, a luz que ele reflete é muito fraca para ser vista da Terra durante 99% de sua órbita.


“Só agora estamos descobrindo como seria a parte externa do Sistema Solar e o que poderia estar por ali”, disse Scott Sheppard, do Instituto Carnegie para a Ciên­cia, de Washington, e membro da equipe que fez a descoberta. “Acreditamos que há milhares de planetas anões no Sistema Solar exterior. Estamos apenas vendo a ponta do iceberg agora.”


A tendência mais forte para explicar por que as órbitas de Sedna, Goblin e 2012 VP113 parecem agrupadas é a existência de um grande corpo celeste a conduzi-las, que pode ser dez vezes maior do que a Terra. Para Konstantin Batygin, professor assistente de ciên­cia planetária no Caltech (EUA), que trabalhou em simulações teóricas do hipotético Planeta Nove, a notícia do Goblin constitui uma “grande descoberta de fato”.

O Goblin foi encontrado por meio do telescópio japonês Subaru, instalado no vulcão adormecido Maunea Kea, no Havaí. O Subaru é o único no mundo capaz de produzir imagens profundas dos limites externos do Sistema Solar, além de ter um campo de visão amplo o suficiente para visualizar o céu em condições de descobrir objetos raros. Em novembro a equipe do Goblin voltou a usá-lo em busca de outros corpos celestes – entre eles, o Planeta Nove.
Revista Planeta

terça-feira, 18 de junho de 2019

O impacto das migrações: Herança bendita


Ao contrário do que apregoam certos políticos e governantes, abrir as portas para imigrantes e refugiados traz no geral impactos positivos à economia e à identidade cultural dos países onde são bem acolhidos e nenhuma ameaça à segurança nacional



Migrantes centro-americanos a caminho da fronteira entre o México e os Estados Unidos: em busca de uma vida melhor para eles e seus filhos (Foto: Orlando Estrada / AFP)


Seja por curiosidade, por desejo de crescimento pessoal e econômico ou por reais necessidades de sobrevivência, o ser humano se desloca pelo planeta desde o início da sua existência e nunca deixará de fazê-lo. Em 2017, de uma população mundial estimada em 7,6 bilhões de habitantes, 258 milhões de pessoas moram em um país diferente do qual nasceram, de acordo com o Relatório de Migrações Internacionais da ONU. Isso quer dizer que de cada 100 seres humanos, pelo menos três (mais exatamente, 3,4) vivem fora da sua terra natal – em 2000, essa taxa era de 2,7.

Dentro desses 258 milhões, cerca de 10% são refugiados, aqueles que fugiram para preservar a própria vida, por sofrer com conflitos armados, perseguições e violência dos direitos humanos nos seus países de origem – diferentemente dos migrantes, que optaram por sair. Mudanças internacionais voluntárias ou não costumam envolver um longo processo de adaptação e esbarram nas resistências pessoais dos migrantes e do povo anfitrião, assim como dos seus governos.

Venezuelanos prestes a sair de Roraima rumo a outras partes do Brasil (Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil)

Os contínuos movimentos migratórios internacionais têm atraído mais a atenção do mundo desde 2015, quando mais de 1 milhão de pessoas chegaram à Europa, vindos principalmente de áreas conflagradas do Oriente Médio. Atualmente, o destaque é a caravana de centro-americanos que caminhou cerca de 5 mil quilômetros para deixar a região de maior índice de assassinatos do mundo (excluídas as zonas de guerra), o chamado “Triângulo Norte” – Guatemala, El Salvador e Honduras –, rumo ao sonho de entrar nos Estados Unidos. Ela se encontra barrada na fronteira México-EUA por portões, muros, arames, policiais, e, principalmente, pela postura anti-imigração do atual presidente americano, Donald Trump – um descendente de alemães e escoceses, casado com uma eslovena e ex-marido de uma tcheca.

Mais ao sul, a escassez de alimentos, custos de vida exorbitantes, alta criminalidade e perseguição a opositores do regime geradas pelo regime de Nicolás Maduro fizeram com que mais de 3 milhões de venezuelanos deixassem o país. Enquanto a Colômbia acolheu um terço deles, e até o Panamá recebeu cerca de 100 mil, até novembro, no Brasil, a recepção inicial aos venezuelanos não foi das melhores. Calcula-se que nesse mesmo período tenham chegado aqui em torno de 85 mil venezuelanos, dos quais 65 mil pediram refúgio.
Novas perspectivas

O despreparo dos governos de todas as esferas frente à crise há tempos anunciada e a pressão sobre os serviços básicos geraram resistência de parte da população local, protestos e até ataques aos venezuelanos, principalmente em Pacaraima, Roraima, posto da fronteira brasileira com a Venezuela. Mas o processo de “interiorização” dos recém-chegados já vai abrindo perspectivas melhores para todos.

Migrantes do Oriente Médio deixam a Hungria, em 2015 (Foto: iStock)

Embora se trate do maior território da América do Sul e da maior economia da região, o Brasil não abriga muitos estrangeiros hoje. Segundo dados da Polícia Federal, a população de imigrantes – voluntários ou não – é de 750 mil, o que não representa nem 0,5% do total do país, enquanto a média mundial é de 3%. Em 1920, entretanto, 5,1% dos residentes no Brasil eram pessoas de outras origens. Já os brasileiros que decidiram sair do país somam o quádruplo dos estrangeiros recebidos: mais de 3 milhões, de acordo com dados do Ministério das Relações Exteriores.

“A meu ver, uma coisa positiva desse drama é que enfim o Brasil desperta para essa temática. Apesar de termos uma história supercosmopolita, atualmente preci­samos nos abrir mais para o internacional, procurar entender essas pessoas, aprender com elas”, afirma Monique Sochaczewski, coordenadora acadêmica e de projetos no Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), ligada pessoal e profissionalmente ao tema de migrações.

Migrante da Guatemala em colheita de tomates na Flórida (Foto: iStock)

Apesar de todos os muros, cercas e leis levantados por países para evitar a entrada de quem é de fora, a contribuição dos estrangeiros sempre foi um dos principais motores de evolução da própria espécie. Embora os ânimos exaltados dos que querem se proteger do diferente – muitas vezes considerado “invasor” – não lhes permitam perceber, os impactos dos estrangeiros são benéficos na economia, na sociedade e no conhecimento, principalmente, no médio e no longo prazos. Confira!
Desenvolvimento econômico

Vários estudos respeitáveis mostram que imigrantes e refugiados representam vantagem econômica, principalmente quando bem acolhidos, para os países em que se instalam e também para seus países de origem.

Para começar, apesar de serem 3% da população mundial, os imigrantes foram responsáveis por 10% do PIB global em 2015, de acordo com estudo do McKinsey Global Institute (MGI), instituto de pesquisas ligado à consultoria McKinsey, mas independente de seus clientes. A pesquisa mostra que o PIB mundial foi US$ 3 bilhões maior do que se essas pessoas não tivessem se mudado. Já as remessas enviadas em 2015 aos países de origem alcançaram US$ 580 bilhões, cerca de 10% da produção total.

“Os migrantes de todos os níveis de habilidade contribuem positivamente para a economia, seja via inovação, empreendedorismo ou liberação de nativos para trabalhos de maior valor”, informa trecho do estudo do MGI.

Migrantes italianos em Alfredo Chaves (ES): fluxo iniciado em 1877 (Foto: Divulgação)

Do ponto de vista do mercado de trabalho, embora se pense que a chegada de internacionais só aumente a competição e derrube os salários, para cada emprego que eles “tomam” cria-se 1,2 posto de trabalho, segundo estudo publicado também em 2015 pelo Escritório Nacional de Pesquisa dos Estados Unidos (NBER, na sigla em inglês). Afinal, os imigrantes também são consumidores e aumentam a demanda por garçons, vendedores, professores, etc.


Além disso, eles amenizam os efeitos do progressivo envelhecimento da população, principalmente, em países desenvolvidos. E mais: os imigrantes também pagam impostos – às vezes mais que os locais –, principalmente se estiverem devidamente documentados.

Para que esses benefícios sejam colhidos, claro, é fundamental dar oportunidade de autossustentabilidade aos estrangeiros. “As pessoas precisam ter condições de se integrar economicamente ao novo território, e isso só se dá por meio do trabalho”, afirma Luiz Fernando Godinho, porta-voz no Brasil para o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur). Ele reforça que oferecer refúgio não é “deixar ficar”, não tem caráter assistencialista. “É um caráter humanitário, emergencial e que visa à integração das pessoas no país onde se encontram.”
Segurança nacional

Por trás do discurso de garantir a “soberania nacional”, governantes – sobretudo de direita – acabam disseminando uma aversão ao estrangeiro em seu território, por associá-lo a ameaças e crimes de todo tipo, inclusive ao terrorismo. Os únicos que saem ganhando são tais líderes, que conseguem concentrar mais poder e manipular as massas por meio do medo. Perde a população local, que se fecha em si e deixa de aprender com quem vem de fora.

No Brasil, especialmente, essa preocupação é infundada. A imigração não tem impacto expressivo na segurança pública do país. “Os refugiados e os estrangeiros não constituem uma população de grande nota no sistema de justiça criminal brasileiro. Não são uma população carcerária expressiva nem clientes preferenciais do sistema”, afirma Rafael Alcadipani, professor da Escola de Administração da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. “O Brasil não precisa importar criminoso, já tem o suficiente aqui”, alfineta.Migrante africano em laboratório de informática na Alemanha: o bom acolhimento é fundamental para a inserção na sociedade (Foto: iStock)

Alcadipani destaca que a grande questão da segurança sempre é a população em condições mais frágeis. “Quanto mais vulnerável se está, mais relacionado ao crime”, lembra. Por isso, um efetivo acolhimento aos internacionais, com oportunidade de integração social e econômica, é sempre a melhor política.

A legislação brasileira recentemente se atua­lizou para corrigir uma visão distorcida do estrangeiro como ameaça em potencial, com origens nos tempos da ditadura militar. O Estatuto do Estrangeiro foi substituído, em 2017, pela Lei de Migração, de postura vanguardista, respondendo a uma dívida histórica com os imigrantes, segundo juristas.

Mais voltada aos direitos humanos, a nova lei concede mais direitos aos imigrantes, desburocratiza a renovação de visto e descriminaliza aqueles em situação irregular, que já não vão mais presos por isso. O que não quer dizer que está tudo liberado. Afinal, o controle migratório continua sendo realizado pela Polícia Federal e o imigrante sem documentação ou visto ainda pode ser multado.

Identidade cultural

É inquestionável que os estrangeiros oferecem outra perspectiva para as peculiaridades locais e levam consigo habilidades, ideias e conhecimentos novos. O fascínio pelas pedras preciosas brasileiras, por exemplo, nasceu do olhar do alemão Hans Stern, que chegou ao país fugido da guerra. Ele não só descobriu o potencial de muitas variedades como criou uma classificação das gemas e ainda promoveu a beleza e o valor delas pelo planeta afora por meio da H. Stern, que hoje é a maior rede de joalherias do Brasil e uma das cinco maiores do mundo, presente em 30 países.

“Eu sempre brinco que a maior briga entre árabes e judeus em São Paulo é qual é o melhor hospital – o Albert Einstein ou o Sírio Libanês”, diz Monique, do Cebri. No Rio de Janeiro ela gosta de destacar, entre muitas outras, a história da Livraria Da Vinci, fundada por uma refugiada romena, que antes da internet era o lugar onde os intelectuais tinham acesso a livros e à cultura estrangeira. “Se você parar para pensar, a vinda dos imigrantes para o Brasil devido à Segunda Guerra Mundial, que foi a outra grande crise humanitária anterior à atual, deixou um saldo muito positivo aqui”, afirma.

Livraria Da Vinci, no Rio de Janeiro: obra de uma refugiada romena que virou referência de livros estrangeiros. À esquerda, o alemão Hans Stern, criador da joalheria H. Stern (Fotos: Divulgação)

“Não temos estudos científicos, mas verificamos empiricamente no dia a dia das nossas operações no Brasil e no mundo que os refugiados têm total capacidade de contribuir para as comunidades de acolhida, se forem dadas condições de fazerem isso, seja dentro de empresas, na música, na gastronomia, com outros tipos de arte”, aponta Godinho, do Acnur Brasil.

Godinho acredita que a desinformação é a causa maior do rechaço ao estrangeiro. “Entender as razões que levam os refugiados a se deslocarem e por que se encontram no seu país é vital para permitir um maior engajamento e uma postura mais solidária.” O que se aplica perfeitamente também aos imigrantes, aliás. Ele destaca que o acolhimento não é tarefa apenas das autoridades, é também do cidadão comum.

Nas empresas já se sabe que equipes mais diversas em gênero, raça, cor, necessidades especiais, sexualidade, etc. têm mais riqueza de pensamento, são mais inovadoras e criam estratégias diferenciadas. O resultado costuma ser maior engajamento, produtividade e desempenho financeiro. Nos países não é diferente.

NOVOS HORIZONTES

Venezuelano em Roraima: o fenômeno migratório é mal gerido ao redor do mundo (Fotos: Mauro Pimentel / AFP)
Apesar do crescimento de governos de direita pelo mundo, munidos por discursos nacionalistas e, muitas vezes, xenófobos, em dezembro de 2018 o mundo busca se unir para administrar de forma mais humana e criteriosa essa constante dos deslocamentos por meio do Pacto Global para Migração. O acordo pioneiro, programado para ser assinado durante a Cúpula da ONU em Marrakech, no Marrocos, entre 10 e 11 de dezembro, envolve 23 objetivos para uma melhor gestão do fenômeno migratório em níveis locais, regionais e global. Afinal, estatísticas históricas indicam que restringir a migração não costuma reduzir a entrada de imigrantes. Mas, sim, acaba aumentando o número de indocumentados e, portanto, só criminaliza a situação do migrante.
* Atualização: Embora o Brasil tenha assinado este acordo internacional na ocasião, logo após tomar posse em 2019, o governo de Jair Bolsonaro retirou o país do pacto, alegando que interferia na “soberania nacional”. (O que nos leva a sugerir que você, leitor, retorne ao trecho sobre “Segurança nacional” desta reportagem)
Revista Planeta

domingo, 16 de junho de 2019

“Produtos devem ser duráveis, reutilizáveis e recicláveis”


Economia circular combate a obsolescência de produtos que, muitas vezes, geram resíduos não reaproveitáveis em uma larga e rápida escala

Cris Baluta é conselheira e coordenadora do Grupo de Intercâmbio de Experiências em Meio Ambiente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha (AHK Paraná) e CEO da Roadimex Ambiental Ltda. (Foto: Divulgação)


Cada vez mais, o tema economia circular tem chamado a atenção da humanidade. Afinal, não podemos mais continuar esgotando os nossos recursos naturais e produzindo da mesma forma. Com esse pensamento, precisaríamos de quase “dois planetas Terra” para satisfazer as nossas necessidades.

O fato é que, no quesito utilização de recursos naturais, já estamos utilizando o cheque especial. Diante dessa lastimável situação, nos deparamos com a economia circular, na qual os produtos devem ter sua durabilidade pensada, devem ser reutilizáveis e, obviamente, recicláveis.

Precisamos repensar a produção de novos itens. A lição de casa é imensa, mas ao fazer essa reflexão atuaremos de maneira holística e sistêmica, pois os benefícios serão gigantescos. Trata-se de um novo fluxo da economia, um formato diferente do que conhecemos e estamos acostumados. É o equilíbrio entre consumo e forma de produção.

Com a colocação em prática da economia circular, estaremos combatendo a obsolescência de produtos que, muitas vezes, geram resíduos não reaproveitáveis em uma larga e rápida escala. Os consumidores possuem grande papel nesse contexto, uma vez que, ao se tornarem mais preocupados com a questão ambiental, poderão impulsionar rapidamente a economia circular.

As empresas devem urgentemente refletir sobre esse conceito, pois catalisar e perceber a evolução da economia circular dentro do seu planejamento estratégico fará com que o negócio se torne cada vez mais atraente ao mercado.

No ensino superior, observa-se a incorporação dos princípios da economia circular à formação acadêmica. O desenvolvimento do conceito torna forçoso preparar profissionais que viabilizem rapidamente as mudanças necessárias.

Devemos estar atentos ao consumidor. Ele observa e analisa com cautela a questão de produtos que tenham como premissa a eliminação dos desperdícios, a menor poluição, a reutilização de materiais, a inovação nos processos e o bem-estar e o engajamento dos colaboradores.

O fortalecimento da imagem de uma empresa frente ao mercado passará com toda certeza pela aplicação da economia circular. Estamos em uma época de valorização do capital natural.

Cabe à companhia definir isso como prioridade, investir e cumprir as devidas etapas. O empresário deve fazer com que seus produtos, colaboradores, stakeholders e todos os envolvidos entendam, se orgulhem e participem dessa visão. As empresas precisam acreditar e investir na economia circular.

segunda-feira, 3 de junho de 2019

Lágrimas de sereia, a principal fonte de poluição plástica dos oceanos que você pode nunca ter ouvido




Embora o termo "Mermaid rasga" pode olhar poético e inofensivo, a verdade é que por trás dela espreita ameaçadoramente uma atividade que ameaça as criaturas que vivem no habitat marinho .


Eles também são chamados de "nurdles", em inglês, e são esferas de pequeno porte que são usadas por fabricantes de itens de plástico, relata o jornal The Conversation .

Mas, em vez de ser usado por indústrias na fabricação de utensílios domésticos, muitos dos estas bolas de plástico ir para o oceano , sendo comido por animais marinhos com agregado perigosa de todas as toxinas que esses grânulos são armadilhas. Agora não parece tão fantástico este nome, certo?
O que são lágrimas de sereias?

As "lágrimas da sirene" ou os feixes formam a base sobre a qual a maioria dos recipientes de plástico é feita, incluindo garrafas de água e aparelhos eletrônicos, como televisores.

Imagem: Shutterstock

Essas esferas, que normalmente medem de 1 mm a 5 mm, são uma classe de microplástico, especialmente projetada para uso na indústria , como é o caso das microesferas cosmetológicas usadas em artigos de beleza.

Então eles não têm nada a ver com os pequenos plásticos que poluem oproduto dos oceanos dos destacamentos de artigos e recipientes maiores.

As dimensões dos obstáculos oferecem vantagens para a indústria de plásticos porque permitem que sejam transportadas mais facilmente para as empresas de fusão e moldagem de todos os tipos de artigos para uso em residências.

O problema é que, infelizmente, manipulação indevida eo movimento dessas contas de plástico normalmente não feito com segurança , muitos desses grãos acabam -se a ser descarregados de forma irresponsável em corpos d'água e tubos de drenagem, rios e oceanos atingindo , que representa bilhões deles que caem involuntariamente dos contêineres ou vazamentos provenientes das indústrias.
Receptores Tóxicos

Sendo tão pequenas e redondas, além de seus variados tons, a fauna marinha as consome facilmente confundindo-as com alimentos apetitosos , semelhantes a presas pequenas e ovos de algumas espécies de peixes.

Nurdles, elementos coloridos mas mortais para a vida selvagem. Foto: Amy Osborne.

Esse "alimento" traz um risco adicional: contém muitos elementos químicos de grande toxicidade.

Os nichos têm uma superfície relativamente grande em proporção ao seu tamanho e, por serem feitos com polímeros , POPs, poluentes orgânicos persistentes da água do mar, aderem a eles em sua camada externa. Essas toxinas são facilmente passadas para os tecidos dos animais que as ingerem.

Apenas a palavra COP e o fato de que esses poluentes são "persistentes" podem nos dar uma idéia do que isso significa, e isso é que eles não desaparecem e podem permanecer ligados aos feixes por um longo tempo , até anos. Eles também podem ser invadidos por microorganismos prejudiciais ao homem.

Uma investigação realizada em cinco praias usadas como spas em East Lothian, na Escócia, descobriu que os nichos encontrados neles continham em sua superfície E. coli, a bactéria que desencadeia intoxicação alimentar em todo o mundo.

A sereia 's lágrimas são tão prejudiciais que o contato direto deve ser evitado , desprotegido, algo que deve fazer os voluntários que se dedicam a limpeza da costa, os cientistas a recolher amostras e até mesmo pessoas que gostam de se bronzear em muitas praias , o que torna a idéia de se deitar para se bronzear em qualquer areia.

Para todos estes, existe uma figura de quantos barreiras poluem as costas e as águas do oceano ?

No Reino Unido, estima-se que as fábricas de plásticos sejam responsáveis ​​por descarregar anualmente até 53.000 milhões de nurdles . Com este número, cerca de 88 milhões de garrafas plásticas podem ser fabricadas.

À luz disso, alguém se pergunta por que as lágrimas de sereias raramente são incluídas nos debates sobre a poluição causada pelos plásticos ?

Nurdles são a matéria-prima da maioria dos produtos plásticos descartáveis.
Procurando por nurdles

Para enfrentar o fenômeno, muitas organizações têm se dedicado a conscientizar sobre o perigo da poluição dos mares com os obstáculos.

Na Escócia, há uma campanha chamada Grand Global Hunt of Nurdles , promovida pela Fidra (uma entidade sem fins lucrativos que é responsável por lidar com problemas ecológicos) e o grupo da Marine Conservation Society do Reino Unido, que procura aumentar o número de cidadãos científicos que são voluntários e coletam dados sobre a presença dessas bolas nas costas de todo o planeta.

A coleta de todos esses dados busca facilitar a detecção de todos os fatores que causam esse tipo de poluente, a fim de melhorar a maneira de atacar esse fenômeno tóxico.

Como a quantidade de obstáculos encontrados na natureza é tão grande, batalhões de voluntários precisam coletar esses dados para ter ferramentas de informação mais eficazes. A busca global por obstáculos ocorre anualmente em fevereiro, durante 10 dias .

A participação de cidadãos científicos nos permite fazer um mapeamento global de todas as descobertas de obstáculos em diferentes latitudes do planeta e como esta situação tem variado ao longo dos anos.

Até o momento, desde 2012, mais de 60 organizações de 18 nações aderiram à iniciativa, distribuídas em seis continentes, com cobertura atingindo 1.610 praias censuradas .

Este ano, as fibras Research Group Microplásticas e Forense da Universidade de Staffordshire, no Reino Unido, juntou-se à iniciativa promovida uma grande mobilização em Liverpool, na praia de Hightown, Inglaterra, para coletar dados sobre a quantidade de nurdles encontrado.

Uma média de 139,8 nurdles por metro quadrado foram detectados na atividade. Isso representa cerca de 140.000 barreiras irrigadas em 1 km de costa.

Voluntários inspecionam a praia em busca de nurdles. Foto: Claire Gwinnett.
O que todo cientista cidadão deve fazer

Para ajudar a identificar os obstáculos nas praias, você pode ver os guias on- line para diferenciá-los e não confundi-los com pelotas, bolas de poliestireno ou mesmo fósseis antigos.

Nestas buscas é necessário verificar muito bem as algas e os resíduos que são jogados às costas pelas correntes e que podem ser receptores deste lixo tóxico.

Depois de coletar todas as informações, é importante entrar em contato com uma organização para enviar os registros e, assim, colaborar para combater esse tipo de poluente nocivo.

No caso você está longe da costa, você pode funcionar igualmente como foram nurdles detectado em quase todos os ecossistemas , tais como rios, lagos e habitats que são ainda longe de água.

Então, vamos caçar os espasmos e não se esqueça de usar luvas para se proteger.

domingo, 2 de junho de 2019

Não há mais ecossistema marinho no planeta que a poluição não tenha afetado


Os pesquisadores descobriram que o plástico já faz parte da dieta dos animais do oceano, mesmo aqueles que habitam as profundezas.


Uma investigação publicada no final de fevereiro na revista Royal Society mostrou que os animais que vivem no fundo do mar estão se alimentando do plástico em níveis realmente alarmantes.


Os cientistas na universidade de Newcastle, UK, penetrou seis dos recessos mais profundos dos mares e capturando 90 minúsculos crustáceos (anfípodos) descobriram que em 72% dos seus sistemas de digestão fibras e partículas de plástico presentes estavam .

Um fato muito sério foi encontrado na Trincheira Challenger (a fenda mais profunda do oceano até então conhecida, com 10.898 metros) onde 100% das criaturas carregavam plástico ocupando seus organismos .
Registre essa preocupação

Em um boletim de liberação compartilhada pela instituição, o biólogo Alan Jamieson, que liderou a equipe que realizou o estudo, disse que este registro em microplásticos dieta de criaturas marinhas que vivem destaques mais profundas a muito poucos possibilidades de que algum ecossistema esteja livre de contaminação por resíduos antropogênicos.

Pesquisadores alertam que as maiores fissuras no mar se tornaram o aterro final de todo o lixo plástico que os humanos jogam nos oceanos.

Jamieson indica que apenas os resíduos de plástico chegam às profundezas do mar , "simplesmente não há para onde ir", por isso continuam a acumular-se em proporções cada vez maiores.

Ele aponta, por exemplo, que se a poluição se origina em um rio, pode se curar com uma forte corrente de água; ou se a costa ficar suja, o problema pode desaparecer devido ao efeito das marés. "Mas, no ponto mais profundo dos oceanos, apenas fica lá."

O relatório destaca os efeitos devastadores de transformar a maneira de alimentar as espécies menores do fundo do mar com resíduos de plástico , o que sem dúvida afeta toda a cadeia alimentar.

sábado, 1 de junho de 2019

Começa a ansiedade climática: a capital indonésia será realocada porque está afundando


Jacarta é a cidade mais rápida submergindo em todo o mundo e espera-se que esteja completamente submersa em 30 anos.


O governo indonésio anunciou recentemente a importante decisão de realocar a cidade de Jacarta , a capital e a cidade mais populosa daquele país. Até o momento, eles não revelaram oficialmente sua nova localização, mas muitos estimam que possa ser Palangkaraya, uma cidade localizada entre os rios Kahayan e Sabangau, na ilha de Bornéu.

Colapso acelerado

Norte de Jacarta, na fronteira com o Mar de Java, registrou uma queda de entre 1 e 5 centímetros por ano entre 1984 e 1991. O colapso chegou a quase 15 centímetros em vários setores entre 2010 e 2015 .

É a cidade que está submergindo a um ritmo mais acelerado em todo o mundo e, de acordo com as previsões atuais , em 30 anos poderia estar completamente submersa.

Uma fábrica inundada no norte de Jacarta, uma área com alguns dos canais e rios mais poluídos do mundo. Foto: O New York Times

Mas a ideia de mudar a cidade não é recente. A verdade é que a Indonésia vem planejando a descentralização administrativa e econômica de sua principal cidade há vários anos. Em grande parte tentando racionalizar seu orçamento, mas também pela crise ambiental que esta cidade implica em terra pantanosa.
Os culpados do fenômeno

O homem é o primeiro responsável por esse colapso. Durante anos, poços ilegais foram cavados nesta cidade para extrair água subterrânea , de modo que seu solo foi minado e, ao mesmo tempo, mais fraco.

Isso é agravado pela mudança climática, que aproveita um ecossistema já muito frágil. Por um lado, o mar, que com seu aumento de nível causado pelo derretimento das geleiras , causa o refluxo dos rios quando chove e as inundações subsequentes que isso acarreta. E, por outro lado, os numerosos desastres naturais que a região sofreu nos últimos anos, como terremotos , tsunamis e erupções vulcânicas.
Fortificação de uma parede do mar ao norte de Jacarta. Uma parede costeira gigante protege a cidade, mas pode estar submersa até 2030. Foto: The New York Times
Outras cidades que também afundam
A mudança para Jacarta é uma das ações mais urgentes , mas outras cidades também serão afetadas de maneira semelhante pelas mudanças climáticas. O Painel Internacional sobre Mudanças Climáticas (IPCC) publicou um relatório especial no ano passado, segundo o qual as cinco cidades mais ameaçadas pelo aumento do nível do mar são: Nova York, Nova Orleans, Osaka, Mumbai e Guangzhou.

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