Alterar forma como plantas transformam luz solar em energia química pode gerar biocombustíveis economicamente viáveis
por David Biello
©Konstanttin / Shutterstock
Há anos, pesquisadores tentam descobrir as melhores formas de levar plantas a produzir biocombustíveis. Mas há um problema fundamental: a fotossíntese, processo pelo qual as plantas convertem a luz solar em energia química armazenada, é altamente ineficiente. As plantas transformam apenas de 1-3% da luz solar em carboidratos. Essa é uma das razões para uma área tão grande de terra ser alocada para o cultivo do milho para etanol, entre outras ideias ruins de biocombustível. E, mesmo assim, as plantas também apresentam muitas vantagens: elas absorvem dióxido de carbono em baixas concentrações diretamente da atmosfera e cada célula vegetal pode se recuperar por conta própria quando danificada.
Cientistas iniciaram uma nova tentativa de turbinar a fotossíntese e nos ajudar a fazer combustíveis mais verdes. A Advanced Research Projects Agency for Energy americana, conhecida como ARPA-e, financiou dez projetos assim até agora, a maioria deles usando engenharia genética para ajustar o manual de instruções baseado no DNA de uma planta para o crescimento, pigmentos etc. A maior subvenção – mais de US$ 6 milhões – foi para a University of Florida, para alterar pinheiros e fazê-los produzir mais terebintina, um combustível em potencial. Outro projeto, liderado por Davis, da Arcádia Biosciences, na Califórnia, tem como objetivo induzir gramíneas de crescimento rápido como switchgrass a produzir óleo vegetal pela primeira vez na história.
No futuro, engenheiros talvez possam criar uma planta negra que absorva toda luz solar recebida, ou uma planta que use diferentes comprimentos de onda de luz para iniciar as diferentes etapas da fotossíntese. Atualmente plantas usam os mesmos comprimentos de onda para tudo. Uma planta modificada produtora de biocombustível poderia até ter folhas menores, reduzindo a própria demanda de energia para o crescimento, ou poderia deixar de armazenar energia na forma de açúcar, mas transformá-la diretamente em uma molécula de hidrocarboneto para o uso humano como combustível.
Os cientistas do programa chamado Petro, de plantas modificadas para substituírem o petróleo, também terão de lidar com os desafios de abastecimento de água cada vez mais limitado para plantações e com o ceticismo do público em relação a organismos geneticamente modificados.
Scientific American Brasil
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