Foto: AFP PHOTO OLIVIER MORIN
Agravamento global
Vinícius Carvalho - redacao@revistaecologico.com.br
Passados 20 anos da Eco-92, foram realizadas 17 Conferências
das Partes (COP) sobre mudanças climáticas, nove COPs sobre desertificação
e outras dez sobre biodiversidade. Muitas promessas e medidas foram
tomadas, mas os desequilíbrios climáticos se aceleraram, a biodiversidade
regrediu e a desigualdade social no mundo escalou. Confira parte do que mudou
nesses 20 anos, segundo informações dos documentos de referência destacados
pela ONU para a Rio+20.
Emissões
As emissões globais de CO2 cresceram 36% de 1992 até hoje, passando de
22 bi para 30 bilhões de toneladas. O aumento foi mais intenso nos países
em desenvolvimento, onde as emissões cresceram em média 64%. Apesar
deste crescimento ter sido menor nos países ricos (8%), eles continuam
respondendo pela maior parte das emissões: cerca de 10 vezes mais, em
média, do que os países em desenvolvimento.
População
Desde 1992, a população mundial passou de 5,5 para 7 bilhões de habitantes.
A maioria nasceu em países pobres e em desenvolvimento. Enquanto o
crescimento populacional escalou 67% na Ásia Oriental e 53% na África
neste período, na Europa a expansão foi de apenas 4%. De olho no crescimento
da demanda, a ONU estima que serão necessários 50% mais comida, 45%
mais energia e 30% mais água para abastecer a crescente população mundial
até 2030.
Recursos naturais
O uso global de recursos naturais cresceu cerca de 40% de 1992 até hoje,
atingindo 60 bilhões de toneladas. Entre os principais grupos de materiais
explorados no período, destaque para o aumento no uso de minerais
para uso industrial (80%) e na construção civil (60%). Neste último caso,
a demanda por cimento cresceu de 1,1 bilhão para 3 bilhões de toneladas,
enquanto o consumo de aço saltou de 720 milhões para 1,4 bilhão
de toneladas desde 1992.
Aquecimento
Segundo rankings elaborados pelos principais centros de pesquisa
climática do mundo, o planeta ficou mais quente. Nada menos que 18
dos últimos 21 anos figuraram na lista dos 20 mais quentes desde que a
temperatura média do planeta começou a ser medida, em 1880.
Elevação dos mares
Entre 1992 e 2011, o nível do mar subiu cerca de 2,5 milímetros por ano.
As principais causas dizem respeito não apenas ao derretimento das
calotas polares no Ártico, na Antártica e na Groelândia. O aumento
da temperatura média dos oceanos também resultou em expansão do volume
da água dos mares.
Florestas
Cerca de 13 milhões de hectares de floresta foram convertidos anualmente
para outros usos entre 2001 e 2010, contra uma média de 16 milhões de hectares
anuais entre 1992 e 2000. Apesar das taxas de desmatamento terem diminuído,
a escala da devastação ainda é brutal: algo como 300 milhões de campos
de futebol em área equivalente de floresta desapareceram desde
1992.
Biodiversidade
Em média, nada menos que 52 espécies de vertebrados entraram, por
ano, na lista de animais ameaçados de extinção desde 1992. O impacto
sobre a biodiversidade foi especialmente maior nos trópicos, onde
declinou em 30%. Atualmente, um quinto das espécies de vertebrados,
13% dos pássaros e 41% dos anfíbios são considerados “ameaçados”. Um
quarto das espécies de plantas se enquadra no mesmo risco.
Plásticos
A quantidade de plásticos produzida globalmente saltou de 116 milhões
de toneladas, em 1992, para 265 milhões de toneladas no ano passado.
Trata-se de um crescimento de 130%. O uso per capita de plástico
nas regiões mais desenvolvidos chegou a 100 quilos por pessoa, contra
20 quilos nos países em desenvolvimento.
Unidades de conservação
O número de unidades de conservação aumentou 42% no mundo desde
1992. Contudo, sua distribuição ainda é desigual e seu ritmo de expansão
tem caído nos últimos anos, segundo a ONU. Atualmente, 13% da superfície
terrestre são considerados protegidos. Este número cai para 7% se
consideradas as regiões costeiras e para apenas 1,4% quando se trata
dos oceanos.
Pobreza e desigualdade
Em 1992, 46% por cento da populacão mundial viviam em “absoluta pobreza”.
Esse número caiu para 27% em 2005, com tendência de nova redução para
15% em 2015. Contudo, o avanço se deu pela exploração predatória dos
recursos naturais e com aumento significativo da desigualdade,
segundo a ONU. A diferença entre a renda básica média nos países ricos
e pobres, por exemplo, aumentou em 20% desde 1992.
Desastres naturais
Apesar de alegar não haver comprovação científica de que os recentes
desastres naturais se expandiram nas últimas duas décadas, a ONU reconhece
que dobraram as notificações a esse respeito. O número de desastres
naturais reportados saltou de 200 para 400 por ano desde 1992. Em 2011,
90% deles foram atribuídos a eventos climáticos críticos.
Revista Ecológico
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