sábado, 9 de junho de 2012

20 anos depois da Eco-92

Foto: AFP PHOTO OLIVIER MORIN

Agravamento global

Vinícius Carvalho - redacao@revistaecologico.com.br


Passados 20 anos da Eco-92, foram realizadas 17 Conferências das Partes (COP) sobre mudanças climáticas, nove COPs sobre desertificação e  outras dez sobre biodiversidade. Muitas promessas e medidas foram tomadas, mas os desequilíbrios climáticos se aceleraram, a biodiversidade regrediu e a desigualdade social no mundo escalou. Confira parte do que mudou nesses 20 anos, segundo informações dos documentos de referência destacados pela ONU para a Rio+20.

Emis­sões
As emis­sões glo­bais de CO2 cres­ce­ram 36% de 1992 até ho­je, pas­san­do de 22 bi pa­ra 30 bi­lhões de to­ne­la­das. O au­men­to foi mais in­ten­so nos paí­ses em de­sen­vol­vi­men­to, on­de as emis­sões cres­ce­ram em mé­dia 64%. Ape­sar des­te cres­ci­men­to ter si­do me­nor nos paí­ses ri­cos (8%), eles con­ti­nuam res­pon­den­do pe­la maior par­te das emis­sões: cer­ca de 10 ve­zes mais, em mé­dia, do que os paí­ses em de­sen­vol­vi­men­to.

Po­pu­la­ção
Des­de 1992, a po­pu­la­ção mun­dial pas­sou de 5,5 pa­ra 7 bi­lhões de ha­bi­tan­tes. A maio­ria nas­ceu em paí­ses po­bres e em de­sen­vol­vi­men­to. En­quan­to o cres­ci­men­to po­pu­la­cio­nal es­ca­lou 67% na Ásia Orien­tal e 53% na Áfri­ca nes­te pe­río­do, na Eu­ro­pa a ex­pan­são foi de ape­nas 4%. De olho no cres­ci­men­to da de­man­da, a ONU es­ti­ma que se­rão ne­ces­sá­rios 50% mais co­mi­da, 45% mais ener­gia e 30% mais água pa­ra abas­te­cer a cres­cen­te po­pu­la­ção mun­dial até 2030.

Re­cur­sos na­tu­rais
O uso glo­bal de re­cur­sos na­tu­rais cres­ceu cer­ca de 40% de 1992 até ho­je, atin­gin­do 60 bi­lhões de to­ne­la­das. En­tre os prin­ci­pais gru­pos de ma­te­riais ex­plo­ra­dos no pe­río­do, des­ta­que pa­ra o au­men­to no uso de mi­ne­rais pa­ra uso in­dus­trial (80%) e na cons­tru­ção ci­vil (60%). Nes­te úl­ti­mo ca­so, a de­man­da por ci­men­to cres­ceu de 1,1 bi­lhão pa­ra 3 bi­lhões de to­ne­la­das, en­quan­to o con­su­mo de aço sal­tou de  720 mi­lhões pa­ra 1,4 bi­lhão de to­ne­la­das des­de 1992.

Aque­ci­men­to
Se­gun­do rankin­gs ela­bo­ra­dos pe­los prin­ci­pais cen­tros de pes­qui­sa cli­má­ti­ca do mun­do, o pla­ne­ta fi­cou mais quen­te. Na­da me­nos que 18 dos úl­ti­mos 21 anos fi­gu­ra­ram na lis­ta dos 20 mais quen­tes des­de que a tem­pe­ra­tu­ra mé­dia do pla­ne­ta co­me­çou a ser me­di­da, em 1880.

Ele­va­ção dos ma­res
En­tre 1992 e 2011, o ní­vel do mar su­biu cer­ca de 2,5 mi­lí­me­tros por ano. As prin­ci­pais cau­sas di­zem res­pei­to não ape­nas ao der­re­ti­men­to das ca­lo­tas po­la­res no Ár­ti­co, na An­tár­ti­ca e na Groe­lân­dia. O au­men­to da tem­pe­ra­tu­ra mé­dia dos ocea­nos tam­bém re­sul­tou em ex­pan­são do vo­lu­me da água dos ma­res.

Flo­res­tas
Cer­ca de 13 mi­lhões de hec­ta­res de flo­res­ta fo­ram con­ver­ti­dos anual­men­te pa­ra ou­tros usos en­tre 2001 e 2010, con­tra uma mé­dia de 16 mi­lhões de hec­ta­res anuais en­tre 1992 e 2000. Ape­sar das ta­xas de des­ma­ta­men­to te­rem di­mi­nuí­do, a es­ca­la da de­vas­ta­ção ain­da é bru­tal: al­go co­mo 300 mi­lhões de cam­pos de fu­te­bol em área equi­va­len­te de flo­res­ta de­sa­pa­re­ce­ram des­de 1992.

Bio­di­ver­si­da­de
Em mé­dia, na­da me­nos que 52 es­pé­cies de ver­te­bra­dos en­tra­ram, por ano, na lis­ta de ani­mais amea­ça­dos de ex­tin­ção des­de 1992. O im­pac­to so­bre a bio­di­ver­si­da­de foi es­pe­cial­men­te maior nos tró­pi­cos, on­de de­cli­nou em 30%. Atual­men­te, um quin­to das es­pé­cies de ver­te­bra­dos, 13% dos pás­sa­ros e 41% dos an­fí­bios são con­si­de­ra­dos “amea­ça­dos”. Um quar­to das es­pé­cies de plan­tas se en­qua­dra no mes­mo ris­co.

Plás­ti­cos
A quan­ti­da­de de plás­ti­cos pro­du­zi­da glo­bal­men­te sal­tou de 116 mi­lhões de to­ne­la­das, em 1992, pa­ra 265 mi­lhões de to­ne­la­das no ano pas­sa­do. Tra­ta-se de um cres­ci­men­to de 130%.  O uso per ca­pi­ta de plás­ti­co nas re­giões mais de­sen­vol­vi­dos che­gou a 100 qui­los por pes­soa, con­tra 20 qui­los nos paí­ses em de­sen­vol­vi­men­to.

Uni­da­des de con­ser­va­ção
O nú­me­ro de uni­da­des de con­ser­va­ção au­men­tou 42% no mun­do des­de 1992. Con­tu­do, sua dis­tri­bui­ção ain­da é de­si­gual e seu rit­mo de ex­pan­são tem caí­do nos úl­ti­mos anos, se­gun­do a ONU. Atual­men­te, 13% da su­per­fí­cie ter­res­tre são con­si­de­ra­dos pro­te­gi­dos. Es­te nú­me­ro cai pa­ra 7% se con­si­de­ra­das as re­giões cos­tei­ras e pa­ra ape­nas 1,4% quan­do se tra­ta dos ocea­nos.

Po­bre­za e de­si­gual­da­de
Em 1992, 46% por cen­to da po­pu­la­cão mun­dial vi­viam em “ab­so­lu­ta po­bre­za”. Es­se nú­me­ro caiu pa­ra 27% em 2005, com ten­dên­cia de no­va re­du­ção pa­ra 15% em 2015. Con­tu­do, o avan­ço se deu pe­la ex­plo­ra­ção pre­da­tó­ria dos re­cur­sos na­tu­rais e com au­men­to sig­ni­fi­ca­ti­vo da de­si­gual­da­de, se­gun­do a ONU. A di­fe­ren­ça en­tre a ren­da bá­si­ca mé­dia nos paí­ses ri­cos e po­bres, por exem­plo, au­men­tou em 20% des­de 1992.

De­sas­tres na­tu­rais
Ape­sar de ale­gar não ha­ver com­pro­va­ção cien­tí­fi­ca de que os re­cen­tes de­sas­tres na­tu­rais se ex­pan­di­ram nas úl­ti­mas duas dé­ca­das, a ONU re­co­nhe­ce que do­bra­ram as no­ti­fi­ca­ções a es­se res­pei­to. O nú­me­ro de de­sas­tres na­tu­rais re­por­ta­dos sal­tou de 200 pa­ra 400 por ano des­de 1992. Em 2011, 90% de­les fo­ram atri­buí­dos a even­tos cli­má­ti­cos crí­ti­cos.

Revista Ecológico

Nenhum comentário:

Geografia e a Arte

Geografia e a Arte
Currais Novos