domingo, 24 de maio de 2020

CARNE DE LABORATÓRIO À MESA


O primeiro hambúrguer cultivado a partir de células animais custou US$ 250 mil. Mas pesquisas avançam para baratear o produto, que pode transformar a forma como a humanidade se alimenta, além de amenizar danos da pecuária, como desmatamento e poluição.


Produção anual de carne (em toneladas) por região
Fonte: Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura


O consumo mundial de carne hoje é quatro vezes maior do que há 50 anos. O aumento não se deve apenas ao crescimento da população do planeta, mas também ao avanço econômico nos países de renda média, como China e Brasil. A produção de carne já ultrapassa as 330 toneladas por ano, segundo dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO).


Há quase 90 anos, Winston Churchill previu que, no futuro, existiria uma tecnologia capaz de produzir partes de animais em laboratório para nos alimentar, sem a necessidade de sacrificar seres vivos.


Mais gente comendo mais carne. Isso é uma boa notícia? Não para o meio ambiente, a saúde humana e o bem-estar animal. Dentre os danos atribuídos à indústria da carne, destacam-se o desmatamento, a formação de zonas mortas no oceano, a poluição do ar e da água e a emissão de gases de efeito estufa. Resistência aos antibióticos, epidemias de doenças zoonóticas, bem como o risco de transmissão de doenças devido à contaminação fecal do alimento durante o abate e processamento da carne também são sérias ameaças à saúde pública atribuídas, em parte, a essa atividade econômica.


Esses danos podem ser ainda maiores nas próximas décadas, pois a população global estará entre 9 e 10 bilhões em 2050. Para alimentar toda essa gente mantendo os níveis de consumo atuais, as estimativas são de que a produção mundial de carne deverá dobrar, um crescimento que os especialistas consideram insustentável para o planeta.

A preocupação com todos esses impactos tem impulsionado a busca por outras formas de se produzir esse alimento tão presente nas mesas do mundo todo. É nesse contexto que surge a proposta de cultivar carne em laboratório, uma alternativa mais limpa, sustentável e que reduz o abate indiscriminado de animais. Carne in vitro, carne à base de células (cell based meat) e carne limpa (clean meat) são algumas das denominações usadas para o produto. Pesquisas de opinião ainda estão em curso para avaliar o nome que será mais aceito pelo consumidor.


O sonho de Churchill

A ideia de produzir carne em laboratório não é nova. Há quase 90 anos, o político e estadista britânico Winston Churchill (1874-1965) previu que, no futuro, existiria uma tecnologia capaz de produzir partes de animais em laboratório para nos alimentar, sem a necessidade de sacrificar seres vivos. Na época, não havia tecnologia para tal. Foi somente no início dos anos 2000 que a primeira patente na área foi depositada pelo pesquisador holandês Willem Van Eelen (1923-2015), um entusiasta da causa. Na mesma época, um projeto financiado pela Nasa, a agência espacial norte-americana, produziu carne de peixe a partir do cultivo in vitro de partes do músculo esquelético de peixes dourados.

Em 2013, o farmacologista holandês Mark Post (1957-) provou que era possível aplicar as técnicas de cultura celular e produzir um hambúrguer de carne cultivada em laboratório. Esse hambúrguer custou US$ 250 mil e foi apresentado ao mundo em um programa na rede de TV britânica BBC.


Como nasce um hambúrguer?

Seja qual for o nome mais saboroso, a carne é produzida em laboratório por meio do cultivo de células animais a partir da combinação de técnicas de biologia celular e bioengenharia. É um produto idêntico, em nível celular, à carne convencional. Empresas e grupos de pesquisa ainda estão em estágio de desenvolvimento do produto e de melhoria dos processos; por isso, avaliam diferentes formas de produção. Apesar de os métodos não terem sido revelados em detalhes, provavelmente seguem algumas variantes de dois processos: a cultura em suspensão e a cultura tridimensional.

A partir de uma pequena amostra do tecido muscular da vaca, é possível produzir 800 milhões de fios de tecido muscular, o equivalente a aproximadamente 9 quilos de carne.



Mais simples e eficiente, o método de cultivo em suspensão tem sido o mais explorado. Começa com uma biópsia para a retirada de um pedaço muito pequeno, em geral do tamanho de uma semente de gergelim, do tecido muscular esquelético do animal. Esse tecido contém uma série de células, mas as mais utilizadas no processo são satélites, células-tronco adultas que proliferam a uma taxa aceitável e podem se diferenciar apenas em células musculares esqueléticas.

Essas células satélites são isoladas e levadas a um tanque de agitação, o biorreator, contendo o meio de cultura, rico em nutrientes, sais e fatores de crescimento. Dentro do biorreator, são simuladas as condições fisiológicas presentes no corpo do animal. É um ambiente dinâmico, que permite trocas gasosas e de nutrientes, além de manter a temperatura controlada.

As células satélites só crescem quando aderidas a uma superfície. Nesse processo, são usados os beads, micropartículas esféricas que podem ser feitas de substâncias como alginato, quitosana e colágeno. O uso de alginato tem sido preferido, por se tratar de um polímero natural e comestível, livre de derivados animais e de baixo custo.

Nessa etapa de proliferação celular, ocorre um aumento da massa. De acordo com o processo desenvolvido pelo pesquisador holandês Mark Post, a partir de uma pequena amostra do tecido muscular da vaca, é possível produzir 800 milhões de fios de tecido muscular, o equivalente a aproximadamente 9 quilos de carne.

Quando as células satélites aderidas às micropartículas atingem uma quantidade considerada suficiente, o meio de cultura é alterado para induzir a diferenciação celular. As células se diferenciam formando miotubos, que são fibras musculares primitivas. A última etapa consiste na maturação desses miotubos, por meio da aplicação de um estímulo mecânico que desencadeia o crescimento e a organização das fibras musculares em unidades contráteis.

Essas fibras musculares maduras são colhidas e misturadas com outros ingredientes para a obtenção do produto final, uma carne não estruturada, como hambúrgueres, almôndegas, nuggets, entre outros (Figura 2). Todo esse processo pode durar de 2 a 6 semanas. A primeira carne desenvolvida em laboratório a chegar aos supermercados será desse tipo.

Produção de hambúrguer em laboratório. Primeiro, células satélites são isoladas do tecido muscular esquelético do animal (1). Para crescerem, essas células são aderidas à superfície de micropartículas esféricas chamadas beads (2). O produto dessa união (3) é adicionado ao biorreator (4) para a proliferação e diferenciação celular. O processo gera fibras musculares maduras (5), que são colhidas e misturadas com outros ingredientes para a obtenção de uma carne não estruturada, como um hambúrguer (6)
Fonte: culiblog.org

Bife ainda fora do cardápio

A produção de um bife de boi ou de frango segue um processo mais complexo e apresenta um desafio técnico superior, já que a carne é formada por fibras musculares, células de gordura, vasos sanguíneos e tecido conjuntivo. Uma das propostas existentes é que o processo se inicie da mesma forma que a cultura em suspensão, com o uso de beads para a etapa de proliferação celular. Em seguida, para produzir esse tipo de carne estruturada, uma grande quantidade de células passa pelo processo de diferenciação e maturação em uma estrutura tridimensional, o scaffold, que sustenta e direciona o desenvolvimento do tecido para formar diversos tipos celulares (células satélites, adipócitos, fibroblastos).

O scaffold pode ser definido como um biomaterial que mimetiza a estrutura da matriz extracelular presente nos tecidos animais. Ele deve ser comestível ou biodegradável, espesso, poroso e capaz de suportar e dar formato ao novo tecido formado. Durante o desenvolvimento desse tecido estruturado, os scaffolds devem conduzir à formação de um sistema semelhante a um vaso sanguíneo, para permitir a circulação de nutrientes e oxigênio por todo o tecido e evitar a morte das células no interior da estrutura.

Esquema do processo de produção de carne estruturada. Primeiro, as células isoladas são cultivadas em um biorreator (1), onde ocorre a proliferação. Depois, as células são colocadas em uma estrutura tridimensional que simula a matriz extracelular dos tecidos animais chamada scaffold (2). O scaffold direciona o desenvolvimento do tecido e a formação de diversos tipos de células, que darão origem a finos pedaços de carne (3)
Fonte: The Good Food Institute


E por que não produzir carne estruturada a partir da metodologia já adotada na produção de tecidos humanos 3D, como pele, cartilagem e ossos? É que a indústria de carne cultivada tem algumas particularidades. O processo precisa ser realizado em uma escala maior de produção, além de ser sustentável e livre de derivados animais. As opções de scaffolds, biorreatores e até as metodologias de cultura 3D disponíveis foram projetadas para fins biomédicos e não para produção de carne limpa em elevada quantidade, representando, assim, alguns dos desafios para o sucesso do produto.


Desafios no caminho do supermercado

Esses não são os únicos desafios técnicos que precisam ser superados para levar a carne de laboratório ao mercado. A escalabilidade e viabilidade econômica do processo dependem da superação de uma série de obstáculos. A definição do tipo de célula mais adequada para um processo produtivo eficiente é um deles. As células consideradas ideais são aquelas cuja capacidade de proliferação e diferenciação seja alta e não dependa de produtos de origem animal.


A produção de um bife de boi ou de frango segue um processo mais complexo e apresenta um desafio técnico superior


O meio de cultura é outro desafio – e talvez um dos mais difíceis de superar –, pois deve ser livre de produtos de origem animal, ter uma composição definida, conter as moléculas sinalizadoras e ser economicamente viável em larga escala. Atualmente, o soro bovino fetal (SBF), coletado dos fetos de vacas grávidas abatidas, é o mais utilizado para cultivar células de mamíferos. Esse produto, além de não seguir a proposta da carne limpa, é muito caro. Algumas empresas, como Memphis Meat e Just, afirmam ter desenvolvido alternativas ao SBF, porém a composição dessas formulações ainda é segredo.

O desenvolvimento de biorreatores otimizados, capazes de melhorar a eficiência do uso do meio de cultura, reciclar os principais componentes desse meio e fornecer as condições necessárias para estimular a diferenciação celular é outro grande desafio. O cultivo de carne, principalmente a estruturada, poderá exigir mais de um biorreator, sendo um para a proliferação e outro para a diferenciação celular. Diversos biorreatores, desenvolvidos para a indústria de biotecnologia, farmacêutica e biomédica, estão disponíveis no mercado, mas precisam ser adaptados para a escala demandada pela indústria de alimentos.


O preço salgado da carne in vitro

Os esforços para baixar o custo da tecnologia e usá-la em maior escala estão sendo feitos por alguns grupos de pesquisa, mas principalmente por empresas, inclusive no Vale do Silício, nos Estados Unidos. Em 2015, foi fundada a Memphis Meat, primeira empresa de base tecnológica com foco na produção de carne cultivada em laboratório. Um ano depois, produziu sua primeira almôndega a um custo de US$ 2.400 o quilo. Foi uma redução de 100 vezes em relação ao primeiro hambúrguer produzido. O custo mais recente, publicado pela empresa israelita Aleph Farms, é US$ 221 por quilo de carne. A empresa Just prevê levar sua carne ao mercado a partir de 2021.


Scaffold desenvolvido pela empresa brasileira Biomimetic Solutions para cultivo de carne estruturada
Crédito: Biomimetic Solutions



No Brasil, estão atuando no setor alguns grupos de pesquisa e uma empresa derivada de um deles, a Biomimetic Solutions, que trabalha com o Grupo de Pesquisas em Biomateriais do Departamento de Engenharia de Materiais do Cefet-MG no desenvolvimento de scaffolds para produzir carne estruturada (Figura 4). Em parceria com o Laboratório de Biologia Oral e do Desenvolvimento do Departamento de Morfologia do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais, também desenvolvem peito de frango, com técnicas de cultura celular 3D.

Se for bem-sucedida em superar os desafios técnicos e obter aceitação em massa, a carne cultivada será uma poderosa ferramenta para criar um sistema alimentar mais saudável, mais eficiente e mais humano.
Revista Ciência Hoje

A indústria do carvão conhece os efeitos das mudanças climáticas há mais de 50 anos (mas não fez nada)





Uma revista redescoberta da década de 1960 revela que a indústria do carvão conhece os perigos das mudanças climáticas provocadas pelo homem há mais de 50 anos, o que pode ser a evidência mais antiga para essas informações proféticas.

Recentemente, ficou claro como a gigante petrolífera Exxon estava ciente das causas e conseqüências das mudanças climáticas pelo menos desde a década de 1970, mas optou por enganar deliberadamente o público por décadas. Novas evidências mostram agora que, em 1966, os executivos do carvão entendiam igualmente a ciência do aquecimento global catastrófico.
Um problema dos velhos tempos



Em um artigo de pesquisa na edição de agosto de 1966 do Mining Congress Journal , James Garvey, então presidente da Bituminous Coal Research Inc. , que desenvolveu equipes de controle de poluição, discutiu o status de contaminantes e sua regulamentação na indústria do carvão na época.

Embora grande parte do documento se refira ao enxofre no carvão, uma pequena seção no início do artigo se refere à liberação de dióxido de carbono (CO2) e revela que, na realidade, “os aspectos poderosos do problema de poluição do ar ”já eram muito valorizadas na década de 1960. Garvey escreveu :


Há evidências de que a quantidade de dióxido de carbono na atmosfera da Terra está aumentando rapidamente como resultado da queima de combustíveis fósseis.

Se a taxa futura de aumento continuar como antes, prevê-se que, como a camada de CO2 reduz a radiação, a temperatura da atmosfera da Terra suba e grandes mudanças ocorram nos climas do planeta.

Tais mudanças de temperatura causarão o derretimento das calotas polares, o que, por sua vez, levará à inundação de muitas cidades costeiras, incluindo Nova York e Londres.
Ciência ... sem consciência?

De acordo com o jornal HuffPost , a existência do artigo foi descoberta em agosto de 2019 pelo engenheiro Chris Cherry da Universidade do Tennessee, Knoxville (EUA), que o encontrou em uma pilha de revistas antigas prestes a ser descartadas.

Cherry ficou impressionada com as observações de Garvey e o que elas implicavam na extensão da consciência científica histórica das mudanças climáticas, mesmo na década de 1960, antes da negação das mudanças climáticas provocadas pelo homem. Isso foi apontado no jornal americano:


Garvey descreveu uma versão do que conhecemos hoje como mudança climática muito bem. Aumentos na temperatura média do ar, derretimento das calotas polares, aumento do nível do mar. Está tudo lá.

Vale ressaltar que o artigo de Garvey não é a única voz que reconhece os perigos da poluição do carvão na edição de agosto de 1966.

Em um post de discussão após o trabalho de Garvey, o engenheiro de combustão James Jones da Peabody Coal (hoje Peabody Energy , a maior empresa privada de carvão do mundo), não aborda o problema do aquecimento global, mas admite que os padrões de A poluição do ar para proteger a saúde tem um lugar. Isto é o que Jones escreveu naquela época:


A situação é urgente. Somos a favor da limpeza do ar. Na verdade, estamos "comprando tempo". Mas devemos usar esse tempo produtivamente para encontrar respostas para os muitos problemas não resolvidos.
O silêncio da indústria do carvão


Nos anos e décadas que se seguiram, Peabody se tornaria um importante ator industrial na negação organizada das mudanças climáticas, ganhando talvez muito mais tempo do que Jones havia previsto.

É claro que, embora a redescoberta da revista de 1966 seja importante, pois revela que a indústria do carvão conhece há muito tempo as implicações da queima de combustíveis fósseis no clima do planeta, a verdade é que, nessa No momento, esses perigos não eram segredo.

Um ano antes, em 1965 , um Comitê Consultivo Científico dos Estados Unidos informou o Presidente Lyndon Johnson sobre os processos contínuos de aquecimento global devido à queima de combustíveis fósseis. Isso foi avisado pelo relatório:


O homem está involuntariamente conduzindo um vasto experimento geofísico. Em poucas gerações, está queimando os combustíveis fósseis que se acumularam lentamente na terra nos últimos 500 milhões de anos.

As mudanças climáticas que o aumento no conteúdo de CO2 pode produzir podem ser prejudiciais do ponto de vista humano.

De fato, até então, essa era uma notícia antiga. Os perigos das mudanças climáticas apareceram literalmente nas primeiras páginas dos jornais desde 1912 , há mais de 100 anos, e foram escritos até na imprensa popular desde meados do século XIX .

Embora nossa compreensão científica de muitos dos processos envolvidos nas mudanças climáticas tenha, sem dúvida, evoluído enormemente nos últimos 150 anos, é claro que a queima de carvão é conhecida por produzir CO2 que retém o calor na atmosfera. atmosfera e aquece o planeta. A indústria do carvão sabia disso, mas não fez nada.

sexta-feira, 22 de maio de 2020

Os "erros de muitos cientistas" na velocidade das mudanças climáticas






Um artigo de Eugene Linden aparece no New York Times em 11 de novembro, denunciando os erros de "muitos cientistas" sobre a velocidade com que as mudanças climáticas ocorrem, uma vez que estimavam uma velocidade muito mais lenta e mais lenta , dos quais estamos observando os últimos anos.

Em primeiro lugar, muitos dos cientistas que trabalharam no Painel Intergovernamental das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (IPCC) se retiraram após uma única etapa, dizendo que não podem aceitar pressão política. que são recebidas ao publicar o parecer final entre 4 e 8 anos.

É mais um caso de estupidez humana por parte desses políticos. Reconhecer a realidade da mudança climática é difícil, pois requer mudança de comportamento. Também leva a um mundo muito mais rico, com melhor riqueza distribuída, pois implica eliminar fontes concentradas de riqueza e estabelecer outras fontes distribuídas.


Envolve políticos dizendo a verdade, pela primeira vez, e enfrentando a fúria de parte da população, por exemplo, pela eliminação de problemas de diesel e combustíveis fósseis, transporte de mercadorias e pensões. .

A cirurgia é melhor quando o câncer está em seus estágios iniciais. As operações quando metastatizadas são muito piores e, além disso, inúteis.

Desde 1998, escrevo artigos e dou mais de cem palestras para alertar que o sistema climático não é linear e está se acelerando. Que cada metro quadrado de tundras canadense e siberiana que derrete em um verão significa quatro metros quadrados de gelo no verão seguinte. Esse aquecimento do Ártico implica uma mudança na circulação oceânica que aumenta a velocidade do aquecimento global.
O que podemos fazer sobre essa realidade?

A temperatura média global do planeta pode até subir um, dois e três graus Celsius. Cada um deles implica conseqüências cada vez mais desastrosas e, além disso, não lineares. Não estamos acostumados a situações não lineares. Por 400 anos, a física concentrou-se em sistemas lineares, onde dobrar a causa implica apenas dobrar o efeito.

Mas a realidade do mundo são sistemas não lineares.

Um aumento de 2 ° C tem efeitos quatro vezes mais intensos do que um aumento de 1 ° C. A 3 ⁰C, efeitos nove vezes mais intensos.

É extremamente urgente parar uma escalada que já é inevitável. Para isso, é necessário, já, alterar o esquema de energia, apesar dos IPOs das grandes empresas de petróleo.

Parte do dano já foi feito: as costas serão inundadas e as fundações serão deixadas nas casas da linha de frente. Para isso, devemos adicionar a destruição de estradas e parques costeiros.

Para cidades litorâneas e planas, como, por exemplo, Santander, San Sebastián, Corunha e, posteriormente, Valência e o restante, é necessário começar a projetar os diques de proteção à maneira das costas holandesas.

Precisamos, em todas as áreas propensas a inundações de chuvas, como as dos últimos meses, construir canais de drenagem do tipo capilar, eliminar radicalmente os funis, os leitos dos rios que caem em outras margens do rio.

Devemos reconhecer que as secas na Espanha aumentarão em duração e redesenharão as políticas de água.

Boa parte do território está ameaçada pelo aumento da desertificação . Devemos elaborar uma política rápida para aumentar sua vegetação e reflorestar sempre que necessário.


Enquanto isso, a política se concentra, como vimos nas últimas eleições, em problemas de algum impacto pessoal, mas sem impacto no futuro imediato e mais distante.

Dada a realidade que está chegando, podemos continuar tocando "Sou mais bonito que você" ou "me dê uma parte da riqueza porque é minha", enquanto essa riqueza apenas diminui.

Ou todos podemos começar a colaborar para consertar, juntos, o quase presente e o futuro próximo e distante.

O que escolhemos?


Antonio Ruiz de Elvira Serra , Professor de Física Aplicada, Universidade de Alcalá

Este artigo foi publicado originalmente na The Conversation

quarta-feira, 20 de maio de 2020

Radiação eletromagnética, como isso afeta a saúde e como se proteger dela




As ondas eletromagnéticas estão presentes no nosso dia a dia, em qualquer lugar, 24 horas. Vivemos neles e com eles. Mas eles são inofensivos ou influenciam negativamente nosso organismo? Continue lendo para descobrir o que são ondas eletromagnéticas, como elas podem nos afetar e o que podemos fazer para reduzir a radiação em casa.
A radiação eletromagnética está em toda parte

Ondas eletromagnéticas, ou radiação eletromagnética, são emitidas por todos os tipos de dispositivos eletromagnéticos e dispositivos que usamos diariamente. Segundo a Real Academia Espanhola, radiação é "energia das ondas ou partículas materiais que se propagam pelo espaço".

Por seu lado, a onda eletromagnética é a maneira pela qual a radiação se propaga através do espaço através de campos eletromagnéticos. Dependendo de seus níveis de frequência, é dividido em diferentes tipos de ondas, como microondas (fornos, radares, telefones celulares), ondas de luz (laser, DVD / CD player), radioelétricas (ondas de rádio), raios-X (diagnóstico imagem), infravermelho (controle remoto, alarmes de sensores), raios gama (scanner PET, radioterapia) e ultravioleta (espreguiçadeiras), entre outros.

Poluição eletromagnética e saúde

Também estamos expostos às baixas frequências de subestações, linhas de energia, linhas ferroviárias, transformadores elétricos e fiação elétrica doméstica.


Da mesma forma, existem emissões de alta frequência, presentes em nossas vidas diárias, graças às ondas de microondas, que viram seu uso aumentar desde o boom das telecomunicações. Como toda essa exposição afeta nossa saúde?

A Organização Mundial da Saúde cunhou o termo "poluição eletromagnética" para se referir a essa exposição e com base em pelo menos 25.000 publicações científicas que estudaram os efeitos dessas ondas no corpo humano. Esses estudos concluem que as frequências eletromagnéticas alteram a biologia não apenas do ser humano, mas também do resto dos animais.
Riscos de contaminação eletromagnética para a saúde

Falar sobre como esse tipo de poluição afeta a saúde é bastante complexo, pois a maioria dos sintomas e doenças que gera tendem a acabar associados a outras causas, e as implicações reais das ondas eletromagnéticas nessas condições geralmente não são totalmente determinadas. .


Entre os primeiros sintomas da poluição eletromagnética (também associada à poluição tecnológica) e que muitas vezes passam despercebidos estão fadiga, tontura, dores de cabeça, ansiedade, depressão, distúrbios do sono, perda de concentração e memória, problemas digestivos e até eczema . Outros efeitos ainda mais prejudiciais incluem uma diminuição nos níveis ótimos de células do sistema imunológico, uma maior predisposição ao câncer e uma diminuição no nível de melatonina.
Como se proteger da radiação eletromagnética em casa

Além de desligar e desconectar os eletrodomésticos e outros dispositivos elétricos quando não estão sendo usados, outra maneira de nos proteger dos efeitos nocivos da radiação eletromagnética é encontrada em um elemento comum que poucos pensariam que poderia ser aplicado para esse fim: papel de parede. .


Estamos falando de um papel de parede com características especiais que tem sido usado por muitos anos em enfermarias de hospitais onde são realizadas ressonâncias magnéticas para protegê-los da radiação eletromagnética. Agora, esses papéis de parede estão disponíveis para uso doméstico.

O papel de parede Guard - Blindagem Eletromagnética é um dos mais populares porque bloqueia até 99% da radiação eletromagnética dentro de casa. É um papel que é instalado como qualquer outro e reduz a propagação da radiação EMF e campos de baixa e alta frequência.


O papel de proteção é fabricado com papel de parede TNT e fibras de carbono inofensivas e pode ser colocado em paredes, tetos e pisos em qualquer área ou divisão da casa que exija proteção.

Esse tipo de blindagem, que exige um esforço mínimo, é suficiente para proteger contra a maioria das radiações EMF, e você sempre pode adicionar mais papéis de blindagem para estender a proteção, se necessário.

terça-feira, 19 de maio de 2020

Estes são os 15 animais que matam mais pessoas no mundo todos os anos




Entre os animais mais mortais do planeta não está o tubarão nem o humano. A partir de um gráfico publicado no blog Bill Gates , classificamos os 15 animais que matam mais pessoas no mundo.

Deve-se notar que a maioria das mortes de animais tem menos a ver com os próprios animais do que com as doenças que eles transmitem.

Lembre-se de que alguns números são mais difíceis de obter de uma leitura precisa do que outros; portanto, na maioria das vezes, são estimativas aproximadas, às vezes muito aproximadas. E a classificação é representativa de diferentes tipos de animais mortais, mas não é de forma alguma exaustiva.

Os animais mais mortais do planeta

Entre os animais ligados a mortes humanas, estes são responsáveis ​​por causar a maioria deles. Nem os maiores predadores eram tão letais, nem as espécies menores acabaram sendo inofensivas.
15. Tubarões: 6 mortes por ano


Ataques de tubarão não são tão comuns. Em 2014, houve apenas três mortes em todo o mundo relacionadas a ataques de tubarões e, em 2015, houve seis, que é aproximadamente a média.
14. Lobos: 10 mortes por ano


Os ataques de lobo raramente ocorrem, mesmo em muitas partes do mundo onde esses animais vivem.

Uma análise dos ataques de lobos descobriu que muito poucos ocorreram nos 50 anos anteriores a 2002 na Europa e na América do Norte, embora algumas centenas tenham sido relatadas ao longo de duas décadas em algumas regiões da Índia, com média de 10 por ano.
13. Leões: 22 mortes por ano


As estimativas de mortes relacionadas a leões também variam de ano para ano. Um estudo de 2005 constatou que, desde 1990, os leões mataram 563 pessoas somente na Tanzânia , uma média de 22 por ano.

É provável que ocorram mortes adicionais fora da Tanzânia, mas é difícil encontrar um número global específico.
12. Elefantes: 500 mortes por ano


Os elefantes também são responsáveis ​​por várias mortes por ano: Um artigo da National Geographic de 2005 afirmou que 500 pessoas por ano morrem em ataques de elefantes .

No entanto, muito mais elefantes foram mortos por humanos .
11. Hipopótamos: 500 mortes por ano


Por um longo tempo, hipopótamos foram considerados os animais mais mortais na África. Eles são muito agressivos com os humanos, até virando barcos para atacá-los.

Eles são ameaçados pela perda de seu habitat e pela caça furtiva para obter sua carne e marfim de seus dentes caninos.
10. Tapeworms: 700 mortes por ano


Quando se trata de parasitas, a tênia é responsável por uma doença chamada cisticercose, que mata cerca de 700 pessoas por ano .
9. Crocodilos: 1.000 mortes por ano


Segundo dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, os crocodilos são atualmente considerados os principais animais responsáveis ​​pela maioria das mortes humanas na África.
8. Ascaris suum: 4.500 mortes por ano


É um nematóide parasitário conhecido como a grande lombriga de porcos. Causa uma infecção chamada ascaridíase que mata cerca de 4.500 pessoas por ano, de acordo com um estudo de 2013 .

A OMS ressalta que a infecção ocorre no intestino delgado das pessoas e é uma doença que afeta mais crianças que adultos.
7. Tsé-tsé voa: 10.000 mortes por ano


A mosca tsé-tsé transmite uma doença chamada doença do sono, uma infecção parasitária que pode causar dores de cabeça, febre, dor nas articulações e coceira no início, mas depois pode levar a alguns problemas neurológicos graves.

Com aproximadamente 10.000 novos casos agora relatados a cada ano, é provável que o número estimado de mortes anuais esteja diminuindo.
6. Triatoma infestans: 12.000 mortes por ano


Eles também são conhecidos como insetos assassinos e são responsáveis ​​pela transmissão da doença de Chagas, que mata em média 12.000 pessoas por ano.

A doença de Chagas, também conhecida como tripanossomíase americana ou doença de Chagas-Mazza, é uma doença parasitária tropical negligenciada causada pelo protozoário flagelado Trypanosoma cruzi .
5. Caracóis de água doce: 20.000 mortes por ano


O caracol de água doce é portador de vermes parasitas que infectam pessoas com esquistossomose. Esta doença parasitária pode causar dor abdominal intensa e sangue nas fezes ou na urina, dependendo da área afetada.

Milhões de pessoas contraem a infecção a cada ano, e a OMS estima que entre 20.000 e 200.000 mortes podem ser atribuídas à esquistossomose.
4. Cães: 35.000 mortes por ano


Cães, especificamente cães infectados com o vírus da raiva, estão entre os animais mais mortais existentes, embora o vírus possa ser prevenido com vacinas .

Segundo a OMS, cerca de 35.000 mortes podem ser atribuídas à raiva, e em 99% desses casos, os cães são os que transmitem a doença.
3. Cobras: 100.000 mortes por ano


Segundo dados coletados desde 2015, as picadas de cobra matam mais de 100.000 pessoas por ano . E pior ainda, há uma preocupante escassez de antídotos .
2. Humanos: 437.000 mortes por ano


Segundo dados do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime , em 2012, houve aproximadamente 437.000 homicídios, o que fez dos seres humanos o segundo animal mais perigoso (e o mamífero mais mortal) para os seres humanos.

Ainda não somos nosso pior inimigo, mas estamos chegando perto de ser.
1. Mosquitos: 750.000 mortes por ano


Os mosquitos , insetos irritantes sugam sangue e transmitem vírus de pessoa para pessoa, são responsáveis ​​pela maioria das mortes relacionadas a animais.

Somente a malária é responsável por mais da metade das mortes relacionadas ao mosquito, predominantemente na África subsaariana, embora esteja em declínio: a incidência da malária caiu 37% entre 2000 e 2015, segundo a Organização Mundial da Saúde.

A dengue, outra doença transmitida por mosquitos, tornou-se uma das principais causas de hospitalização e morte de crianças em alguns países asiáticos e latino-americanos.

O planeta nas mãos de energias renováveis: os dados são encorajadores




O planeta estabeleceu uma data de validade que cabe a cada um de nós colocar de volta no calendário. Os danos que os seres humanos causam ao meio ambiente todos os dias não têm fim; portanto, devemos adquirir o mais rápido possível as medidas de sustentabilidade que mudam para sempre o comportamento que tivemos até hoje. É um dos imperativos mais importantes da nossa sociedade que, em grande parte, envolve tirar proveito dos recursos que temos.
Energia solar, uma alternativa clara

Quando as energias renováveis ​​começaram a tocar, muitas pessoas finalmente viram uma luz no fim do túnel. No entanto, eles ficam muito atrás das necessidades da população como um todo diariamente, ficando em último lugar em nossas listas de prioridades energéticas. Algo que, como resultado do desenvolvimento da tecnologia e da crescente conscientização que estamos experimentando, está mudando de uma vez por todas.

Os gráficos da energia solar fotovoltaica são encorajadores o suficiente para levarmos em consideração essas opções. Grandes estudos envidaram todos os seus esforços para verificar a viabilidade dessas energias, algo que reflete a relevância de considerar novamente os hábitos de consumo que mantemos diariamente.


O custo da energia fotovoltaica é semelhante ao de outras fontes elétricas convencionais e renováveis. Um custo que, em certos casos, pode até ser menor e que não é mais uma desculpa para não implementar nossas casas o mais rápido possível. Porque ser capaz de produzir o que gastamos é uma das maneiras mais eficientes de lidar com o excesso de recursos naturais que possuímos. O planeta merece que ajamos, e essa é uma maneira de fazê-lo sem que nosso portfólio seja afetado.

Assim, como os especialistas do setor indicam, apostar nesse tipo de energia é uma jogada sábia que não faz sentido continuar adiando. Tanto indivíduos como empresas têm a responsabilidade de deixar para trás um mundo melhor do que o que encontraram; uma tarefa realmente simples se seguirmos as indicações de especialistas em energia renovável. Os números não mentem: a energia fotovoltaica é uma opção que merece toda a nossa atenção e mudará para sempre o mau destino do planeta.

A Espanha já apostou nessa mudança

Pode ser que na Espanha os índices indiquem que apenas 3,1% da energia gerada ainda é proveniente de fontes solares . No entanto, certas regiões do país colocaram toda a carne na grelha para se adaptar aos tempos. Uma maneira de remar na direção de um futuro promissor no qual as próximas gerações serão capazes de corrigir os danos que o meio ambiente sofreu até o momento.

Entre as comunidades que mais apostaram em energia solar, vale destacar a Ilha de El Hierro . As possibilidades oferecidas por esta área do país tornam o aproveitamento das energias do vento e da água uma tarefa realmente simples; algo que só pode ser alcançado através do investimento de capital em plantas específicas. Dessa forma, a ilha alcança dados que indicam 60% do suprimento de energia para sua população através desse tipo de energia. Algo que deu o salto de qualidade esperado durante o verão passado, atingindo os cobiçados 100% dos quais poucos lugares podem se orgulhar.

Por outro lado, Madri decidiu avançar e mudar o estado da capital. A poluição na cidade assustou líderes , tomando medidas como o centro de Madri para reduzir as taxas prejudiciais à saúde no ar. Além disso, ele percebeu a necessidade de mudança de energia, criando um plano de longo prazo no qual são investidos 10GW por ano . Uma maneira de demonstrar que os próximos anos estão cheios de esperança para a Península Ibérica.

O restante das regiões também demonstrou seu compromisso com esse tipo de energia. Estamos em décimo lugar no mundo em termos de energia fotovoltaica instalada, motivo de comemoração e orgulho. Todas as comunidades do país estão cientes da relevância das energias renováveis; razão pela qual nenhum deles retrocedeu , tendo sempre um objetivo comum claro: melhorar o estado do nosso planeta.
Painéis solares em casa, um trabalho cada vez mais comum

A redução de custos é um dos sintomas do crescimento de energia renovável na sociedade como um todo. Muitas pessoas foram forçadas no passado a continuar usando métodos tradicionais para fazer uso diário de serviços domésticos básicos; um fato que, no meio da era digital, começou a mudar.

Se navegarmos na Internet por alguns minutos, não será difícil encontrar empresas especializadas na instalação desses serviços. Temos apenas que dedicar o tempo adequado para apostar na máxima eficiência na montagem e na qualidade de primeira classe em materiais . Porque está em nossas mãos aproveitar as possibilidades tecnológicas de nosso tempo e garantir a sustentabilidade que o mundo em que vivemos mereceu tanto.


Inicialmente, talvez tenhamos que fazer um investimento financeiro para instalar esses painéis solares em casa. No entanto, a economia que faremos todos os meses em nossa conta de energia elétrica nos permitirá recuperar mais do que essa despesa; sempre acompanhado pelas garantias que a empresa que escolhemos nos oferece.

Além de fazer em casa, as empresas têm ainda mais responsabilidade nesse sentido. O setor corporativo é um dos motores de qualquer população e deve dar o exemplo e reduzir bastante o consumo de eletricidade que gera; apostando assim no autoconsumo.

Os meios para implementar energia renovável no nosso dia a dia já estão aqui. Nós apenas temos que olhar ao nosso redor para perceber o dano que causamos ao planeta e, assim, estar cientes da responsabilidade que adquirimos simplesmente ao nascer.

segunda-feira, 18 de maio de 2020

Como as emissões de CO2 estão causando o declínio de nossas habilidades cognitivas


Os cientistas observaram que o aumento dos níveis de dióxido de carbono pode afetar negativamente a aprendizagem humana.
Alejandra Suarez



As habilidades cognitivas humanas podem ser afetadas pelos altos níveis de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera. Esta conclusão foi alcançada por um grupo de cientistas da Universidade do Colorado em Boulder, da Escola de Saúde Pública do Colorado e da Universidade da Pensilvânia, de acordo com um relatório no Phys.org .

A humanidade já está enfrentando o fenômeno do aquecimento global gerado pelo aumento das emissões de gás CO2 concentradas na atmosfera. Mas isso não é tudo. A nova pesquisa, publicada por cientistas do EarthArXiv , mostra que, à medida que os níveis de CO2 continuam a subir, outro efeito negativo preocupante surge: pensamento confuso.
Respirar ar com altos níveis de CO2

Especificamente, os especialistas analisaram o problema do aumento dos níveis de CO2 na atmosfera e seu impacto nas crianças que aprendem na sala de aula. Pesquisas anteriores mostraram que níveis de CO2 acima do normal podem levar a problemas cognitivos. No entanto, eles também demonstraram que o problema geralmente pode ser resolvido simplesmente abrindo as janelas para permitir a entrada de ar fresco.


Mas os cientistas se perguntavam: o que acontece quando esse "ar fresco" tem altos níveis de CO2? Para descobrir, eles criaram um modelo com dois resultados. No primeiro, os seres humanos reduzirão as emissões de gases de efeito estufa na atmosfera. E no segundo, não vamos.

Segundo o estudo, o resultado mais positivo indica que as habilidades cognitivas dos alunos diminuirão 25% até o ano 2100. E o mais negativo indica que eles diminuirão 50%.

É a primeira vez que o impacto nas pessoas que respiram níveis mais altos do que o normal de dióxido de carbono regularmente é analisado .

Os autores do trabalho alertam que esse problema só pode ser evitado com o fim das emissões de CO2.

terça-feira, 5 de maio de 2020

Do nipah ao coronavírus: destruição da natureza expõe ser humano a doenças do mundo animal


Juliana Gragnani - @julianagragnani
BBC News Brasil em Londres

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Alta densidade de humanos em cidades e degradação de habitat de animais provocam a emergência de mais epidemias

Em 1998, morcegos na Malásia começaram a migrar em busca de alimento. Desmatamento na região para abrir espaço para agricultura e pecuária havia eliminado suas fontes de comida.

Estabeleceram-se em uma nova região onde havia produção de mangas ao lado de criações de porcos e passaram a se alimentar das frutas. Parcialmente comidas, elas caíam em cima dos porcos, que as comiam também.

Vírus carregados por morcegos muitas vezes não causam doenças neles. Em outros animais, contudo, esses vírus podem causar patologias graves.


E foi assim que um vírus saiu do morcego, pulou para porcos, onde passou por uma mutação que o deixou mais perigoso para seres humanos. Depois, espalhou entre os porcos, vendidos entre fazendeiros, e finalmente pulou para pessoas.

Chamado de "vírus Nipah", por causa de um vilarejo na Malásia, desde 1998 este vírus já infectou centenas de pessoas na Malásia, Cingapura, Bangladesh e Índia, com alta taxa de letalidade.

É um exemplo de como a interferência do ser humano no meio-ambiente dá meia-volta e nos devolve doenças infecciosas, algo que cientistas apontam ser um problema recorrente e cada vez maior.


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O morcego-de-ferradura-grande chinês (Rhinolophus ferrumequinum) é considerado o principal suspeito de ser a origem do surto de coronavírus
Coronavírus

Ainda não há conclusões sobre como o novo coronavírus pulou de animais para seres humanos. Uma das hipóteses é que tenha sido em um mercado de alimentos em Wuhan, na China, o que fez com que muitos defendessem o fechamento de mercados do tipo, com venda de animais vivos e silvestres. Há outras hipóteses correntes.

"Nós estamos negligenciando o cenário maior", diz à BBC News Brasil o ecologista especializado em doenças Richard Ostfeld, do Cary Institute of Ecosystem Studies, nos Estados Unidos.

"Tivemos alguns exemplos de surgimento de doenças nesses mercados com animais selvagens, como a Sars. E é importante entender que essas atividades humanas de agrupamentos estranhos de espécies que nunca ocorrem juntas na natureza influenciam esses eventos. Mas há outras maneiras pelas quais nossas atividades humanas podem facilitar o surgimento ou transmissão de doenças, como o desmatamento, a abertura de terra para agricultura, entre outros. Isso não pode ser esquecido."

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Essa é a aparência do coronavírus, de acordo com esta ilustração criada pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos
Como isso acontece?

Bom, vamos voltar ao começo de tudo. Esta doença com que estamos lidando agora é uma zoonose, uma doença infecciosa transmitida de animais para seres humanos.

Isso pode acontecer diretamente, quando um vírus "pula" de uma espécie para outra - no chamado efeito "spillover" (transbordamento) -, ou então por meio de um animal intermediário.

É bastante provável que os animais hospedeiros, que originalmente carregavam este novo coronavírus, tenham sido os morcegos. Não sabemos se houve animal intermediário ou não.

Os morcegos também foram os hospedeiros originais de outros vírus que causaram doenças em seres humanos nos últimos anos, como a Sars, o Ebola, a Mers e o vírus Nipah.

"O efeito 'spillover' [de transbordamento] requer duas coisas: primeiro, exposição. O morcego, por exemplo, solta um pedaço de fruta que já mordeu. Deixa ali sua saliva com o vírus, e outro animal come essa fruta. A segunda coisa é a capacidade do patógeno (organismo capaz de produzir doenças infecciosas a seus hospedeiros) de persistir no sistema da nova espécie. É preciso haver exposição e compatibilidade", explica à BBC News Brasil o ecologista especializado em doenças Thomas Gillespie, da Emory University, dos EUA.

Quando estávamos no processo de domesticar animais, há milhares de anos, também nos expusemos a novos patógenos, explica ele. O sarampo, por exemplo, veio da interação dos humanos com rebanhos de gado. A tuberculose, por sua vez, já foi transmitida por meio do leite não pasteurizado de vacas.

Agora, estamos entrando mais em contato com patógenos de animais silvestres quando alteramos seu habitat, e em um contexto pior para nós: a densidade populacional dos seres humanos é muito mais alta, e estamos muito mais conectados, o que favorece o espalhamento da doença.

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Os morcegos são a origem de muitos vírus
Nosso papel

Quando destruímos uma floresta para abrir terras para agricultura ou pasto para pecuária, quando fazemos mineração, construímos barragens ou derrubamos árvores, eliminamos a biodiversidade ao tirar o espaço de alguns animais e criar condições para a proliferação de outros, segundo Ostfeld, do Cary Institute of Ecosystem Studies.

Acontece o seguinte: espécies maiores e mais carnívoras e predatórias que normalmente estão na região em menor densidade, precisam de mais espaço e são sensíveis a terem seus habitats diminuídos e removidos, deixam uma região quando os seres humanos interferem com suas construções, quaisquer que sejam.

Então, populações de animais menores, pragas que prosperam quando o habitat é degradado e quando animais maiores e predatórios vão embora, proliferam na região, atingindo altas densidades. São espécies como alguns tipos de morcegos, ratos e ratazanas, por exemplo, alguns dos mais relevantes para o pulo de doenças entre espécies.

"São os roedores e morcegos que ocupam nossas casas, moradias, fazendas. Eles tendem a hospedar mais patógenos danosos e a tirar vantagem dos habitats que destruímos e os que artificialmente criamos", diz Ostfeld.

Além disso, observa a ecologista Felicia Keesing, do Bard College, no Estado de Nova York, não só convertemos habitats selvagens em áreas para agricultura para criar animais domesticados, erodindo a biodiversidade, como também criamos uma situação de alta densidade populacional de um animal domesticado e o colocamos ao lado das espécies com maior número de patógenos. Como aconteceu com os morcegos e os porcos na Malásia, por exemplo.

Aaron Bernstein, do Centro para Clima, Saúde e Meio-Ambiente da Universidade de Harvard, propõe o seguinte cenário: "Imagine que alguém chega do exterior para o Brasil e essa pessoa está com uma tosse, febre, um ferimento esquisito. Você isola essa pessoa e lhe dá o melhor tratamento médico, certo?"

"Pois bem, veja o que estamos fazendo na Terra: estamos drasticamente reduzindo o habitat para as espécies, fazendo com que seja fácil que elas se espalhem. Estamos fazendo o contrário que faríamos com uma pessoa doente: um animal que pode estar carregando um patógeno está sendo forçado a conviver com outros, aumentando a presença de patógenos em populações selvagens e aproximando essas populações aos humanos", diz ele à BBC News Brasil.

Keesing aponta outra maneira pela qual a ação humana contribui para o surgimento de doenças. "Alguns fazendeiros dão antibióticos para os animais que criam, uma medida para eliminar bactérias que possam afetá-los. Ao fazer isso, estamos criando uma seleção natural, selecionando as bactérias mais fortes que vão prosperar no animal e ter muitos outros animais para onde se espalhar, por causa da alta densidade", explica ela. "E, assim, essas bactérias bastante fortes podem pular para nós."

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Animais de criação podem ser fontes de superbactérias quando são tratados com antibióticos, defendem alguns especialistas

Questionado sobre o papel da agropecuária na emergência de doenças, o especialista em comércio internacional e coordenador do Insper Agro Global, Marcos Jank, diz que é "exatamente o contrário".

"É a agricultura mais moderna, com controle sanitário, alimentação controlada e uso de medicamentos que evitou que a gente tivesse mais pandemias."

O processo de mecanização e modernização fez aumentar a produtividade, diz ele, além de melhorar a sanidade e nutrição dos rebanhos. "A modernização agrícola foi justamente para evitar contaminações e melhorar a genética dos animais", afirma.

Sobre o desmatamento para abrir espaço para pecuária e agricultura, Jank e Janice Zanella, veterinária e chefe-geral da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) Suínos e Aves, dizem concordar que a modernização do setor deixou as terras mais produtivas, o que faz com que menos terras sejam desmatadas para abrir pasto.

Em cinco décadas, diz Zanella, o Brasil, por exemplo, teve incremento de cinco vezes na produção de grãos, com aumento de só duas vezes na área plantada. Assim, "isso diminui a pressão de desmatamento", diz Jank. "O que não quer dizer que não aconteça."

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Coronavírus visto em microscópio; ainda não se sabe qual é a origem do vírus
Mudanças climáticas

As mudanças climáticas, causada pelos humanos, também exercem seu papel no surgimento de novas doenças, segundo cientistas.

Gillespie exemplifica: por causa delas, muitas árvores mudaram os padrões de quando dão frutas. Isso fez com que alguns animais buscassem as mesmas árvores para se alimentar, já que não podiam contar com as árvores de antigamente.

"Imagine que morcegos, chimpanzés e gorilas procurem a mesma árvore para se alimentar, quando isso não era o normal, ou não deveria acontecer", diz ele. Podem comer da mesma fruta, trocando fluidos. "E depois, as pessoas caçam chimpanzés", diz ele - o processo é um caminho para o "pulo" de um vírus entre espécies.

"Sabemos muito pouco sobre o papel das mudanças climáticas e da redução da biodiversidade na emergência de doenças. Mas o pouco que sabemos é bastante significativo, e seria inteligente se fizéssemos todo o possível para barrar e destruição da vida na Terra e estabilizar o clima", diz Bernstein, de Harvard.

"Se mais doenças estão surgindo por causa desses fatores, não queremos esperar para ver. Já estamos atrasados."

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Autoridades governamentais apreendem animais em mercado em Xinyuan para prevenir a dispersão do Sars em 2004
Soluções

Se sabemos, então, que nosso comportamento pode provocar a emergência de mais doenças e, possivelmente, mais pandemias, o que devemos fazer?

"Podemos nos preparar melhor nas respostas para epidemias, comprando mais respiradores, preparando nosso sistema de saúde. Mas não estaremos solucionando a causa disso tudo", afirma Keesing. Primeiro, diz ela, é preciso regular mercados com vendas de animais selvagens e a produção de carne com alta densidade de animais.

Já que banir mercados pode levar a mercados ilegais, ela sugere criar incentivos para as pessoas fazerem as coisas de forma diferente, dentro das normas e com higiene.

O antropólogo Lyle Fearnley, da Universidade de Cingapura, passou dois anos em uma região rural da China investigando a criação de animais selvagens.

Ele diz que a melhor forma é tentar reinventar a forma como esses mercados funcionam. "Fechar o mercado uma vez por semana para limpeza e exigir que espécies diferentes fiquem separadas e em locais diferentes pode diminuir as possibilidades de circulação de vírus", sugere.

Ele também aponta que há muito preconceito em relação aos mercados, chamados de "wet market" (mercado molhado), em inglês. "Não existe esse termo em mandarim. Há uma série de mercados diferentes com uma grande variedade do que é vendido. A grande maioria desses mercados não vende animais selvagens vivos ou apresenta riscos", diz.

"As pessoas têm medo e preconceito porque não conhecem essas feiras. Além disso, elas são minoritárias, então não podemos generalizar."

Keesing destaca que também "precisamos levar a conservação da biodiversidade muito mais a sério". "Muitos países preservam 11%, 12% de seus territórios. Isso não é nem perto do que precisamos de diversidade."

Gillespie, da Emory University, diz que precisamos incluir a avaliação do risco de "spillover events", os eventos que promovem o "pulo" do vírus de uma espécie para a outra, no momento de decidir sobre o uso de terra em larga escala.

"Nós não deveríamos subsidiar indústrias que provocarão resultados como esses, especialmente em áreas selvagens na região dos trópicos, onde o risco é mais elevado", afirma.

"A ciência está nos dizendo que devemos reavaliar nosso relacionamento com a natureza."

A misteriosa composição do primeiro cometa 'alienígena' detectado em nosso sistema solar


Paul Rincon
BBC News

Direito de imagemNRAO/AUI/NSF, S. DAGNELLOImage caption
O cometa interestelar 21/Borisov foi detectado em nosso sistema solar no ano passado

O primeiro cometa identificado como visitante de outro sistema estelar tem uma composição incomum, de acordo com pesquisas recentes.

O cometa interestelar 21/Borisov foi detectado em nosso Sistema Solar no ano passado. O visitante misterioso das profundezas do espaço deu aos cientistas uma oportunidade sem precedentes de compará-lo com outros cometas que se formaram ao redor do Sol.

Os novos dados sugerem que ele contém grandes quantidades de monóxido de carbono, uma possível pista de onde ele "nasceu".

As descobertas aparecem em dois estudos científicos independentes publicados pelo site especializado Nature Astronomy.

Em um dos estudos, uma equipe internacional, liderada por Martin Cordiner e Stefanie Milam, do Goddard Space Flight Center, da Nasa, apontou o radiotelescópio Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (Alma) em direção ao cometa nos dias 15 e 16 de dezembro de 2019.


O Alma é composto por 66 antenas posicionadas no topo de uma montanha no deserto do Atacama, no Chile, que permitem observar o espaço por meio de comprimentos de onda submilimétricos.

Direito de imagemESO / C MALINImage caption
Algumas das observações foram feitas usando o Alma, um radiotelescópio que fica no deserto do Atacama, no Chile

No outro estudo, Dennis Bodewits, da Universidade de Auburn, nos Estados Unidos, e seus colegas coletaram observações ultravioletas de 21/Borisov usando o Telescópio Espacial Hubble e o Observatório Neil Gehrels Swift.

'Radicalmente diferente'

Os cometas são feitos de gás, gelo e poeira e se formam no disco rotativo de matéria (disco protoplanetário) que orbita em torno de uma estrela, e onde costuma surgir planetas, asteroides e outros corpos celestes.

Eles podem semear novos mundos com os elementos químicos essenciais à vida e podem ter trazido água para a Terra quando ela ainda era muito jovem.

As equipes científicas identificaram duas moléculas no gás liberado pelo 21/Borisov: cianeto de hidrogênio (HCN) e monóxido de carbono (CO).

O HCN está presente em quantidades semelhantes em outros cometas encontrados no Sistema Solar.

No entanto, os cientistas ficaram surpresos ao ver grandes quantidades de CO. Os pesquisadores que usaram o Alma para suas observações estimam que a concentração de CO no 21/Borisov é de 9 a 26 vezes maior que a de um cometa comum em nosso sistema solar.

Direito de imagemALMA / NRAO / AUI / NSF /Image caption
Os cientistas encontraram uma concentração de monóxido de carbono incomum no 21/Borisov

"É a primeira vez que observamos o interior de um cometa vindo de fora do nosso Sistema Solar", disse Cordiner, "e é radicalmente diferente da maioria dos cometas que vimos anteriormente".

Ye Quanzhi, astrônomo da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, disse que esses achados são "importantes e surpreendentes".

"Aprendemos nos últimos dois meses que Borisov é semelhante aos cometas 'dinamicamente novos' em nosso Sistema Solar (ou seja, os cometas que se formaram nas extremidades do Sistema Solar e tendem a ter uma maior concentração de CO), portanto, espera-se uma certa abundância de CO, mas níveis tão altos de CO (pelo menos o dobro da quantidade de um cometa típico no Sistema Solar) são muito surpreendentes - pelo menos para mim", disse à BBC o pesquisador, que não participou dos estudos.

"É bom ver que diferentes equipes de astrônomos que trabalham com diferentes comprimentos de onda podem confirmar mutuamente os resultados uns dos outros", acrescentou.
Origem distante

O monóxido de carbono é comum no espaço e é encontrado na maioria dos cometas. Mas, por razões que não são claras, há uma imensa variação na concentração de CO nesses corpos congelados.

Isso pode estar em parte relacionado com onde o cometa se formou dentro de um sistema estelar. Também poderia estar ligado à frequência com que a órbita do cometa o aproxima de sua estrela e o leva a emitir gases que evaporam mais facilmente do gelo.

Direito de imagemESO/M. KORNMESSERImage caption
Oumuamua, detectado em 2017, foi o primeiro visitante de fora do nosso Sistema Solar identificado por nós

No entanto, Cordiner afirmou que "se os gases que observamos refletem a composição do local de nascimento de 21/Borisov, isso indica que ele poderia ter se formado, diferentemente dos cometas em nosso próprio Sistema Solar, em uma região extremamente fria e periférica de um sistema planetário distante".

Milam acrescentou que "o cometa deve ter se formado a partir de material muito rico em CO congelado, que está presente apenas nas temperaturas mais baixas encontradas no espaço, abaixo de -250 °C".

Cordiner destacou que o Alma já havia observado discos de poeira e gás - do que os planetas são feitos - ao redor de jovens estrelas de baixa massa semelhantes ao Sol.

"Muitos desses discos se estendem para além da região onde se acredita que nossos cometas se formam e contêm grandes quantidades de gás e poeira extremamente frios. É possível que 21/Borisov tenha vindo de um desses grandes discos."
Outra teoria

Mas Bodewits ofereceu uma interpretação diferente, ao argumentar que o cometa pode ter se originado em torno de uma estrela anã vermelha, o tipo mais comum na galáxia da Via Láctea.

"Essas estrelas têm exatamente as baixas temperaturas e luminosidades em que um cometa pode se formar com a composição encontrada no cometa 21/Borisov", explicou.

Com base em sua alta velocidade (33 km/s), os astrônomos suspeitam que o 21/Borisov foi lançado para fora de seu sistema-natal após um encontro próximo com um planeta gigante ou uma estrela.

Depois, passou milhões ou bilhões de anos em uma viagem solitária pelo espaço interestelar até que foi descoberto, em 30 de agosto de 2019, pelo astrônomo amador Gennady Borisov.

Direito de imagemNASAImage caption
A outra equipe de cientistas estudou as ondas ultravioletas do cometa com o telescópio espacial Hubble

Os astrônomos continuam estudando o visitante, e observações recentes do comportamento do cometa indicaram que ele estava se fragmentando.

"Acho que Borisov se dividiu em duas partes, o Hubble observou o cometa em duas ocasiões diferentes e, em ambas, foi detectada a separação", disse Ye Quanzhi.

"Nossa observação foi feita alguns dias após a descoberta inicial e parecia mostrar uma evolução deste evento, e um dos fragmentos parece ter sido reduzido a uma massa amorfa de poeira."

O 21/Borisov é apenas o segundo corpo interestelar já detectado em nosso Sistema Solar.

O primeiro, conhecido como Oumuamua, foi descoberto em outubro de 2017, quando já estava saindo rapidamente de nossa região cósmica.

Embora tenha sido inicialmente chamado de cometa, não deu sinais das emissões de gás e poeira característicos desses objetos (que foram observados no 21/Borisov).

Um estudo publicado no início deste mês na Nature Astronomy sugeriu que Oumuamua, que tem a forma de um charuto, poderia ser a lasca arrancada de um planeta pela gravidade de sua estrela-mãe.

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