Estudos anteriores apontavam para 2,6 milhões de anos, mas pode ser que o rio tenha mais de 9 milhões de anos de idade
Rio amazonas JohnnyLye/iStock
O rio Amazonas pode ter entre 9 e 9,4 milhões de anos, segundo um novo estudo liderado por cientistas da Universidade de Brasília (UnB) e da Universidade de Amsterdã, na Holanda. Análises anteriores apontavam para “apenas” 2,6 milhão de anos. A nova pesquisa encontrou sedimentos compostos de fósseis de plantas, na foz do rio, no Pará, que, além de revelarem a possível idade do Amazonas, contribuem para a investigação de como as mudanças climáticas alteraram a paisagem da região. A análise foi publicada nesta semana na revista científica Global and Planetary Change.
A pesquisa foi feita em uma fenda há mais de 4,5 quilômetros abaixo do nível do mar, na parte do Oceano Atlântico alimentada pelas águas do rio Amazonas. “Os sedimentos transportados por este rio são depositados na fenda submarina e, como resultado, registram com precisão sua história evolutiva. Foram aplicadas técnicas analíticas de alta resolução nesses detritos não realizadas anteriormente na região”, disse Farid Chemale, pesquisador do Instituto de Geociências da UnB, em comunicado. Um outro estudo feito neste mesmo poço havia datado o rio entre 1 e 1,5 milhões de anos.
Antigo rio Amazonas
Por meio da análise de dados geoquímicos e do estudo de pólen e esporos de plantas fossilizados, os cientistas identificaram ainda uma clara modificação no tipo de sedimentos depositados na área. Ao longo do tempo, eles passaram de detritos de planícies tropicais a sedimentos vindos dos Andes, que teriam sido levados pelo ‘recém-nascido’ rio Amazonas. Esses vegetais andinos teriam sido modificado ao longo dos anos, conforme aponta a pesquisa.
“Os nossos novos dados confirmaram que o rio Amazonas é mais velho, mas também apontam para uma expansão de prados – terrenos de vegetação baixa – durante o Pleistoceno (entre 2,588 milhões e 11,7 mil anos atrás) que não era conhecida antes. Pesquisas futuras podem dar mais respostas, mas requerem investimento em termos de perfuração continental e marítima”, disse Carina Hoorn, pesquisadora da Universidade de Amsterdã e principal autora do artigo, em nota. Os pesquisadores acreditam que o aumento de gramíneas na Cordilheira dos Andes teria sido impulsionado pelo resfriamento de cinco milhões de anos atrás, dando espaço para a vegetação aberta e sem árvores.
Esse estudo é parte do projeto Clim-Amazon, uma iniciativa brasileira e europeia para pesquisas climáticas. Os cientistas esperam, com estas análises, descobrir as mudanças na vegetação sofridas pela região há milhões de anos e, assim, compreender as alterações do clima.
Revista Veja
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